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PA/RJ/SP/Portugal Desenhos: A-Z na Porta 33 / O museu público na corda bamba por Cristina Freire
ANO 5 - N. 12 / 14 DE FEVEREIRO DE 2005


NESTA EDIÇÃO:
CIRCUITO: Tempos de Keyla Sobral, Belém
Veronica Cordeiro na Virgílio, São Paulo
Desenhos: A-Z na Porta 33, Portugal
Lúcia Weber na Maria Martins, Rio de Janeiro
COMO ATIÇAR A BRASA
O museu público na corda bamba por Cristina Freire, Folha de S. Paulo
Comentário de Ricardo Resende sobre a matéria "Prefeitura do Rio reabre negociações para construir Guggenheim"




Intervenção artística realizada em Belém, numa casa na Gov. José Malcher 982, próx. a Wandenkolk (antiga residência do ex-governador José Malcher).

CIRCUITO

Keyla Sobral

TEMPOS

12 de dezembro a 22 de dezembro de 2004

Resultado da Bolsa de pesquisa, criação e experimentação artística do Instituto de Artes do Pará - IAP/2004, cujo projeto aprovado intitulado “Memória, Passado e Ausência” traz a obra “Tempos”, uma intervenção urbana com uma gigantestca gravura no interior de uma casa abandonada no centro da cidade.

Enviado por RKE Comunicação rkecomunicacao@uol.com.br
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Veronica Cordeiro
Ópera-ato

apresentação e exposição

15 de fevereiro, terça-feira, das 19h às 22h

Galeria Virgílio
Rua Dr. Virgilio de Carvalho Pinto 426, São Paulo - SP
11-3062-9446 ou artevirgilio@uol.com.br
www.espacovirgilio.com.br
Segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados e feriados, das 10h às 16h
Exposição até 8 de março de 2005


O projeto conta com o apoio institucional e a parceria da ONG de Direitos Humanos “Mudança de Cena” e da produtora Sentimental Filme.

Textos sobre o projeto, os personagens e a exposição


Sobre a artista




Ana Teixeira

Desenhos: A-Z  [Drawings: A-Z]
Adel Abdessemed, Adriana Varejão, Adrianne Gallinari, Albert Weis, Ana Teixeira, Beatriz Milhazes, Brian Alfred, Caetano de Almeida, Carla Zaccagnini, Chris Hanson & Hendrika Sonnenberg, Chris Ofili, Damian Ortega, Dave Muller, David Shrigley, Edgar de Souza, Efrain Almeida, Emily Jacir, Ernesto Neto, Euan Macdonald, Fábio Tremonte, Fernanda Gomes, Fernando Bryce, Francis Alÿs, Frank Magnotta, Franklin Cassaro, Franz Ackermann, Gabriel Orozco, Gabriel Vormenstein, Gilberto Mariotti, Guillermo Kuitca, Ilya Kabakov, Iran do Espírito Santo, Jack Pierson, Janaína Tschäpe, Jarbas Lopes, John Bock, John Morris, Jonathan Monk, Jorge Macchi, Jorge Pardo, Jorge Queiroz, José Pedro Croft, Joseph Grigley, Julião Sarmento, Julie Mehretu, Kathy Predergast, Laura Lima, Leda Catunda, Leonilson, Los Carpinteros, Louise Hopkins, Marcel van Eeden, Marcelo Cidade, Marepe, Marilá Dardot, Mark Dion, Martin Thompson, Maurizio Cattelan, Mauro Piva, Michael Elmgreen & Ingar Dragset, Mona Hatoum,  Muntean & Rosemblum, Nicolás Robbio, Olafur Eliasson, Paul McDevitt, Pedro Calapez, Perejaume, Randall Sellers, Raymond Pettibon, Rirkrit Tiravanija, Rivane Neuenschwander, Roberto Bethônico, Rui Chafes, Rui Sanches, Rui Toscano, Ryoko Aoki, Sandra Cinto, Stefan Hirsig, Susan Turcot, Thomas Scheibitz, Tobias Putrih, Valdirlei Dias Nunes, Vik Muniz, Yuri Masnyj, Yutaka Sone

Coleção Madeira Corporate Services com curadoria de Adriano Pedrosa

16 de fevereiro, quarta-feira, 18h

Porta 33
Rua do Quebra Costas 33, 9000-034, Funchal, Ilha da Madeira, Portugal
T. 351-291-743-038 / F. 351-291-744-048
porta33@porta33.com
www.porta33.com
Terça à sábado, das 16h às 20 h
Exposição até 30 de abril de 2005


Texto de imprensa sobre a exposição

Enviado por Ana Teixeira contato@anateixeira.com
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Lúcia Weber
Linha e Corpo

17 de fevereiro, quinta-feira, das 19h às 22h

Galeria Maria Martins
Universidade Estácio de Sá / Campus Tom Jobim
Avenida das Américas 4200 bloco 11, Centro Empresarial Barra Shopping, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro - RJ
21-2503-7078 ou universidarte@estacio.br
www.estacio.br/site/universidarte
Segunda a sexta, das 10h às 22h; sábados, das 10h às 18h
Exposição até 12 de março de 2005


A mostra  LINHA E CORPO da artista  Lúcia Weber  inaugura, na Galeria Maria Martins, a 1ª exposição da série de individuais 2005 do projeto "Universidarte XII ", da Universidade Estácio de Sá.

Selecionada pelos críticos  Luiz Camillo Osorio e Reynaldo Roels Jr., a artista foi uma das  escolhidas entre 238 participantes da décima segunda  edição do projeto em 2003. Estes artistas são premiados com uma exposição individual.

Universidarte é uma grande coletiva de obras de artistas  brasileiros contemporâneos consagrados e talentos emergentes de geração, linguagem e formação distintas, criado em 1996.

Comentário crítico de
Maria do Carmo Secco

Enviado por Produção Universidarte prod.universidarte@estacio.br
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COMO ATIÇAR A BRASA

O museu público na corda bamba

Matéria de Cristina Freire publicada originalmente no MAIS, Folha de S. Paulo, em 30 de janeiro de 2005.

O museu está na ordem do dia e, no Brasil, tem ocupado espaço significativo na mídia e na agenda do governo. Como instrumento ótico privilegiado, o museu vem, ao longo dos séculos, forjando noções sedimentadas na história. Em suas práticas e representações atuais, delineiam-se relações contraditórias e conflitantes com os anseios do humanismo que o criou.

Esse parece ser o drama maior do museu público em tempos neoliberais.
É fato corrente que, há pelo menos algumas décadas, a idéia de museu, sobretudo museu de arte, torna-se sinônimo de edifício, espaço público onde se efetiva a visibilidade de administrações e vaidades indisfarçáveis. Despontam nesse horizonte projetos faraônicos, como o do museu Guggenheim que ameaçou instalar aqui mais um de seus satélites, legítimo fast-food cultural, afrontando os museus nativos pela drenagem de divisas e desprezo pelo local, fruto do velho legado colonial.

Leia a continuação da matéria e publique seu comentário no Como atiçar a brasa



Comentário de Ricardo Resende sobre a matéria "Prefeitura do Rio reabre negociações para construir Guggenheim
", publicada originalmente no Últimas Notícias do Portal Uol, em 27 de janeiro de 2005.

Novamente, a cegueira de nossos políticos interessados apenas nos resultados midíaticos e eleitoreiros conseguidos com obras faraônicas e "sem legitimidade cultural" como disse muito bem Cristina Freire em artigo no caderno Mais! de domingo, no jornal a Folha de São Paulo. Tudo bem que o Guggenhein venha a somar-se a rede de museus da cidade do Rio de Janeiro, mas apenas depois da total revitalização (dos acervos, da museografia e arquitetura) das instituições já existentes como o Museu Nacional de Belas Artes, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e muitos outros em condições precárias de funcionamento. Esta deveria ser a condição imposta ao prefeito César Maia como plataforma de sua campanha presidencial: "O prefeito que colocou os museus do Rio na ordem do dia e em dia".

Leia a matéria e publique você também o seu comentário no Como atiçar a brasa

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TEXTOS DO E-NFORME

O Projeto

Nove personagens que não interagem entre si mas ocupam o mesmo espaço arquitetônico compõem esta manifestação artística, que explora algumas questões fundamentais da relação entre o indivíduo e a instituição/ sociedade. Cada personagem sofre de alguma limitação e/ou fragilidade psíquica ou física, que determina, junto com esculturas e outros objetos, o seu “nicho” de ação e expressão.

“Ópera-ato” é o título dado à apresentação performática; o formato artístico da apresentação aproxima-se mais da ópera do que da peça teatral ou da performance de arte. Alguns personagens se expressam através do canto, da música, e/ou da língua/linguagem, outros interpretam os seus papéis com comportamentos corporais que não incluem a fala ou a expressão verbal. Quando lida de uma só vez, essa conjugação culmina na palavra “operato”, que remete a “operário”, “aparato”, “operar”. O conteúdo do encadeamento de cada personagem está enraizado na discrepância social que vivemos no Brasil, e que é tão nítida na cidade de São Paulo. A desigualdade econômica e social da sociedade paulista gera ‘zonas baldias’ por onde transitam, ou onde se depositam, seres “descartáveis” para a economia e a sua produtividade, como o pobre/ desempregado, o doente ou deficiente, o velho, o ladrão ou criminoso, a senhora que “ficou pra titia” sem formar a própria família… Esses personagens não são interpretados como vítimas de uma sociedade injusta, o que não é novidade para ninguém; eles estão presos pela própria incapacidade de romper com regras ou preconceitos herdados, em função de uma limitação à qual estamos todos submetidos: a extensão da percepção.

É nesse sentido que são pontuados dois termos que fazem parte do bê-a-bá do circuito artístico: “abertura” (vernissage/ noite de abertura de uma exposição de arte) e “exposição”. Duas palavras cujos significados foram esquecidos em virtude do “glamour” e narcisismo do circuito – A-B-E-R-T-U-R-A (é o que menos sentimos numa vernissage, estamos todos muito bem protegidos cada um em seu “nicho”), e EX-posição (um convite para a reavaliação de posições, de posicionamentos perante a vida, o(s) mercado(s), as ambições e aspirações, a “carreira”, a escalada pelo “sucesso”).

Partindo da condição do artista contemporâneo que atua de forma “independente” perante o mercado vigente da sociedade capitalista (não possui um emprego assalariado que visa contribuir para o constante fortalecimento da economia, agindo à margem do ímpeto de intensificação da produtividade empresarial e do status institucional), coloca-se em questão aqui a própria percepção, na arte e na vida urbana, por meio de situações que geram visões e caminhos alternativos. No desenrolar do ato, cada personagem alcança momentos de amplitude visionária, ou de uma simples iluminação de sua condição confinada. No entanto, o ato é contínuo, não havendo uma narrativa linear com início, meio e fim de uma história conclusiva, e essas instâncias de descoberta e ampliação da percepção retornam ao seu ponto de partida constritivo, num movimento sempre circular.

O canto, a música, vozes narrando contos de pessoas sem voz, a atuação, a expressão corporal, esculturas, objetos, desenhos, fotografias, vídeo-animações, costumes de papel e o projeto de iluminação integram-se dentro de um discurso que é ao mesmo tempo real e fictício, no qual se confundem o papel da realidade (social, política) no universo da arte e o lugar da arte na realidade (econômica, social).

O andar superior da Galeria Virgílio representa o “terreno baldio” – a terra de ninguém – onde oito dos nove personagens tem seu “nicho” visual e físico. O nono personagem permanece no andar térreo, entre esculturas, fotografias, e uma animação fotográfica projetada na parede de Sr. Raimundo – um “personagem” que mora na rua em São Paulo, e, fixo no mesmo local há 13 anos, passa cada dia do ano escrevendo assiduamente, sentado e curvado na mesma posição. Do mesmo modo que os personagens representados por atores e artistas no andar superior são ao mesmo tempo esculturas que às vezes se “reavivam”, o Sr. Raimundo é uma “escultura” que nos olha, com um olhar aberto e concentrado que reflete um outro tempo de vida, o tempo de sua realidade e “escolha”, que resiste à crescente aceleração do mundo urbano.

O projeto conta com o apoio institucional e a parceria da ONG de Direitos Humanos “Mudança de Cena” e da produtora Sentimental Filme.

Os Personagens

A apresentação está composta por nove personagens que não interagem entre si mas existem no mesmo espaço simultaneamente. O espaço é um “terreno baldio” com aspecto abandonado e mal pintado, que está esquecido no tempo. Cada personagem sofre de alguma limitação física ou psíquica, pontuada por esculturas, objetos e outros elementos que caracterizam o “nicho” espacial e estético de cada um.

Eles não possuem nomes, as suas identidades são a sua condição: o Cadeira sofre de uma doença rara que delimita a sua existência a uma cadeira de rodas, que por sua vez constitui a coluna vertebral que sustenta o seu corpo atrofiado; o Coro composto por 3 rappers que cantam cordéis escritos por jovens numa oficina na FEBEM do Brás estão presos por fios como marionetes, e se movem como tais; a Dama do Espelho só consegue enxergar a si mesma (existe sentada sobre um espelho) e se expressa por meio da Voz de um outro corpo – que é a aparição em seu imaginário de uma infância promissora; Lucky toma seu nome emprestado do personagem de Samuel Beckett em Esperando Godot e é um ser “mumificado” que tenta imitar a coreografia de um boneco numa vídeo-animação titulada “Lucky in the (white) cube” [Lucky dentro do cubo (branco)]; o Escada usa um terno feito de lambe-lambes da Vila Madalena e passa o tempo no esforço compulsivo de chegar até o topo de 4 escadas moles, feitas de lona, sobre as quais brilham 4 tijolos de “ouro” com a palavra “sucesso” escrita em relevo no centro e na face de cada; e o Carretel é um personagem que tem um fio de linha preso à sua calça (também feita de papel) que compõe desenhos à medida que ele anda – é o único personagem que se desloca pelo espaço e entre os dois andares.

A artista ocupa os dois andares e a calçada da Galeria Virgílio com um grupo de 20 colaboradores, entre os quais atores profissionais e iniciantes, artistas visuais, músicos, dramaturgos e produtores. Nesse sentido, o título OPERAATO propõem uma manifestação artística “IN-corporativa” que parte do intuito de se repensar o formato da relação predeterminada que existe entre criador/artista e espectador/ “leitor”. Aqui o “espectador-transeúnte” passeia por entre os personagens-obras, e está sujeito a tornar-se, em algumas instâncias, suporte para a expressão ou o registro em processo de composição. Na maioria dos casos, os atores/ performers e os personagens interpretados por eles têm histórias que se cruzam e enriquecem, e no processo dos ensaios vão se desenvolvendo continuamente.

A Exposição


Durante a apresentação no dia 15 de fevereiro, termina de se “completar” a composição do “terreno baldio”, que é tanto um palco quanto uma exposição independente. Os costumes sem os atores personificam o silêncio dos personagens, e os fones de ouvido pendurados sobre as cabeças dos rappers do Coro, delineadas em nanquim na parede durante as apresentações, permitem um acesso mais íntimo aos relatos de vida brilhantemente descritos no cordel por adolescentes “marginais”. Ao contrário de um conjunto de  “resíduos” de performance, no qual os objetos e outros dispositivos utilizados no ato permanecem no espaço expositivo como “restos” de uma expressão prévia, aqui os personagens e portanto as suas “roupas” já são esculturas antes de se tornarem personagens. E os atores são simultaneamente os manequins das esculturas. O espaço como um todo, os dois andares da galeria com o conjunto de esculturas, desenhos, instalações sonoras, vídeos, passagens e interferências arquitetônicas, foi abordado como uma pintura ou um suporte para uma composição composta de diversos elementos formais, como a cor, a forma, a harmonia e o desequilíbrio espaciais, a iluminação e o desenho, este último tendo a função de ponto de partida e conexão de todas as partes. O espaço é um palco em processo de tornar-se uma “eX-posição”, e vice-versa, uma exposição que se torna um palco e volta a ser uma exposição.

Veronica Cordeiro (São Paulo, 1974) se dedica à sua pesquisa artística desde 2001, quando realizou suas primeiras exposições coletivas e individuais (Swing in Limbus, Galeria Baró Senna, SP, 2001; Limbus Delirius, Programa de Exposições Centro Cultural São Paulo, 2001). Desde então tem realizado intervenções urbanas independentes (Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte) e participado de coletivas como “Vizinhos”, Galeria Vermelho, 2003; “Objeto como Imagem”, Galeria Virgílio, 2003; e “Outro Lugar”, Galeria Virgílio, 2004, todas em São Paulo, e Arco, em Madri, Espanha, com a Galeria Baró Senna, em 2002. É formada em História da Arte pela Edinburgh University, Escócia, e é colaboradora de arte da revista Art Nexus (Bogotá/ Miami), tendo publicado extensamente em outras revistas como Trans>arts.cultures.media (Nova York), Trópico (revista eletrônica, São Paulo) e Arte y Parte (Valencia). Organizou e editou o livro E(x)tra (2003) que reúne os debates culturais realizados em ocasião de 4 exposições coletivas de jovens artistas contemporâneos realizadas ao longo de 2001 e 2002. Entre outubro de 2003 e março de 2004, produziu o mais recente filme do artista norteamericano Matthew Barney – De Lama Lâmina, e idealizou e organizou o seu lançamento mundial na Pinacoteca do Estado de São Paulo em setembro de 2004.

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Desenhos: A-Z

A Colecção Madeira Corporate Services— MCS começou a ser formada no segundo semestre de 2002, a partir de uma iniciativa dos seus administradores, Rosana Rodrigues, que vive no Funchal, e Luiz Augusto Teixeira de Freitas, coleccionador brasileiro radicado em Lisboa. Para tanto, foi convidado o curador brasileiro Adriano Pedrosa, que tem grande experiência com colecções particulares e empresariais, sendo curador também da colecção privada de Teixeira de Freitas. Baseado em São Paulo, trabalha como curador independente, foi curador adjunto da XXIV Bienal de São Paulo, em 1998, do Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte, de 2001 a 2003, e actualmente é curador do InSite 2005, em San Diego e Tijuana.

A Colecção MCS tem como foco o desenho contemporâneo. O desenho foi eleito tendo em vista o notável revigoramento observado nos últimos anos na produção internacional desse meio expressivo. Um número de exposições e publicações recentes atesta o interesse renovado pelo meio—tais como “Drawing Now” (Museum of Modern Art, Nova York, 2002), “International Paper” (UCLA Hammer Museum, Los Angeles, 2003), “Vitamin D” (Phaidon Press, no prelo). O foco principal da Colecção MCS consiste sobretudo em desenhos realizados nos últimos dez anos por artistas nascidos a partir dos anos 60, e esse é o recorte a partir do qual a Colecção e a exposição podem oferecer um rico e variado panorama. A Colecção MCS desenvolve ainda um segundo foco, com artistas dos anos 1970, num grupo que, por se encontrar ainda em construção na Colecção, foi excluído da presente mostra. A Colecção MCS privilegia artistas das Américas e da Europa, com um número significativo de artistas brasileiros e portugueses. Nesse contexto, a Colecção inclui artistas com carreiras bastante consolidadas no circuito internacional (como Francis Alÿs, Maurizio Cattelan, Mona Hatoum, Ilya Kabakov, Guillermo Kuitca, Beatriz Milhazes, Ernesto Neto, Gabriel Orozco e Julião Sarmento), artistas cujo desenho é referência fundamental para a discussão contemporânea do meio (como Franz Ackerman, Joseph Grigley, Julie Mehretu, Dave Muller e Raymond Pettibon), artistas de renome cujo trabalho em desenho é reduzido ou pouco conhecido (como Michael Elmgreen & Ingar Dragset, Olafur Eliasson e Vik Muniz), ao lado de artistas mais jovens ou emergentes (como Brian Alfred, Ryoko Aoki, Marcelo Cidade, Paul McDevitt, Gabriel Vormenstein e Carla Zaccagnini). A estratégia coleccionista é bastante activa, e apesar de ter pouco mais de dois anos, a Colecção MCS já inclui hoje 88 artistas e mais de 200 obras. As obras da Colecção são usualmente expostas nos escritórios da Madeira Corporate Services, no Funchal.

O título da exposição, “Desenhos: A-Z”, de Abdessemed a Zaccagnini, aponta para a visão verdadeiramente panorâmica do desenho contemporâneo que a exposição quer apresentar ao público. Neste panorama, constitui-se uma espécie de glossário necessariamente incompleto do desenho contemporâneo, englobando múltiplas tendências, géneros, vertentes e técnicas desenvolvidos por artistas em todo o mundo: desenhos figurativos, abstractos, ou que se utilizam da linguagem escrita; desenhos com referências à arte conceptual ou processual; informados por questões políticas ou feministas; relacionados à arquitectura, ao design ou à cartografia; colagens, aguarelas, guaches e desenhos a nanquim.

O objectivo da exposição é também o de mostrar ao público uma iniciativa de coleccionismo bastante singular em Portugal desenvolvida por uma empresa privada. Um catálogo será publicado posteriormente, com texto de Adriano Pedrosa e reproduções de uma selecção das mais importantes obras da Colecção MCS.

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LINHA E CORPO : DESENHOS
 
Os desenhos de Lucia Weber têm a sua gênese a partir de linhas traçadas espontaneamente que aparentam não ter fim nem começo. Assim, com esses gestos livres é concebida a trama construtiva final do desenho.

Posteriormente, com um trabalho mais elaborado, superpondo camadas sucessivas de tinta, criando interseções e veladuras, Lucia designa uma nova ordem naquele traçado original, a partir de um diálogo mais racional com a sua obra.

As superposições dessas camadas, os cortes ferindo o papel e conferindo-lhe texturas ocasionais imprimem características próprias da pintura sem, entretanto, abdicar daquela primeira construção estrutural gráfica: Linha e Corpo.

Os traçados que geram as construções gráficas do início do trabalho têm, por sua vez, origem na ancestralidade de uma imagem qualquer, remanescente na história do seu desenho.

O conjunto destas obras apresenta uma consistência gráfica e um rigor plástico admiráveis.

Maria do Carmo Secco
Janeiro de 2005

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