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AP/MG/RJ/RS/SP/Itália Carlos Vergara no Santander Cultural / Espaço Comum no MARP
ANO 3 N. 66 / 30 de maio de 2003




NESTA EDIÇÃO:
Lançamento Jornal INCLASSIFICADOS, Rio de Janeiro e Belo Horizonte  HOJE
Graça Andritson e Wilson Silva na Antônio Munhoz Lopes, Macapá  HOJE
Espaço Comum no MARP, Ribeirão Preto  HOJE
Grupo Antropoantro no Sílvia Matos, Campinas  HOJE
Carlos Vergara no Santander Cultural, Porto Alegre
A História do Fio: Bordado e Costura na Arte Contemporânea, Itália
Arte e Literatura, Élida Tessler fala no CEEE, Porto Alegre

Uma obra de arte pode ter contrapartida social? no Trópico na Pinacoteca, São Paulo
Encontro com os representantes do Ministério da Cultura e FUNARTE no Parque Lage, Rio de Janeiro


 



Carlos Mélo

Lançamento simultâneo

Jornal INCLASSIFICADOS
Alexandre Vogler (Rio de Janeiro), André Amaral (Rio de Janeiro), André Santangelo (Brasília), Atrocidades Maravilhosas (Brasil), Canal Contemporâneo (Brasil), Carlos Borges (Rio de Janeiro), Carlos Mélo (Recife), Chang Chi Chai (Rio de Janeiro), Daniela Mattos (Rio de Janeiro), Fabiano Gonper (Paraíba), Felipe Barbosa (Rio de Janeiro), Fernanda Lopes (Rio de Janeiro), Fernando Baena (Madri), Franz Manata (Rio de Janeiro), Frederico Câmara (Alemanha), Guilherme Bueno (Rio de Janeiro), Inclassificados 0 (Brasil / exterior), Jacqueline Belotti  (Rio de Janeiro), Jhone Mariano (Rio de Janeiro), Jorge Macchi (Argentina), Jorge Menna Barreto (Porto Alegre), Júnior Almeida (Londrina), Leonardo Videla (Rio de Janeiro), Lina Kim (São Paulo), Linha Imaginária (Brasil), Love Enqvist (Suécia), Luciano Vinhosa (Canadá), Luis Andrade (Rio de Janeiro), Marcelo Campos (Rio de Janeiro), Marcus Vinícius de Paula (Rio de Janeiro), Marília Panitz (Brasília), Marisa Florido (Rio de Janeiro), Marta Neves (Belo Horizonte), Mônica Rubinho (São Paulo), Narda Fabiola Alvarado (Bolívia), Neno del Castillo (Rio de Janeiro), Nicholas  Martins (Rio de Janeiro), Paola Parcerisa (Paraguai), Patricia Canetti (Rio de Janeiro), Paulo R.O. Reis (Curitiba), Rachel Korman (Rio de Janeiro), Rejeitados (Brasil), Roosivelt Pinheiro (Rio de Janeiro), Rosana Ricalde (Rio de Janeiro), Sidney Philocreon (São Paulo), Sonia Salcedo (Rio de Janeiro).

Projeção de vídeos e música com DJ Amaral
Alexandre Vogler, André Amaral, Atrocidades Maravilhosas, Carlos Borges, Chang Chi Chai, Daniela Mattos, Felipe Barbosa, Fernando Baena, Giordani Maia, Graziela Kunsch, Isabela Pucú, Luis Andrade, Radial, Rosana Ricalde, Salmo Dansa.

30 de maio, sexta-feira, 19h às 24h

Teatro SESC Ginástico
Av.Graça Aranha 197
Centro   Rio de Janeiro
Edição e coordenação: Rosana Ricalde e Felipe Barbosa  inclassificados@yahoo.com.br
Patrocínio: SESC Rio

Casa de Passagem
Rua Herval  695  altos
Serra   Belo Horizonte  MG
Contatos: Jared Domício:  jareddomicio2@ig.com.br
casadepassagem@terra.com.br

Jornal INCLASSIFICADOS
Tiragem 10.000 exemplares

32 páginas
Distribuição gratuita
Instituições que se interessarem em distribuir o Jornal  INCLASSIFICADOS, entrar em contato com Rosana Ricalde e Felipe Barbosa pelo tel 21-2224-2737 ou inclassificados@yahoo.com.br

Como uma primeira ocupação do Teatro SESC Ginástico, espaço ainda em reforma, mas que em breve será aberto ao público carioca, estaremos realizando uma festa de lançamento do Jornal Inclassificados, jornal que surgiu de uma postura crítica diante dos jornais, que cada vez se assemelham mais a um grande caderno de classificados, evocando também o sistema vigente nas artes, onde estamos quase sempre a mercê de classificações ou de inclassificações....Propomos então um espaço de ação e divulgação de idéias. Realizamos paralelamente ao jornal uma exposição itinerante por 4 unidades do SESC Rio no interior do estado, com a participação de 12 artistas.

Esta 1ª edição é parte integrante do Projeto INCLASSIFICADOS, que tem por objetivo reunir as pessoas que atuam no circuito das artes visuais, ampliando o diálogo entre os seus diversos segmentos, fomentando a interlocução entre os extremos do país, estabelecendo um espaço não hierarquizado de discussão e descentralizando o sistema de arte.

Para isto, contamos com a colaboração de artistas, historiadores, professores, críticos e curadores, brasileiros e estrangeiros, que aqui apresentam as suas propostas, sendo cada um inteiramente responsável pelo seu espaço.

O jornal está sendo distribuído em pontos estratégicos do país e do exterior, contribuindo para a instauração de uma rede de circulação de informações. Nossa ambição é nos próximos números abranger colaboradores de outros campos do conhecimento e de outras localidades.

Tivemos apoio do SESC Rio para a realização da exposição e do Jornal Inclassificados.

O Projeto INCLASSIFICADOS
é coordenado pelos artistas
Rosana Ricalde e Felipe Barbosa.

Os Inclassificados

Ao longo dos anos, o SESC Rio vem atuando como pólo irradiador de cultura tanto no sentido tradicional de divulgação dos trabalhos consagrados e de formação do olhar crítico do público em vários campos das artes plásticas, quanto no sentido de produção do conhecimento.

De fato, há muito as artes plásticas ultrapassaram a concepção de que as obras devem ter sobretudo uma função estética na qual seria admissível a discussão de questões específicas. Hoje uma obra de arte interage não apenas com o ambiente em que é exposta, mas com o público, a cidade e todos os demais elementos que formam a complexa teia da contemporaneidade.  

Isto não só alterou o conceito de valor, desvinculando-o do objeto em si, e modificou o conceito de espaço, transformado em parte integrante das exposições. Expandiu o espectro de atuação do artista para muito além dos limites tradicionais, incorporando questões das mais diferentes áreas e profissões, substituindo a verticalidade anterior por uma horizontalidade que o mercado tem encontrado dificuldade em reconhecer e assimilar, o que com relativa freqüência fecha as portas aos que arriscam encontrar novos caminhos e possibilidades.

Ao apresentar a exposição dos Inclassificados e apoiar a edição do Jornal, o SESC Rio mais uma vez insere-se no cenário das artes plásticas fluminenses não apenas para abrir espaço a estes novos artistas, cuja diversidade de temas e materiais reproduz a complexidade contemporânea, mas  com o objetivo de investigar e trazer à luz as atuais formas e discussões estéticas, as produções de diferentes estilos e grupos sociais, contribuindo para o debate sobre a elaboração de uma nova política cultural.
 
SESC Rio

Mergulho Na Superfície (*)

MARISA FLÓRIDO CÉSAR
MARCUS VINICIUS DE PAULA


“...Uma das primeiras medidas da reforma gráfica do Jornal do Brasil, realizada por Amílcar de Castro e Reynaldo Jardim  no final dos anos 50, foi a gradativa expulsão dos classificados que dominavam a primeira página do primeiro caderno. A venda explícita de mercadorias foi sendo relegada ao caderno de classificados, hoje, o apêndice bastardo de qualquer grande jornal. A mercadoria manifesta foi substituída pela dissimulada: muito mais sedutora e imaculada, a informação se disfarça na aparência de uma dádiva generosa.

Com os classificados deixados à margem sob o controle do jornal, seu caderno é underground em relação ao sistema de cadernos (como o primeiro, o de economia, o caderno cultural) em que se insere. Todo marginal só o é em relação a um poder do qual se torna o modelo do Outro.  E o Outro é aquele que expõe ao Mesmo sua face   indesejada no espelho.

Ao assumir-se como Inclassificados, e não como um caderno cultural, este jornal e esta exposição explicitam que a ambigüidade do seu nome  – in como inserção e negação  – é inerente à condição contemporânea: fazemos parte da lógica de mercado, da industria da informação e do espetáculo, ainda que desejemos vazar suas classificações simplificadoras.  Resta-nos a interrogação: Como respirar em suas frestas?

O Inclassificados retira o classificado de seu contexto e do sistema que o aprisiona para ressimbolizá-lo. Experimenta assim liberar o fragmento,  sem recuperá-lo em uma totalidade controlada, mas desejando tecer uma rede aberta e não hierarquizada. Uma rede polifônica composta de muitas teias, entrelaçada por camadas profundas e diversas.Uma rede de trocas em que várias vozes são convidadas a falar, cada uma com seu ponto de vista, cada qual em seu nome. Uma rede onde todos possam dialogar e cada um construa seu percurso de significação. Uma rede que minimize as distâncias, que nos parecem intransponíveis, entre as muitas realidades do mundo, entre a arte e seu público, entre aquele que fala e o outro que o escuta. Uma rede que alcance as brutalidades e as delícias do dia-a-dia: que o jornal também se aliene das falas, embrulhe o peixe da sexta, cubra o amor dos mendigos - “um pouco jogado fora, um pouco sábio demais”, como na canção. Todos são bem-vindos a tecer os laços desta rede e os rumos desta prosa. ”

*o texto na integra, se encontra no Jornal Inclassificados.

O INCLASSIFICADOS será lançado em São Paulo e em Recife no mês  de junho:

Centro de Contra Cultura
Rua Nakaya 50, Vila Mariana, São Paulo
Contato: Graziela Kunsch: editorapressa@uol.com.br

Instituto de Cultura - Fundação Joaquim Nabuco
Rua Henrique Dias 609, Derby
Av. Dezessete de Agosto 2187, Casa Forte
Recife  PE

Contato: Cristiana Tejo, coordenadora de artes plásticas: cristejo@fundaj.gov.br  / artes@fundaj.gov.br

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Graça Andritson
Wilson Silva

Dimensões

30 de maio, sexta-feira, 20h

SESC Amapá - Galeria Antônio Munhoz Lopes
Centro de Atividades Araxá
Rua Jovino Dinoá   4311
Beirol   Macapá   AP
Diariamente, das 9h às 12h e 15h às 19h.
Exposição até 26 de junho de 2003.

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Espaço Comum
 Fulvia Molina, Hugo Fortes, João Carlos de Souza, Lynn Carone, Mauro de Souza, Stela Barbieri

30 de maio, sexta-feira, 20h30

Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi
Rua Barão do Amazonas  323
Ribeirão Preto   SP
16-610-2773
 marp.cultura@ribeiraopreto.sp.gov.br
http://www.marp.ribeiraopreto.sp.gov.br
Terça a sexta, das 9h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h.
Exposição até 25 de junho de 2003.
Bate-papo com os artistas, dia 31 de maio, 10h, no MARP.
 
Espaço Comum
 
Grupo de São Paulo-SP selecionado no Programa Exposições / 2003.

O grupo ocupará o espaço físico do Museu como um laboratório para experimentos artísticos, com obras executadas especialmente para o local.

Formado pelos artistas plásticos Fulvia Molina, Hugo Fortes, João Carlos de Souza, Lynn Carone, Mauro de Souza e Stela Barbieri. Embora com poéticas distintas e sólidas carreiras individuais, o que une esses artistas é o desejo de desenvolver obras específicas para o espaço. Juntos há cerca de três anos, os artistas ocupam agora o Museu de Arte de Ribeirão Preto, desenvolvendo obras especialmente para o local. As poéticas particulares de cada artista tangenciam questões como a apropriação simbólica do lugar, recuperando sua memória ou dialogando com o espaço arquitetônico do museu. Os meios utilizados vão do vídeo e fotografia à escultura e instalação.

Em fevereiro deste ano, os artistas realizaram também uma exposição conjunta em Belo Horizonte, no Centro Cultural da UFMG. Além de promover exposições, o grupo encontra-se periodicamente para debater conceitos relativos ao uso do espaço na arte contemporânea.

 
Programa Exposições / 2003
 
Programa lançado pela Coordenadoria de Artes Plásticas para complementar o calendário de exposições de 2003 nos espaços da Secretaria Municipal da Cultura de Ribeirão Preto. Recebeu inscrições de 134 projetos de artistas brasileiros, dos quais foram selecionados 36 artistas, organizados em 18 exposições. A Comissão de seleção foi composta por Lisette Lagnado (doutoranda em Filosofia pela Universidade de São Paulo, crítica de arte, curadora independente e editora da revista eletrônica "Trópico"), Nilton Campos (Coordenador de Artes Plásticas da Secretaria Municipal de Cultura de Ribeirão Preto) e Sergio Romagnolo (artista plástico).

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Grupo Antropoantro
Alice Grou, Beth Schneider, Lalau Mayrink, Olívia Niemeyer, Silvia Matos
Desenhos

30 de maio, sexta-feira, 20 h

Sílvia Matos Ateliê de Criatividade
Rua Aristides Lobo  1016
Campinas   São Paulo
19-3287-5594
No dia; perfomrmance Traços, em fibra óptica, de Silvia Matos.

A exposição Desenhos, das artistas Alice Grou, Beth Schneider, Lalau Mayrink, Olívia Niemeyer e Sílvia Matos, que acontece no Sílvia Matos Ateliê de Criatividade de Barão Geraldo, nasceu de um workshop proposto por Sílvia Matos. O objetivo de pesquisar e trabalhar o desenho como linguagem autônoma, perseguido por este grupo de artistas, rendeu os trabalhos agora trazidos a público.

Conforme aponta a artista Anésia Pacheco e Chaves em um dos ensaios de seus Cadernos (São Paulo: Árvore da Terra, 1993): "Apesar da sofisticação e virtuosidade de tantos desenhistas através da história, ao pensarmos o desenho não podemos deixar de fazê-lo senão com um olhar lançado a algo primordial: o gesto primeiro da expressão visual, que se projeta a partir do corpo, mas permanece exterior a ele."  No texto, Anésia Pacheco compara o desenho ao que alguns consideram "o primeiro ato artístico" - o fazer xixi de certos bichos - "eles escolhem um determinado lugar, cheiram, viram, reviram e enfim regam, delimitando o seu espaço e muitas vezes sobrepondo-o àquele de outro que veio antes dele. Assim o desenho. Marcar, gravar um lugar escolhido, afirmar uma presença?" O desenho pode, assim, ser visto como indicial.

Anésia Pacheco aponta, no entanto, a existência de uma hierarquia no mundo da arte que desconsidera o fato de grandes artistas terem sido esplêndidos desenhistas: "O desenho está sempre em segundo plano nas bienais, nos museus, nas exposições e salões" sendo considerado "o arcaico da arte" algo menor.

A exposição que agora se abre pretende questionar esse segundo plano atribuído ao desenho. Trabalhando a autonomia da linha, sem compromisso com a representação, com a permanência, agregando-a à pintura e à fotografia ou construindo-a independente, o grupo submete os materiais mais diversos - desde os "tradicionais" lápis, caneta, giz até os "inesperados" gravetos, linhas, arames e até fibra ótica - ao gesto que conversa com o papel, brinca com transparências e espelhos, reorganiza antigas imagens, constrói volumes ou se dissolve no espaço.  As artistas buscam na linguagem autônoma do desenho trazê-lo para o contemporâneo, sem perder de vista, entretanto, sua arcaicidade, sua primordialidade de gesto que se projeta do corpo para existir fora dele, como marca, indício de individualidade e fisicalidade.

Lalau Mayrink

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Carlos Vergara
Viajante

1º de junho a 7 de setembro de 2003

Santander Cultural
Rua 7 de Setembro  1029
Praça da Alfândega   Porto Alegre  RS
Terça a sábado, das 10h às 20h; domingos, das 10h às 18h; segundas, das 12h às 20h.

O projeto Carlos Vergara compreende uma exposição panorâmica dos 40 anos de carreira do artista, o lançamento de um livro com 228 páginas e 150 imagens, um ciclo de encontros e debates coordenado pelo curador e crítico Paulo Sérgio Duarte, e uma oficina nas Missões com dez artistas gaúchos convidados, que resultará em uma instalação, que integrará a megaexposição “Carlos Vergara Viajante”, que terá um caráter panorâmico da trajetória do artista. 

Este arrojado empreendimento marca a filosofia com que o Santander Cultural busca imprimir em sua programação: a escolha de um artista emblemático na arte contemporânea brasileira, com um projeto que permite não só o contato com seus 40 anos de carreira,  como  uma profunda reflexão sobre a arte no Brasil e no mundo, e a interação com a recente produção artística do Rio Grande do Sul.   O projeto Carlos Vergara lança, ainda, as itinerâncias do Santander Cultural, que deixa de ser apenas um espaço privilegiado, de primeiro mundo, e ganha um papel importante na difusão cultural da arte contemporânea brasileira. Além do livro “Vergara”, que terá distribuição nacional, a exposição “Carlos Vergara Viajante” irá ao final de setembro ocupar o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. 

Para Vergara, a oportunidade de iniciar uma exposição deste porte no Rio Grande do Sul, seu Estado de origem, recupera sua certidão de nascimento. Para o Santander Cultural, dar início a esta megaexposição do artista gaúcho em Porto Alegre, reafirma seu compromisso com a arte contemporânea e com a comunidade.

O título da exposição, “Carlos Vergara Viajante”, traz uma feliz coincidência.  Além de simbolizar uma viagem no tempo, através dos seus 40 anos de carreira, e de se referir aos “trabalhos em campo” que o artista gosta de fazer, ao ar livre, buscando pigmentos locais, e, ainda, de revelar um certo “delírio”, uma ousadia não-formal, remete a algumas obras ligadas à aviação.  Carlos Vergara foi o artista vencedor do concurso para realizar um painel sobre o balcão de check-in do novo terminal do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, inaugurado ano passado.  Na década de 70, intensifica seu trabalho com arquitetos, e realiza painéis para lojas, bancos e edifícios públicos. Dentre eles destacam-se os painéis criados para as lojas da Varig em Paris, Cidade do México, Nova York, Miami, Johanesburgo, Madri, Montreal, Genebra e Tóquio.  No Brasil, a loja da companhia em Copacabana (Rua Rodolfo Dantas), no Rio de Janeiro, exibe um belo painel de Vergara, datado dessa época.

“Carlos Vergara Viajante”

Com curadoria de Paulo Sergio Duarte – que acompanha de perto há 25 anos o trabalho do artista – a exposição “Carlos Vergara Viajante” terá 77 obras de médias e grandes dimensões, vindas de acervos de instituições como o MAM do Rio de Janeiro (coleção Gilberto Chateaubriand) e o MAM de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (coleção João Sattamini) e de importantes coleções particulares. Dentre essas destacam-se obras da coleção de Luiz Buarque de Hollanda, de Adolpho Leirner, de Raquel Arnaud e de Ricard Akagawa.

Vergara está refazendo especialmente para esta exposição panorâmica obras dos difíceis e conturbados anos 60, que se perderam no tempo mas ainda hoje são atuais, com forte carga política. Também está trazendo para Porto Alegre a instalação composta por mais de 100 fotografias sobre o carnaval carioca, criada a partir do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, nos anos 70, pinturas dos anos 80, e obras concebidas nas diversas viagens que fez, a partir dos anos 90, da série Viajantes. 

Sobre esta série, Paulo Sergio Duarte afirma: “Plenas na pura visibilidade, satisfeitas na generosidade da escala, deixam, no entanto, presentes os indícios da viagem, dos percursos cujas marcas ele emancipa, pelo trabalho, na forma. É como se, nessas telas, em surdina, por trás da vibração pictórica, soasse uma cosmogonia da terra brasileira, construída pelo direito de olhar do pintor contemporâneo. Um mundo local se infiltra na forma e, insidioso, trai o solilóquio abstrato, contamina sua pretensa pureza para impregná-la com a presença desses fragmentos poéticos do imenso território natural e humano, de mato, bichos, ruas e arquitetura”.

A obra de Carlos Vergara é a própria materialização da versatilidade e riqueza da arte contemporânea produzida no Brasil. Utilizando-se de instalações, novos materiais, fotolinguagem, mas, acima de tudo, pintura, o artista é uma referência. As primeiras telas foram pintadas ainda pelo aluno e discípulo de Iberê Camargo em meados dos anos 60, época em que integrou importantes movimentos da arte brasileira, como a coletiva Pare: Vanguarda Brasileira, organizada por Frederico Morais, e a mostra Opinião 65, organizada por Ceres Franco e Jean Boghici, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ao lado de Hélio Oiticica, organizou a mostra Nova Objetividade Brasileira, que propunha um balanço da vanguarda produzida no país.  Ainda nesta década de ebulição, criou os figurinos e cenários da peça “Jornada de um imbecil até o poema”, de Plínio Marcos, montada pelo grupo Opinião, e funda, ao lado de outros importantes artistas, a Associação Brasileira de Artistas Plásticos.

Na década de 70, com as mudanças políticas impostas pela ditadura militar, muitos artistas saem do país enquanto outros mudam o foco de seu trabalho. Vergara realiza nesta época uma extensa pesquisa sobre o carnaval. E é nesse período que amplia seu trabalho com arquitetos. Em 1978, a Funarte edita o livro “Carlos Vergara”, da coleção Arte Brasileira Contemporânea, com textos de Hélio Oiticica.  

Diversas exposições individuais marcaram os anos 80, década que culminou com uma importante mudança em sua pintura. Vergara passa a trabalhar com pigmentos naturais e minérios a partir dos quais realiza a base para trabalhos em superfícies diversas. Nesta época realiza mostras individuais no Paço Imperial, no Rio, e na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, apresentando telas de grandes dimensões.

O visitante A exposição de Carlos Vergara no Santander Cultural terá um caráter retrospectivo. Logo na entrada do espaço cultural e nas galerias do térreo estarão as obras de grandes formatos, da década de 90 até 2002, a instalação Capela do Morumbi, de 1992 e a instalação FOME, de 1972. O segundo andar será ocupado por um conjunto de pinturas que abrangem a produção do artista nos anos 60, 70 e 80, além das ampliações fotográficas, realizadas a partir da série sobre o bloco carnavalesco Cacique de Ramos. Também poderão ser vistas as antológicas instalações Berço Esplêndido, de 1968, e Empilhamento, de 1969.

Por ocasião da exposição, o Santander Cultural lança o primeiro livro abrangente sobre a obra de Carlos Vergara. Trilingüe (português, espanhol e inglês), com cerca de 240 páginas,  175 imagens de obras e processo de trabalho, o livro cobre o percurso desde os anos 60 até as obras mais recentes. Escrito pelo crítico Paulo Sergio Duarte, ao invés de uma prosaica e banal apresentação cronológica, se estrutura em núcleos de linguagens que permite o leitor entrar em contato com a densidade e a inteligência de todo o processo de criação de Carlos Vergara.

Ciclo de Debates e Oficina

A exemplo de outras mostras já produzidas no Santander Cultural, será realizado o ciclo de debates “O Estatuto da Pintura na Arte Contemporânea”, com a participação de destacados críticos, curadores e historiadores da arte. Serão oito mesas-redondas, de junho a agosto.

Carlos Vergara fará ainda uma oficina de três dias, no final de junho, com dez jovens artistas gaúchos convidados, que, munidos de 600 lenços brancos de bolso,  farão impressões (monotipias) utilizando os pigmentos das ruínas de S.Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul.  Esta oficina, que remete ao santo sudário ou ao véu de Verônica, pretende captar e guardar a memória dos vestígios dessa importantíssima experiência comunitária cristã do século XVII.   Esta atividade resultará em uma instalação, a ser mostrada na exposição em meados de junho.


Viajante

PAULO SERGIO DUARTE

O percurso de quase 40 anos de trabalho de Carlos Vergara está exposto aqui, no Santander Cultural. Ele o viajante, o artista na busca incessante da linguagem adequada para tratar seus diferentes momentos de criação. É verdade que se desloca no espaço: Vergara nasce no Rio Grande do Sul, cedo se muda com a família para São Paulo, para depois fixar residência no Rio de Janeiro, onde convive com seu único mestre, Iberê Camargo. Viaja muito para trabalhar; como se não bastassem os amplos espaços do seu galpão na serra de Friburgo, do seu ateliê no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, o artista dilata esse espaço, vai buscar em diferentes territórios naturais e humanos a matéria-prima indispensável. Gauguin às avessas, Vergara viaja para dentro: cidades históricas de Minas Gerais, o Pantanal no Mato Grosso, extrações gigantescas de minério no Pará, e, em breve, irá à região das Missões, no Rio Grande do Sul.

Viajante maior será o olho atento que perceber as transformações da linguagem nesse percurso. Nos anos 1960, as primeiras pinturas saturadas e expressivas que procuravam traduzir na arte uma aguda visão crítica, a incorporação de uma imagem gráfica urbana com o desenvolvimento de novas técnicas, o mergulho no universo pagão do carnaval carioca. Nos anos 1970, a utilização do papel craft recortado, como medium e, ao mesmo tempo, como suporte. No início dos anos 1980, a redescoberta da pintura, depois de intensa atividade como desenhista e fotógrafo.

Observe-se que, ainda no início dos anos 1970, Vergara começa a realizar trabalhos de arte aplicados à arquitetura, experiência que se prolonga até hoje: é de sua autoria o grande painel, sobre o balcão de check-in do novo terminal do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, escolhido em concurso.

Carlos Vergara trabalha com duas faces da alma – alegria e tristeza, o público e o íntimo –, nas quais, sem dúvida, sua experiência com os grandes espaços arquitetônicos e a necessidade de integrá-los visualmente contribui para enriquecer seu trabalho pictórico. Essa contribuição não aparece como nenhuma incorporação anedótica da arquitetura na pintura, mas como uma inteligente intuição de profundidade conquistada na superfície da tela sem apelo nostálgico à perspectiva, como poderá ser observado nas séries Boca de Forno e Viajantes. Desde o final dos anos 1990, a pintura torna-se mais movimentada, trazendo à superfície certa euforia, as peças noturnas e sombrias são mais raras.

Essa diversificação na obra de um mesmo indivíduo não é novidade na arte contemporânea. A liberalidade diante do uso de diferentes meios – diversas técnicas de pintura, instalações, fotografia, vídeo e outros – e o imperativo da renovação da própria idéia de experiência são alguns dos traços que caracterizam a arte de nosso tempo, depois da diluição e perda de sentido dos paradigmas que a modernidade havia herdado da arte do passado.

É como se o artista estivesse – coerente – repetindo o que disse em 1965: “Procuro uma nova pintura que diga muito, sem ser literária, e não tenho medo de pular para a frente nem de mudar o que penso. Sou, na minha pintura, um homem livre.”

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A História do Fio: Bordado e Costura na Arte Contemporânea
Alighiero Boetti (Itália), Angelo Filomeno (EUA), Carlos Arias (México), Christiane Löhr (Alemanha), Claudia Losi (Itália), Doris Salcedo (Colômbia), Elena del Rivero (Espanha), Elizabeth Aro (Espanha), Eva Marisaldi (Itália), Ezren Shkololli (Kosovo), Francesco Vezzoli (Itália), Ghada Amer (EUA), Hiroko Nakao (Japão), Jim Lambie (Grã-Bretanha), Laura Marchetti (Itália), Laura Matei (Itália), Letizia Cariello (Itália), Maja Bajevic (Bósnia Erzegovina), Maria Lai (Itália), Maurizio Vetrugno (Itália), Michael Raedecker (Holanda), Miiriann Imre (Hungria), Mike Kelley (EUA), Mona Hatoum (Grã-Bretanha), Rainer Ganahl(Áustria), Rosemarie Trockel (Alemanha), Tracey Emin (Grã-Bretanha), Walter Goldfarb (Brasil), Wim Delvoye (Bélgica), Zoe Leonard (EUA)

31 de maio a 31 de agosto de 2003

Museo d'Arte Moderna e Contemporanea di Trento e Rovereto
Corso Bettini 43
Rovereto  
Itália
39-800-39-7760
http://www.mart.tn.it/home_sezione_informarsi.isip#


O recém inaugurado Museo d'Arte Moderna e Contemporanea di Trento e Rovereto, Itália, com projeto arquitetônico de Mario Botta, apresenta a coletiva A história do fio: bordado e costura na arte contemporânea, sob curadoria dos italianos  Francesca Pasini e Giorgio Verzotti.

São 32 artistas de 18 países. Entre eles, um brasileiro: o carioca Walter Goldfarb.

O bordado e a costura - ítens de um fazer antigo e difundido, mas sempre relegado ao trabalho doméstico, à produção artesanal e, sobretudo, à esfera feminina - são atualmente uma técnica expressiva e recorrente na arte.

Uma prática artística inesperada que subsitui o pincel, na busca de suportes e materiais alternativos, e encontra uma conexão com "corte e costura", que se faz normalmente com o computador.

Uma escolha linguística que ultrapassa - assim como aconteceu em importantes experiências anteriores - a barreira que separa os materiais intelectualmente sofisticados daqueles desprezados, propondo uma nova relação entre os sexos - de homens e mulheres - a um sistema de sinais tradicionalmente feminino.

Um meio expressivo que assume "valor" político,  transformando lugares comuns, dando atenção àquilo que normalmente é marginalizado, subvertendo o ritmo da comunicação a que a sociedade moderna está habituada, reavaliando um pensamento intencionalmentente não logocêntrico.

Com essa mostra, pretende-se dar conta desta linguagem agora independente, propondo uma seleção de artistas que na última década, e em todo o mundo, escolheram a agulha e a linha para desenhar suas imagens.

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Ciclo de Palestras - Arte e Literatura: Literatura Contemporânea e Artes Visuais
Élida Tessler
Palavras-Chaves

31 de maio, sábado, das 9h às 12h

Centro Cultural  Erico Verissimo - CEEE
Auditório Barbosa Lessa
Rua dos Andradas 1223
Centro   Porto Alegre
Inscrições:
Loja do MARGS
Praça da Alfândega  s/nº
Centro   Porto Alegre
Valor: R$ 40 (estudantes têm desconto de 50%).

A Fundação Iberê Camargo promove, entre os dias 24 de maio e 2 de agosto de 2003, o ciclo de palestras Arte e Literatura: Literatura Contemporânea e Artes Visuais.
 
Com curadoria do escritor, ensaísta e tradutor Donaldo Schüler, o evento irá reunir em Porto Alegre nomes de peso da teoria e da prática literária e artística.


Élida Tessler
Artista plástica, professora e pesquisadora do Departamento de Artes Visuais e do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Realizou doutorado em História da Arte Contemporânea na Université de Paris I - Panthéon-Sorbonne (França). Fundou, em 1993, juntamente com o artista plástico Jailton Moreira, o Torreão, espaço de produção e pesquisa em arte contemporânea em Porto Alegre, que coordena até hoje. Atualmente é coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS.


Programação:
7 de junho – Paulo Medeiros – Freud e o Moisés de Miguel Ângelo
14 de junho – Maria Esther Maciel – A Memória das Coisas: Arthur Bispo do Rosário à luz de Jorge Luis Borges
21 de junho – Décio Pignatari – Interfaces Entre o Verbal e o Não Verbal
28 de junho – Renata Azevedo Requião – Estesias
12 de julho – Sérgio Medeiros – John Cage: Notas, Palavras e Imagens
19 de julho – Daliana Mirapalhete – A Arte e a Imagem em Osman Lins
26 de julho – Affonso Romano de Sant’Anna – Aporias da Arte Contemporânea
2 de agosto – Donaldo Schüler – Artes Visuais e Literatura, de Homero a Joyce

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Trópico na Pinacoteca
Uma obra de arte pode ter contrapartida social?
Carlos Calil – professor do Departamento de Cinema, TV e Rádio da ECA-USP e diretor do Centro Cultural São Paulo; Yacoff Sarcovas – consultor de patrocínio empresarial e presidente da Articultura; com mediação de Esther Hamburger, editora da revista eletrônica Trópico

31 de maio, sábado, 16h

Pinacoteca do Estado
Praça da Luz  2
São Paulo
11-229-9844
http:/www.uol.com.br/tropico

O próximo encontro de Trópico na Pinacoteca  versa sobre uma questão premente na conjuntura: Uma obra de arte pode ter contrapartida social?

É legítimo que o Estado exija algo em troca do investimento em cultura? Exigir uma contrapartida social implica em intervenção política que necessariamente descaracteriza a obra? Como selecionar e avaliar investimentos públicos em uma área que vem sendo reconhecida como cada vez mais importante?

Ao especular sobre a relação entre investimento público e contrapartida social Trópico na Pinacoteca retoma questões conceituais tratadas em outros encontros, como as relações entre arte e política, ou formas de financiamento de instituições culturais.

O projeto Trópico na Pinacoteca é resultado de uma parceria entre a Pinacoteca do Estado e a revista eletrônica Trópico, do Uol (que tem por objetivo realizar debates mensais sobre temas da atualidade cultural brasileira e internacional, sempre no último sábado de cada mês, às 16h, no auditório do Museu, com entrada gratuita. Um resumo do encontro é editado na revista Trópico após a sua realização.

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Encontro com os representantes do MinC e FUNARTE
Juca Ferreira, secretário-executivo do Ministério da Cultura
Paulo César Miguez, assessor especial do Ministro da Cultura
Antonio Grassi, presidente da FUNARTE
Miriam Brum, diretora do Departamento de Artes da Funarte - RJ

2 de junho, segunda-feira, 19h

Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Rua Jardim Botânico 414
Jardim Botânico   Rio de Janeiro
21-2538-1879 / 2537-7878

Os representantes do MinC e da FUNARTE vêm conversar com os artistas plásticos sobre a reforma que estão promovendo no ministério e ouvir suas reivindicações.

Pontos a serem abordados:
 
1. Reconstrução, valorização e representatividade da FUNARTE.
 
2. Trazer a coordenação das galerias brasileiras no exterior, hoje a cargo das embaixadas, para a FUNARTE.
 
3. Política de formação de acervo e manutenção das instituições.
 
4. O governo e a natureza experimental e mutante da arte contemporânea e a utilização de novas mídias.
 
5. Como medir a contrapartida social em relação às artes visuais? A formação de público.
 
6. Leis de incentivo que promovam o aumento de mercado e de público.
 
7. A dicotomia entre a lei e a natureza mutante da arte contemporânea. Como lidar com uma forma de criação que é somente contemporânea, que é pensamento vivo? O papel do museu e da instituição na preservação da história da arte e na promoção da produção contemporânea.

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