Pesquisar
Quem está on line

Entrar
Usuário:
Senha:
Permanecer Logado automaticamente em cada visita
 






Relatos Rumos 2 – Diário de bordo: Manaus

 
Novo Tópico   Responder Mensagem    Página Principal -> Rumos Artes Visuais
Exibir mensagem anterior :: Exibir próxima mensagem  
Autor 
 Mensagem
Guy A



Registrado em: Terça-Feira, 15 de Fevereiro de 2005
Mensagens: 22

MensagemEnviada: Ter Mar 18, 2008 1:14 pm    Assunto: Relatos Rumos 2 – Diário de bordo: Manaus Responder com Citação

Relatos Rumos – Diário de bordo: Norte
[Belém, Manaus, Rio Branco e Boa Vista]


Dia 2 – Manaus

Seguimos para Manaus — agora sem podermos contar com a companhia de Paulo Sergio Duarte —, onde ficaremos por menos de 24 horas, infelizmente.

E aqui aproveito para fazer um rápido esclarecimento: lembrar que as viagens a serem realizadas nesta etapa do Rumos Arte Visuais, passando por 19 cidades do país, não prevêem visitas a ateliês ou encontros com artistas. Apesar de sempre contar com alguns dos curadores nas mesas, o foco destes eventos presenciais está principalmente na divulgação e difusão do Rumos Brasil afora [incluindo, naturalmente, esclarecimentos de dúvidas gerais acerca do programa; o que para olhos metropolitanos-cosmopolitas é mais importante do que possa parecer, sobretudo em áreas ou regiões com menos acesso a informações, tanto na mídia impressa como na eletrônica] além de permitir que os curadores — que se alternam nas viagens — apresentem suas idéias e linhas de pesquisa, a serem provavelmente rebatidas nas exposições que terão lugar no próximo ano. O mapeamento propriamente dito será realizado pelos oito assistentes-curatoriais, designados para atuar localmente em suas regiões [mais informações no site www.itaucultural.org.br/rumos].

Manaus. Desembarco tentando conter as expectativas do que não poderei conhecer, dada a brevidade de nossa passagem. Preciso parar de pensar nesses termos [não estamos aqui a turismo, afinal], mas é difícil. Só há tempo de ir rapidamente ao afamado e grandioso Teatro Amazonas e a uma loja de artesanato local [ok, ok, talvez um pouco de turismo], num tour rápido entre o almoço e o início do evento, a se dar mais à noitinha. Não chegamos a conhecer a [extinta?] Zona Franca, que está a seis quadras do hotel, nem a sorveteria Glacial, um must local, pelo que ouvimos. Nada de passeios de barco, ver o encontro de águas do Rio Negro com o Solimões, tomar tacacá no centro ou pescar piranhas.

A atividade hoje irá transcorrer no SESC local, entidade que gentilmente abrigará também os eventos Rumos em outras localidades.

Do evento

O prédio do SESC de Manaus localiza-se numa rua comercial movimentada e, numa visão de relance, parece dotado de infraestrutura razoável. O misto de anfiteatro e auditório é amplo sem ser propriamente grande, bom para abrigar eventos como o nosso ou pequenos shows [há camarins no backstage, embora um tanto precários]. Os responsáveis locais pela instituição, Nilton Carlos e sua assistente Raquel, são simpáticos e atenciosos.

Paulo Reis e Christine Mello apresentam suas falas — já brevemente comentadas na primeira postagem deste tópico [em "Dia 1 - Belém"], e sinopses das mesmas estão disponíveis aqui mesmo, no Canal, na seção "Rumos Artes Visuais" —, sem grandes variações, para um público de razoável para bom no confortável espaço do SESC.

Findas as exposições, hora de participação da platéia. O povo demora um pouco para vencer a timidez e lançar a primeira questão. Quando esta vem, e por seu teor é endereçada a Paulo, trata de modo algo confuso da relação do trabalho do artista com o espaço expositivo, de um ponto de vista mais museográfico. Discutimos um pouco os problemas inerentes a um formato expositivo como o do Rumos Artes Visuais, que em suas diversas curadorias geralmente abarca um corpo considerável de trabalhos e tem que lidar com situações expositivas diversas – e não raro adversas, como ocorre em sua própria sede, no Itaú Cultural da avenida Paulista, cujas instalações freqüentemente constituem um desafio para a museografia de mostras - país afora, e de como as montagens podem afetar a leitura das obras. Comenta-se ainda o papel do artista frente a este quadro, sem chegarmos exatamente a soluções mas de todo modo alargando uma discussão que sem dúvida é procedente.

Um rapaz, que se anuncia como quadrinhista [autor de HQs], após uma breve digressão acerca da cena artística local, indaga sobre o teor de "visibilidade" que o Rumos proporcionaria a seus participantes. A mesa responde que esta não é uma premissa do programa, embora isso naturalmente ocorra, afinal trata-se de um projeto prestigioso e com ampla cobertura da mídia. A conversa estende-se para a questão dos "mapeados" [aqueles que são contatados e/ou visitados pelo programa mas que não entram na seleção final, modelo que em princípio deverá ser extinto nesta edição], quando lembramos que não é incomum que alguns destes terminem por alcançar mais visibilidade que selecionados, reforçando que parte do perfil do Rumos se apóia em certa dose de risco nas escolhas, dada a vasta amostragem de obras e artistas muitas vezes totalmente desconhecidos. Estendemos rapidamente a discussão sobre a dificuldade genérica das HQs/comics em atingir o estatuto de "arte séria" — o que se mostra cada vez mais relativizado na produção contemporânea de quadrinhos, com potenciais "autênticos artistas contemporâneos" — e quais fatores estariam por trás desta estigmatização, como o fato de ser uma linguagem voltada para circulação massiva, escala de reprodutibilidade industrial, etc. Uma discussão que pessoalmente me interessa, mas que talvez não seja apropriada para esta mesa.

Já nos aproximando do encerramento, um senhor interroga a mesa de modo um tanto prolixo sobre "se a arte teria transcendido o objeto artístico", sem no entanto deixar claro seu ponto. Christine Mello responde delicadamente parafraseando Leonardo — "A arte é cosa mentale" — e afirma que sim, "a arte é linguagem e nesse sentido transcende o objeto artístico". Paulo Reis complementa o aparte da colega citando H. Rosenberg: "a arte é metade matéria [forma], metade pensamento". O evento é finalizado de modo simpático e caloroso, com várias pessoas da platéia procurando os palestrantes para trocar contatos e informações.

A noite é encerrada com uma modesta e memorável incursão gastronômica ao "Açaí", restaurante típico local que se provou sugestão mais que acertada de nosso anfitrião, Nilton, para nos despedirmos de Manaus. Amanhã será Rio Branco.
Voltar ao Topo

Mostrar os tópicos anteriores:   
Novo Tópico   Responder Mensagem    Página Principal -> Rumos Artes Visuais Todos os horários são GMT - 3 Hours
Página 1 de 1

 
Ir para:  
Enviar Mensagens Novas: Proibído.
Responder Tópicos Proibído
Editar Mensagens: Proibído.
Excluir Mensagens: Proibído.
Votar em Enquetes: Proibído.


Powered by phpBB © 2001, 2004 phpBB Group
Traduzido por: Suporte phpBB