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RJ/SP POSIÇÃO 2004 no Parque Lage / A Face Icônica da Arte Brasileira no MAM ANO 4 - N. 73 / 12 de julho de 2004
NESTA EDIÇÃO:
Onde está você, Geração 80? no CCBB, Rio de Janeiro
POSIÇÃO 2004 no Parque Lage, Rio de Janeiro
A Face Icônica da Arte Brasileira no MAM, Rio de Janeiro
Workshop Técnicas e materiais em pintura no Ateliê de Katie van Scherpenberg, Rio de Janeiro
Pré-selecionados no 29° SARP/MARP, Ribeirão Preto
Jorge Duarte
Onde
está você, Geração 80?
Alex Flemming , Alex
Vallauri, Ana Horta, Ana Miguel, Ana Tavares, Angelo Venosa, Armando
Mattos, Beatriz Milhazes, Carlito Carvalhosa, Chico Cunha, Ciro
Cozzolino, Claudio Fonseca, Cristina Canale, Cristina Salgado, Daniel
Senise, Delson Uchoa, Eneas Valle, Fabio Miguez, Fernando Lopes,
Fernando Luchesi, Frida Baranek, Gonçalo Ivo, Hilton Berredo, Isaura
Penna, Jadir Freire, Joao Magalhães, Jorge Barrão, Jorge Duarte, Jorge
Guinle Filho, Karin Lambrecht, Leda Catunda, Leonilson, Luiz Ernesto,
Luiz Pizarro, Luiz Zerbini, Marcus André, Mario Azevedo, Mauricio
Bentes, Monica Nador, Monica Satori, Nuno Ramos, Paulo Monteiro, Paulo
Paes, Rodrigo Andrade, Sergio Niculitchef, Sergio Romagnolo, Suzana
Queiroga e Victor Arruda; com a curadoria de Marcus Lontra
13 de julho a 26 de
setembro de 2004
Centro Cultural Banco do
Brasil
Rua Primeiro de Março
66
Centro Rio de Janeiro
21-3808-2020
http://www.cultura-e.com.br/
Terça a domingo, das
10 às
21h.
Veja o texto de imprensa.
Veja o texto crítico, Os
anos 80: Uma experiência brasileira, de Marcus Lontra.
Este material foi enviado por Raquel Silva (raquelsilva@alternex.com.br).
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POSIÇÃO
2004
Adriana Heemann, Adriano,
Aimbere César, Alberto Saraiva, Alexandre Ferreira, Alexandre Sá,
Alexandre Vogler, Alice Miceli, Amália Giacomini, Ana Angélica, Ana
Biolchini, Ana Holck, Ana Paula Andrade, Ana Sarmento, Ana Torres,
André Alvim, André Makarenko, André Sheik, Andréa Facchini, Andreia
Carvalho, Anik Meijer-Werner, Anna Braga, Arjan Martins, Baby
Bittencourt, Bernardo Damasceno, Bernardo Pinheiro, Beatriz Petrus,
Beth Ferrante, bobN, Bruno Castelo, Bruno de Carvalho, Carla
Zaccagnini, Carlos Eduardo Cinelli, Chico Fernandes, Chistian Caselli,
Cinthia Marcelle, Clarisse Tarran, Claudia Hersz, Claudio Montagna,
Cleantho Viana, Cleone Augusto, Cristina Amiran, Cristina de Pádula,
Daisy Xavier, Dana, Daniela Fortes, Daniela Mattos, Daniel Biulchi,
Daniel Lannes, Daniel Toledo, Deborah Engel, Deborah Levys Epstein,
Diana Osward, Domingos Guimarães, Ducha, Edna Kauss, Eduardo Berliner,
Eduardo Mariz, Eduardo Costa,Elisa de Magalhães, Felipe Barbosa,
Fernando de La Rocque, Florence Belfort, Franz Manata, Gabriel Fonseca,
Gabriela Noujaim, Gê Pinheiro, Geraldo Marcolini, Guga, Guido Lobato,
Gustavo Oliveira, Gustavo Prado, Heleno Bernardi, Isabella Marinho,
Isadora Bonder, Ivana Martinez Vollaro, Ivani Pedrosa, Jacqueline
Siano, Jacqueline Vojta, Jaya Pravaz, Joana Traub Csekö, João Mansur
Anache, Julia Limaverde, Julia Traub Csekö, Júlio Rodrigues, Khalil
Charif, Laura Burnier, Laura Lima, Leila Amaral, Leodgard, Leonardo
Videla, Lucas Weglinski, Lucia Laguna, Luciana Duque, Luis Andrade,
Luiz Lopez, Mabel Spinola, Maíra Ribas, Marcelo Lins, Marcelo Moraes,
Márcia Lisboa, Márcio Botner e Pedro Agilson, Marcio Ramalho, Marco
Antonio Portela, Maria Nepomuceno, Mariana Leal, Mariana Manhães,
Marilá Dardot, Marina Kosovski, Marta Santiago, Matheus Perpétuo, Mauro
Espíndola, Maya Inbar, Miri Felix, Miriam Pech, Moana Mayall, Nadam
Guerra, Natalia Warth, Ni da Costa, Nice França, Nicholas Martins,
Paula Erber, PaulaGabriela, Pedro França, Pedro Meyer, Pedro Seiblitz,
Rachel Castro, Raíssa, Regina Marconi, Renata Lucas, Rosa Oliveira,
Rosana Ricalde, Roselane Pessoa, Ricardo Maia, Romano, Ronaldo Lyrio,
Sami Khozam, Sandra Schechtman, Sara Ramo, Silvia D, Sonia Meilman,
Sueli Araújo, Tânia Bonin, Tania Queiroz, Tatiana Blass, Tereza Costa,
Tissa Valverde, Thiago Rocha Pitta, Tiago Porto, Tissa Valverde, Tomás
Ribas, Victor Haim, Willy Reuter, Zelia Villar e Zúñiga
14 de julho, quarta-feira,
20h
Escola de Artes Visuais do
Parque Lage
Rua Jardim Botânico
414
Rio de Janeiro
21-2538-1091
http://www.eavparquelage.org.br
Quinta e sexta, das 10
às
22h; sábado e domingo, das 10 às 17h.
Exposição até 18 de
julho de
2004.
A organização e
produção do
evento é do grupo de artistas éramos 3 (Ana Sarmento, Cristina Amiran,
Gê Pinheiro, Khalil Charif e Marcelo Moraes), em parceria com a direção
da EAV Parque Lage e da Associação de Amigos da EAV.
A supervisão é de Anna
Bella
Geiger (artista plástica) e Fernando Cocchiarale (curador do MAM).
Patrocínio: SANDPIPER
Apoio: Móbilli
Produções
Artísticas
Veja o texto de imprensa.
Veja o texto de Fernando Cocchiarale sobre a exposição.
Programação do Piscinão do Lage (Proposta de utilizar
o espaço da
piscina como um palco para ações).
Este material foi enviado por Teresa Cristina (tca@ism.com.br).
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A
Face Icônica da Arte Brasileira
Adir Sodré, Adriana Varejão,
Alberto da Veiga Guignard, Anita Malfatti, Anna Maria Maiolino, Antonio
Dias, Antônio Gomide, Beatriz Milhazes, Caetano de Almeida, Cândido
Portinari, Carlos Vergara, Chico Cunha, Ciro Cozzolino, Cláudio
Fonseca, Cláudio Tozzi, Cristina Canale, Daniel Senise, Emiliano Di
Cavalcanti, Fábio Miguez, Fernando Barata, Flávio de
Carvalho, Gervane de Paula, Glauco Rodrigues, Ismael Nery, Jorge
Barrão, Jorge Duarte, Lasar Segall, Leda Catunda, Luiz Ernesto, Luiz
Pizarro, Luiz Zerbini, Manoel Fernandes, Márcia Grostein, Maria do
Carmo Secco, Nelson Leirner, Nuno Ramos, Paulo Monteiro, Raymundo
Colares, Rodrigo Andrade, Rubens Gerchman, Tarsila do Amaral, Vicente
do Rego Monteiro, Victor Arruda, Victor Brecheret e Wanda Pimentel; com
a curadoria de Fernando Cocchiarale
13 de julho a 24 de
outubro de 2004
Museu de Arte Moderna do Rio
de Janeiro
Av. Infante Dom
Henrique 85
Parque do Flamengo
Rio de
Janeiro
21-2240-4944
http://www.mamrio.org.br
Terça a sexta, das 12
às 18h;
sábados, domingos e feriados, das 12 às 19h.
R$ 5 e R$ 2 (estudantes, maiores de 65 anos e crianças em grupos com
mais de cinco). Aos domingos, ingresso família a R$ 5.
Veja o texto A Face Icônica da Arte
Brasileira, de Fernando
Cocchiarale.
Este material foi enviado por Diana Aragão (daragao@rionet.com.br).
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Workshop
Técnicas e materiais em pintura
inscrições abertas
Ateliê de Katie van Scherpenberg
Rua Aiurú 47 ap 304 Humaitá
Rio de Janeiro
Informações: 21-2527-7653 / 9182-0822
katie@domain.com.br
Período: 19, 20, 22, 26 e 28 de julho
Horário: das 17 às 20h
Valor: R$ 570 (3 x R$200)
O WORKSHOP é intensivo, enfocando os materiais usados em pintura sobre bases diversas, sua aplicação prática e discussão teórica: Bases em madeira, papel e tela; Oxidações em cobre e ferro; Feitura de tintas solúveis em água e em água ráz; Encáustica fria e quente: Vernizes diversos; Aplicação adequada de colagens; Uso de folhas de metal.
Katie van Scherpenberg,uma das pintoras mais importantes de sua geração, professora por mais de vinte anos no Parque Lage, mais uma vez abre seu ateliê para o curso de materiais em pintura. Este WS já foi dado em várias Faculdades e centros culturais do Brasil durante os últimos quinze anos. O curso foi administrado em novembro de 2003 na Universidade de Texas a convite do Jack Blanton Museum of Art. Katie tem seu trabalho representado em coleções importantes ( MAM/ Rio de Janeiro,Mac/ Niterói,MAC /S.Paulo, Cisneiros / Caracas, Jack Blanton / Austin), tendo participado de numerosas exposições no Brasil e no exterior.
Este material foi enviado por katie (katie@domain.com.br).
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Pré-Selecionados
29° Salão de Arte
de Ribeirão Preto Nacional-Contemporâneo
Comissão de Seleção:
Daniela Labra, Fabio
Cypriano e Sergio Romagnolo
Adams Teixeira de
Carvalho (SP)
Bet Olival (RJ)
Christina Meirelles
(SP)
Cláudio Caropreso
(SP)
Ding Musa (SP)
Edu Marin Kessedjian
(SP)
Eurico de Rezende
(SP)
Fabiana Queirolo
(SP)
Fábio Tremonte
(SP)
Fernanda Assumpção
(SP)
Francisco José
Maringelli (SP)
Gisele Camargo
(RJ)
Iara Freiberg
(SP)
Jonice Jasson
(SP)
Juliana Kase
(SP)
Lília Malheiros
(SP)
Marcelo Moscheta
(SP)
Márcio Monteiro
(RJ)
Márcio Pannunzio
(SP)
Marco Willians
(SP)
Maria Lúcia Cattani
(RS)
Osvaldo Carvalho
(RJ)
Patrícia Maria
Pomerantzeff (SP)
Renan Cepeda
(RJ)
Rodrigo Freitas
(MG)
Rubens Barbosa
(SP)
Sérgio Bonilha
(SP)
Ulisses Garcez
(SP)
Yuli Geszti (RJ)
TEXTOS DO E-NFORME:
Onde
está você, Geração 80? no CCBB
Dentro da programação especial comemorativa dos seus quinze anos de
atuação, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro inaugura a
próxima exposição para marcar os 20 anos do emblemático evento "Como
vai você, Geração 80?", realizado na Escola de Artes Visuais do Parque
Lage do Rio de Janeiro. A mostra lançou artistas que hoje são marcantes
na cena artística brasileira e internacional como Daniel Senise,
Beatriz Milhazes, Jorge Guinle Filho, Leonilson, Leda Catunda e Victor
Arruda.
O curador Marcus Lontra – o idealizador da mostra original – retoma a
pergunta feita há 20 anos com outra indagação, reunindo 130 trabalhos
de 48 artistas que participaram daquela exposição histórica, ou que têm
sua poética associada às questões levantadas naquela época. Além de
trabalhos marcantes dos anos 80, será mostrada também a produção atual
dos artistas. Com isso, a exposição pretende provocar uma reflexão
sobre o impacto dos parâmetros lançados em 1984 na arte brasileira, e
sua continuidade no panorama atual.
Nomes importantes que não estiveram na exposição original, como o
escultor Angelo Venosa, o pintor Alex Flemming e os integrantes do
grupo paulistano Casa 7 –Nuno Ramos, Carlito Carvalhosa, Fabio Miguez,
Paulo Monteiro e Rodrigo Andrade – também foram incluídos nesta mostra,
por integrarem a mesma geração e compartilharem do mesmo processo
criativo.
"Onde está você, Geração 80?" vai ocupar todo o primeiro andar do
Centro Cultural Banco do Brasil, e mostrará para o público o vigor que
estes artistas trouxeram para a arte brasileira. Vai ainda deixar
claro que a chamada "volta à pintura" – que aconteceu também em países
como a Itália, com a transvanguarda, e na Alemanha, com o
neoexpressionismo – assumiu no Brasil nuances próprias e plurais, que
se confundem com a abertura política e o apagar das luzes dos anos de
chumbo da ditadura militar.
Muito mais do que uma simples volta à pintura, os artistas daquele
período lançaram uma nova leitura para a associação entre arte e vida,
amadurecida nos anos 60 e 70. Com a abertura democrática, sem a
necessidade de falar nas entrelinhas para burlar a censura, estes
artistas deixam de citar os grandes temas políticos. Eles assumem o
papel de cronistas do cotidiano, tratando de temas como a sexualidade e
a vida urbana. Elementos da cultura de massa, como heróis das histórias
em quadrinhos, personagens da TV e rótulos de refrigerante, invadem a
tela com a mesma força das citações à história da arte. A pintura se
transforma na mídia mais adequada para uma arte que procura ser menos
cerebral e recuperar o prazer pelo fazer. As enormes quantidades de
tinta formam camadas de matéria sobre a superfície do quadro. O corpo
passa a ser o elemento mais valorizado, tanto na construção da figura,
como na própria ação do gesto. Para conter esse gesto amplo, corporal,
são necessárias telas de formatos monumentais, outra característica da
arte do período.
Marcus Lontra ressalta o contexto histórico-político existente em 1984.
"Frederico de Morais, um crítico que estimulou muito os artistas dos
anos 80, tinha um texto sobre os anos 70 intitulado 'A geração que
levou porrada'. Tempos depois, fiz um artigo sobre os anos 80 em que
dizia que aquela era a geração que não tinha levado porrada", lembra o
curador. Para ele, o momento das "Diretas Já" foi um pano de fundo
importante para a produção do período. "Havia uma sensação interna de
vitória, e as pessoas participavam da democratização brasileira de uma
maneira romantizada. Queríamos festejar, aproveitar a vida". A
liberação do corpo e a maior liberdade afetiva se refletiram na
estética da época. “A obra passa a ser um espetáculo plástico. Os
quadros são impactantes, um frenesi”, complementa.
Outra questão marcante da geração 80 foi a mistura entre elementos da
cultura popular e erudita, que passam a ser citados à exaustão nos
trabalhos destes artistas. "Objetos do cotidiano são valorizados e
ganham força equivalente a signos da história da arte. Uma renda do
nordeste poderia ser tão importante quanto a imagem de uma pintura
clássica. Não há mais necessidade de se relacionar com a arte de forma
reverencial", observa Lontra. “A dramatização e o resgate da emoção são
outras questões devidas ao período", acrescenta ele.
O curador ressalta ainda que "esses artistas trouxeram para a arte a
praxis como fundamento da expressão artística. Daí a volta à pintura.
Não se queria apenas pensar o mundo, mas fazê-lo". Lontra prefere não
usar o termo "movimento" para definir aquele momento artístico. "A
Geração 80 não era um movimento no sentido teórico, mas de conquista de
espaço institucional. Era, antes de tudo, uma engrenagem", afirma. "A
idéia de que as pessoas tenham acesso às artes e de que a ação
artística não seja excludente é válida até hoje. A geração 80 trouxe
isso".
Os anos 80: Uma experiência brasileira
MARCUS LONTRA
A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte.
(Titãs - hit dos anos 80)
O que muito me confunde
É que no fundo de mim estou eu
E no fundo de mim estou eu.
No findo
Sei que não sou sem fim
E sou feito de um mundo imenso
Imerso num universo que não é feito de mim.
Mas mesmo isso é controverso
Se nos versos de um poema
Perverso sai o reverso.
Disperso num tal dilema
O certo é reconhecer:
No fundo de mim
Sou sem fundo.
(Dilema, Antônio Cícero)
Brasil. Início dos anos 80. O país despertava da noite do arbítrio e do
silêncio. Anos antes, John Lennon declarara: The dream is over (O sonho
acabou). Agora eram outros tempos, outras histórias e os jovens
brasileiros descobriam a força da mobilização popular e a participação
política. Todos sonhavam com a festa de um país que se preparava para o
baile da democracia. O pesadelo estava terminando, a sociedade
organizada exigia eleições livres, os artistas queriam todos os
espaços, todos os lugares; “arte por toda parte”, pelas ruas, criando
com formas, cores, gestos e figuras o novo país que emergia do negro
silêncio da década anterior.
O novo país que estava surgindo estava ávido de imagens, e o corpo - em
todas as suas acepções - foi o tema de ação dessa jovem geração de
artistas que surgia da bruma, com muito barulho e estardalhaço, cada
qual ocupando o seu espaço, fazendo o seu próprio ruído. A mostra Como
vai você, Geração 80?, realizada na Escola de Artes Visuais do Parque
Lage, no Rio de Janeiro, foi o momento emblemático em que a orquestra
se estabeleceu e, em meio a tanta dissonância, foi possível criar uma
espécie de harmonia polifônica. Nesse momento, 123 jovens artistas
determinaram sua inserção direta no processo cultural brasileiro, numa
ação coletiva qualitativa e quantitativa nunca antes vista na história
da arte brasileira.
Herdeiros do silêncio, essa nova geração sonhava com muito som, muito
sol e rock and roll. Nas artes, perpassava um sentimento de liberdade,
um desejo de ser feliz, de pintar a vida com cores fortes e vibrantes,
valorizando o gesto e a ação. Ao esgotamento do modernismo e ao
excessivo suporte teórico que confinava a arte numa espécie de castelo
acadêmico somente penetrado por mentes e espíritos elevados,
contrapunha-se um desejo de fazer da arte um local das emoções, um
caldeirão borbulhante de odores, prazeres e sensações. Esse compromisso
hedonista, essa ânsia de ser feliz encontra suas raízes nesse desejo
coletivo de “participar”, de integrar democraticamente a coletividade
democrática que se sonhava.
Entre o barroco e o pop, entre o drama e a comédia, essa nova geração
de artistas sonhava com a rua, com o sucesso popular: o Brasil era a
fonte de inspiração e diálogo, e se a influência dos movimentos
artísticos internacionais do momento - como a transvanguarda italiana e
o neo-expressionismo alemão - já se fizessem presentes nas obras dos
artistas brasileiros, a verdade é que aqui não se pintava a tradição, e
nas telas pintadas não transparecia em momento algum tensas relações
entre o eu e o mundo. Pintava-se pelo prazer, com a suave inocência da
infância, um pouco naif e prenhe de romantismo e coragem. O momento era
de extroversão e era preciso ocupar as ruas, os espaços, “arte por toda
parte”, festa do olhar. Para isso, era necessário, antes de tudo,
seduzir o espectador, envolvê-lo na realidade da arte, fazer-se
entender. Em consonância com os tempos atuais, com a sociedade
pós-industrial e pela regência da informação, os artistas incorporam
imagens da mass media e a elas aliam ícones da história da arte, numa
espécie de citação histórica onde são valorizados os aspectos de
comunicabilidade da obra de arte em detrimento dos seus valores
essencialmente plásticos.
Nessa festa, havia lugar para todos. Era preciso urgentemente recusar
dogmatismos e uma espécie de “herança maldita” que nos comprometia com
a “tradição do novo” e a herança construtiva. Havia, antes de tudo, a
imperiosa necessidade de se reintegrar à história cultural brasileira,
de perseguir relações artísticas e institucionais que dialogassem com o
mundo e que - seguindo a lição dos modernistas - tivessem o olhar e o
sentimento da nossa terra, da nossa gente. Ao restabelecer compromissos
com a tradição figurativa e com a valorização das práticas artesanais
no processo artístico, a Geração 80 ousou questionar uma visão
restritiva, até então legitimadora, e fez da arte o retrato fiel que
sonhamos para o mundo e para o Brasil: uma terra onde a diversidade das
culturas se encontre e um local onde as diferenças sejam admiradas e
compreendidas como beleza intrínseca dos seres, permitindo a sempre
desejada integração da arte e da vida.
Se o Brasil não caminhou da maneira que acreditávamos, ou se a Geração
80 fez a festa para um país que não houve, isso não importa. “O homem
se mede pela intensidade de seus sonhos”. O fato é que a ação corajosa
desses artistas permitiu que a arte brasileira expandisse suas ações,
rompendo fronteiras, obtendo o merecido aplauso e reconhecimento
internacional. Por isso, as obras de 20 anos atrás mantêm o interesse e
revelam ainda hoje a sua beleza. Elas revelam o momento inicial, o
despertar de uma produção que ao longo desses últimos anos cresceu,
amadureceu e que hoje integra o nosso repertório visual.
Sem temer em momento algum a tradição - compreendendo-a como aliada e
companheira -, abraçando com coragem a crise e a perplexidade da arte
contemporânea, impelida a agir num mundo sem a crença na utopia e
muitas vezes imbecilizado pela ideologia da comunicação de massa, os
artistas brasileiros surgidos nos anos 80 investem na possibilidade de
um espaço poético no qual a arte seja um verdadeiro instrumento de
conscientização de valores e de subversão de idéias através da
provocação do olhar. O tempo apenas reiterou o compromisso inicial: é
preciso acreditar, sempre, na força transformadora da criação
artística. Ao romper com supostos antagonismos entre a arte e o
artesanato, entre a “idéia” e o “fazer”, entre o sentimento e a
inteligência, o individual e o coletivo, integrando num único corpo o
local, o regional e o universal, os artistas oriundos desse momento
fecundo da arte brasileira demonstram que a construção do país que
sonhamos e que ainda hoje queremos há de ser feita com as mesmas armas
da arte da Geração 80: gestos de coragem e cores encantadas.
A exposição Onde está você, Geração 80? aproveita a justa oportunidade
de comemoração da emblemática mostra Como vai você, Geração 80? para
apresentar ao público carioca a produção de artistas (a maioria deles
integrantes da mostra de julho de 1984) que hoje são presenças
afirmativas na cena artística brasileira. Essas obras, tanto dos anos
80 quanto as atuais - obtidas graças à colaboração de importantes
instituições nacionais e de alguns dos maiores colecionadores de nosso
país -, atestam a vitalidade e a pertinência dos valores essenciais que
norteiam as ações desses artistas. Não se trata, portanto, de uma
exposição de “época” ou de uma tentativa de se refazer algumas ações de
estratégia cultural que se justificavam naquele exato momento, numa
determinada situação devidamente registrada. Nosso bom velhinho Karl
Marx já nos ensina que “a história só se repete como farsa”. O que
temos, aqui, é uma mostra de arte que reúne expressivos trabalhos de
uma poderosa vertente da arte contemporânea brasileira que encontra
suas raízes no pensamento e na ação da década de 80.
Em nenhum momento os curadores se deixaram levar por uma onda
saudosista de caráter nostálgico. Eventualmente, apenas a suave
melancolia da lembrança da juventude e de alguns amigos tão queridos
que já partiram. Durante todo o estafante e encantador processo de
produção e de montagem da mostra trabalhamos com a certeza de que
estamos trazendo ao público carioca um momento artístico dinâmico, que
se identifica em grande parte com a alma dessa cidade e que, a partir
dela, abraçou todo o Brasil. Num momento tão difícil da vida dessa
cidade maravilhosa é importante que valorizemos os momentos nos quais o
Rio de Janeiro foi palco principal dos grandes movimentos artísticos
nacionais. Se o movimento da chamada Geração 80 ocorreu em diversos
estados brasileiros, o fato é que foi aqui, nessa cidade, que as
grandes ações institucionais, públicas e privadas, ocorreram destacada
e primordialmente. E esse argumento reitera a sua força no momento em
que se realiza, 20 anos depois, a continuação dessas trajetórias. O Rio
de Janeiro reafirma, assim, o seu perfil e a sua personalidade de
centro principal da produção cultural brasileira, valorizando a nossa
história e investindo nos compromissos prospectivos da arte.
As obras da mostra Onde está você, Geração 80? estão a responder de
maneira incisiva à provocativa indagação do título proposto e asseguram
o seu lugar no memorial icônico do Brasil. E nos fazem ver que a
“Grande festa” continua a vibrar em nossos corações e a se espelhar nas
nossas retinas...
Por fim, agradeço ao Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro
a oportunidade de realizar, pela segunda vez , 20 anos depois, uma
mostra com artistas cujo talento e qualidade o tempo somente aprimorou.
Agradeço à dedicação de minha pequena equipe de amigos e colaboradores
que acreditaram em nossa proposta e se empenharam dedicadamente para
produzir um evento que refletisse o vigor e a beleza da arte do nosso
país. E dedico o meu trabalho aos curadores que realizaram comigo a
mostra original: Paulo Roberto Leal, amigo distante, e Sandra Mager,
companheira sempre presente.
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POSIÇÃO 2004 no Parque Lage
A mostra POSIÇÃO 2004 reunirá num só evento 140 artistas das
artes
plásticas do atual panorama carioca (e de outros estados) - algo que
remete à Mostra COMO VAI VOCÊ, GERAÇÃO 80?, realizada na mesma data e
local, há vinte anos. Todo casarão da Escola e área externa serão
ocupados com trabalhos nos mais variados meios.
Muitos trabalhos são para locais específicos como um fusca-objeto
"estacionado"na porta da Escola. Dentre as muitas instalações, há um
tapete de rosinhas e vidros; a performance do homem-espelho; o projeto
do homem nu; um objeto-avestruz; um satélite-antena; um sabão que não
limpa e por aí vai... um pouco de tudo.
Posição 2004
FERNANDO COCCHIARALE
A Escola de Artes Visuais do Parque Lage estará realizando entre os
dias 14 e 18 de julho próximo a mostra Posição 2004. Vinte anos depois
da emblemática Como Vai você, Geração 80 ?, inaugurada na mesma data,
será levada a público a Posição 2004.
Proposta pelo grupo éramos 3, integrado por alunos do Parque, este
evento está sendo organizado em conjunto com a direção da Escola e com
a supervisão dos professores Anna Bella Geiger e Fernando Cocchiarale.
Dentre os objetivos principais da Posição 2004 destacamos: a difusão do
trabalho de um significativo número de artistas jovens da atualidade, a
maioria residente na cidade do Rio de Janeiro, e a comemoração do
vigésimo aniversário da Geração 80, marco da retomada da pintura no
Brasil como meio de expressão hegemônico, tendência observável, aliás,
na produção artística de todo o mundo ao longo daquela década.
Os participantes foram escolhidos pela direção da EAV Parque Lage, por
meio de consultas a professores de vários centros geradores de arte,
além de críticos, curadores e personalidades do meio. A mostra ocupará
todo o casarão, incluindo terraços e área externa. Cada artista ou
grupo apresentará um trabalho sem orientação temática ou curatorial,
sendo que alguns executaram trabalhos específicos para esta exposição.
Diferentemente da exposição Como vai você, geração 80?, cujo
denominador era a volta à pintura, a Posição 2004 não privilegia
qualquer meio, técnica ou linguagem e, nisso, difere do evento que
comemora, já que por sua natureza heterogênea não pretende lançar
quaisquer tendências hegemônicas. Ainda assim o número de participantes
é mais ou menos o mesmo da Geração 80. É pois quase certo que artistas
relevantes do futuro estejam nesta Posição 2004.
Piscinão do Lage (Proposta de utilizar o espaço
da piscina como um
palco para ações)
14 de julho, quarta-feira
Em que Posição voce se encontrava em 1994?
Mostra articulada por bobN e Márcio Botner com a participação dos
mesmos e outros que já em 94 buscavam espaço para trabalhos cuja
estética e atitude não encontravam respaldo nos circuitos
institucionais.
15 de julho, quinta-feira
TV ZONA
Primeira edição do projeto que surge como um desdobramento do evento
Zona Franca, organizado e apresentado por Aimbere César, com
colaboração de Guga Ferraz, Yoav Passy, Maurição e outros.
16 de julho, sexta-feira
Grupo UM
Grupo de artistas jovens que juntos promovem eventos reunindo diversas
formas de manifestação.
17 de julho, sábado
Círculo do Sol
Evento ligado à musica eletrônica, conjugada a projeções de vídeos e
participões de artistas de áreas afins como dança etc. Organizado por
Ane Vilete, Camila Soares, Lívia Diniz.
18 e julho, domingo
Edifício Galaxi
Arte contemporânea e experimentação, www.ed-galaxi.com.br
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A
Face Icônica da Arte Brasileira
FERNANDO COCCHIARALE
Três momentos bastante diversos da arte brasileira estão aqui
justapostos: o modernismo das décadas de vinte e trinta; A Nova
Figuração dos anos sessenta e, finalmente, a Geração 80. Seu
denominador comum resume-se no interesse que manifestavam por
repertórios icônicos, isto é, figurativos, e pela fatura artesanal.
Já as suas diferenças tanto plásticas quanto temáticas são muito
maiores: da preocupação dos modernistas com a brasilidade, típica da
segunda metade dos anos 20 e ainda plena de referências acadêmicas, ao
caráter político da Nova Figuração, veiculado por meio do vocabulário
gráfico da publicidade e da imprensa e marcado pelo abandono da pintura
de cavalete pelo objeto; até a excessiva valorização do fazer
expressivo e a volta ao quadro, veículo da subjetividade da Geração 80,
apresentam-se em seqüência essas tendências que formaram a face icônica
da arte brasileira no século 20.
Passados vinte anos da emblemática exposição Como vai você Geração 80?,
que reintroduziu a pintura enquanto meio hegemônico da arte daquele
período, o MAM concebeu esta mostra para rememorar este momento já
histórico, reunindo-o aos dois outros grandes momentos onde a imagem
artesanal reinou absoluta na arte brasileira.
volta ao topo
Como
mandar o seu material para a pré-seleção do Canal Contemporâneo:
1 - Envie sua divulgação para canal@canalcontemporaneo.art.br;
2 - Com 15 dias de antecedência, mande as informações básicas;
3 - No assunto coloque a data, nome do artista e local;
4 - No corpo do emeio coloque as informações de serviço completas:
data, nome do evento, nome do artista, local, endereço, telefones,
horários e conexões;
5 - Inclua textos de imprensa, currículo e crítico em arquivos anexos;
6 - 2 a 3 imagens em jpg, em RGB, 200 dpis, com 500 pixels no menor
lado;
7 – Caso você ainda não tenha as imagens e os textos, mande-nos uma
previsão de envio.
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