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MG/RJ/SP Nós no mercado na oito nove / Transmission Cardiff no Espaço Anexo
ANO 4 - N. 103 / 20 de setembro de 2004


NESTA EDIÇÃO:
Marssares na Gentil Carioca, Rio de Janeiro
Petrillo no Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro
Morellet no CAHO, Rio de Janeiro
Antonio Dias na Artur Fidalgo, Rio de Janeiro
Barbosa & Ricalde na Galeriabistro, Rio de Janeiro
Nós no mercado na oito nove, Rio de Janeiro
Santíssima Trindade no Murilo Castro, Belo Horizonte
Arte Contemporânea: uma história em aberto na Raquel Arnaud, São Paulo
Caio Reisewitz, Fabiano Marques e Thiago Bortolozzo no CCSP, São Paulo
Transmission Cardiff no Espaço Anexo, São Paulo
Lançamento da revista Número 5 na Vermelho, São Paulo



Marssares

Tambor

22 de setembro, quarta-feira, 17h

A Gentil Carioca
Rua Gonçalves Ledo 17 Sobrado
Centro - Rio de Janeiro
21-2222-1651
correio@agentilcarioca.com.br
Quarta a sexta, das 12h às 19h; sábados, das 12h às 17h.
Exposiçao até 23 de outubro de 2004.


Leia sobre a exposição.

Este material foi enviado por A gentil Carioca (correio@agentilcarioca.com.br)

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Petrillo
Landscapes


22 de setembro, quarta-feira, 19h

Centro Cultural dos Correios
Rua Visconde de Itaboraí, 20
Centro - Rio de Janeiro
21-2503-8770
Terça a domingo, das 12h às 19h.
Exposição até 31 de outubro de 2004.


Texto de imprensa e sobre o artista.

Texto de Almerinda da Silva Lopes.


Este material foi enviado por Silvana de Oliveira (siloliveira1@brfree.com.br).

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Morellet

22 setembro, quarta-feira,18h30

Centro de Arte Hélio Oiticica
Rua Luís de Camões 68
Centro
- Rio de Janeiro
T 21-2242-1012 F 21-2232-1401
Terça a sexta, das 11h às 19h; sábados e domingos, das 11h às 17h.
Exposição até 21 de novembro de 2004.

Sobre o artista.

Este material foi enviado por Meise Halabi (meisehal@terra.com.br)

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Antonio Dias
2 + 2


21 de setembro, terça-feira, 19h30

Galeria Artur Fidalgo
Rua Siqueira Campos 143 sobrelojas 147 e 148
Copacabana - Rio de Janeiro
21-2549-6278
www.arturfidalgo.com.br
Segunda a sexta, das15h às 19h.
Exposição até 21 de outubro de 2004.


Sobre o artista.

Este material foi enviado por Claudia Noronha (claudia@cwea.com.br)

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Barbosa & Ricalde

21 de setembro, terça-feira, 19h

Mínima Galeriabistro
Rua Marques de São Vicente 189
Gávea - Rio de Janeiro
21-2512-4616
www.minima.art.br

Terça a sábado, das 19h às 24h.
Exposição até 30 de outubro de 2004.

Sobre a exposição.

Este material foi enviado por Houayek (houayek@uol.com.br).

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nós no mercado
Alexandre Vogler e Guga Ferraz

Artur Barrio

Aude Barrio

Beanka Mariz

Denise Cathilina

João Atanásio

Roselane Pessoa


21 de setembro, terça-feira, 20h

projeto oito nove

Rua Siqueira Campos 143 loja 89 - pavimento 2
Copacabana Rio de Janeiro
21-2256-9479
contato@projetooitonove.com.br
www.projetooitonove.com.br
Segunda a sexta, das 12h ás 20h; sábados, das 10h às 15h.
Exposição até 31 de outubro de 2004.

O espaço de arte projeto oito nove inaugura a série de exposições "nós no mercado", dando continuidade a temática arte e mercado.

Este material foi enviado por Beanka Mariz (beanka.artes@uol.com.br)


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Santíssima Trindade
Arthur Omar

Mario Cravo Neto

Miguel Rio Branco


21 de setembro, terça-feira, 19h às 23h

Murilo Castro Escritório de Arte
Rua Paraíba 1323
Savassi
- Belo Horizonte
31-3287-0110
murilo@murilocastro.com.br
www.murilocastro.com.br
Segunda a sexta, das 10h às 20h; sábados, das 10h às 14h.
Exposição até 16 de outubro de 2004.

Leia a entrevista com Arthur Omar por Joanne Martinsno Blog do Canal.

Este material foi enviado por Isaac Boy de Souza (isaacboy@veloxmail.com.br.).

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Arte Contemporânea: uma história em aberto
Ana Linnemann, Anna Maria Maiolino, Antonio Manuel, Arthur Luiz Piza,
Carlito Carvalhosa, Carlos Cruz Dias, Carlos Zílio, Carmela Gross, Cassio Michalany, Célia Euvaldo, Daniel Feingold, Elisa Bracher, Elizabeth Jobim, Frida Baranek, Georgia Kyriakakis, Iole de Freitas, José Resende, Maria Carmem Perlingeiro, Nuno Ramos, Raul Mourão, Sérgio Camargo, Waltercio Caldas.

21 de setembro, terça-feira, 19h

Gabinete de Arte Raquel Arnaud
Av. Roque Petroni Jr., 630
Morumbi São Paulo
11 3083-6322
www.raquelarnaud.com
Segunda à sexta, das 10h às 19h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h.
Exposição até 10 de outubro de 2004.
Valor: US$ 3 mil a US$ 120 mil.
Apoio Cultural: ALMAP BBDO, Institucional: Prefeitura do Munícipio de São Paulo e Universidade Anhembi Morumbi.

Sobre a exposição.

Este material foi enviado por SC Comunicação (roberta@sccomunica.com.br)

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Caio Reisewitz
Fabiano Marques
Thiago Bortolozzo


22 de setembro, quarta-feira, às 19h

Centro Cultural São Paulo
Praça da Biblioteca do CCSP
Rua Vergueiro 1000 Paraíso
Estação Vergueiro do Metrô
São Paulo
11-3277-3611
artesplasticas@prefeitura.sp.gov.br
www.centrocultural.sp.com.br
Terça a sexta, das 10h às 20h; sábados, das 10h às 18h; domingos, das 10h às 16h.
Exposição até 10 de outubro de 2004.
Realização: Secretaria Municipal de Cultura e Centro Cultural São Paulo.

Os três artistas expõem obra de intervenção arquitetônica na Praça da Biblioteca do CCSP e participam neste momento da 26ª Bienal Internacional de São Paulo.

Texto de imprensa sobre exposição e artistas.


Este material foi enviado por CCSP - Imprensa imprensaccsp@PREFEITURA.SP.GOV.BR

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Transmission Cardiff
Duncan Sturrock, Eve Dent, Grupo Intercultural Linha Imaginária, Kim Fielding, Paul Jeff (Klang & Boink), Simon Mitchell
Curadoria de Tereza de Arruda

22 de Setembro, quarta-feira, 20h

Espaço Anexo

Rua Barão do Bananal 947
Pompéia - São Paulo
11-3871-0450/ 3868 1886/ 3801 3501
Segunda à sexta, das 10h às 18h; sábados, das 11h às 15h.
Exposição até 12 de novembro de 2004.

A exposição “Transmission Cardiff/São Paulo” foi concebida para o Espaço Anexo sendo a primeira mostra em São Paulo da arte contemporânea e emergente do País de Gales.

Sobre a coletiva.

Este material foi enviado por Espaço oPHicina ophicina@espaco-ophicina.com.br


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Bem-vindo
Lançamento revista Número 5 - Estado da Arte

21 de setembro, terça-feira, às 20h

Debate com a participação de Ana Tavares, Denise Grinspum, José Roberto Aguilar e Lorenzo Mammì.

Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais 350
Higienópolis - São Paulo
11-3257-2033
info@galeriavermelho.com.br
www.galeriavermelho.com.br
Terça a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 17h.
Mostra Bem-vindo até 23 de setembro de 2004.

Texto de imprensa.

Texto sobre a Enquete Número - Canal Contemporâneo - Política para as Artes Visuais no Blog do Canal.


Leia, no Quebra de padrão, a íntegra da entrevista com Patricia Canetti por Juliana Monachesi, sobre as ações políticas do Canal Contemporâneo, publicada na Número 5.

Este material foi enviiado por Cauê Alves (cauealves@hotmail.com)

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TEXTOS DO E-NFORME

Tambor de Marssares
A arquitetura interna da A Gentil Carioca vai mudar na tarde do dia 22 de setembro. O artista Marssares, conhecido por suas experimentações sonoras, lança na A Gentil Carioca, seu mais novo trabalho Tambor. Marssares esculpe imensas e variadas caixas de som relacionadas a acústica de tambores. O artista, músico, luthier ou percussionista eletrônico, seja como for denominado, cria instrumentos capazes de redimensionar a percepção do espaço e do som com Peças eletrônicas compostas por ele mesmo. Além de sua apresentação sonora no dia da abertura, o público também pode conhecer desenhos e outras composições compiladas especialmente para esta exposição.

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Petrillo
O artista fluminense, de 28 anos, volta ao Rio em sua segunda exposição individual na cidade - Landscape. Segundo Petrillo, os trabalhos que configuram a mostra Landscapes resultam de uma investigação plástica não figurativa. Entretanto, os resultados formais obtidos nos remetem à trama-estruturação composicional da paisagem. Nesta narrativa o artista convida o espectador a tornar-se um sujeito protagonista, descortinando e revelando os horizontes estabelecidos por entre cores, linhas e planos. Indagações são estabelecidas no ato criador: desenho e pintura se mesclam de forma única, provocando tentativas de dissociações. Numa proposta de criação depurada, surgem gestos de fluidez, leveza e precisão. Veladuras e camadas sobrepostas determinam áreas de vigorosa limpeza formal. A contemplação das obras possibilita olhares e focos distintos, enriquecedores da fruição estética. Olhar além dos horizontes e vislumbrar novos rumos. Provocar sensações libertas. Interrogativas estabelecidas em Landscapes.

Petrillo expôs no Museu Nacional de Belas Artes em 2003, trabalho intitulado Linha Imaginária que passou por Belo Horizonte (Centro Cultural Telemar), Santa Catarina (Fundação Municipal de Arte de Blumenau), Minas Gerais (Centro Cultural Bernardo Mascarenhas/Juiz de Fora), em 1999, participou da exposição "Brasil-Portugal: Memórias e Registros" no Centro Cultural Calouste Gulbenkian de Lisboa, nas Comemorações dos 500 Anos do Descobrimento.

O artista vive em Juiz de Fora, onde mantém seu atelier e desenvolve projeto sócio-educativo, por meio da Arte Educação com crianças e jovens de baixa renda.

Petrillo
Graduado em Artes Plásticas na Universidade Federal de Juiz de Fora-MG, 1995/99.

exposições individuais
1993 - Galeria de Arte da FUGEMESS - Volta Redonda – RJ
1999 - Investigações – Espaço Cultural Saguão da Reitoria da UFJF/MG
2000 - Materialidade - Trancredi Galeria de Arte- Vitória – ES
2001 - Alquimia - Centro Cultural Bernardo Mascarenhas - Juiz de Fora - MG
2002 - Alquimia -Centro Cultural da UFMG – Belo Horizonte - MG
2002 - Linha Imaginária - Centro Cultural da Telemar – Belo Horizonte – MG
2003 - Linha Imaginária - Fundação Cultural Municipal de Blumenau-SC
2003 - Linha Imaginária - Museu Nacional de Belas Artes – Rio de Janeiro –RJ

principais exposições coletivas
1994 - MAM - Museu de Arte Moderna de Resende – RJ
1995 - Fundação Cultural Léa Pentagna - Valença - RJ
1995 - Mezanino da Sala Villa Lobos - Teatro Nacional Cláudio Santoro- Brasília-DF
1997 - 29º Festival de Inverno da UFMG - Belo Horizonte - MG.
1998 - Juiz Preto de Ouro Fora / Projeto Caem Cult-Ouro Preto-MG
1998 -IV ENEARTE-UFES- Vitória – ES
1999 - Brasil-Portugal: Memórias e Registros - Fundação Calouste Gulbenkian Lisboa/ Portugal
1999 - Plásticas Sonoras–Festival Internacional de Música Antiga/UFJF/MG
1999 - Mostra Fluxus - Galeria Espaço Experimental – UFJF – MG
1999 - Projeto Amigos da Escola – (TV Panorama- Juiz de Fora) TV Globo
2000 - Desenho Contemporâneo - Mostra Integrante das Comemorações de Reinauguração do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas -Juiz de Fora-MG (artista convidado)
2000 - é Isso ou Aquilo – Cecília Meirelles- CCBM – Juiz de Fora- MG
2001 - Brasil do Novo Milênio – A Arte de Minas – (artista convidado) – Itinerante
2001 - Palácio das Artes Belo Horizonte-MG
2001 - Museu Chácara D. Catarina-F. Cultural Ormeu Junqueira Botelho –Cataguases-MG
2001 - URBI et ORBI -Revisões- Centro Cultural Bernardo Mascarenhas–Juiz de Fora-MG
2002 - Mezanino da Sala Villa Lobos - Teatro Nacional Cláudio Santoro- Brasília-DF
2003 - Centenário Pedro Nava – UFJF – MG
2003 - Museu Mariano Procópio – Juiz de Fora - MG

premiações
1993 - MAM - Museu de Arte Moderna de Resende/RJ- Referência Especial
1995 - I Mostra Internacional de Arte Brasilenã - Salon Chileno en la Universidad de 1995 Taparacá en Arica - Chile
1995 - Salon Arica en El Palácio Consistorial de La Ilustre Municipalidade de Arica - Chile
2000- II Salão de Arte do Vale do Aço- Fundação Acesita- Timóteo/ MG

museus e coleções particulares
MAM- Museu de Arte Moderna de Resende-RJ
Pinacoteca do Fórum da Cultura – UFJF-MG
Universidade Federal de Juiz de Fora – MG
Belgo Mineira –Juiz de Fora-MG

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Petrillo: o arquiteto de paisagens imaginárias
Almerinda da Silva Lopes, Professora do Dep. Artes UFES e Crítica de arte

O trabalho pictórico de Petrillo é revelador, acima de tudo, de uma sensibilidade à flor da pele e de um percurso extremamente pessoal. Tais peculiaridades se manifestam, em especial, na maneira como seleciona e harmoniza as cores sobre o suporte e por meio de uma mão experimentada, que possibilita ao artista arquitetar arcabouços formais singulares e de traços sutis, mas de grande força plástica. Entretanto, se os desenhos de linhas calmas, vão ganhando forma no mesmo ato de pintar e parecem constituir a base de um processo construtivo bastante equilibrado, Petrillo não se deixa seduzir pelo resultado primeiro ou pelo fascínio que uma forma bem engendrada pode exercer sobre o olhar do interlocutor. A partir de um diálogo e de um corpo a corpo direto com o espaço de criação, o artista transforma a pintura no lugar para onde convergem sentimento e pensamento, num processo em que o gesto se potencializa e se amplifica, ao mesmo tempo em que se ajusta à vontade e à dualidade construção/emoção.

A base da sintaxe mais recente do artista é pautada por uma estruturação linear e que se articula, predominantemente, por meio de faixas horizontais de matéria e cor, mas que em algumas composições também se pauta pela contraposição ou pela polaridade: horizontal/vertical. Embora revele um processo de trabalho disciplinado e criterioso, uma vez que persegue e pesquisa diferentes possibilidades construtivas e expressivas de uma mesma estruturação formal e compositiva, o artista não se orienta por fórmulas dogmáticas, nem recorre a nenhum esquema de construção do espaço de maneira rígida ou que é estabelecido a priori. Na verdade, propõe um processo de trabalho que lhe possibilita estabelecer uma espécie de ordenação forma/cor e preconizar a relação de coerência interna e externa entre as obras de cada série de pinturas.

Através das cores engendra um processo de revelação, enquanto a calma e a monotonia da horizontalidade são quebradas pela fluidez da matéria rala, que ao escorrer contamina e penetra na estrutura formal vizinha. Recorre também ao emprego de um grafismo paralelo, traçado com o próprio pincel, o qual se sobrepõe às estruturas formais básicas, para gerar no corpo das mesmas uma textura delicada. Tais artifícios permitem que as formas se renovem, se transfigurem, se potencializem e se (re)signifiquem a cada novo deslocamento do olhar do interlocutor sugerindo que se afastam, abrindo espaço para desvelar e dar passagem a um outro tempo pictórico. A praxe petrilliana centra-se, acima de tudo, na exímia combinação entre diferentes gradações de cores, com predominância dos tons quentes, aos quais o autor intercala luzes fulgurantes, que atenuam a força ou o peso das escalas mais densas ou soturnas e o ritmo ondulante das formas. Tal articulação de cores e arcabouços formais, que são engendrados com a própria matéria pictórica, dá origem a pinturas que enunciam paisagens evanescentes e que fazem lembrar o magnífico espetáculo que o artista descortina no horizonte mineiro a cada amanhecer, mas que rapidamente desaparece para ressurgir renovado na aurora seguinte, ou, quem sabe, no final da tarde, transfigurado num poético ocaso.

A clareza das composições elaboradas por Petrillo permite que o olho transite lenta e livremente por todo o espaço pictórico: da esquerda para a direita, de baixo para cima, de cima para baixo, ou até do centro para as bordas do campo pictórico, como se tentasse desvelar o enigma que ali se esconde. Assim, o olhar tanto desliza e se deixa embalar pelo balanço flutuante dessas formas quase incorpóreas, como penetra curioso e atento nos diferentes meandros e na topologia dessas cidades imaginárias, que em alguns casos, parecem levitar como ocorre nas paisagens nascidas dos devaneios de Guignard.

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Morellet descobriu no Brasil a arte que norteou sua carreira
O Centro de Arte Hélio Oiticica (Caho) inaugura a primeira individual na América do Sul do francês François Morellet (Cholet, 1926-). De caráter retrospectivo, a mostra reúne cerca de 50 pinturas, esculturas e instalações, cobrindo as fases pontuais de sua carreira nos últimos 54 anos: sistemas, tramas, repartições aleatórias, π (PI), neons, géométree, steel life, lunáticas. Todas as obras, pertencentes ao acervo de Morellet, foram selecionadas por ele.

O artista, que vem ao Rio para a montagem e abertura da exposição, morou no Brasil em 1950|51. Na Bienal Internacional de São Paulo de 1975, ganhou o primeiro prêmio de pintura. Ele participou de três Documentas de Kassel (1964, 1968 e 1977), da Bienal de Veneza de 1971, teve retrospectivas em Nova York, Miami, Buffalo (EUA), Berlim, no Museu de Arte Moderna de Paris e, a mais recente, no Jeu de Paume, Paris, em 2000|2001. Morellet tem obras em acervos de vários museus fora da França, como na Albright-Knox Art, Buffalo, EUA, DaimlerChrysler Collection, Berlim, e Tate Gallery, Londres.

O diretor do Caho, Luciano Figueiredo, avalia que o caráter construtivista da obra de Morellet é de importância histórica para a arte brasileira, não só pela sua forte ligação com alguns de nossos artistas, como pela tradição dessa vertente da arte moderna, presente na nossa produção plástica a partir da década de 50.

Considerado uma figura emblemática da abstração geométrica, seu percurso tem sido avaliado por europeus e norte-americanos como o de um artista que nunca renuncia ao humor e que sempre conseguiu manter independência de todas as ‘correntes’ que vivenciou ou tangenciou: concretismo, arte conceitual, op art, fluxus, minimalismo.

Na mostra Beyond Geometry: experiments in form, 1940-70s, atualmente em cartaz no Los Angeles County Museum of Art, a curadora Lynn Zelevansky aponta François Morellet como o pilar europeu desta produção do pós-guerra, cotejando-o com outros dois artistas: Hélio Oiticica (Brasil) e Mel Bochner (EUA). Este último também teve mostra no Centro de Arte Hélio Oiticica em 1999.
Segundo Zelevansky, as influências que cada um teve regionalmente ajudaram a desenvolver uma voz artística tão forte que teve impacto internacional. Nas novas discussões da história da arte, torna-se mais evidente que Morellet, assim como Oiticica, realizaram obras que anteciparam movimentos como o Minimalismo.

Influência do Brasil
O período em que viveu no Rio de Janeiro, em 1950|51, foi determinante para a carreira de Morellet. Ele atesta:
“Nos anos 50, o que transformou minha vida de artista foi descobrir no Brasil uma forma de arte, batizada em 1930 de “Arte Concreta” pelo holandês Théo van Doesburg. Sim, sem o Brasil eu não teria jamais tomado conhecimento tão cedo deste movimento, desta arte (...)
Curiosamente, foi aqui que ele conheceu a obra do concretista suíço Max Bill, através de fotos de uma exposição que Bill fizera em São Paulo. Aqui também, a convivência com os artistas brasileiros como Almir Mavignier, Geraldo de Barros, Ivan Serpa, Rubem Valetim, Abraham Palatinik, Maria Vieira, o crítico Mario Pedrosa norteou o rumo que a produção de Morellet tomaria dali em diante.
Por questões afetivas, o francês tem predileção por esta retrospectiva no CAHO.

Morellet através das décadas
Na volta à França, Morellet pinta, em 1951, suas primeiras obras geométricas monocromáticas, de formas simples e despojadas. é então que ele estabelece seus primeiros sistemas. São redes de linhas que se recortam, de cores claras e transparentes. A cor lhe parece muito complexa e subjetiva. Por isso, privilegia o preto e branco, pelo mesmo critério que escolhe elementos geométricos – linhas, quadrados, círculos. A curva, Morellet abandona rapidamente em favor da linha reta, que dominará sua obra até o início dos anos 90. “O sistema permite diminuir o número de decisões subjetivas e deixa a obra se fazer por ela mesma frente ao espectador”, justifica o artista.

“No início dos anos 50, eu encontrava na Teoria da Gestalt e na arte concreta boas justificativas para minha geometria sistemática”, diz Morellet. Os trabalhos sistemáticos reduziam a interferência do artista ao mínimo. Cético em relação à idéia secular de que o artista é um “gênio”, Morellet prefere delegar ao espectador a tarefa de contribuir para o que vê. Por isso coloca o artista na posicão de “simples provocador, de mestre de cerimônia do público; o público ainda não se deu conta que ele, sim, é o gênio”, argumenta.

No final dos anos 50, Morellet começa a realizar Tramas - redes de linhas paralelas cruzadas em até 22 ângulos diferentes. A originalidade de Morellet está no fato de um esquema tão racional e sistemático resultar tão múltiplo e imprevisível. Nesta época, ele escolhe suas cores ao acaso, de acordo com os decimais do número π (PI), no Código universal das cores, de Eugène Séguy, livro de 1936. Este sistema, ele volta a usá-lo a partir de 1996.

“Sempre fui apaixonado pelo casamento da ordem e da desordem. (…) Descobri, por volta de 1958, que o acaso podia, desta forma, servir para fazer viver (quer dizer, quebrar) meus sistemas que pareciam um pouco adormecidos em sua auto-satisfação. (…)” , o artista ironiza.

Neste mesmo ano, Morellet passa a integrar o Grav (Groupe de Recherche d’Art Visuel), junto com os artistas plásticos Garcia Rossi, Julio Le Parc, Francisco Sobrino, Joel Stein e Jean-Pierre Yvaral, com o objetivo de “dar um sentido social à geometria”, paralelo à investigação de cor, luz artificial e movimento.

O grupo nasce em reação à hegemonia da Escola de Paris. A partir de 1964, torna-se internacionalmente conhecido. Expõe no Rio de Janeiro, São Paulo, Buenos Aires, Japão, na Documenta de Kassel, no MoMA de Nova York e várias outras cidades dos EUA e da Europa. Em 1967, o Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris convida o GRAV para participar da exposição Luz e Movimento, a primeira na França sobre a arte cinética. O grupo fez ainda cenários para filmes e dança em Paris. O GRAV, de espírito revolucionário, que defendia uma interação maior entre obra e público, se dissolve em 1968, no auge do reconhecimento.

é a partir de 1960 que Morellet abandona a pintura sobre suportes tradicionais, e por quase 20 anos, para se dedicar a outros materiais, como tramas metálicas e neons. A primeira estrutura no espaço, Esfera-tramas de elementos metálicos é um seguimento direto de suas Tramas pintadas nos anos 50, mas que aqui são projetadas no espaço, para a qual Morellet reivindica o status de escultura.

Em 1963, realiza sua primeira obra com tubos de neon, que acendem e apagam ritmicamente, de acordo com a participação do espectador. O material lhe interessa por ser frio, duro e permitir usar os elementos de tempo e ritmo (acendendo e apagando em velocidades diversas).

é nos anos 60 que Morellet inicia sua única grande série dedicada à cor, intitulada Repartição aleatória. Em cada obra, ele usa apenas duas, em proporções idênticas. No primeiro trabalho desta série, ele traça sobre um quadro de 1 x 1m, 200 linhas horizontais e 200 linhas verticais, formando 40.000 quadrados de 5 mm de lado. Ele marca os quadrados pares com uma cruz, deixa vazios os ímpares, aplicando a mesma cor nos que têm cruz e uma segunda cor nos que não têm. Esta obra levou um ano para ser terminada.

Na década de 70, Morellet faz neons animados monumentais para o Pavilhão Francês da Exposição Universal de Osaka, Japão e da Bienal de Veneza. O Punching-Ball de Veneza precisava ser boxeado pelo visitante para fazer aparecer formas instáveis e aletórias no teto.

é também dos anos 70 a primeira Integração arquitetural de Morellet, sua primeira encomenda pública monumental em Paris. Ao longo de sua carreira, o artista realiza várias outras obras públicas em diferentes cidades européias e em Nova York.

Parte da década de 70 é marcada pela aposta de Morellet em fazer passar uma linha reta contínua ou curva (esta em apenas dois casos), sobre “telas” quadradas clássicas presas à parede, em que pelo menos uma das superfície não é paralela à parede. Sobre esta série, o artista diz: “Penso ser fiel a minha linha de conduta, inflexível depois de 26 anos, que se resume a ‘fazer o mínimo possível’”. Ele quis desobedecer ao binômio tirânico da parede|chão, verticalidade|horizontalidade.

Ao final da década, Morellet volta aos neons, que havia abandonado em 1973. Agora, porém, eles não piscam mais; a luz é contínua. Estão dispostos no ar, desenhando uma forma, como as telas que deixaram o plano da parede para se tornarem autônomas. Os fios de eletricidade ajudam a desenhar a figura desejada.

Em 1979, Morellet faz um balanço da sua produção:
“(…) continuo a fabricar obras feitas para (quase) não dizer nada. (…). Se depois de 1950 minhas obras começaram a flertar com o vazio, foi com aquele tipo bem particular de vazio, da falta do que é “natural”. (…) Uma justificativa para essas obras “desnaturais”, é que elas estão de acordo com o mundo como eu o concebo, ele também “desnaturado”, desembaraçado de Deus e de seu resíduo: a idéia de “natural”. (…) é tentar fazer uma arte “artificialista” que é também distanciada de uma arte naturalista que logrou ser uma arte sagrada. (…)”

No início dos anos 80, François Morellet escolhe trabalhar com vigas de madeira de baixa qualidade, realizando uma série de obras de dois elementos: uma viga bruta e um frágil traço de giz azul, formando entre eles um ângulo reto.

Na seqüência, ele inicia a série Géométrees. Seus quadros e relevos misturam sistemas e trees (árvores), ou, mais precisamente, seus galhos. Nesta experiência, Morellet partia deste elemento da natureza, que era fixado em algum suporte, a partir do qual ele completa a forma daquele galho. Cada nova espécie vegetal suscita seu próprio procedimento.

Em mais uma avaliação do seu percurso, Morellet diz: “Se eu precisasse resumir em uma frase “o espírito” com o qual realizei minhas obras depois de 1952, incluindo minhas últimas Géométrees (…), diria que sempre tentei reduzir ao mínimo minhas decisões subjetivas e minha intervenção artesanal para deixar agir com liberdade meus sistemas simples (…) e, de preferência, absurdos. (…) Eles foram tocados, em primeiro lugar, pela geometria plana da superfície do quadro, depois pela geometria no espaço do tema do quadro, e, enfim, pela geometrização de elementos verdadeiramente não capazes de se tornarem geométricos no quadro.”

Em 1984, uma retrospectiva Morellet é montada em Buffalo e viaja para Nova York e Miami. à época, o New York Times comenta que “François Morellet é o antídoto perfeito para o exagero neo-expressionista (...). Essa belíssima exposição (…), provou que, mesmo nesses tempos publicitários, uma voz diferente pode ser ouvida.”

Só em 1986, um museu francês, o Museu Nacional de Arte Moderna, faz a primeira retrospectiva de Morellet. A imprensa local celebrou esse acontecimento com críticas no Le Monde, Libération, Le Quotidien de Paris, na Art Press.

Na mostra Geometria nos espasmos, em 1986, em Dijon, França, Morellet apresenta pinturas e impressos de partes de seu corpo – algumas de seu sexo. Sobre as telas, ele diz ter se sentido “animado para atacar um assunto tabu no mundo dos construtivistas, concretos e outros minimalistas: a pornografia, (…) sem sair em absoluto do quadrado, deixando-o puro, limpo e neutro (…), mas situando-o simplesmente numa certa posição em relação a um outro quadrado ou um retângulo (…)”.

Esta exposição foi levada para Nova York, sob o título de Pornometria. A revista Art in America comentou: “O que torna esse trabalho particularmente interessante aos olhos dos americanos é a faceta humorística que, ao menos na tradição minimalista deste país, raramente encontra espaço. Morellet se mostra aqui como um homem espirituoso, até mesmo libertino, um artista/filósofo.”

Começa a década de 90 e a curva se afirma como um novo elemento de construção na produção de Morellet na obra Cigana, de concepção muito sistemática, composta de três semi-círculos inclinados a 0º, 45º e 90º graus, dando a impressão de uma peça leve e quase kitsch.

Steel life (1992) é outra nova série de composições, cujo título brinca com a expressão que designa “natureza morta”, still life, em relação ao material empregado - uma barra de metal formando uma moldura que emoldura uma tela branca quadrada. Moldura e tela não coincidem, parecem desencaixadas. Todas as posições entre esses dois elementos são possíveis: a barra pode até cortar o plano do quadro, favorecendo múltiplas variações sobre a parede e no espaço. “(O aço) faz o papel do perímetro estourado, da moldura liberada e do parasita assassino”, diz Morellet.

Tubos de neon de dois metros dispostos aleatoriamente no chão e na parede é uma recorrência ao acaso que Morellet experimenta nos anos 90. A impressão é de uma ordem instável e de um caos organizado.

Em outra série desta década, a Lunáticas, Morellet dispõe segmentos de linhas curvas sobre uma forma redonda. E explica o motivo do título: “As sílabas de “Luna” não são apenas uma referência à forma redonda da lua cheia, mas correspondem igualmente ao efeito que essa lua cheia provoca em qualquer um que tenha algo de instável.” Pertence a esta série o subconjunto Apenas Neons Lunáticos (Lunatiques Neonly), realizado unicamente com neons.

Mais uma série nova surge em 1998: os p picturais, cujo sistema consiste em traduzir por meio de computador a seqüência infinita de decimais de p , ou seja, 3,14159..., em graus, para obter zigue-zagues sem fim de segmentos de reta.

“Enfim, eu consegui realizar meu sonho de uma linha infinita percorrendo uma trilha imprevisível que gera a si mesma, e isso graças ao fim de minha alergia às linhas quebradas, a um harmônio desarticulado, aos decimais do número p e a um computador em bom estado. (...)”, Morellet comemora.

Em 2000, Morellet participa de várias coletivas: em Luxemburgo, ao lado de Dan Flavin, Bruce Nauman, Joseph Kosuth e outros; Force Fields Phases of the Kinetic, em Barcelona, sob curadoria de Guy Brett, que seguiu para a Hayward Gallery de Londres. Participa da Bienal de Lyon, inaugura escultura no Jardin des Tuileries, em Paris, e encerra o ano com a abertura da retrospectiva na Galeria Nacional do Jeu de Paume, Paris. Por ocasião da mostra, um novo traçado de p foi instalado na fachada do edifício. A retrospectiva viaja, em 2001, para Malines, Bélgica, e, em 2002, para Kunzelsau, Alemanha, assim como para o novo e prestigiado museu de Zurique, o Haus Konstruktiv Konkrete Kunst. Em 2003|2004, uma grande exposição intitulada
Morellet (+ ou -) íntimo acontece em Reutilingen, Alemanha, na fundação Stiftung für Konkrete Kunst, que abriga a coleção de Manfred Wandel, com mais de 30 obras de Morellet.

2004 começa com uma exposição em Bali, seguida de outra em Marl, Alemanha, junto com uma jovem artista minimalista Cécile Bart. De junho a outubro deste ano, o Los Angeles County Museum of Art apresenta a mostra histórica, ambiciosa e não conformista “Beyond Geometry: experiments in form 1940s-1970s”, cuja curadoria revê a história da arte no período e destaca como seminais as produções de François Morellet (França), Hélio Oiticica (Brasil) e Mel Bochner (EUA).
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Antonio Dias vai mostrar a série 2 + 2, um conjunto de oito trabalhos inéditos produzidos este ano especialmente para esta exposição. As obras são feitas com folhas de cobre e ouro sobre papel artesanal (Moulin, 100% algodão), especialmente produzido para ele na Espanha. Cada trabalho tem quatro módulos, dois em cobre e dois em ouro, em formato 20 x 40 cm cada, compondo diferentes variações.

Livro Autoral
O catálogo da exposição será uma edição autoral, limitada e assinada uma a uma pelo artista, que está trabalhando nesse projeto com a designer Rara Dias, sua filha com Iole de Freitas. A parceria Antonio Dias + Rara Dias vem desde 2000, com trabalhos elogiados no Brasil e no exterior. O catálogo expressa o conceito da sofisticação pela simplicidade existente nas obras expostas, e tem encadernação oriental, com costura aparente, feita manualmente. O miolo é couché matte, e a capa papel craft, impressa em silk. A capa vai remete ao "2 + 2" encontrado nos trabalhos, com quatro retângulos vazados. Como outros artistas de sua geração (Carlos Vergara e Waltercio Caldas, por exemplo), Antonio Dias gosta de interferir diretamente na concepção do catálogo, que dessa vez ganha status de livro de arte. As fotos são de Vicente de Mello.

Sobre a série “2 + 2”, diz Antonio Dias: “O trabalho se auto-explica, pelo título e pelas variantes. Teoricamente são todos uma coisa só, com a possibilidade de serem todas as variantes. Daí o diagrama geral, que está no catálogo, Está quase que implícito”.

No momento, Antonio Dias participa, com instalações e objetos, de duas mostras importantes nos EUA: "Beyond Geometry: Experiments in Form 1940s-1970s", com curadoria de Lynn Zelevansky, no Los Angeles County Museum of Art; e "Inverted Utopias: Avant-Garde Art in Latin America", no Museum of Fine Arts de Houston, Texas, com curadoria de MariCarmen Ramirez e Hector Olea. A maior parte destes trabalhos são provenientes da Daros Collection, de Zurique. Na Europa até dia 17 de setembro, ele prepara novos trabalhos de pintura, em seus ateliês de Colônia ou Milão.

O artista
Antonio Dias nasceu na Paraíba, em 1944, e destacou-se no movimentado cenário artístico do Rio de Janeiro dos anos 60. Foi para Paris em 1965, graças à bolsa ganha na Bienal de Paris, morou em Milão em 1968, e se estabeleceu em Colônia, na Alemanha, em 1989, onde mantém casa até hoje. A experiência européia traz reconhecimento internacional e um olhar mais amadurecido sobre a função do artista hoje. Desde 2000 Antonio Dias divide seu tempo entre Colônia, Milão e seu apartamento em Copacabana, no Rio.
Um experimentador de matérias, formatos e temas, Antonio Dias continua se caracterizando pelo vigor e pela desinibição com que transita por diferentes suportes e formas: da instalação para a pintura com pigmentos; do néon para o vídeo; da madeira para o papel; cerâmica, vidro, grafite, pedra e metais.

"Nunca dei o mínimo interesse ao estilo. Só busco uma coerência de atuação geral, nada a ver com classificações. Passo por períodos, ciclos, em que faço uma série de trabalhos sobre um mesmo assunto, e com materiais em que estou interessado naquele momento. Depois de um tempo, o ciclo acaba, e parto para outro tema e outros materiais que não precisam ter nada a ver com os anteriores", explica o próprio Dias. "Por outro lado, estou sempre revendo minha obra", completa.

Dias é o único artista brasileiro a ter uma obra na seleta coleção do Museum Ludwig, em Colônia. Paulo Herkenhoff, crítico e diretor do Museu Nacional de Belas Artes, afirma sobre AD: "Foi um dos principais elos entre três gerações fundamentais da arte brasileira: o modernismo, o neoconcretismo e os artistas dos anos 70".

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Barbosa & Ricalde na Mínima Galeriabistro
Esta é a primeira exposição que os artistas realizam como uma dupla em uma galeria, seus projetos desenvolvidos desde 2000 se concentram em interferências urbanas e performances no espaço público. Serão apresentadas 12 fotografias e 8 vídeos que mostram os trabalhos realizados nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Fortaleza e Madri. A dupla Barbosa & Ricalde, em 2005 participa ainda do importante projeto de arte pública, In_Site05, realizado na fronteira do México e Estados Unidos, nas cidades de Tijuana e San Diego.

Largo das Neves s/n°” 2000
Casa secionada à altura do telhado , construída no Largo das Neves. Propusemos um diálogo direto com a arquitetura local, onde grande parte das casas se encontram num nível abaixo da rua.

A Casa Enterrada
O caminhante distraído vê-se confrontado a algo que não está na ordem habitual de seu trânsito diário: uma casa enterrada em meio à praça pública, construída em relação à perspectiva visual da Igreja. O estranhamento suscitado confunde as fronteiras entre casa e mundo, situa-a nas encruzilhadas, impregna-a de quietudes e embaraços. Público e íntimo, indiscriminados, forçam um olhar tão desconexo quanto desorientado, pois paralisam antigas dialéticas. A apreensão da cena insólita acontece em um lapso, numa consciência acionada por um olho que percebe algo des-locado, fora do lugar do costume.

Ora, a casa domesticava o tempo e o espaço nos ciclos das estações e das famílias, nas colheitas e nos costumes que se repetiam, na memória que se reescrevia a cada geração, em cada lugar, em cada nome. Mas a casa está perdida nas desterritorializações contemporâneas: o ciclo doméstico foi substituído pelas rotinas mecânicas e pelos transtornos do tempo e do espaço das novas tecnologias. Ou não, a casa sempre esteve perdida, agora o sabemos: foi o sonho de um homem que almejava laços solidários entre ele e o mundo que ocupava. A casa enterrada é a casa impossível, inabitável, só existe como uma quimera.

A casa não é assombrada por fantasmas do passado. Exibe-se, ela mesma, como a assombração de uma presença que não pode ser de outro modo que fantasmática. Afirmar a estranheza do recesso doméstico, todavia, desvendar suas ambivalências, é confidenciar um íntimo desejo do “estar-com”. Revisitar a domus e sua comunidade, fora de seu lugar de costume.
Marisa Flórido 2003

Muro de sabão”2000
Muro construído com 3500 barras de sabão - Rio.

Um muro com barras do sabão Rio, onde estão calcadas a imagem do Cristo Redentor e a palavra “Rio” é construído no vazio deixado por um desabamento. Um jogo de tensões e substituições entre paisagem, lugar e memória, é ali estabelecido: onde havia um lugar, uma casa, abriu-se uma paisagem. Onde havia uma paisagem, fechou-se um muro. Onde havia um muro, a imagem e a palavra demarcadas no sabão devolvem a paisagem da cidade como signo. Onde havia um monumento como signo - e supondo sua lógica vinculada à memória e ao lugar – , o muro interdita o acesso, e a efemeridade do sabão devolve o esquecimento.
Marisa Flórido 2003

Visibilidade” 2002
Barreira construída com 6.000 pães medindo 1,5m x 9m - Interferência Urbana realizada em Belo Horizonte Projeto Rumos Visuais.
Leveza” 2002
Espelho d’água - Interferência realizada com 10.000 garrafas de água mineral (área:100m x 3m)no espelho d’água do Palácio das Artes, Belo Horizonte.

Visibilidade e Leveza
A paisagem foi a ficção de um mundo visto por um sujeito universal, que submeteu os horizontes a seu olho e sua medida. Que subjugou todos os desvios: os da carne, os do impensado, os do outro obscuro que erra à nossa volta, a um ponto de fuga referendado por seu olhar, na altura exata de sua contemplação. A paisagem ancora-se nesse olhar, ordena os espaços e reúne, no horizonte, as dispersões de todos os lugares. Horizonte infinito da visualidade é o pouso das distâncias impalpáveis que apenas a visão toca. A paisagem é domínio do quase in-corpóreo. O horizonte para onde todos lugares se dirigem e de onde todos os lugares extravasam.

Uma barreira de pães é erguida em uma passagem no centro de Belo Horizonte. Visibilidade não ultrapassa, todavia, a altura de 1,50m: se olhar alcança a paisagem por sobre o muro, ao corpo é interditado o acesso. A algumas quadras, garrafas de água mineral cobrem toda a extensão do chafariz na fachada do Palácio das Artes. Leveza intitula a obra.

As garrafas, levadas na furtiva madrugada de sua instalação, são vendidas nas esquinas anônimas da cidade: a proximidade da galeria não intimida seu câmbio em mercadoria. Intocada, a barreira permanece por alguns dias até ser ingerida. O descomedimento da arte alimenta corpos famintos. Se para alguns é arte, para outros, apenas pão. Como então conceber a arte como o domínio exclusivo de um olho desencarnado, do universo da límpida Visibilidade? Como aceitar a fruição estética como um juízo autônomo, purificado e ascético em sua Leveza, dissociado das necessidades da existência, desvinculado de um corpo que tem fome e sede?
Marisa Flórido 2003

“O Mar, a Escada e o Homem”
2002
Trabalho realizado numa escadaria de 180 degraus, onde imprimimos em baixo relevo o poema O mar a escada e o homem de Augusto dos Anjos.

O Mar, A Escada e O Homem
O Homem: este animal orgulhoso e arrogante que um dia se pôs na vertical; que fez da realidade exterior um pálido espelho de sua consciência; que, sobre o caos, pretendeu cravar a máscara fixa do Verbo e da Ordem, com sua estranha matemática, com sua tola geografia, com a transparência reflexiva de seu Nome.

A Escada e o Mar: Mas conspiram, contra ele, a matemática e a geografia do verso: tramam as 90 palavras do poema, escritas e reescritas como no duplo do espelho, em cada um dos 180 degraus da Escada que une a Rua Progresso, no alto do morro, à Rua Cardeal, próxima ao Mar.

O Anúncio: Talvez confabulem pela voz do mais nobre de seus Anjos: — Não narrarás, não subjugarás o impensado, não conquistarás o universo, não alcançarás o (rua) Progresso, não realizarás, em tua ascendente e linear História, a tua Humanidade!

O Caos: No meio do percurso, no centro da escada, o Caos, por duas vezes, devolverá, ao prepotente animal, a deriva. Abrirá, pelo Nome decaído, seu abismo sem-limites: a constatação de que sua existência é esse traço irrisório entre as coisas e as palavras que passam. O Caos será destino e partida de toda ventura.
Marisa Florido 2003

O Mar, A Escada e O Homem
Augusto dos Anjos

"Olha agora, mamífero inferior,
"A luz da epicurista ataraxia,
"O fracasso de tua geografia
"E de teu escafandro esmiuçador!

"Ah! Jamais saberás ser superior,
"Homem, a mim, conquanto ainda hoje em dia,
"Com a ampla hélice auxiliar com que outrora ia
"evoando ao vento o vastíssimo vapor,

"Rasgue a água hórrida a nau árdega e singre-me!”
E a verticalidade da Escada íngreme:
"Homem, já transpuseste os meus degraus?!"

E Augusto, o Hércules, o Homem, aos soluços,
Ouvindo a Escada e o Mar, caiu de bruços
No pandemônio aterrador do Caos!

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Gabinete de Arte Raquel Arnaud
O Gabinete de Arte Raquel Arnaud realiza uma grande exposição com os artistas representados pela galeria no período da 26ª Bienal Internacional de São Paulo. “Arte Contemporânea: uma história em aberto”, com trabalhos de 22 artistas, tem curadoria da crítica de arte e Doutora pela Universidade de São Paulo, Sônia Salzstein. Não há propriamente um “conceito” subjacente à mostra; há, sim, o desejo de proporcionar condições para que cada trabalho “fale” intensamente por si mesmo. Como afirma a curadora, o visitante irá se deparar com contrastes, com discretas dissonâncias entre essas “falas”, não só porque dizem respeito a gerações diversas de artistas, mas porque daí pretendo que emerjam sujeitos diversos, cujas atitudes devem se revelar aos olhos do público perante às questões fundamentais da cultura que se apresentaram aos artistas em seus respectivos percursos artísticos.

Na coletiva serão apresentados trabalhos recentes dos artistas Ana Linnemann, Anna Maria Maiolino, Antonio Manuel, Arthur Luiz Piza, Carlito Carvalhosa, Carlos Cruz Dias, Carlos Zilio, Carmela Gross, Cassio Michalany, Célia Euvaldo, Daniel Feingold, Elisa Bracher, Elizabeth Jobim, Frida Baranek, Georgia Kyriakakis, Iole de Freitas, José Resende, Maria Carmem Perlingeiro, Nuno Ramos, Raul Mourão, Sérgio Camargo (espólio) e Waltercio Caldas. A exposição reúne um grupo de artistas cuja produção é extremamente representativa dos desdobramentos da arte brasileira da década de 1960 aos dias de hoje. “Arte Contemporânea: uma história em aberto” está longe de apresentar-se como mostra “antológica” ou “histórica”; seu título, ao misturar os termos “contemporâneo” e “história” cria uma tensão que, segundo Sônia, é proposital: diante das sentenças de morte a que se condenam a história e a arte, a exposição, ao contrário, busca mostrar a própria evidência da vitalidade dos trabalhos como prova em contrário dessa “morte"

O local escolhido para a mostra é um galpão com 2.000 m2, situado na Av. Roque Petroni Jr., 630, no Morumbi. Por um acaso feliz, segundo Sônia, parte dos artistas que estarão reunidos na mostra está fortemente ligada a sua biografia pessoal. Carmela Gross foi sua professora no Departamento de Artes Plásticas da ECA/USP, e com muitos outros artistas Sônia conviveu desde jovem e acompanhou o desenvolvimento de seus trabalhos durante os últimos 25 anos. Além da participação de grandes nomes da arte contemporânea brasileira, a exposição também conta com trabalhos de artistas de gerações mais recentes, que despontaram entre o final dos anos 80 e meados dos 90.

Muitos dos trabalhos apresentados, ao defrontarem os problemas cruciais postos à arte de meados dos anos 60 à atualidade, falam da crise do legado moderno, e o fazem através de seus percursos vivos. A inclusão de obras inéditas na mostra não foi privilegiada, embora tenha trabalhos inéditos de Waltercio Caldas ou de Iole de Freitas, que elaborou uma obra especialmente para o galpão. Para Sônia, é necessário observar, nesse caso, que se trata de um desdobramento natural de suas iniciativas anteriores, voltadas a trabalhos de escala ambiental, e que esse trabalho provavelmente ocorreria em outra circunstância, se não tivéssemos tido a oportunidade de contar com esse galpão. Segundo ela, os trabalhos exibidos são de certo modo inéditos. O galpão, pela sua generosidade de escala, pela economia de recursos museográficos e cenotécnicos com que pretendemos caracterizar a exposição, pela valorização que queremos garantir, do contato estreito e silencioso do visitante com cada trabalho, oferece-nos uma condição extraordinariamente favorável a esse envolvimento do público com os trabalhos, como se os vissem pela primeira vez.

“O fotógrafo”, obra de Carmela Gross exibida na exposição, por exemplo, é um trabalho bastante familiar à curadora; ele foi comentado em público num debate com a artista, quando foi pela primeira vez exposto no Centro Cultural São Paulo. é uma instalação realizada com poucos elementos, com materiais rudimentares retirados do mundo da tecnologia e com os artefatos corriqueiros da vida cotidiana. Mas desse universo a artista extrai um alto teor de expressividade, o que é admirável numa obra onde praticamente não aparece o gesto, a psicologia pessoal, uma retórica eloqüente, afirma a curadora. De Anna Maiolino será apresentado uma obra que será exibida pela primeira vez em São Paulo; sobre uma espécie de “mesa” a artista dispõe uma grossa superfície de argila, talhada com empenho gestual em fragmentos que grosseiramente compõem um “todo”, algo informe, como se mostrasse a visão aérea de uma região arcaica. Além dessa obra, será mostrado um relevo em bronze, trabalho pouco visto da artista em São Paulo. Durante a mostra será lançado o catálogo da exposição com texto escrito pela curadora e projeto gráfico de Carlito Carvalhosa; o catálogo com 24 páginas, terá 21 reproduções e tiragem de 2.500 exemplares.

Professora de história da arte no Departamento de Artes Plásticas da ECA/USP, crítica de arte e curadora, Sônia Salzstein organizou várias mostras de artistas modernos e contemporâneos brasileiros, sobretudo quando dirigiu o setor de artes visuais do Centro Cultural São Paulo, entre 1989 e 1992. Em 1991 inaugurou na cidade um espaço não convencional, no sentido de que era um projeto que convidava artistas a produzirem obras especialmente para o local, no caso, a Capela do Morumbi, um imóvel histórico pertencente à Secretaria Municipal de Cultura. Entre suas curadorias destacam-se exposições importantes de Carlos Fajardo e de Iole de Freitas, além da exposição antológica “No Vazio do Mundo”, sobre a artista Mira Schendel, apresentada em São Paulo, entre setembro de 1996 e janeiro de 1997.

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