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dezembro 8, 2011
Nota de esclarecimento, www.cultura.gov.br
Nota de esclarecimento
Nota originalmente publicada no www.cultura.gov.br em 7 de dezembro de 2011.
MinC esclarece matérias publicadas nesta terça-feira, 6/12, pelo Estadão e O Globo
Em relação às matérias publicadas nesta terça-feira, 6 de dezembro, pelo Estadão e O Globo, dando conta de carta enviada por membros do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) à Presidenta Dilma Rousseff, o Ministério da Cultura informa:
1) Não foi o Conselho Nacional de Política Cultural que enviou tal carta à Presidenta. Quem a enviou foram apenas 17 dos seus 58 conselheiros.
2) Igualmente, não é procedente a afirmação destes 17 conselheiros de que a atual gestão do MinC não vem tratando com a devida importância a participação da sociedade na definição das políticas públicas de cultura.
3) Neste primeiro ano da gestão da ministra Ana de Hollanda, seguindo orientação geral do Governo da Presidenta Dilma Rousseff, o MinC não apenas deu continuidade, como, também, qualificou e aprofundou o processo democrático de participação da sociedade na formulação e acompanhamento das políticas públicas de cultura – em especial, fortalecendo o CNPC, principal instância de participação social do Sistema Nacional de Cultura.
4) A Secretaria de Articulação Institucional (SAI) foi reestruturada para priorizar a implantação do Sistema Nacional de Cultura (SNC). Este objetiva fortalecer a gestão pública da cultura com base em um modelo institucional que reúne a sociedade civil e os entes federativos, com seus respectivos sistemas de cultura. Os conselhos de política cultural são componentes centrais deste sistema.
5) Em 2011, o MinC deu grande impulso ao processo de fortalecimento do CNPC. Isto traduziu-se no aumento do quantitativo de reuniões plenárias – quatro ordinárias e duas extraordinárias – e na qualidade das discussões e deliberações. Incluíram-se temas centrais para a pauta da Cultura do país, entre eles:
· Diretrizes e Metas do Plano Plurianual de Governo (PPA);
· Revisão da Lei de Direito Autoral;
· Projeto de Lei do Procultura, com a participação do deputado Pedro Eugênio, relator na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, a quem foi enviado um conjunto de propostas para aperfeiçoamento do Projeto de Lei (PL);
· Diretrizes de aplicação dos recursos do Fundo Nacional de Cultura para 2012;
· Interfaces entre o Plano Nacional de Educação (PNE) e o Plano Nacional de Cultura (PNC), com a participação da ministra Ana de Hollanda, do ministro da Educação, Fernando Haddad e do relator do PNE, deputado Ângelo Vanhoni;
· Discussão, definição e aprovação das metas decenais do PNC (conforme art. 12 da Lei 12.343/10), tema que ocupou a pauta do CNPC por mais de uma vez.
6) Além das plenárias, em 2011 foram realizadas 15 reuniões de Grupos de Trabalho (GTs), quatro reuniões de Comissões Temáticas e 20 reuniões de Colegiados Setoriais, instâncias que integram o CNPC. Destacam-se as reuniões dos GTs que discutiram as regras de instalação, em 2012, dos 10 colegiados setoriais que se somarão aos nove já existentes e que constituirão, junto com o Plenário, uma sólida estrutura de participação e representação dos segmentos técnico-artísticos e do patrimônio cultural brasileiros no SNC.
7) É importante ressaltar que na última reunião do Plenário do CNPC, nos dias 28 e 29 de novembro, foram debatidas e aprovadas as 53 metas do Plano Nacional de Cultura.
8) Nos seus quatro anos de funcionamento, o CNPC nunca foi tão protagonista na definição das políticas públicas de cultura como nesse ano de 2011. Com a participação e compromisso da ministra Ana de Hollanda – que esteve presente em algum momento em todas as reuniões ordinárias, e em quase todas as extraordinárias - e de todos os dirigentes do MinC, se reforçará cada vez mais esse processo, em especial, com a institucionalização e consolidação do Sistema Nacional de Cultura.
Secretaria de Articulação Institucional do Ministério da Cultura
Fórum vaia carta de ministra por Jotabê Medeiros, O Estado de S.Paulo
Fórum vaia carta de ministra
Matéria de Jotabê Medeiros originalmente publicada no caderno Cultura do O Estado de S. Paulo em 6 de dezembro de 2011.
Ativistas da cultura digital desaprovaram mensagem de Ana de Hollanda
Participantes de um fórum de produtores e artistas vaiaram a leitura de uma carta da ministra Ana de Hollanda no Teatro Odeon, na sexta-feira, no Rio de Janeiro, na abertura do Festival Internacional CulturaDigital.Br. O teatro estava lotado, cerca de 500 pessoas. Sergio Mamberti, secretário de Políticas Culturais do MinC, dividia a mesa com o ex-ministro Gilberto Gil; a secretária de Cultura do Estado do Rio, Adriana Rattes; representantes da Petrobrás e da Vale do Rio Doce; e o diretor do festival, Rodrigo Savazoni.
O secretário do MinC, Mamberti, tomou a iniciativa de começar a ler uma carta da ministra Ana de Hollanda, na qual ela fazia um balanço de seu primeiro ano de gestão. "O mal estar no teatro era notório até que alguém puxou uma vaia e gritou 'Ecad' no exato momento em que Mamberti falava dos direitos do autor. Àquela vaia se juntou praticamente todo o auditório, que voltou a vaiar a carta por mais duas vezes", escreveu Renato Rovai, da revista Forum, em seu site.
Segundo os participantes do fórum, a carta continha ideias que divergem frontalmente do que pensa o movimento da cultura digital. Muitos gritaram "Não nos representa!" sobre a fala do secretário. "Estou reivindicando o direito de me comunicar com vocês", pediu Mamberti aos manifestantes.
O Festival CulturaDigital.Br tem participações de artistas como Jorge Mautner e ativistas como Cláudio Prado e André Vallias, entre outros. Envolve uma rede de produção e criação do País todo e debate questões como o software livre e o direito autoral na internet. A abertura teve palestra do professor de Harvard, Yochai Benkler .
A contrariedade com a gestão de Ana de Hollanda também se manifestou de forma contundente na semana passada em outro documento. Dessa vez, foi o Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) que enviou carta à presidente Dilma Rousseff pedindo uma audiência urgente com a presidente para "tratar de necessidades da área, até o momento insuficientemente tratadas pela atual gestão do Ministério da Cultura". Um dos focos é o orçamento de 2012, que sofreu redução em relação ao ano de 2010.
Segundo o documento do CNPC, que invoca discussões prévias com a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura (e com a ministra da Secretaria de Articulação Institucional, Ideli Salvatti), "a forma como vêm sendo conduzidas as ações no MinC, tanto em relação à execução das políticas públicas de cultura, quanto à legítima participação da sociedade nas definições dessas políticas, não têm se adequado à essência democrática operada pelo governo atual que, exemplarmente, tem em Vossa Excelência a maior defensora".
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Conselho nacional critica ministério em carta a Dilma, Globo
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Matéria originalmente publicada na seção de Cultura do jornal O Globo em 6 de dezembro de 2011.
Casa Civil já estuda criar legislação para instaurar instituto fiscalizador do Ecad
RIO - Por entender que a atual gestão do Ministério da Cultura (MinC) não conduz as políticas públicas de forma adequada "à essência democrática operada pelo governo atual", o Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) solicitou, "em caráter de urgência", um horário na agenda da presidente Dilma Rousseff.Na pauta proposta pelos 17 conselheiros, estão, entre outros pontos, o orçamento da pasta para 2012 e o novo projeto de lei de direito autoral.
O CNPC, que tem por objetivo articular o debate em torno das atividades culturais do país, afirma, na solicitação à presidente, que há questões dentro do MinC que foram "insuficientemente tratadas".
O GLOBO apurou que, entre elas, está a não criação, no novo projeto de lei de direito autoral, de um instituto fiscalizador para o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), órgão responsável por recolher e pagar o direito autoral dos músicos do país,
Para remediar a situação, a Casa Civil já estuda criar uma legislação à parte para estabelecer seu surgimento.
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Nota de esclarecimento, www.cultura.gov.br
Mostra de Jac Leirner apresenta artista com integridade conceitual Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Mostra de Jac Leirner apresenta artista com integridade conceitual
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 8 de dezembro de 2011.
Trabalho se apropria de elementos cotidianos e cria paralelos com a história da arte com humor e ironia
Costuma-se apontar os anos 1980 como o momento do retorno da pintura, quando o mercado da arte teria conseguido se reerguer após um período intenso de uma produção experimental, de difícil inserção comercial.
Mostras como a retrospectiva da artista Jac Leirner, em cartaz na Estação Pinacoteca, apontam, decisivamente, para a incorreção dessa leitura.
Afinal, não é a pintura daquela época que melhor sobreviveu às três décadas transcorridas, mas obras de artistas que seguiram experimentais, como Leonilson ou Leirner, como visto na mostra.
Com curadoria de Moacir dos Anjos, a exposição apresenta cerca de 60 obras, num conjunto que aponta para coesa integridade conceitual.
Mas -e esse é o trunfo da mostra- reunidas nas três amplas salas expositivas, com um efeito de acumulação, muitas vezes sobrepostas, essas obras ganham um caráter festivo, algo que se perde quando os trabalhos são exibidos isoladamente.
O procedimento criativo de Leirner é conhecido: ela se apropria de elementos cotidianos, como sacolas plásticas, maços de cigarro, cartões de visita ou adesivos, e os reúne em séries, como pequenas coleções. No entanto, é na aglutinação desses objetos que a artista cria paralelos com a história da arte, aproveitando-se de um duplo fetiche: o de colecionar e o de citar movimentos artísticos, especialmente o construtivismo.
Essa operação, contudo, é feita com grande ironia e humor, pois a poesia em sua obra está justamente nos materiais e em suas características. Um bom exemplo é "O Livro (dos Cem)", com dezenas de pequenos textos coletados em notas de dinheiro e que, inscritos na parede, se transformam num poema concreto de autoria coletiva.
E então percebe-se como a artista trabalha com um procedimento fotográfico, levando para o museu objetos que não foram feitos para a perenidade, como o dinheiro, os cartões, os adesivos ou as sacolas. Construídos como objetos transitórios, eles acabam congelados, revelando momentos que, graças às fabulações da artista, tornam-se permanentes.
Em 2012, MIS vai ter mostras de Andy Warhol e Méliès por Gabriela Longman, Folha de S. Paulo
Em 2012, MIS vai ter mostras de Andy Warhol e Méliès
Matéria de Gabriela Longman originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 8 de dezembro de 2011.
Arte eletrônica, foco da gestão de Daniela Bousso, ficou fora da programação do diretor-executivo André Sturm
Cinema e fotografia do século 20, em especial os franceses, foram privilegiados para o próximo ano
Com três exposições fotográficas de peso, o MIS (Museu da Imagem e do Som) fechou nesta semana sua programação para 2012.
Em maio, receberá cerca de 500 polaroides de Andy Warhol, uma exposição dedicada ao húngaro André Kertész (1894-1985) e um trabalho inédito de Claudio Edinger sobre o sertão.
A Folha teve acesso exclusivo ao calendário do museu, que prevê para agosto a maior mostra do ano, dedicada ao ilusionista Georges Méliès (1861-1938). Reunindo filmes, objetos e cartazes, o conjunto investiga os truques de magia que fizeram dele um dos precursores do cinema.
"Os irmãos Lumière faziam filmes documentais. É Méliès quem inaugura a possibilidade do cinema como diversão", lembra André Sturm, diretor-executivo do museu.
A ênfase em fotografia muda um pouco o rumo da instituição, que na gestão anterior, de Daniela Bousso, tinha na arte eletrônica e digital seu principal foco.
Na época da transição havia um desejo claro do secretário da Cultura do Estado, Andrea Matarazzo, de aumentar o público e deixar o museu "menos hermético".
O MIS passa a ser a sede do In-Edit, festival dedicado a documentários musicais, homenageia com uma retrospectiva o cineasta brasileiro Ozualdo Candeias (1918-2007) e já começa a preparar para o fim de 2012 ou começo de 2013 uma retrospectiva de Bob Wolfenson.
Apenas a ocupação "Rojo", em abril, e um projeto de dramaturgia e vídeo, criado por Esmir Filho, são voltados às chamadas "novas mídias".
"Fizemos uma escolha eclética", define Sturm.
Mas parece haver na escolha eclética uma tonalidade francesa forte -fruto de um período que Sturm passou em Paris, fazendo contatos com instituições por lá.
A mostra sobre Kertész, por exemplo, foi montada originalmente no museu Jeu de Paume. Na mesma temporada, Sturm conheceu a viúva de Nicolas Schöffer (1912-1992), um dos pioneiros da arte cinética e definiu com ela uma mostra em homenagem ao artista, para julho.
A exposição de Méliès que vem ao Brasil foi exibida na Cinemateca de Paris, em 2008. Um acordo com a mesma instituição prevê que o Brasil seja o primeiro a receber uma exposição sobre "O Boulevard do Crime" (1945), clássico de Marcel Carné (1906-1996),
NOVA FOTOGRAFIA
Uma seleção foi aberta para escolher fotógrafos em começo de carreira para pequenas individuais. Com 158 inscritos, o concurso escolheu seis nomes, divulgados ontem: Flávia Junqueira, Gordana Manic, Marcelo Soares Tinoco, Carlos Alexandre Alperti Junior, Marcos Muniz da Silva e Mara Schimpf.
Cada um apresentará 20 fotos inéditas por um período aproximado de 45 dias.
dezembro 7, 2011
Estou Aqui reúne treze artistas até 18 de fevereiro de 2012 e conta com curadoria de Luisa Duarte, buxixo.com.br
Estou Aqui reúne treze artistas até 18 de fevereiro de 2012 e conta com curadoria de Luisa Duarte
Matéria originalmente publicada no buxixo.com.br em 7 de dezembro de 2011.
Entre 12 de dezembro e 18 de fevereiro de 2012, a Galeria Marilia Razuk apresenta a exposição Estou Aqui, com curadoria especial da carioca Luisa Duarte. Parceira da galeria paulistana, Duarte foi Coordenadora do ciclo de conferências "A Bienal de São Paulo e o Meio Artístico Brasileiro - Memória e Projeção", plataforma de debates da 28ª Bienal Internacional de São Paulo e atua como curadora independente e crítica de arte.
Para esta exposição coletiva, a curadora convidou os artistas – alguns fazem parte do casting da galeria: Adriano Costa, Bruno Dunley, Deborah Bolsoni, Felipe Cohen, Gisela Motta e Leandro Lima, Marilá Dardot, Matheus Rocha Pitta, Patricia Leite, Raquel Garbelotti, Roberto Winter, Thiago Rocha Pitta, Wagner Malta Tavares.
As obras são distribuídas pelo espaço da Galeria Marilia Razuk em uma pesquisa em que curadoria e artistas revelam um panorama sobre a relação entre tempo e arte, principalmente nos dias de hoje com as interferências da vida moderna.
Texto curatorial por Luisa Duarte: Queremos ao menos uma vez chegar ao lugar em que já estamos
A mostra coletiva “Estou aqui” é um capítulo de uma pesquisa, tateante, sobre as relações entre arte e temporalidade. Ao começar o desenho da exposição, tive como esteio um pensamento iniciado na mostra “Turistas, Volver” (2008). Ali um conjunto de trabalhos era reunido entorno da discussão sobre o turista como uma figura síntese da vida acelerada e horizontal do homem contemporâneo. “A peculiaridade da vida turística é estar em movimento e não chegar”.
Passados quatro anos, o que para um historiador é nada e para um engenheiro da Google são milênios, o mundo e o tempo mudaram. E a arte sempre parece estar à frente ou nos falar de algo ainda inaudito, mas que já vivemos e ainda não sabemos exatamente como articular, ou como traduzir o que sentimos. Tomemos, portanto, a imagem do trabalho que dá nome a essa exposição: uma gravura de Marilá Dardot, originada de uma fotografia, na qual se vê uma escada abandonada sobre um solo de terra qualquer, permeada por flores e mato. A escada nos serve para subir ou descer, cada degrau simboliza essa passagem. A escada sem função, adormecida, esquecida, pousada, de Dardot, não remete a paralisia, impedimento, mas a uma pausa - até porque a mesma imagem, quando exposta na parede, ganha novamente sua posição de ascensão e verticalidade destituída do objeto.
Esta mesma imagem ocorre de um olhar atento que escolhe iluminar o mais ordinário. Não à toa o trabalho se intitula “Estou aqui”. O que ocorreu conosco nos últimos anos? Percebo o acúmulo de informações que nos chegam via internet, celular, e-mail, facebook, twiter etc. É o tempo da “distração concentrada”, do acúmulo dispersivo. O tempo para o cultivo do pensamento, da leitura, da criação, está cada dia mais distante de ser edificado. Será possível estar presente, assumir uma presença, habitar o lugar no qual já estamos, não operar no registro da ansiedade do porvir? Esse é o ponto: "Queremos ao menos uma vez chegar ao lugar em que já estamos". Dar a volta em nós mesmos. Ganhar a integridade que surge quando o esquecimento nos acomete e a ansiedade se dissipa. Utopia? Quimera? Possivelmente. Mas o que seria da vida sem a vida sonhada? Sonhada em diálogo com o real. Não se trata de dar as costas para o que vivemos, mas buscar um modo de caminhar sobre esse solo resistindo ao mesmo, propondo paradas ou distintas velocidades, lembrando-nos justamente dessa dinâmica em que estamos imersos, seja pela via oposta, da contemplação que solicita demora, ou da velocidade que nos retorna a vertigem.
“Estou aqui” reúne trabalhos que podem, quem sabe, nos lembrar de que – habitar o presente – algo aparentemente redundante, se tornou um dos maiores desafios de nossa época.
Os artistas
Adriano Costa - São Paulo (SP), 1975. Vive e trabalha em São Paulo. Entre desenhos, pinturas, esculturas, colagens e apropriações, a obra de Adriano Costa tem como princípio a escolha por materiais e suportes que estão ao seu alcance ou que interessam ao sujeito que percorre as ruas da grande cidade. Um caderno pautado envelhecido; a sacola de supermercado deixada de lado; o cobertor usado por mendigos; pedaços de uma calçada levados para a casa; restos de tecidos. Cada um destes resíduos do mundo, assim como os desenhos feitos de traços contundes, agressivos são signos de uma obra que surge com um caráter de urgência. Aí mora a vitalidade do trabalho do artista. Avesso ao método e aos rigores formais, Adriano Costa finda por fazer do caos, paradoxalmente, o seu método e a fonte que irriga toda a sua poética.
Bruno Dunley - Nasceu em Petrópolis, em 1984. Vive e trabalha em São Paulo. O trabalho de Bruno Dunley apresenta um questionamento em torno da própria prática pictórica e sua presença como imagem no mundo contemporâneo. Um constante questionamento sobre a eleição da estrutura (que pode surgir do desenho ou de uma fotografia de referência) e sua representação parecem pulsar dentro de suas pinturas, e permite que o trabalho apresente uma “essencialidade variante”, local de onde as coisas partem e retornam - às vezes a revelia do próprio artista, que não parece estar na figuração ou nos objetos e espaços representados, mas sim, em uma postura diante da maneira de pintar. E é justamente este posicionamento adotado pelo artista que determina a coerência interna e a estranha unidade do seu conjunto de trabalhos.
Formado pela Faculdade Santa Marcelina, o jovem pintor participou de exposições coletivas como: Deserto - Modelo, na 713 Arte Contemporáneo, Buenos Aires (2010) , Paralela 2010// A Contemplação do Mundo, curadoria Paulo Reis – Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo; Superfície Ativada: Bruno Dunley, Lucas Arruda e Sergio Sister - Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro, Brasil; Nova Arte Nova, curadoria Paulo Venâncio Filho – CCBB São Paulo; Programa de exposição 2008 - Museu Victor Meirelles, Florianópolis; 2000 e 8 – Estudos de 8 artistas, Surface to Air, São Paulo; 2000e8 – Novos Artistas Para Novas Pinturas, Sesc Pinheiros, São Paulo; Entre 5 Paredes, curadoria Fernanda Lopes, entre outras.
Debora Bolsoni - Nasceu no Rio de Janeiro, RJ, 1975. Vive e trabalha em São Paulo. Formada em artes plásticas pela ECA-US, estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro e desenho na Saint Martin School of Art em Londres. Foi artista residente do Centro de Cultura Remisen-Brande, Dinamarca; do Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte; e do MAMAM no Pátio em Recife. Dentre as exposições mais recentes que participou, destacam-se a mostra "A Contemplação do Mundo - Mostra Paralela" com curadoria de Paulo Reis (São Paulo 2010); “Absurdo” com curadoria de Laura Lima para a 7ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2009); “De Perto, De Longe – Mostra Paralela” com curadoria de Rodrigo Moura (São Paulo, 2008); “Quase Liquido” Curadoria de Cauê Alves (São Paulo, 2008); “Cover – Reencenação + Repetição” Curadoria de Fernando Oliva (São Paulo, 2008) e “Contraditório – Panorama da Arte Brasileira” com curadoria de Moacir dos Anjos (2007).
Felipe Cohen - Nasceu em São Paulo, 1976. Vive e trabalha em São Paulo. É artista formado pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Realizou exposições individuais em importantes centros culturais como Centro Cultural São Paulo e Centro Universitário Mariantonia. Participou de mostras como: Paralela 2010, curadoria de Paulo Reis, Sao Paulo (2010), Milestone, Edimburg College of Art, Edimburgo (2009), Rumos das Artes Visuais, São Paulo (2008/2009), "Young Brazilian Artists", em Porto, Portugal (2006). Foi artista selecionado pela Bolsa Iberê Camargo; em 2006 participou da exposição Fiat Mostra Brasil e foi premiado. Em 2010 apresentou-se como "One-Man-Show" na Arco, Madrid, convidado pelo curador Jacopo Crivelli.
Gisela Motta – São Paulo, BR, 1976 e Leandro Lima - São Paulo, BR, 1976. Ambos vivem e trabalham em São Paulo. Formaram-se em Artes Visuais na Faap. Seus trabalhos fazem parte das coleções Cifo Collection – Cisneiros Fontanals Art Foundation, Miami; MAM–BA, Solar do Unhão, Salvador; M.E.P. – Maison Europénne de La Photographie, Paris; Museu Nacional da República, em Brasília; e Pinacoteca do Estado de S. Paulo.
Só em 2011, Gisela e Leandro participaram das exposições coletivas 17º Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc Vídeo Brasil, no Sesc Belenzinho, São Paulo; Jogos de Guerra, na Caixa Cultural, Rio de Janeiro; Assim é se lhe parece, no Paço das Artes, São Paulo; Geração 00, no Sesc Belenzinho, São Paulo; Hohenrausch.2, OK_Centrum, Linz, AU; Extranatureza - SP_Arte, Pavilhão da Bienal, São Paulo; e Casa M, Bienal do Mercosul, Porto Alegre.
Marilá Dardot - Belo Horizonte, 1973. Vive e trabalha em São Paulo. Graduada no curso de Comunicação Social da UFMG, Belo Horizonte (1996), também cursou três anos de Artes Plásticas na Escola Guignard - UEMG, Belo Horizonte (1997 a 1999).
É Mestre em Linguagens Visuais no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFRJ, Rio de Janeiro (2003).
Dardot participou, em 2006, da 27ª Bienal de São Paulo, e em 2010, da 29ª Bienal de São Paulo e tem trabalhos em várias coleções, como Instituto Inhotim, Brumadinho; Coleção Gilberto Chateuabriand/ Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte; e Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife. Sua investigação percorre a linguagem, seus componentes, o processo de criação de significados, de constituição das palavras. A literatura é uma forte presença em seus trabalhos.
Matheus Rocha Pitta – Tiradentes, Brasil 1980. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Os enigmas escondidos nas ruelas e cantos ocultos das cidades atraem a atenção de Matheus Rocha Pitta. Seu olhar fotográfico costuma seduzir-se por aquilo que já não aparece mais nas vitrines, nas conversas entre famílias, na agenda e nas políticas públicas. O artista focaliza o socialmente marginal e, enaltecendo sua plasticidade, dá-lhe novo apreço.
Patricia Leite - Belo Horizonte, 1955. Vive e trabalha em Belo Horizonte. A artista foi aluna de Amílcar de Castro e tem bacharelado em Desenho e Gravura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. De acordo com o curador Rodrigo Moura, ela atualmente “organiza seus quadros a partir de imagens que carregam dois adjetivos que não naturalmente se alinham à tradição abstracionista que marcou sua trajetória pregressa: apropriadas e fotográficas. É a relação com essas imagens que tem decidido a composição de suas telas compostas de grandes massas de cor obtidas pela sobreposição de camadas de delgada tinta a óleo.”
Após realizar exposição individual na Galeria Macunaíma no Rio de Janeiro, em 1984, ela foi premiada pelo Salão Paulista de Arte Contemporânea em 88 e 89, e tem participado de coletivas, salões e realizado mostras individuais com regularidade. Em 2005 com a exposição intitulada Outra Praia, no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte, ela redefiniu a pintura de paisagem levando-a ao elementar através da pesquisa com a cor.
Raquel Garbelotti - Nasceu em Dracena, São Paulo, em 1973. Artista multimídia e professora. Gradua-se em Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina - FASM, São Paulo, em 1994. Conclui seu mestrado em Artes pela Universidade Estadual Paulista em 2001. No ano seguinte, trabalha como professora convidada da FASM, onde permanece até 2004, ministrando a disciplina de escultura. Ainda em 2004, torna-se professora assistente no Departamento de Formação Artística do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo. Realiza projetos em parceria com os artistas Jorge Menna Barreto e Rubens Mano. Com este, produz o vídeo Versão Composta, exibido em 2004, durante exposição individual do artista. Entre 2000 e 2005, participa de diversas mostras no Brasil e no exterior, como a 26ª Bienal de Arte de Pontevedra, Espanha (2000); a 25ª Bienal Internacional de São Paulo (2002). Entre suas exposições individuais estão Armários Modulares (1996); Casas-caixa (1999) e Observações Sobre o Espaço e o Tempo (2003).
Roberto Winter - É bacharel em Física pelo Instituto de Física da USP (2005). Já apresentou obras em diversos espaços e eventos, como 13º Festival da Cultura Inglesa em 2009, quando desenvolveu o trabalho One and three words. No mesmo ano, apresentou a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos, no Paço das Artes com Luiza Proença com quem também foi artista convidado para a Radiovisual da 7ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre, na qual apresentaram Listen & Repeat.
Entre 2009 e 2010 integrou o Grupo de Reflexão interDisciplinar do Centro Cultural São Paulo e colaborou com a obra-ensaio Feedback para o Caderno Videobrasil 2010. Participa do Grupo de Estudos de Crítica e Curadoria coordenado por Tadeu Chiarelli na Universidade de São Paulo e do Grupo de Estudo e Pesquisa Relações entre arte, sistema de arte, sociedade e cultura, da FASM, coordenado por Ricardo Basbaum.
Thiago Rocha Pitta - Tiradentes, MG, 1980. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Começa a mostrar seus trabalhos em 2001, com intervenções ao ar livre. Desde o início sua obra busca uma relação íntima com a natureza. Pode-se dizer que em seus trabalhos a natureza é uma espécie de co-autora. Este aspecto fica evidente em obras como Homenagem a William Turner, um vídeo de um pequeno barco pegando fogo, ou ainda no espelho/ plataforma construído sobre um abismo, em que o público é convidado a andar sobre o reflexo do céu. O artista possui também uma larga produção de pinturas e aquarelas, sempre buscando na linguagem estados poéticos para a matéria e suas mutações.
Thiago Rocha Pitta cresce na cidade histórica de Tiradentes e muda-se, quando adolescente, para a cidade serrana de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Passa a viver na cidade do Rio em 1999, quando estuda artes na UFRJ, não concluindo o curso. Além de estudar filosofia e estética em cursos livres. Em 2004 foi contemplado com o prêmio CNI SESI Marcantônio Vilaça. Integrou a 5° Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS, 2005.
Wagner Malta Tavares - Nasceu em São Paulo, 1964. Vive e trabalha em São Paulo.
Artista multimídia, Wagner Malta Tavares faz uso do vídeo, escultura, fotografia, desenho, colagem, performance e instalação para dar vazão a sua poética, em linhas gerais, para tornar visível aspectos fundamentais que permeiam as relações entre as pessoas e, entre as pessoas e as coisas do mundo; trazer à experiência sensível aquilo que está latente.
Participou de exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior como Instituto Tomie Ohtake, SP, Mac Niterói, RJ, Centro Universitário Maria Antonia, CCSP, FuNARTE RJ, Rider Project em Chicago e NY e Accident no Mnac em Bucareste. Em 2006 foi selecionado pela Bolsa Iberê Camargo para ser artista residente no The School of The Art Institute of Chicago.
Galeria Marilia Razuk
Desde 1992, a Galeria Marília Razuk tem como objetivo divulgar, promover e difundir a produção contemporânea de artistas consagrados e emergentes. Dirigida por Marília Razuk, a galeria busca mostrar uma diversidade criativa de qualidade e mantém seu reconhecimento junto a curadores, críticos e colecionadores. Seus artistas estão presentes nos mais importantes museus e mostras no Brasil e exterior.
Participa todos os anos de feiras como Art Basel (Suíça), Art Basel Miami Beach, Arco Madrid, SP-Arte, mostrando ao mundo uma seleção de artistas contemporâneos brasileiros e ajudando a promover um intercâmbio cultural.
Em 2010 a galeria ampliou seu espaço e conta com duas salas expositivas na mesma rua, localizadas na Rua Jerônimo da Veiga 131 e Rua Jerônimo da Veiga 62, em São Paulo, onde apresenta diferentes exposições simultaneamente, individuais e coletivas.
Estou Aqui @ Galeria Marilia Razuk
Abertura: 10 de dezembro, das 11h às 16h
Período expositivo: 12 de dezembro a 18 de fevereiro de 2011 (a galeria estará fechada de 22 de dezembro a 15 de janeiro de 2012)
Rua Jerônimo da Veiga, 131B, Itaim - São Paulo - SP - 04536-000 – Brasil
Telefone: 11 3079-0853
Horário de funcionamento: segunda-feira a sexta-feira, das 10h30 às 19h/ sábado das 11h às 15h
Mira Schendel ganha mostra em São Paulo por Camila Molina, O Estado de S. Paulo
Mira Schendel ganha mostra em São Paulo
Matéria de Camila Molina originalmente publicada no caderno de cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 6 de dezembro de 2011.
"Nunca faria uma pintura completamente lisa. Erradíssima a arte que cobre completamente essa textura, esse movimento da mão. Dou a maior importância que seja assim manual, que seja artesanal, que seja vivenciada, que saia assim da barriga", afirmou, em 1981, a artista Mira Schendel sobre sua obra pictórica. Criadora consagrada, é sua produção sobre papel, com destaque para as monotipias que realizou na década de 1960, a série das Droguinhas e o Trenzinho - pertencentes a coleções brasileiras e internacionais -, a mais reconhecida, exaltada, até mesmo, na recente mostra que o MoMA de Nova York promoveu colocando em diálogo a obra de Mira e do argentino León Ferrari. "Ela foi a poeta do papel", diz a historiadora Maria Eduarda Marques, curadora de uma exposição que, agora, entretanto, se detém apenas nas pinturas que a artista criou durante sua trajetória, uma vertente pouco vista. Mira Schendel, Pintora, que será inaugurada hoje no Instituto Moreira Salles (IMS), exibe 29 pinturas realizadas pela artista entre os anos 1950 e 80.
A mostra já foi apresentada no Rio e chega a São Paulo trazendo exemplos do que foi o laboratório de experiências de Mira Schendel (1919- 1988) no campo pictórico. Afinal, quando a suíça chegou a Porto Alegre, em 1949, ela só queria pintar. "A vida era muito difícil, não tinha dinheiro para pagar as tintas, mas eu comprava tinta vagabunda e pintava apaixonadamente. Questão de vida ou morte", também afirmou a artista em entrevista que concedeu, em 1981, ao pintor Jorge Guinle.
Mais ainda, Mira participou da 1.ª Bienal de São Paulo, em 1951, exibindo nada menos que uma pintura. Pouco se vê de forma condensada a obra pictórica de Mira em exposições atuais, porque a maioria das produções dessa vertente está hoje nas mãos de colecionadores privados e da família da artista. "Há na exposição apenas três obras que pertencem a instituições brasileiras, ao MAC-Niterói e à Faap", conta Maria Eduarda Marques. Ainda como parte do esforço de jogar luz à obra pictórica da artista, o IMS preparou um catálogo com textos de épocas diferentes e assinados, entre outros, por pintores como Marco Giannotti, que conviveu com Mira. Também será realizada no sábado, às 16 horas, uma mesa-redonda com a curadora, o crítico Rodrigo Naves e o artista Sergio Sister.
Mira Schendel, Pintora, perpassa, de maneira cronológica, o percurso que, mesmo pictórico, carrega questões fundamentais do pensamento artístico dessa criadora. "É a pintura como campo do espaço denso, das cores opacas, da não transparência, da matéria", define Maria Eduarda. Há a figuração e a abstração nas obras pictóricas de Mira, o simbolismo do mundo judaico-cristão, a paleta baixa que remete, explicitamente, à pintura metafísica dos italianos Giorgio de Chirico e Morandi, suas grandes referências.Mira nasceu em Zurique, radicou-se no Brasil, vivendo, desde os anos 50 e até sua morte, em São Paulo. De origem judaica, ela passou a década de 1930 na Itália, onde promoveu densa formação em arte e filosofia.
Como se vê ainda na exposição, a artista também incorpora o léxico e "memórias involuntárias", considera a curadora, em telas tradicionais ou de juta carregadas de tinta e materiais como gesso, pó de tijolo e folhas de ouro, essas, usadas, no fim dos anos 70 e na década de 80, num conjunto minimalista. Até se chegar à derradeira série completa que Mira produziu em sua vida, a dos Sarrafos, misto de pintura e pensamento tridimensional, de 1987. Como já afirmou a crítica Sônia Salzstein, essas obras são a "expressão mais violenta e contundente de todas as formulações anteriores" da artista. Das 12 grandes têmperas brancas com sarrafos pretos, 2 estão na exposição.
Grandezas e densidades sem título, Revista Fator
Grandezas e densidades sem título
Matéria originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 6 de dezembro de 2011.
Em ambientes criados a partir de materiais brutos – madeira, terra, caixas, azulejos de cerâmica – o artista dialoga com densidades, faz releituras de obras anteriores e retoma a videoarte.
Desde “O engenheiro de fábulas”, retrospectiva que ocupou o Paço Imperial em 2001, o celebrado artista conceitual e escultor Ivens Machado não fazia uma grande exposição no Rio. O espaço da Casa França-Brasil, que classifica como “belíssimo”, atraiu e aguçou seu desejo de criar em amplitude.
Evangelina Seiler, presidente da Casa, convidou o artista para pensar essa grande exposição, que encerrará um ano bastante criativo e movimentado na instituição. – O conjunto da obra de Ivens Machado é muito importante na história da arte contemporânea brasileira. É um grande artista e temos a honra de recebê-lo aqui com essa mostra única.
Ivens concebeu para a mostra grandes ambientes com suas obras, todas sem título. – Criar um título, seria a meu ver uma nova obra, portanto minhas obras são assim, sem título – explica. A primeira delas é releitura de uma obra anterior, apresentada pelo artista na Bienal de São Paulo de 2004: apresenta grande quantidade de troncos de madeira (certificada e aprovada pelo Ibama para utilização na obra) em pilhas de alturas variáveis (entre 1,80 m e 2,20 m), numa disposição inédita, obtida com o auxílio de formas de alumínio posteriormente retiradas. Pirâmides de terra de alturas variadas contemplam um pequeno aeromodelo de 70 cm, que paira sobre elas. – Essa obra tem uma novidade: a inserção do movimento, representado pelo aeromodelo. Isso não é muito comum no meu trabalho – conta Ivens.
Numa das salas laterais o público atravessará um ambiente opressivo, mesmo claustrofóbico, construído com caixas de papelão de todos os tamanhos e formatos – e, ao final do percurso, encontrará um trabalho inédito de videoarte, produzido para esta exposição. O protagonista é o próprio artista, que foge de uma perseguição por um personagem do seu imaginário. – Acabo apanhado, preso e fragilizado – revela. A outra sala lateral é ocupada por painéis de azulejos em cuja superfície Ivens interfere, descontextualizando sua função.
A terra, as madeiras e as caixas de papelão utilizados na exposição de Ivens Machado, serão reaproveitados após o encerramento da mostra. A adequação das obras ao espaço da Casa França-Brasil e a supervisão da montagem contam com o suporte do arquiteto Pedro Rivera.
Tanto a organização dos troncos quanto os montes de terra e a composição de caixas de papelão propõem uma trajetória, um percurso para se chegar a algum lugar.
O catarinense Ivens Machado nasceu em Florianópolis em 1942. Autor de uma obra singular e consagrada, participou de várias bienais, com destaque para a de Paris, a do Mercosul e a de São Paulo. Desde o início, sua obra despertou grande interesse de galerias, museus, curadores e críticos de arte. Ivens Machado é também um dos pioneiros da videoarte no Brasil, ao lado de artistas como Anna Bella Geiger, Sonia Andrade e Letícia Parente.
Entre as suas mostras mais recentes estão Made in China (Luciana Brito Galeria, São Paulo, 2010), Encontros/Desencontros (Oi Futuro, Rio, 2008), Acumulações (Paço Imperial, Rio, 2007) e Quase escultura (Galeria Márcia Barrozo do Amaral, Rio, 2007). O engenheiro de fábulas percorreu, em 2001/2002, o Paço Imperial (Rio), a Pinacoteca do Estado (São Paulo), o Museu de Arte Contemporânea de Curitiba e o Museu Vale (Vitória).
Ivens Machado, na Casa França-Brasil, 10 de dezembro 2011 a 17 de fevereiro 2012, com visitação de de terça a sábado, das 10 às 20h,Rua Visconde de Itaboraí, 78 – Centro do Rio de Janeiro. Tel. (21)2332-5120. | Entrada franca]. [www.casafrancabrasil.rj.gov.br].
Nova Lei Rouanet quer tirar poder decisório de empresas por Anna Virginia Baloussier, Folha de S. Paulo
Nova Lei Rouanet quer tirar poder decisório de empresas
Matéria de Anna Virginia Baloussier originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 7 de dezembro de 2011.
Projeto destina 20% do IR deduzido para braço do Ministério da Cultura
Interferência do Fundo Nacional de Cultura visa pulverizar recursos pelo país; eixo Rio-SP hoje abocanha 80%
Uma proposta de mudança no modelo federal de incentivo à cultura joga nova pá de cal na Lei Rouanet.
De 1991, o atual sistema é criticado por deixar a esfera privada decidir as produções que recebem patrocínio -deduzido do Imposto de Renda, via renúncia fiscal.
O ProCultura, projeto de lei que toma o lugar da Rouanet, vai propor que as empresas sejam obrigadas a destinar 20% desses recursos ao Fundo Nacional da Cultura.
A ideia é que, por meio de editais, a entidade pulverize o financiamento pelo país. Hoje, o eixo Rio-São Paulo é imã de 80% dos recursos.
Se os tais 20% estivessem valendo em 2010, por exemplo, o fundo teria um aporte adicional de R$ 240 milhões.
Relator do projeto na Comissão de Finanças da Câmara, o deputado Pedro Eugênio (PT-PE) pretende sugerir os 20% na próxima semana. Se esse teto for ultrapassado, diz, "as empresas podem ficar reativas" à retração do mecenato direto.
Atualmente, o Ministério da Cultura autoriza os projetos aptos ao subsídio, e só aí financiadores escolhem a quem associar sua marca.
CONFLITO
Desacordos rondam a recauchutagem da Rouanet.
Prevê-se, por exemplo, um sistema de pontos para definir se o candidato à lei oferece contrapartida social (a partir disso, fixa-se uma porcentagem maior ou menor de renúncia fiscal).
O secretário de Fomento do MinC, Henilton Menezes, defende critérios mais objetivos, como gratuidade em eventos.
Mas discorda que a pasta deva classificar "propostas inovadoras", conforme sugerido em 2010 na Comissão de Educação e Cultura. "Posso dizer que é inovador num Estado, e não no outro."
Versão anterior do projeto previa que patrocinadores bancassem do próprio bolso (ou seja, sem debitar do fisco) 20% dos recursos para os projetos apoiados.
Assim, fechava-se a janela para os 100% de renúncia fiscal (até o teto de 4% do total do imposto devido).
Isso cai no texto atual. Com o risco de as empresas recuarem, haveria "queda importante nos recursos captados", afirma o deputado Eugênio.
dezembro 5, 2011
Teatros da memória por Paula Alzugaray, Istoé
Teatros da memória
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada no caderno de Artes Visuais da revista Istoé em 2 de dezembro de 2011.
Giorgio de Chirico, um dos mais influentes pintores da arte moderna no mundo, chega ao Brasil em mostra itinerante
A praça, na cultura greco-romana, era onde se reuniam poetas, filósofos, oradores, guerreiros, políticos e intelectuais. Ambiente por excelência das pinturas de Giorgio de Chirico, a praça é o cenário onde o artista aproxima fragmentos e memórias das várias culturas e cidades onde residiu. Nascido em Volos, na Grécia, em 1888, mas italiano de adoção, De Chirico viveu em Florença, Turim, Munique, Nova York, Ferrara e Paris, até fixar-se em Roma, em 1944. As praças representadas em sua pintura são também locais de encontro de três momentos-chave da cultura ocidental: antiguidade clássica, renascimento e modernidade. Essa justaposição cultural e temporal está bem sintetizada em “Muse Inquietanti”, de 1924, a obra mais antiga da exposição “De Chirico: o Sentimento da Arquitetura”, em cartaz a partir de 9 de dezembro na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre.
Nessa pintura – realizada no auge da fase metafísica de De Chirico –, o Castello Estense, joia arquitetônica renascentista de Ferrara, é cercado por ruínas gregas, chaminés de fábricas – ícones da era industrial – e pelas “musas inquietantes” que nomeiam a obra. Efetivamente inquietantes, essas esculturas-manequins conferem a aura de mistério, transcendência e erudição que iluminou toda a obra de De Chirico e inspirou o grupo surrealista de André Breton. “A cidade de De Chirico é cidade grega, renascentista e moderna ao mesmo tempo: por isso foi amada por Breton como o espaço surreal, onde atravessam simultaneamente o vapor de uma locomotiva e a vela homérica”, escreve no catálogo da exposição a curadora Maddalena D’Afonso, crítica de arte e arquitetura.
Cada obra se comporta, portanto, como um arquivo histórico em si, colocando tempo e espaço em suspensão – como manda a metafísica. Ali se descortina o pensamento de um artista-filósofo, mas também de um artista-arqueólogo, interessado nas camadas esquecidas da civilização. Na tela “Archeologi”, de 1968, De Chirico homenagearia a profissão, apresentando duas figuras com corpos compostos por elementos da arquitetura greco-romana, como templos, capitéis, ruínas e arcos.
A mostra conta com 45 pinturas e 11 esculturas produzidas no período neometafísico, entre os anos 1960 e 70, além de 66 litografias de 1930 – todas obras da Fondazione Giorgio e Isa de Chirico. A trajetória da exposição inclui Belo Horizonte e São Paulo, mas é sintomático que comece em Porto Alegre. A montagem na Fundação Iberê Camargo propiciará, afinal, um reencontro entre mestres. Em 1948, quando partiu para a Europa com uma bolsa de estudos, Iberê Camargo estudou durante um ano com De Chirico, em Roma. “Iberê Camargo aprendeu com o mestre europeu da pintura metafísica procedimentos técnicos relativos à pintura”, aponta a crítica de arte Mônica Zielinsky, responsável pela catalogação da obra completa do artista gaúcho. “Mas Iberê também encontrou afinidade entre as fontes de estudo do pintor italiano, pois ambos estudaram Nietzsche e Schopenhauer, ao discutirem a ideia do verdadeiro, e acreditaram na negação do presente, na necessidade de expor o mistério, a solidão e o silêncio, cada um por caminhos pictóricos completamente distintos.”
A crítica aponta que ambos têm pinturas de prédios solitários e isolados: De Chirico em referência a monumentos e praças de Roma, Iberê em fachadas de hospícios no Rio de Janeiro. Esse diálogo poderá ser conferido in loco, já que o quarto andar do edifício projetado pelo arquiteto Alvaro Siza fica sempre reservado às obras de Iberê, independentemente da exposição temporária em cartaz. Atualmente, a mostra “Conjuro do Mundo”, com curadoria de Adolfo Montejo Navas, tem 73 obras. A cada seis meses, uma nova curadoria apresenta novas propostas e trabalhos. Com essa dinâmica, a fundação garante a saudável circulação de seu acervo de cinco mil obras, garantindo o diálogo permanente entre Iberê e seus pares.
"Em Nome dos Artistas" acaba com público frustrante por Silas Martí, Folha de S. Paulo
"Em Nome dos Artistas" acaba com público frustrante
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 5 de dezembro de 2011.
Exposição, que celebrava 60 anos da Bienal e tinha entradas a R$ 20, recebeu menos de 100 mil visitantes
Mostra teve porte e duração semelhantes aos da última Bienal, que era gratuita e levou 530 mil ao Ibirapuera
Terminou ontem com cerca de 93 mil visitantes a mostra "Em Nome dos Artistas", que homenageou os 60 anos da Bienal de São Paulo com trabalhos de artistas norte-americanos do acervo do museu Astrup Fearnley, de Oslo.
Comparado aos números da última edição da Bienal de São Paulo, que recebeu 530 mil espectadores e teve a mesma duração, o público da exposição decepcionou a direção da Fundação Bienal.
Segundo a Folha apurou, Heitor Martins, presidente da fundação, já havia advertido conselheiros de que esses números seriam baixos.
Esse quadro se agrava diante do fato de que mais de 50 mil visitas foram via programa educativo.
Um dos motivos apontados pelo baixo público foi o fato de a mostra ter ingressos vendidos a R$ 20, ao contrário das últimas edições da Bienal, com entrada gratuita.
"Em Nome dos Artistas" estreou no fim de setembro com entrada franca apenas aos domingos. Tentando aumentar o público da mostra, a Fundação Bienal estendeu a gratuidade aos sábados.
"Não devemos fazer julgamento, o número é o que ele é, não dá para ler muito além disso", relativizou Martins em entrevista à Folha. "É o que uma mostra intermediária [entre edições da Bienal] pode ambicionar."
Martins disse ainda que a exposição com entradas a R$ 20 serviu de teste para averiguar se futuras edições da Bienal de São Paulo poderiam vir a cobrar ingresso.
"Essa experiência nos mostrou que a política de mostras gratuitas faz mais sentido", afirmou Martins. "O público busca o dia gratuito, e a receita adicional que geramos com bilheteria não é muito relevante."
Apesar do público que deixou a desejar, Martins disse que a exposição serviu para fortalecer o programa educativo da Bienal de São Paulo, que vem operando em caráter permanente desde a última edição da mostra.
Valores corporativos ditam o financiamento cultural por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Valores corporativos ditam o financiamento cultural
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 4 de dezembro de 2011.
Cancelamento da exposição de Nan Goldin revela problemas de patrocínio incentivado
Exibição de obras de arte está sujeita a critérios como identificação do projeto com a marca do financiador
Quase um ano depois de aprovar em edital uma mostra da artista Nan Goldin, o centro cultural Oi Futuro, no Rio, cancelou a exposição na semana passada, faltando um mês para a abertura.
A alegação foi de que as imagens de crianças diante de atos sexuais que integram a obra da norte-americana iam contra a orientação dos programas educativos da Oi.
A curadora da mostra, Lígia Canongia, classificou a decisão como "arbitrária e prepotente". O episódio causou estardalhaço no meio artístico e revelou que a arte, cada vez mais produzida e exibida graças a leis de incentivo, pode estar a serviço de valores corporativos.
Exposições realizadas em endereços como Oi Futuro, Caixa Cultural e Centro Cultural Banco do Brasil passam por um longo e complexo sistema de seleção que leva em conta a visibilidade que podem trazer para a marca patrocinadora e os valores defendidos por essas empresas.
"Um projeto, mesmo que tenha tino cultural, pode ferir o pensamento dos meus clientes", diz Gerson Bordignon, gerente de planejamento da Caixa Cultural, que destina R$ 30 milhões por ano a projetos artísticos. "Tomo cuidado para não chocar."
Em julho, a Caixa Econômica impediu a exibição, no Rio, de "A Serbian Film", com cenas de pedofilia e estupro, mesmo tendo aprovado o patrocínio para o festival em que o longa seria exibido.
"Esse filme divulga a degradação do ser humano", diz Bordignon. "Não queríamos a nossa marca atrelada a isso. Temos clientes aposentados, conservadores."
No caso do Centro Cultural Banco do Brasil, o conteúdo de uma exposição é conhecido em alguns casos até um ano antes de sua realização.
"Todas as propostas são lidas e avaliadas de acordo com o nosso eixo temático", afirma Rogério Campos, gerente de planejamento do CCBB paulistano. "Passamos tudo para a diretoria de marketing, que ratifica se esse projeto atende ou não à identidade do Branco do Brasil."
Mas nada impede que obras aceitas numa primeira análise sejam deixadas de lado mais adiante. No CCBB do Rio, um desenho de um pênis com terços -da artista Márcia X- foi retirado pela direção do banco há cinco anos, depois de uma onda de reclamações de visitantes.
Essa mesma obra havia sido exposta em São Paulo, mas não agradou no Rio. "Foi uma atitude absurda e lamentável", lembra Tadeu Chiarelli, curador daquela mostra. "Sempre pode emergir um puritanismo discutível."
A respeito do episódio, José do Nascimento Júnior, presidente do Instituto Brasileiro de Museus, diz ser preciso estudar sanções para empresas "que usam recursos públicos e praticam censura".
"Temos de pensar com esse viés: a lei [Rouanet] já determina que o julgamento do projeto seja técnico, e não estético", diz ele. "Uma empresa que aprova algo e depois recua não ajuda no financiamento cultural nem no pensamento sobre arte."
Moacir dos Anjos, curador da última Bienal de São Paulo, vê aí um possível "acovardamento" da instituição, que se recusa a exibir obras que "fogem aos valores do público ou de seus acionistas".
"Estão em jogo os valores morais das empresas", diz Dos Anjos. "É preciso repensar essa questão e não sujeitar a produção e a circulação de obras de arte a esses interesses e ao moralismo que domina decisões corporativas."
Na Fiat, por exemplo, empresa que patrocina a Bienal de São Paulo, esses valores são "italianidade e relevância". Qualquer vínculo com a Itália ou obra de um artista já consagrado no panteão das artes visuais tem mais chances de abocanhar parte dos R$ 15 milhões que a empresa destina por ano à cultura.
"Buscamos mais do que um retorno imediato de imagem", diz Marco Antônio Lage, da Fiat. "Definimos uma plataforma de atuação para dar acesso às artes visuais."