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novembro 18, 2011
Pintor de retículas por Paula Alzugaray, Istoé
Pintor de retículas
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada no caderno de Artes Visuais da revista Istoé em 11 de novembro de 2011.
Masp expõe obra gráfica completa do alemão Sigmar Polke, artista que foi ao mesmo tempo crítico do socialismo e do capitalismo
Sigmar Polke – Realismo Capitalista e Outras Histórias Ilustradas/ Museu de Arte de São Paulo (Masp), SP/ até 29/1/12
Em 1963, auge da Guerra Fria, o jovem estudante da Academia de Artes de Düsseldorf Sigmar Polke organiza, juntamente com os colegas de classe Gerhard Richter e Konrad Fischer, uma performance intitulada “Realismo Capitalista”. Algumas décadas depois, Fischer seria considerado um dos mais inovadores e influentes marchands de sua geração, e Richter e Polke seriam dois dos mais importantes nomes da arte alemã. Até sua morte, em 2006, Polke desdobraria e renovaria os sentidos da performance realizada aos 20 anos. “Sigmar Polke – Realismo Capitalista e Outra Histórias Ilustradas”, no Masp, mostra os frutos que essa ideia rendeu em 35 anos de obras gráficas.
Polke nasceu em 1941 em Oels, na Silésia, região incorporada à Alemanha Oriental em 1949, e aos 12 anos mudou-se com a família para a então Alemanha Ocidental. Sua vivência dos dois regimes lhe deu autoridade para inventar o realismo capitalista, em sátira ao realismo socialista (doutrina estética oficial da antiga União Soviética) e como crítica a uma arte ocidental marcada pela adesão aos valores do mercado. Isto é, em sua produção artística, Polke conseguiu ser simultaneamente crítico ao socialismo e ao capitalismo.
O artista é reconhecido por sua atuação na pintura – em 1975, inclusive, ganhou o prêmio de pintura na 13ª Bienal de São Paulo. Mas a presente exposição, com curadoria de Tereza Arruda, brasileira residente em Berlim, vem argumentar que sua obra gráfica é tão forte e representativa de seu estilo quanto a obra pictórica. Polke foi sempre um adepto das misturas de técnicas e descobriu na gravura um meio favorável ao encontro entre o desenho, a fotografia, a pintura e até mesmo o grafite. Ao sobrepor técnicas e temáticas em várias camadas de tinta, não estaria ele, afinal, se referindo aos excessos do capitalismo?
A exposição traz ao Brasil cerca de 220 obras em diversas técnicas gráficas – off-set, silk-screen, litografia, impressão digital –, além da série original e inédita de desenhos e colagens “Day by Day”, seu diário durante a estadia em São Paulo, durante a 13ª Bienal.
Polêmica na mesa de jantar por Nina Gazire, Revista Select
Polêmica na mesa de jantar
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na revista Select em 11 de novembro de 2011.
Em carta enviada ao Los Angeles MoCA, coreógrafa critica trabalho de Marina Abramovic
Yvonne Rainer chama performance planejada por Marina Abramovic de espetáculo grotesco
Inúmeros numerólogos nos advertiram durante a semana sobre a possibilidade de acontecimentos inusitados na data do dia 11/11/11. Superstição ou sintonia cósmica, o mundo da arte hoje acordou com uma notícia um tanto inesperada e que está causando repercussão nos meios especializados. Yvonne Rainer, uma das mais importantes coreógrafas da atualidade, enviou uma carta ao LA MoCA (Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles), que também foi publicada na íntegra no site Artinfo, questionando a instituição por apoiar a exploração de jovens artistas por outra colega mais gabaritada, sendo esta ninguém menos do que Marina Abramovic.
A convite da diretoria, Abramovic prepara uma performance a ser apresentada durante o tradicional baile de gala do museu, onde jovens artistas teriam se voluntariado para servirem, despidos de roupas, como suportes para as mesas do evento. Os voluntários receberão uma quantia de apenas 150 dólares para ficarem em pose de mobiliário durante os dois dias de festividades. Na carta enviada a Jeffrey Deitch, diretor do LA MoCA, Yvonne afirma que Marina Abramovic estaria descontextualizando o objetivo inicial de suas performances em nome da ganância, humilhando outros artistas para “entreter um bando de patrocinadores frívolos e ricos”. A coreógrafa ainda aponta que a grande adesão de voluntários ao “espetáculo grotesco” se deve a perversão do mundo arte, onde jovens artistas “compactuam com as ideias depravadas de uma celebridade para terem a chance de eles mesmos participarem do mundo das artes”. Yvonne chega a comparar o episódio com o filme Saló ou os 120 Dias de Gomorra, clássico do diretor italiano Pier Paolo Pasolini, em que um bando de jovens sofre abusos de políticos remanescentes do fascismo.
Tanto o LA MoCA quanto Abramovic ainda não se pronunciaram a respeito da crítica de Yvonne Rainer. De fato, Abramovic não tem realizado uma reflexão mais profunda em torno da função da performance nos dias de hoje. Ainda que seja uma das poucas artistas a continuarem praticando exclusivamente esse gênero, a performer tem se dedicado mais a rever outros trabalhos clássicos, como por exemplo a performance Action Pants: Gential Panic da austríaca VALLIE EXPORT ou permitir que outros artistas reencenem seus trabalhos mais antigos, como se deu no caso de sua retrospectiva no MoMA. Tais ações não deixam de ser em si uma espécie de atualização da arte da performance, porém, nem mesmo seu mais novo trabalho, The Artist Is Present, em que permaneceu sentada diante do público que se avolumava em filas quilométricas para terem um momento diante da artista, possibilitou perceber algo de inovador e inquietante. Nesse sentido a artista parece buscar mais uma zona de conforto legitimando a performance dentro dos ambientes institucionais do que estar propondo uma polêmica como a que Yvonne Rainer quer denunciar em sua carta-manifesto.
Exposição no Bairro do Recife questiona valor do dinheiro na arte contemporânea por Tatiana Meira, Pernambuco.com
Exposição no Bairro do Recife questiona valor do dinheiro na arte contemporânea
Matéria de Tatiana Meira originalmente publicada no caderno Últimas do site Pernambuco.com em 17 de novembro de 2011.
Deve provocar bastante curiosidade o letreiro Se vende, que será colocado do lado de fora do prédio do Santander Cultural, de frente para a Praça do Marco Zero, no Bairro do Recife. Com letras garrafais vermelhas, que ficam acesas à noite, dá para imaginar que o edifício estará à venda. Mas não é nada disso! O luminoso é uma criação da artista Carmela Gross, de São Paulo, e integra a exposição coletiva 748.600, que permanece em cartaz durante um mês a partir desta sexta.
O projeto com curadoria de Renan Araújo, de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, promove uma reflexão sobre diferentes aspectos da economia, como o dinheiro, o acúmulo de capital, a força de trabalho. A autocrítica começa a partir do título da mostra, pois 748.600 equivale ao valor em reais captado pelo projeto Novos Curadores com empresas do setor privado, através da Lei de Incentivo Fiscal. Entre os artistas brasileiros selecionados para a exposição, há desde nomes consagrados, como Cildo Meireles e Paulo Climachauska, a que o curador se refere como blue-chips, termo tomado emprestado do mercado de capitais, por sua inserção no universo das artes, até aqueles emergentes, em começo de carreira ou à margem do sistema (small-chips), como os pernambucanos Lourival Cuquinha e Deyson Gilbert. Cildo Meireles ironiza as transações econômicas ao criar, na década de 1970, Zero cruzeiro, em que coloca a figura de um índio no centro da cédula. Já Climachauska participa com desenhos elaborados com a moeda de R$ 1 e a escultura cúbica Fechado para balanço, feita com chapas descartadas da Casa da Moeda. Cuquinha inventa uma cédula de R$ 102, ao subrepor impressões no dinheiro, numa obra que somente se completa com sua negociação e venda.
“Tudo começou com a criação de um site/plataforma unindo outros novos curadores que mandaram projetos e foram selecionados, mais três curadores já atuantes no cenário da arte brasileira e a mediação e ajuda da produtora que administra o projeto. A exposição que está agora no Santander vem de um projeto maior: criação do site, meses desenvolvendo as possíveis exposições, exposição no Paço das Artes em São Paulo, ocorrida entre janeiro e março, e por último a exposição no Recife”, situa Renan.
Outros integrantes são Caio Reisewitz, Clara Ianni, Coletivo Filé de Peixe (espécie de jukebox que exibe videoarte), Denise Rodrigues, Gerty Saruê, Marcelo Cidade, Pino e Rodrigo Matheus.
Tatuagem vira símbolo de exploração em trabalhos por Silas Matí, Folha de S. Paulo
Tatuagem vira símbolo de exploração em trabalhos
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 18 de novembro de 2011.
Obras polêmicas incluem desenhos na pele de prostitutas e de animais
Artista espanhol paga viciados para tatuar uma linha em suas costas e belga cria e vende porcos tatuados
Enquanto jovens artistas encontram agora na tatuagem um suporte vivo para obras de caráter mais lúdico e menos ácido, marcas sobre a pele já causaram muita polêmica no meio artístico.
No fim dos anos 90, o espanhol Santiago Sierra fez uma série de performances em que pagou desempregados e prostitutas US$ 30, ou o equivalente ao valor de uma dose de heroína, para que deixassem tatuar nas costas uma linha preta contínua.
Em vez de um desenho, Sierra gravou na pele de voluntários remunerados a marca de uma violação, denunciando a condição de explorados pelo sistema da arte.
Na mesma pegada, o artista carioca Ducha pagou os R$ 1.500 que recebeu do programa Rumos, seleção de jovens artistas do Itaú Cultural, a um caseiro para que raspasse a cabeça e tatuasse atrás dela a logomarca do banco.
"Decidi fazer com alguém a mesma coisa que o Itaú fazia comigo", conta Ducha. "Queria que essa exploração fosse vivenciada e que eu fosse o agente da exploração."
Wim Delvoye também pensou na ideia de marca como símbolo de valor e exploração quando decidiu tatuar porcos vivos com o brasão da grife de luxo Louis Vuitton.
Depois de criar desenhos sobre couro de porco, o artista belga passou a usar os bichos ainda vivos e teve a obra declarada ilegal na Bélgica por maus tratos aos animais. Ele então se mudou para a China onde tem uma fazenda para continuar o trabalho.
Suas composições sobre pele vêm acompanhadas de sua assinatura, como se fossem produtos em série que valorizariam na medida em que os porcos engordassem.
"Faço uma arte invendável, que cresce e chama a atenção de uma forma irônica", resumiu Delvoye em entrevista a uma revista canadense. "É o mesmo princípio do mercado de capitais, que também opera com juros e suas margens de lucro."
Artistas criam desenhos para tatuar na pele de obras vivas por Silas Martí, Folha.com
Artistas criam desenhos para tatuar na pele de obras vivas
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha.com em 18 de novembro de 2011.
Eles dão a pele por uma obra. Num apartamento no 19º andar do edifício Copan, no centro de São Paulo, 12 pessoas cederam o próprio corpo para os desenhos de uma artista, concordando em vesti-los para sempre.
Almudena Lobera é quem desenha, no papel, as imagens. Isabel Martínez Abascal, a tatuadora, grava traços na pele dos participantes, ou portadores, como a dupla se refere às cobaias artísticas.
Essas artistas espanholas passaram um mês recrutando interessados em virar suportes de uma obra que deve durar o tempo de uma vida.
No contrato assinado, eles se comprometeram a receber o desenho na pele e a serem mostrados como obras.
Hoje à noite, na galeria Vermelho, Lobera e Martínez Abascal fazem a primeira exposição de seus tatuados. No ano que vem, imagens deles seguem para Madri, Barcelona e Zaragoza, na Espanha.
"A obra é sobre a perda de uma imagem, como quando vendemos um desenho", diz Lobera. "Eles adquirem a obra dando a pele como suporte, e os desenhos se consomem como bens de mercado, sumindo à medida que a pessoa envelhece e morre."
Mas sobrevive um certificado de autenticidade que cada portador recebe pelo desenho que leva no corpo. "Questionamos a ideia de posse no mercado de arte", afirma Martínez Abascal. "Não é só um desenho ou uma tatuagem, é também um ritual de confiança mútua."
Foi nesse aspecto "visceral" da tatuagem que Amilton Santos pensou quando também começou uma série de tatuagens como obra de arte.
"Quem se deixa tatuar precisa confiar muito em mim", explica ele. "É uma sedução que deve acontecer de forma satisfatória entre a gente."
Em festas, o artista faz com nanquim e uma agulha de costura o desenho de uma forma geométrica no corpo de um ou mais voluntários.
"Aquilo acaba absorvendo a carga emocional daquele dia", diz Santos, que depois copia no próprio corpo a tatuagem que faz nos outros.
Enquanto jovens artistas encontram agora na tatuagem um suporte vivo para obras de caráter mais lúdico e menos ácido, marcas sobre a pele já causaram muita polêmica no meio artístico.
No fim dos anos 90, o espanhol Santiago Sierra fez uma série de performances em que pagou desempregados e prostitutas US$ 30, ou o equivalente ao valor de uma dose de heroína, para que deixassem tatuar nas costas uma linha preta contínua.
Em vez de um desenho, Sierra gravou na pele de voluntários remunerados a marca de uma violação, denunciando a condição de explorados pelo sistema da arte.
Na mesma pegada, o artista carioca Ducha pagou os R$ 1.500 que recebeu do programa Rumos, seleção de jovens artistas do Itaú Cultural, a um caseiro para que raspasse a cabeça e tatuasse atrás dela a logomarca do banco.
"Decidi fazer com alguém a mesma coisa que o Itaú fazia comigo", conta Ducha. "Queria que essa exploração fosse vivenciada e que eu fosse o agente da exploração."
Wim Delvoye também pensou na ideia de marca como símbolo de valor e exploração quando decidiu tatuar porcos vivos com o brasão da grife de luxo Louis Vuitton.
Depois de criar desenhos sobre couro de porco, o artista belga passou a usar os bichos ainda vivos e teve a obra declarada ilegal na Bélgica por maus tratos aos animais. Ele então se mudou para a China onde tem uma fazenda para continuar o trabalho.
Suas composições sobre pele vêm acompanhadas de sua assinatura, como se fossem produtos em série que valorizariam na medida em que os porcos engordassem.
"Faço uma arte invendável, que cresce e chama a atenção de uma forma irônica", resumiu Delvoye em entrevista a uma revista canadense. "É o mesmo princípio do mercado de capitais, que também opera com juros e suas margens de lucro."
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novembro 17, 2011
Pinturas cegas e outros lirismos por Aline Moura, O Povo Online
Pinturas cegas e outros lirismos
Matéria de Aline Moura orignalmente publicada no caderno Vida & Arte do jornal O Povo Online em 17 de novembro de 2011.
Prestes a completar 98 anos, "a grande dama da arte brasileira", Tomie Ohtake, apresenta peças raras do seu trabalho, além de 12 gravuras da mais recente produção, a partir de hoje, na Galeria Multiarte
Pinturas feitas com olhos vendados. Esculturas pintadas pela luz. Sombras que completam a arte. Gravuras viscerais. Às vesperas de completar 98 anos, no próximo dia 21, a artista plástica nipo-brasileira Tomie Ohtake reúne os elementos-base do seu trabalho na exposição Tomie Ohtake (1913), em cartaz a partir de hoje, às 20 horas, na Galeria Multiarte. Composta por oito pinturas, 12 gravuras e cinco esculturas, a mostra traz o melhor da produção da artista , segundo o curador Max Perlingeiro.
Considerada a “grande dama da arte brasileira”, suas principais obras viajam entre três tipos de expressões artísticas, pintura, gravura e escultura, atingindo o chamado abstracionismo lírico. Dentre as pinturas que compõem a coleção que será apresentada na exposição, destaca-se uma das 30 obras da série Pinturas Cegas. Segundo Max Perlingeiro, a série foi um experimento no qual Tomie pintava com olhos vendados. “Esse trabalho é completamente diferente de todos os outros. E quando eu preparei a seleção das obras, fiz questão que tivesse uma dessa série”. De acordo com ele, foi o crítico Mário Pedrosa quem sugeriu que Tomie fizesse esse experimento.
Quem for à exposição também poderá conferir instalações feitas com tubos de aço carbono que saem das paredes e do teto. Ali, a incidência de luz cria novas expressões. “A luz é quem pinta a escultura. A sombra é o complemento. Sem ela, a obra fica incompleta”, explica Perlingeiro. Além disso, a coleção é composta por gravuras de metal. De acordo com o curador, as peças foram feitas a partir de diversas camadas de tinta, tendo a cor vermelha como elemento constante. “Tomie tem uma gravura sofisticada. Uma coisa quase visceral”, explica.
A abertura da exposição conta com a presença de Ricardo Ohtake, filho de Tomie e diretor do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. De acordo com Ohtake, a exposição contém peças raras que abrangem diferentes épocas do trabalho de sua mãe. Ele explica que as 12 gravuras expostas foram as últimas feitas por Tomie.
A exposição demorou três anos para ser concebida porque, segundo Max Perlingeiro, Tomie fez questão de criar uma especialmente para o Ceará. “Tomie é daqueles artistas extremamente comprometidos”, afirma Perlingeiro. O curador diz que em encontro recente com a artista plástica, ele a questionou sobre o segredo de sua vitalidade e para sua surpresa a resposta foi: “Eu fui ao show do Paul Mccartney. Você foi?”.
Arte da delicadeza, Diário do Nordeste
Arte da delicadeza
Matéria originalmente publicada no Caderno 3 do Diário do Nordeste em 16 de novembro de 2011.
A artista Tomie Ohtake ganha exposição individual em Fortaleza. A mostra abre, amanhã, na galeria Multiarte, reunindo pinturas, gravuras e esculturas da artista visual nipo-brasileira
Tomie Ohtake nasceu em Kyoto, no Japão, em 21 de novembro de 1913. Às vésperas de seus 98 anos, ela é uma espécie de lenda viva das artes no Brasil. É conhecida por sua obra, de um aparente minimalismo que se desfaz à segunda vista, revelando-se, a um só tempo complexa e delicada; e pelo Instituto que leva seu nome, que funciona em São Paulo e segue como um centro de referência de boas exposições da arte moderna e contemporânea. E, se a alcunha de lenda não cabe a Tomie, isso se deve ao fato de a artista ter se negado a ser convertida em monumento. Afinal, sua produção criativa segue em frente, na contramão do tempo.
A obra dessa artista singular pode ser vista, a partir de amanhã, na galeria Multiarte. Às 20 horas, será aberta a exposição "Tomie Ohtake - Pinturas | Esculturas | Gravuras", com curadoria de Max Perlingeiro. De sexta-feira em diante, o conjunto de obras fica aberto à visitação gratuita. A última mostra individual da obra da artista, em Fortaleza, aconteceu há cerca de 20 anos, dedicada à sua produção de gravurista.
Parceria
A exposição é composta por 26 peças, divididas entre pinturas, gravuras e esculturas. "A ideia desta exposição existe desde 2007. Ela foi sendo pensada durante esse tempo, com o apoio do Instituto Tomie Ohtake. Ela mesma queria uma exposição especial para Fortaleza, queria que viesse algo inédito para cá. Tomie é mulher de 97 anos, que segue produzindo sem interrupções. Se ela preferia esperar pelo momento certo, não seria eu a apressá-la", conta Perlingeiro.
O curador não poupa elogios ao Instituto, parceiro da exposição que ficará em cartaz em Fortaleza. Deixaram-no livre para que escolhesse as obras que comporiam a mostra, ajudaram a encontrar as imagens que ilustram o belo catálogo e ofereceram suporte técnico para a delicada montagem das obras. "Há uma série de esculturas que precisavam ficar suspensas na parede. Na primeira vez que olhei, fique me perguntando com faríamos a montagem. Só que ela veio com um manual claríssimo à moda japonesa, com buchas especialmente projetadas para este fim. Acredite: a montagem de cada peça foi feita em cinco minutos", descreve.
"O melhor"
Max Perlingeiro não titubeia quando questionado a respeito do recorte da exposição de Tomie Ohtake na galeria Multiarte: queria trazer "o melhor" dela. "Contudo, pensar o melhor dela é algo muito difícil. Eu tinha diante de mim, à minha escolha, obras delicadíssimas, limpíssimas e sofisticadas, algumas grandes, outras pequenas", relembra.
A ideia era montar uma exposição que, de alguma forma, reproduzisse o espaço de criação da artista - um ateliê, na melhor tradição japonesa, marcado pela limpeza e pela organização, de obras e materiais. "Minha preocupação não era trazer uma obra monumental, mas fazer uma exposição como aquele ateliê, em que ´less is more´ (menos é mais)", elucida.
Empolgado com seu novo projeto, Max Perlingeiro demonstra um fascínio permanente com a obra de Tomie Ohtake. Não esconde certa preferência por um tríptico de 1987, que acabou escolhendo para ilustrar as peças de divulgação da mostra; o assombro diante das esculturas em metal carbono, obras que só se completam com a interação entre a peça e sua própria sombra; e as gravuras que mais parecem pinturas, tão perfeito que é o uso das cores e suas gradações no suporte.
Mais informações
Abertura da exposição Tomie Ohtake - Pinturas | Esculturas | Gravuras. Amanhã, às 20 horas, na galeria Multiarte (Rua Barbosa de Freitas, 1727 - Aldeota). A mostra fica em cartaz de 18 de novembro a 17 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 10 horas às 18 horas; e aos sábados, das 14 horas às 20 horas.
Feira para novos colecionadores reúne obras de até 15.000 reais por Jonas Lopes, Veja
Feira para novos colecionadores reúne obras de até 15.000 reais
Matéria de Jonas Lopes originalmente publicada no caderno de Cultura da edição online da revista Veja em 16 de novembro de 2011.
Batizada de Parte, ela acontece entre sexta (18) e domingo (20) no salão da Igreja da Unificação, em Pinheiros
Em geral, o ambiente das galerias intimida as pessoas pouco versadas no universo das pinturas, gravuras e esculturas. Não bastasse isso, há o problema do preço, às vezes alto demais para quem nunca investiu numa obra. Uma nova feira de arte contemporânea na cidade se propõe a ser uma porta mais amigável e acessível aos candidatos a entrar para o time dos colecionadores. Batizada de Parte, ela ocorre de sexta (18) a domingo (20), reunindo no salão da Igreja da Unificação, em Pinheiros, trabalhos de cerca de 300 artistas divididos em 22 estandes. É possível fechar negócios a partir de 450 reais, e nada do que estará exposto ali custará mais de 15.000 reais. Virgílio, Emma Thomas, Zipper e Fotospot são algumas das casas participantes da primeira edição. A lista de artistas representados inclui desde nomes experientes, a exemplo de Bob Wolfenson e Marcello Nitsche, até as jovens revelações Estela Sokol e Mariana Serri.
O público que comparecer poderá ver outras atrações, como uma ação do coletivo Aluga-se. Vinte integrantes do grupo doaram obras, que serão colocadas em 150 caixas, três em cada uma, e então postas à venda por 290 reais. O visitante terá de comprá-las no escuro: apenas ao abri-las conhecerá as peças que levará para casa. A programação abriga ainda conversas com curadores e oficinas relacionadas à história da arte, voltadas para crianças a partir de 7 anos. Na sexta (18), às 19 horas, a Cosac Naify lança os primeiros cinco volumes da edição brasileira da Photo Poche, tradicional coleção francesa de livros de fotografia. Henri Cartier-Bresson, Man Ray, Sebastião Salgado, Elliott Erwitt e Helmut Newton são os nomes abordados nas publicações.
A Parte começou a tomar forma no início do ano, na cabeça da artista plástica Lina Wurzmann, formada em administração de empresas, e da advogada Tamara Brandt Perlman. “Nossa intenção era unir a demanda de pessoas que não têm condição de investir muito à oferta de artistas sem espaço para exibir suas realizações”, diz Lina. “Enquanto elaborávamos a ideia, visitamos a Europa, onde esse tipo de negócio está em grande expansão”, completa Tamara. Finalizado o projeto, a dupla definiu o teto de preço, tentando achar um valor razoável tanto para atrair o público como para recompensar os expositores. Cada galerista terá de incluir uma placa com o preço ao lado do trabalho exposto. Solução aprovada pelo empresário Oliver Mizne, colecionador há mais de dez anos. “A proposta é corajosa. Muita gente vê na arte algo caro e inacessível, e nem sempre é o caso”, acredita ele.
O calendário paulistano já conta com um grande evento nessa área, a SP Arte. Realizada anualmente desde 2005, reuniu 89 galerias em sua última edição, catorze delas estrangeiras, e levou 18.000 pessoas ao Pavilhão da Bienal. Idealizadora do encontro, a advogada e colecionadora Fernanda Feitosa aprova a “irmã mais nova” e popular. “É um sinal de que há um público reprimido para esse tipo de coisa na metrópole”, afirma ela, que deu uma pequena consultoria às organizadoras da Parte em detalhes logísticos e administrativos. Lina e Tamara não veem as duas feiras ocupando o mesmo espaço. “Diria que a Fernanda toma conta do topo de pirâmide, enquanto a gente pretende contribuir para ampliar a base dela”, brinca Tamara.
Na USP, 43% são contra mudança de museu para Detran, Folha de S. Paulo
Na USP, 43% são contra mudança de museu para Detran
Matéria originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 15 de novembro de 2011.
Plano de levar o acervo de 10 mil obras do MAC para o Ibirapuera tem apoio só de 21% dos estudantes em SP
Dados são de pesquisa Datafolha que mostrou que apenas 52% dos alunos da universidade sabem da transferência
Pouco mais de metade dos alunos da Universidade de São Paulo sabe dos planos de transferir o acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP para o antigo prédio do Detran, no Ibirapuera.
Pesquisa Datafolha mostrou que 52% dos estudantes da USP sabem da mudança do museu, anunciada em 2007. Destes, só 15% acreditam estar bem informados sobre o assunto.
O mesmo levantamento também revelou que apenas 21% dos alunos concordam com a transferência das cerca de 10 mil obras para o Ibirapuera, enquanto 43% dizem ser contra a ideia, 20% são indiferentes e 16% não souberam responder.
O índice de rejeição à mudança do museu é menor (30%) nas faculdades de medicina e direito da USP.
No largo São Francisco, 73% dos alunos estão a par do assunto porque a reitoria bate de frente com planos do centro acadêmico da faculdade, que quer construir um complexo esportivo no terreno vizinho ao antigo Detran.
Esse é um dos maiores entraves na transferência do MAC, já que o reitor, João Grandino Rodas, tem adiado a assinatura do convênio de mudança com a Secretaria de Estado da Cultura, pressionando o governo para impedir as obras perto do museu.
A pesquisa foi realizada na semana passada e ouviu 683 alunos de todas as faculdades nos campi de São Paulo. A margem de erro é de 4% para mais ou para menos.
Desde que foi anunciada a mudança, atrasos nas obras e divergências entre USP e o governo paralisaram a ida do MAC para o Detran, que foi reformado pela Secretaria de Estado da Cultura a um custo de R$ 76 milhões.
A USP agora exige que o governo também banque custos de manutenção do museu.
Orçamento da Cultura não será menor, diz ministra por Sylvia Colombo, Folha de S. Paulo
Orçamento da Cultura não será menor, diz ministra
Matéria de Sylvia Colombo originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 17 de novembro de 2011.
Ana de Hollanda afirmou, entretanto, que veto a convênios com entidades privadas dificultou atuação da pasta em 2011
MinC tem previsão de verba de R$ 1,79 bilhão no ano que vem, mas valor não leva em conta emendas parlamentares
A ministra da Cultura do Brasil, Ana de Hollanda, disse em Buenos Aires que não haverá redução orçamentária em sua pasta em 2012.
Afirmou, porém, que o ministério está tendo mais dificuldades para concretizar projetos neste ano do que em 2010, quando teve verba de R$ 2,13 bilhões.
Isso por conta das dificuldades impostas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, que proibiu o MinC de fazer convênios com entidades privadas para eventos, e de um decreto presidencial que generalizou o veto.
O projeto da Lei Orçamentária Anual (Ploa) indica o valor de R$ 1,79 bilhão para 2012. "O cálculo não contabiliza as emendas, que ainda serão somadas a ele. Só vamos saber o valor em 31 de dezembro", desconversou.
Em entrevista à Folha, a ministra afirmou que a taxa de execução do orçamento da pasta neste ano está em 67%, deve atingir 80% ao fim do mês e 100% até 31/12.
Em sua primeira visita oficial à Argentina como ministra, Ana de Hollanda firmou um acordo de cooperação entre o MinC e a secretaria de Cultura local.
O trato prevê apoio à criação de mais pontos de cultura na Argentina (que também possui esse programa) e estímulo à tradução de obras de ambos os países. Também se discutiu a organização conjunta de uma bienal sobre indústrias culturais, a ser realizada alternadamente na Argentina e no Brasil.
Com relação à reforma da lei do direito autoral, a ministra disse já haver "um consenso sobre uma proposta", atualmente na Casa Civil. Segundo ela, será feito um registro de obras culturais no site do MinC: "Vamos abrir tudo na internet. Todo mundo vai ter acesso ao que está em domínio publico, ao que não está, e de quem são os direitos."
Feira com obras baratas atrai novos colecionadores por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Feira com obras baratas atrai novos colecionadores
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 17 de novembro de 2011
Parte começa hoje em São Paulo com trabalhos de no máximo R$ 15 mil
Comprar múltiplos de artistas consagrados e apostar em nomes jovens é o primeiro passo para colecionar
Trocando um vício por outro, o designer Albino Papa diz que deixou de "torrar dinheiro" com roupas de grife e começou a comprar obras de arte. "Quando comecei a colecionar, perdi esse peso na consciência de gastar igual um desesperado", conta ele.
E cada vez mais gente decidiu usar a fome consumista para montar coleções de arte num universo de feiras e galerias que se multiplicam -em São Paulo, cinco novas casas abriram no último ano.
"Não é gente rica que nasceu em berço de ouro", resume Juliana Freire, da galeria Emma Thomas. "São pessoas que deixam de comprar um carro e andam de bicicleta e metrô para poder comprar alguma obra de arte."
De olho nesse público, e aproveitando a expansão do mercado, uma nova feira, a Parte, abre hoje em São Paulo com obras de até R$ 15 mil.
São peças originais de jovens artistas, entre desenhos, esculturas e pinturas, além de múltiplos de nomes já consagrados no circuito global.
"Se você gosta de gente mais famosa, deve comprar múltiplos", ensina Lina Wurzmann, uma das diretoras da feira. Mas ela lembra ainda que há vários jovens artistas "superbacanérrimos".
Juliana Lowenthal, advogada que hoje tem uma coleção de 26 obras, lembra ter se apaixonado por um desses bacanas anos atrás e desde então não parou de comprar.
"Adorei o desenho da Chiara Banfi, uma plantinha daquelas que você assopra", conta Lowenthal. "Quando a mosquinha pica, você não para mais, mas é importante se envolver com a obra."
No caso dela e de outros colecionadores iniciantes, é mais uma questão de amor, gosto ou vício do que de investimento, já que muitos dos artistas ainda não têm carreira estabelecida no terreno pedregoso das artes visuais.
"É igual arrumar uma namorada, tem que olhar e ver se bate", diz Fabio Cimino, da galeria Zipper. "Só quando a obra passa a valer um monte de dinheiro, ela é vista como uma reserva de capital."
novembro 14, 2011
Lado ilustradora de Fayga Ostrower está em mostra por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Lado ilustradora de Fayga Ostrower está em mostra
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do Jornal Folha de S. Paulo em 12 de novembro de 2011
Gravurista concebeu obras para livros de Graciliano Ramos e de T. S. Eliot
Exposição em São Paulo permite observar a troca do registro expressionista pela abstração geométrica
Aquele boi, "morto, sem forma ou sentido ou significado", do poema de Manuel Bandeira fica mais abstrato na ilustração de Fayga Ostrower, um emaranhado ósseo e ao mesmo tempo frágil que se decompõe contra um fundo de tons verdes soturnos.
Menos conhecidas do que suas gravuras, as ilustrações para livros, poemas e revistas da artista polonesa que se radicou no Brasil, morta aos 79 há dez anos, estão juntas agora no Museu Lasar Segall.
Ostrower se firmou nos anos 40 como gravurista de traços expressionistas. Trabalhava com total economia de meios, linhas densas em preto e branco, na tentativa de denunciar nos desenhos a crueza da miséria humana.
Em paralelo à produção artística de temas livres, ela começou ilustrando romances nesse mesmo estilo, realidades surradas traduzidas de forma concisa, só esqueletos e sombras angulosas.
Em "O Cortiço", de Aluísio de Azevedo, as sombras engolem as figuras, e o preto quase domina as composições.
Ela também cedeu à prosa seca das "Histórias Incompletas" de Graciliano Ramos um quadro a quadro ainda mais denso, opressor e fuliginoso, de linhas e pontos cortantes.
Essa fúria figurativa parece arrefecer ao longo da carreira. Ostrower troca a secura do registro expressionista pela abstração geométrica da forma, ao ir da ilustração da prosa para a poesia.
"Essa mudança é sintomática, porque a própria obra dela vai ficando menos narrativa e mais lírica", observa Eucanaã Ferraz, curador da mostra. "É possível ver como sai da gravura mais realista e chega ao abstracionismo."
Um primeiro passo nesse rumo é a ilustração que fez em 1952 para os versos do poema "Boi Morto", de Manuel Bandeira, em que a cara do bicho começa a se desfazer em contornos abstratos.
Quatro anos depois, os "destroços pedregosos" e a "sombra desta rocha rubra" dos versos de "A Terra Inútil", de T.S. Eliot, viram abstrações, linhas, círculos e elipses em verde e marrom.
Esse, aliás, é um dos primeiros trabalhos em que Ostrower começa a usar cores, elemento que surge em sua obra quase que em paralelo ao momento em que passa a ilustrar obras poéticas.
FAYGA OSTROWER
QUANDO abre hoje, às 17h; de ter. a sáb., das 14h às 19h; dom., das 14h às 18h; até 19/2/2012
ONDE Museu Lasar Segall (r. Berta, 111, tel. 0/xx/11/5574-7322)
QUANTO grátis
Programa BNB de Cultura promove oficina em Penedo, Conexão Penedo
Programa BNB de Cultura promove oficina em Penedo
Matéria originalmente publicada no site Conexão Penedo em 11 de novembro de 2011
O evento em Penedo está confirmado para o Teatro Sete de Setembro, situado à Av. Floriano Peixoto, 81, Centro Histórico, das 14h às 16h.
O Banco do Nordeste realiza uma série de oficinas de elaboração de projetos culturais, no período de 21 de outubro a 02 de dezembro, para divulgar o Programa BNB de Cultura – Edição 2012 – Parceria BNDES, uma linha de patrocínio direto para apoio à produção e difusão da cultura nordestina, mediante seleção pública de projetos. As oficinas são realizadas em 79 cidades dos 11 estados da área de atuação do BNB. Em Alagoas, os eventos iniciam no próximo dia 17, em Maceió, e nos dias 21, 22, 23 e 24 acontecem, respectivamente, em Penedo, Piranhas, Marechal Deodoro e Arapiraca. O ingresso nas oficinas é gratuito e não há necessidade de inscrição prévia.
Juntos, o Banco do Nordeste e o BNDES destinarão, no próximo ano, o montante de R$ 8 milhões para projetos a serem selecionados nas seguintes áreas: música (com dotação de R$ 1,5 milhão), literatura (R$ 1,0 milhão), artes cênicas (R$ 1,25 milhão), dança (R$ 500 mil), artes visuais (R$ 1,0 milhão), audiovisual (R$ 1,0 milhão); patrimônio (R$ 500 mil) e artes integradas ou não-específicas (R$ 1,25 milhão).
O Edital do Programa está disponível no Portal do BNB (www.bnb.gov.br), contendo o regulamento e os respectivos formulários eletrônicos para inscrição de projetos, bem como as instruções para preenchimento e o modelo de relatório para prestação de contas.
Serão contemplados pelo menos 303 projetos – sendo, no mínimo, 59 de música, 38 de literatura, 55 de artes cênicas, 18 de dança, 44 de artes visuais, 22 de audiovisual, 18 de patrimônio e 49 de artes integradas ou não-específicas.
Existente desde 2010, a parceria Banco do Nordeste/BNDES contribui para a descentralização territorial da oferta de bens culturais, situados nos mais diversos municípios da área de atuação do Banco do Nordeste, principalmente naqueles menos providos de atividades culturais. Existente desde 2005, o Programa Banco do Nordeste de Cultura já patrocinou 1.371 projetos, beneficiando diretamente 350 municípios.
Priorização de áreas menos favorecidas
Do total de recursos do Programa, no mínimo, 50% (pelo menos R$ 4 milhões, em 2012) serão destinados para projetos cujas ações sejam realizadas em municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média do Nordeste (equivalente a 0,749) e/ou Índice de Exclusão Social (IES) acima da média do Nordeste (igual a 40,95%). 50% desse total, também serão destinados para proponentes que sejam pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos.
Além disso, pelo menos 25% do total (R$ 2 milhões, em 2012) serão carreados para projetos cujas ações sejam realizadas em municípios incluídos no Programa Territórios da Cidadania, do Governo Federal, cujo objetivo é levar o crescimento econômico e universalizar os programas básicos de cidadania. Na área de atuação do Banco do Nordeste, são identificados 34 Territórios da Cidadania, englobando 586 municípios, sendo 337 inseridos na região semiárida.
A meta dos dois bancos é realizar, até 31 de maio de 2012, todo o processo seletivo da edição 2012 do Programa, compreendendo as seguintes fases: realização das oficinas, período de inscrições (1º de novembro a 16 de dezembro de 2011), divulgação da lista de projetos habilitados para o processo de seleção (20 de janeiro de 2012), análise dos projetos (12 de março a 25 de abril de 2012) e divulgação do resultado das propostas selecionadas (31 de maio de 2012).
Objetivos
São objetivos do Programa Banco do Nordeste de Cultura – Parceria BNDES: investir recursos financeiros do BNB e do BNDES, disponíveis para a cultura, em atividades de interesse da Região Nordeste; promover a democracia cultural mediante a participação da comunidade na produção e fruição das ações culturais apoiadas pelo Programa; promover e proteger a diversidade das expressões culturais nordestinas; apoiar prioritariamente a realização de projetos culturais que estão fora da evidência do mercado e que contemplem a cultura da Região; promover a realização de projetos culturais nos municípios da área de atuação do BNB menos providos de atividades relacionadas à cultura, entre outros.
Os projetos serão analisados por comissão julgadora formada por 40 avaliadores representantes de todos os Estados onde o Banco do Nordeste atua. Serão formadas oito comissões avaliadoras, uma para cada área do Edital (música, literatura, artes cênicas, dança, artes visuais, audiovisual, patrimônio e artes integradas ou não-específicas). Cada comissão terá cinco avaliadores externos, representantes de Estados diferentes.
Inscrição e habilitação
O período de inscrição dos projetos será de 01 de novembro a 16 de dezembro deste ano, mediante entrega de seis vias de formulário de inscrição impresso, devidamente preenchido com letra legível, digitado ou datilografado, assinado por responsável pelo projeto, e acompanhado de seis cópias de cada anexo indicado no formulário. O formulário de inscrição e todas as informações necessárias aos proponentes estão disponíveis no Portal do Banco do Nordeste (www.bnb.gov.br).
A entrega dos projetos oriundos do Estado de Alagoas deverá ser feita na sede da Superintendência Estadual do BNB (Rua da Alegria, 407, Centro, CEP – 57020-320, Maceió – AL), de segunda a sexta-feira, no período de 10 às 16 horas, ou então pelo correio, com remessa para o mesmo local, como correspondência registrada com Aviso de Recebimento – AR (considerada a data de postagem), em envelope devidamente identificado.
No período de 02 a 13 de janeiro de 2012, todos os projetos inscritos passarão por uma análise técnica, objetivando a habilitação para a fase de seleção. Serão considerados desabilitados os projetos que apresentarem inconsistências e não atenderem às exigências previstas no edital.
ENTREVISTAS E INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
Tibico Brasil (gerente do Ambiente de Gestão da Cultura do Banco do Nordeste) – (85) 3464.3109 / 8733.8309 – tibico@bnb.gov.br
Gerência de Imprensa do BNDES – (21) 2172.7294 – imprensa@bnb.gov.br
Mário Nogueira (coordenador do Programa Banco do Nordeste de Cultura) – (85) 3464.3182 / 8621.2581 / 9930.6593 – amariobn@bnb.gov.br
Viviane Queiroz (gerente de Produtos e Serviços do Ambiente de Gestão da Cultura do Banco do Nordeste) – (85) 3464.3182 / - viviqueiroz@bnb.gov.br
Luciano Sá (assessor de imprensa do Centro Cultural Banco do Nordeste) – (85) 3464.3196 / 8736.9232 – lucianoms@bnb.gov.br