|
AP/MG/RJ/RS/SP/Itália Carlos Vergara no Santander Cultural / Espaço Comum no MARP ANO 3 N. 66 / 30 de maio de 2003
NESTA EDIÇÃO:
Lançamento Jornal
INCLASSIFICADOS, Rio de Janeiro e Belo Horizonte HOJE
Graça Andritson e Wilson Silva na Antônio Munhoz Lopes,
Macapá HOJE
Espaço
Comum no MARP, Ribeirão Preto HOJE
Grupo
Antropoantro no Sílvia Matos, Campinas HOJE
Carlos
Vergara no Santander Cultural, Porto Alegre
A
História do Fio: Bordado e Costura na Arte Contemporânea, Itália
Arte e Literatura, Élida Tessler fala no CEEE, Porto
Alegre
Uma obra de arte pode ter contrapartida social? no Trópico na
Pinacoteca,
São Paulo
Encontro com os representantes do Ministério da Cultura e
FUNARTE no Parque Lage, Rio de Janeiro
Carlos Mélo
Lançamento simultâneo
Jornal INCLASSIFICADOS
Alexandre Vogler (Rio de
Janeiro), André Amaral (Rio de Janeiro), André Santangelo (Brasília),
Atrocidades Maravilhosas (Brasil), Canal Contemporâneo (Brasil), Carlos
Borges (Rio de Janeiro), Carlos Mélo (Recife), Chang Chi Chai (Rio de
Janeiro), Daniela Mattos (Rio de Janeiro), Fabiano Gonper (Paraíba),
Felipe Barbosa (Rio de Janeiro), Fernanda Lopes (Rio de Janeiro),
Fernando Baena (Madri), Franz Manata (Rio de Janeiro), Frederico Câmara
(Alemanha), Guilherme Bueno (Rio de Janeiro), Inclassificados 0 (Brasil
/ exterior), Jacqueline Belotti (Rio de Janeiro), Jhone Mariano (Rio
de Janeiro), Jorge Macchi (Argentina), Jorge Menna Barreto (Porto
Alegre), Júnior Almeida (Londrina), Leonardo Videla
(Rio de Janeiro), Lina Kim (São Paulo), Linha Imaginária (Brasil), Love
Enqvist (Suécia), Luciano Vinhosa (Canadá), Luis Andrade (Rio de
Janeiro), Marcelo Campos (Rio de Janeiro), Marcus Vinícius de Paula
(Rio de Janeiro), Marília Panitz (Brasília), Marisa Florido (Rio de
Janeiro), Marta Neves (Belo Horizonte), Mônica Rubinho (São Paulo),
Narda Fabiola Alvarado (Bolívia), Neno del Castillo (Rio de Janeiro),
Nicholas Martins (Rio de Janeiro), Paola Parcerisa (Paraguai),
Patricia Canetti (Rio de Janeiro), Paulo R.O. Reis (Curitiba), Rachel
Korman (Rio de Janeiro), Rejeitados (Brasil), Roosivelt Pinheiro (Rio
de Janeiro), Rosana Ricalde (Rio de Janeiro), Sidney Philocreon (São
Paulo), Sonia Salcedo (Rio de Janeiro).
Projeção de vídeos e música com DJ Amaral
Alexandre Vogler, André
Amaral, Atrocidades Maravilhosas, Carlos Borges, Chang Chi Chai,
Daniela Mattos, Felipe Barbosa, Fernando Baena, Giordani Maia, Graziela
Kunsch, Isabela Pucú, Luis Andrade, Radial, Rosana Ricalde, Salmo Dansa.
30 de maio,
sexta-feira, 19h às 24h
Teatro SESC
Ginástico
Av.Graça Aranha
197
Centro Rio de
Janeiro
Edição e
coordenação: Rosana Ricalde e Felipe Barbosa inclassificados@yahoo.com.br
Patrocínio: SESC
Rio
Casa de Passagem
Rua Herval 695
altos
Serra Belo
Horizonte MG
Contatos: Jared
Domício: jareddomicio2@ig.com.br
casadepassagem@terra.com.br
Jornal INCLASSIFICADOS
Tiragem 10.000 exemplares
32 páginas
Distribuição gratuita
Instituições que se interessarem em distribuir o Jornal INCLASSIFICADOS, entrar em contato com Rosana Ricalde e Felipe Barbosa pelo tel 21-2224-2737 ou inclassificados@yahoo.com.br
Como uma primeira ocupação do Teatro SESC Ginástico, espaço ainda em
reforma, mas que em breve será aberto ao público carioca, estaremos
realizando uma festa de lançamento do Jornal Inclassificados, jornal
que surgiu de uma postura crítica diante dos jornais, que cada vez se
assemelham mais a um grande caderno de classificados, evocando também o
sistema vigente nas artes, onde estamos quase sempre a mercê de
classificações ou de inclassificações....Propomos então um espaço de
ação e divulgação de idéias. Realizamos paralelamente ao jornal uma
exposição itinerante por 4 unidades do SESC Rio no interior do estado,
com a participação de 12 artistas.
Esta 1ª edição é parte integrante do Projeto INCLASSIFICADOS, que tem
por objetivo reunir as pessoas que atuam no circuito das artes visuais,
ampliando o diálogo entre os seus diversos segmentos, fomentando a
interlocução entre os extremos do país, estabelecendo um espaço não
hierarquizado de discussão e descentralizando o sistema de arte.
Para isto, contamos com a colaboração de artistas, historiadores,
professores, críticos e curadores, brasileiros e estrangeiros, que aqui
apresentam as suas propostas, sendo cada um inteiramente responsável
pelo seu espaço.
O jornal está sendo distribuído em pontos estratégicos do país e
do exterior, contribuindo para a instauração de uma rede de circulação
de informações. Nossa ambição é nos próximos números abranger
colaboradores de outros campos do conhecimento e de outras localidades.
Tivemos apoio do SESC Rio para a realização da exposição e do Jornal
Inclassificados.
O Projeto INCLASSIFICADOS
é coordenado pelos artistas
Rosana Ricalde e Felipe Barbosa.
Os Inclassificados
Ao longo dos anos, o SESC Rio vem atuando como pólo irradiador de
cultura tanto no sentido tradicional de divulgação dos trabalhos
consagrados e de formação do olhar crítico do público em vários campos
das artes plásticas, quanto no sentido de produção do conhecimento.
De fato, há muito as artes plásticas ultrapassaram a concepção de que
as obras devem ter sobretudo uma função estética na qual seria
admissível a discussão de questões específicas. Hoje uma obra de arte
interage não apenas com o ambiente em que é exposta, mas com o público,
a cidade e todos os demais elementos que formam a complexa teia da
contemporaneidade.
Isto não só alterou o conceito de valor, desvinculando-o do objeto em
si, e modificou o conceito de espaço, transformado em parte integrante
das exposições. Expandiu o espectro de atuação do artista para muito
além dos limites tradicionais, incorporando questões das mais
diferentes áreas e profissões, substituindo a verticalidade anterior
por uma horizontalidade que o mercado tem encontrado dificuldade em
reconhecer e assimilar, o que com relativa freqüência fecha as portas
aos que arriscam encontrar novos caminhos e possibilidades.
Ao apresentar a exposição dos Inclassificados e apoiar a edição do
Jornal, o SESC Rio mais uma vez insere-se no cenário das artes
plásticas fluminenses não apenas para abrir espaço a estes novos
artistas, cuja
diversidade de temas e materiais reproduz a complexidade contemporânea,
mas com o objetivo de investigar e trazer à luz as atuais formas e
discussões
estéticas, as produções de diferentes estilos e grupos sociais,
contribuindo
para o debate sobre a elaboração de uma nova política cultural.
SESC Rio
Mergulho Na Superfície (*)
MARISA FLÓRIDO CÉSAR
MARCUS VINICIUS DE PAULA
“...Uma das primeiras medidas da reforma gráfica do Jornal do Brasil,
realizada por Amílcar de Castro e Reynaldo Jardim no final dos anos
50, foi a gradativa expulsão dos classificados que dominavam a primeira
página do primeiro caderno. A venda explícita de mercadorias foi sendo
relegada ao caderno de classificados, hoje, o apêndice bastardo de
qualquer grande jornal. A mercadoria manifesta foi substituída pela
dissimulada: muito mais sedutora e imaculada, a informação se disfarça
na aparência de uma dádiva generosa.
Com os classificados deixados à margem sob o controle do jornal,
seu caderno é underground em relação ao sistema de cadernos (como o
primeiro, o de economia, o caderno cultural) em que se insere. Todo
marginal só
o é em relação a um poder do qual se torna o modelo do Outro. E o
Outro
é aquele que expõe ao Mesmo sua face indesejada no espelho.
Ao assumir-se como Inclassificados, e não como um caderno cultural,
este jornal e esta exposição explicitam que a ambigüidade do seu nome
– in como inserção e negação – é inerente à condição contemporânea:
fazemos parte da lógica de mercado, da industria da informação e do
espetáculo, ainda que desejemos vazar suas classificações
simplificadoras. Resta-nos a interrogação: Como respirar em suas
frestas?
O Inclassificados retira o classificado de seu contexto e do sistema
que o aprisiona para ressimbolizá-lo. Experimenta assim liberar o
fragmento, sem recuperá-lo em uma totalidade controlada, mas desejando
tecer uma
rede aberta e não hierarquizada. Uma rede polifônica composta de muitas
teias, entrelaçada por camadas profundas e diversas.Uma rede de trocas
em que várias vozes são convidadas a falar, cada uma com seu ponto de
vista,
cada qual em seu nome. Uma rede onde todos possam dialogar e cada um
construa seu percurso de significação. Uma rede que minimize as
distâncias, que
nos parecem intransponíveis, entre as muitas realidades do mundo, entre
a arte e seu público, entre aquele que fala e o outro que o escuta. Uma
rede que alcance as brutalidades e as delícias do dia-a-dia: que o
jornal
também se aliene das falas, embrulhe o peixe da sexta, cubra o amor dos
mendigos - “um pouco jogado fora, um pouco sábio demais”, como na
canção.
Todos são bem-vindos a tecer os laços desta rede e os rumos desta
prosa.
”
*o texto na integra, se encontra no Jornal Inclassificados.
O INCLASSIFICADOS será lançado em São Paulo e em Recife no mês de junho:
Centro de Contra Cultura
Rua Nakaya 50, Vila Mariana, São Paulo
Contato: Graziela Kunsch: editorapressa@uol.com.br
Instituto de Cultura - Fundação Joaquim Nabuco
Rua Henrique Dias 609, Derby
Av. Dezessete de Agosto 2187, Casa Forte
Recife PE
Contato: Cristiana Tejo, coordenadora de artes plásticas: cristejo@fundaj.gov.br / artes@fundaj.gov.br
volta ao topo
Graça Andritson
Wilson Silva
Dimensões
30 de maio, sexta-feira, 20h
SESC Amapá - Galeria Antônio Munhoz Lopes
Centro de Atividades Araxá
Rua Jovino Dinoá 4311
Beirol Macapá AP
Diariamente, das 9h às 12h e 15h às 19h.
Exposição até 26 de junho de 2003.
volta ao topo
Espaço Comum
Fulvia Molina, Hugo Fortes,
João Carlos de Souza, Lynn Carone, Mauro de Souza, Stela Barbieri
30 de maio,
sexta-feira, 20h30
Museu de Arte de
Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi
Rua Barão do
Amazonas 323
Ribeirão Preto
SP
16-610-2773
marp.cultura@ribeiraopreto.sp.gov.br
http://www.marp.ribeiraopreto.sp.gov.br
Terça a sexta,
das 9h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h.
Exposição até 25
de junho de 2003.
Bate-papo com os
artistas, dia 31 de maio, 10h, no MARP.
Espaço Comum
Grupo de São Paulo-SP selecionado no Programa Exposições / 2003.
O grupo ocupará o espaço físico do Museu como um laboratório para
experimentos artísticos, com obras executadas especialmente para o
local.
Formado pelos artistas plásticos Fulvia Molina, Hugo Fortes, João
Carlos de Souza, Lynn Carone, Mauro de Souza e Stela Barbieri. Embora
com
poéticas distintas e sólidas carreiras individuais, o que une esses
artistas
é o desejo de desenvolver obras específicas para o espaço. Juntos há
cerca
de três anos, os artistas ocupam agora o Museu de Arte de Ribeirão
Preto,
desenvolvendo obras especialmente para o local. As poéticas
particulares de cada artista tangenciam questões como a apropriação
simbólica do lugar, recuperando sua memória ou dialogando com o espaço
arquitetônico do museu. Os meios utilizados vão do vídeo e fotografia à
escultura e instalação.
Em fevereiro deste ano, os artistas realizaram também uma exposição
conjunta em Belo Horizonte, no Centro Cultural da UFMG. Além de
promover exposições, o grupo encontra-se periodicamente para debater
conceitos relativos ao uso do espaço na arte contemporânea.
Programa Exposições / 2003
Programa lançado pela Coordenadoria de Artes Plásticas para
complementar o calendário de exposições de 2003 nos espaços da
Secretaria Municipal da Cultura de Ribeirão Preto. Recebeu inscrições
de 134 projetos de artistas brasileiros, dos quais foram selecionados
36 artistas, organizados em
18 exposições. A Comissão de seleção foi composta por Lisette Lagnado
(doutoranda em Filosofia pela Universidade de São Paulo, crítica de
arte, curadora
independente e editora da revista eletrônica "Trópico"), Nilton Campos
(Coordenador de Artes Plásticas da Secretaria Municipal de Cultura de
Ribeirão
Preto) e Sergio Romagnolo (artista plástico).
volta ao topo
Grupo Antropoantro
Alice Grou, Beth
Schneider, Lalau Mayrink, Olívia Niemeyer, Silvia Matos
Desenhos
30 de maio, sexta-feira,
20 h
Sílvia Matos
Ateliê de Criatividade
Rua Aristides
Lobo 1016
Campinas
São Paulo
19-3287-5594
No dia;
perfomrmance Traços, em fibra óptica, de Silvia Matos.
A exposição Desenhos,
das artistas Alice Grou, Beth Schneider, Lalau Mayrink, Olívia Niemeyer
e Sílvia Matos, que acontece no Sílvia Matos Ateliê de Criatividade de
Barão Geraldo, nasceu de um workshop proposto por Sílvia Matos. O
objetivo
de pesquisar e trabalhar o desenho como linguagem autônoma, perseguido
por este grupo de artistas, rendeu os trabalhos agora trazidos a
público.
Conforme aponta a artista Anésia Pacheco e Chaves em um dos ensaios de
seus Cadernos (São Paulo: Árvore da Terra, 1993): "Apesar da
sofisticação e virtuosidade de tantos desenhistas através da história,
ao pensarmos o desenho não podemos deixar de fazê-lo senão com um olhar
lançado a algo primordial: o gesto primeiro da expressão visual, que se
projeta a partir do corpo, mas permanece exterior a ele." No texto,
Anésia Pacheco compara o desenho ao que alguns consideram "o primeiro
ato artístico" - o fazer xixi de certos bichos - "eles escolhem um
determinado lugar, cheiram, viram, reviram e enfim regam, delimitando o
seu espaço e muitas vezes sobrepondo-o àquele de outro que veio antes
dele. Assim o desenho. Marcar, gravar um
lugar escolhido, afirmar uma presença?" O desenho pode, assim, ser
visto
como indicial.
Anésia Pacheco aponta, no entanto, a existência de uma hierarquia no
mundo da arte que desconsidera o fato de grandes artistas terem sido
esplêndidos desenhistas: "O desenho está sempre em segundo plano nas
bienais, nos museus, nas exposições e salões" sendo considerado "o
arcaico da arte" algo menor.
A exposição que agora se abre pretende questionar esse segundo plano
atribuído ao desenho. Trabalhando a autonomia da linha, sem compromisso
com a representação, com a permanência, agregando-a à pintura e à
fotografia ou construindo-a independente, o grupo submete os materiais
mais diversos - desde os "tradicionais" lápis, caneta, giz até os
"inesperados" gravetos, linhas, arames e até fibra ótica - ao gesto que
conversa com o papel,
brinca com transparências e espelhos, reorganiza antigas imagens,
constrói
volumes ou se dissolve no espaço. As artistas buscam na linguagem
autônoma
do desenho trazê-lo para o contemporâneo, sem perder de vista,
entretanto,
sua arcaicidade, sua primordialidade de gesto que se projeta do corpo
para
existir fora dele, como marca, indício de individualidade e
fisicalidade.
Lalau
Mayrink
volta ao topo
Carlos Vergara
Viajante
1º de junho a 7 de setembro de
2003
Santander Cultural
Rua 7 de Setembro 1029
Praça da Alfândega Porto Alegre
RS
Terça a sábado, das 10h às
20h; domingos, das 10h às 18h; segundas, das 12h às 20h.
O projeto Carlos
Vergara compreende uma exposição panorâmica dos 40 anos de carreira
do
artista, o lançamento de um livro com 228 páginas e 150 imagens, um
ciclo de encontros e debates coordenado pelo curador e crítico Paulo
Sérgio Duarte, e uma oficina nas Missões com dez artistas gaúchos
convidados, que resultará em uma instalação, que integrará a
megaexposição “Carlos Vergara Viajante”, que terá um caráter panorâmico
da trajetória do artista.
Este arrojado empreendimento marca a filosofia com que o Santander
Cultural busca imprimir em sua programação: a escolha de um artista
emblemático na arte contemporânea brasileira, com um projeto que
permite não só o contato com seus 40 anos de carreira, como uma
profunda reflexão sobre a arte no Brasil e no mundo, e a interação com
a recente produção artística do Rio
Grande do Sul. O projeto Carlos Vergara lança, ainda, as itinerâncias
do
Santander Cultural, que deixa de ser apenas um espaço privilegiado, de
primeiro
mundo, e ganha um papel importante na difusão cultural da arte
contemporânea brasileira. Além do livro “Vergara”, que terá
distribuição nacional, a exposição “Carlos Vergara Viajante” irá ao
final de setembro ocupar o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
Para Vergara, a oportunidade de iniciar uma exposição deste porte no
Rio Grande do Sul, seu Estado de origem, recupera sua certidão de
nascimento. Para o Santander Cultural, dar início a esta megaexposição
do artista gaúcho em Porto Alegre, reafirma seu compromisso com a arte
contemporânea e com a comunidade.
O título da exposição, “Carlos Vergara Viajante”, traz uma feliz
coincidência. Além de simbolizar uma viagem no tempo, através dos seus
40 anos de carreira, e de se referir aos “trabalhos em campo” que o
artista gosta de fazer, ao ar livre, buscando pigmentos locais, e,
ainda, de revelar um certo “delírio”, uma ousadia não-formal, remete a
algumas obras ligadas à aviação. Carlos Vergara foi o artista vencedor
do concurso para realizar um painel sobre o balcão de check-in do novo
terminal do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre,
inaugurado ano passado. Na década de 70, intensifica seu trabalho com
arquitetos, e realiza painéis para lojas, bancos e edifícios públicos.
Dentre eles destacam-se os painéis criados para as lojas da Varig em
Paris, Cidade do México, Nova York, Miami, Johanesburgo, Madri,
Montreal, Genebra e Tóquio. No Brasil, a loja da companhia em
Copacabana (Rua Rodolfo Dantas), no Rio de Janeiro, exibe um belo
painel de Vergara, datado dessa época.
“Carlos Vergara Viajante”
Com curadoria de Paulo Sergio Duarte – que acompanha de perto há 25
anos o trabalho do artista – a exposição “Carlos Vergara Viajante” terá
77 obras de médias e grandes dimensões, vindas de acervos de
instituições
como o MAM do Rio de Janeiro (coleção Gilberto Chateaubriand) e o MAM
de
São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (coleção João
Sattamini)
e de importantes coleções particulares. Dentre essas destacam-se obras
da coleção de Luiz Buarque de Hollanda, de Adolpho Leirner, de Raquel
Arnaud
e de Ricard Akagawa.
Vergara está refazendo especialmente para esta exposição panorâmica
obras dos difíceis e conturbados anos 60, que se perderam no tempo mas
ainda hoje são atuais, com forte carga política. Também está trazendo
para
Porto Alegre a instalação composta por mais de 100 fotografias sobre o
carnaval carioca, criada a partir do bloco carnavalesco Cacique de
Ramos,
nos anos 70, pinturas dos anos 80, e obras concebidas nas diversas
viagens
que fez, a partir dos anos 90, da série Viajantes.
Sobre esta série, Paulo Sergio Duarte afirma: “Plenas na pura
visibilidade, satisfeitas na generosidade da escala, deixam, no
entanto, presentes os indícios da viagem, dos percursos cujas marcas
ele emancipa, pelo trabalho, na forma. É como se, nessas telas, em
surdina, por trás da vibração pictórica, soasse uma cosmogonia da terra
brasileira, construída pelo direito de olhar do pintor contemporâneo.
Um mundo local se infiltra na forma e, insidioso, trai o solilóquio
abstrato, contamina sua pretensa pureza para impregná-la com a presença
desses fragmentos poéticos do imenso território natural e humano, de
mato, bichos, ruas e arquitetura”.
A obra de Carlos Vergara é a própria materialização da versatilidade e
riqueza da arte contemporânea produzida no Brasil. Utilizando-se de
instalações, novos materiais, fotolinguagem, mas, acima de tudo,
pintura, o artista é uma referência. As primeiras telas foram pintadas
ainda pelo aluno e discípulo de Iberê Camargo em meados dos anos 60,
época em que integrou importantes movimentos da arte brasileira, como a
coletiva Pare: Vanguarda Brasileira, organizada por Frederico Morais, e
a mostra Opinião 65, organizada por Ceres Franco e Jean Boghici, no
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ao lado de Hélio Oiticica,
organizou a mostra Nova Objetividade Brasileira, que propunha um
balanço da vanguarda produzida no país. Ainda nesta década de
ebulição, criou os figurinos e cenários da peça “Jornada de um imbecil
até o poema”, de Plínio Marcos, montada pelo grupo Opinião, e funda, ao
lado de outros
importantes artistas, a Associação Brasileira de Artistas Plásticos.
Na década de 70, com as mudanças políticas impostas pela ditadura
militar, muitos artistas saem do país enquanto outros mudam o foco de
seu trabalho. Vergara realiza nesta época uma extensa pesquisa sobre o
carnaval. E é nesse período que amplia seu trabalho com arquitetos. Em
1978, a Funarte edita o livro “Carlos Vergara”, da coleção Arte
Brasileira Contemporânea, com
textos de Hélio Oiticica.
Diversas exposições individuais marcaram os anos 80, década que
culminou com uma importante mudança em sua pintura. Vergara passa a
trabalhar com pigmentos naturais e minérios a partir dos quais realiza
a base para trabalhos em superfícies diversas. Nesta época realiza
mostras individuais no Paço Imperial, no Rio, e na Fundação Calouste
Gulbenkian, em Lisboa, apresentando telas de grandes dimensões.
O visitante A exposição de Carlos Vergara no Santander Cultural terá um
caráter retrospectivo. Logo na entrada do espaço cultural e nas
galerias do térreo estarão as obras de grandes formatos, da década de
90 até 2002, a instalação Capela do Morumbi, de 1992 e a instalação
FOME, de 1972. O
segundo andar será ocupado por um conjunto de pinturas que abrangem a
produção
do artista nos anos 60, 70 e 80, além das ampliações fotográficas,
realizadas a partir da série sobre o bloco carnavalesco Cacique de
Ramos. Também poderão ser vistas as antológicas instalações Berço
Esplêndido, de 1968, e Empilhamento, de 1969.
Por ocasião da exposição, o Santander Cultural lança o primeiro livro
abrangente sobre a obra de Carlos Vergara. Trilingüe (português,
espanhol e inglês), com cerca de 240 páginas, 175 imagens de obras e
processo de trabalho, o livro cobre o percurso desde os anos 60 até as
obras mais recentes. Escrito pelo crítico Paulo Sergio Duarte, ao invés
de uma prosaica e banal apresentação cronológica, se estrutura em
núcleos de linguagens que permite o leitor entrar em contato com a
densidade e a inteligência de todo o processo de criação de Carlos
Vergara.
Ciclo de Debates e Oficina
A exemplo de outras mostras já produzidas no Santander Cultural, será
realizado o ciclo de debates “O Estatuto da Pintura na Arte
Contemporânea”, com a participação de destacados críticos, curadores e
historiadores da
arte. Serão oito mesas-redondas, de junho a agosto.
Carlos Vergara fará ainda uma oficina de três dias, no final de junho,
com dez jovens artistas gaúchos convidados, que, munidos de 600 lenços
brancos de bolso, farão impressões (monotipias) utilizando os
pigmentos das ruínas de S.Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul.
Esta oficina, que remete ao santo sudário ou ao véu de Verônica,
pretende captar e guardar a memória dos vestígios dessa importantíssima
experiência comunitária cristã do século XVII. Esta atividade
resultará em uma instalação, a ser mostrada na exposição em meados de
junho.
Viajante
PAULO SERGIO DUARTE
O percurso de quase 40 anos de trabalho de Carlos Vergara está exposto
aqui, no Santander Cultural. Ele o viajante, o artista na busca
incessante
da linguagem adequada para tratar seus diferentes momentos de criação.
É
verdade que se desloca no espaço: Vergara nasce no Rio Grande do Sul,
cedo
se muda com a família para São Paulo, para depois fixar residência no
Rio
de Janeiro, onde convive com seu único mestre, Iberê Camargo. Viaja
muito
para trabalhar; como se não bastassem os amplos espaços do seu galpão
na
serra de Friburgo, do seu ateliê no bairro de Santa Teresa, no Rio de
Janeiro,
o artista dilata esse espaço, vai buscar em diferentes territórios
naturais
e humanos a matéria-prima indispensável. Gauguin às avessas, Vergara
viaja
para dentro: cidades históricas de Minas Gerais, o Pantanal no Mato
Grosso,
extrações gigantescas de minério no Pará, e, em breve, irá à região das
Missões, no Rio Grande do Sul.
Viajante maior será o olho atento que perceber as transformações da
linguagem nesse percurso. Nos anos 1960, as primeiras pinturas
saturadas e expressivas que procuravam traduzir na arte uma aguda visão
crítica, a incorporação
de uma imagem gráfica urbana com o desenvolvimento de novas técnicas, o
mergulho no universo pagão do carnaval carioca. Nos anos 1970, a
utilização
do papel craft recortado, como medium e, ao mesmo tempo, como suporte.
No
início dos anos 1980, a redescoberta da pintura, depois de intensa
atividade
como desenhista e fotógrafo.
Observe-se que, ainda no início dos anos 1970, Vergara começa a
realizar trabalhos de arte aplicados à arquitetura, experiência que se
prolonga até hoje: é de sua autoria o grande painel, sobre o balcão de
check-in do novo terminal do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em
Porto Alegre, escolhido em concurso.
Carlos Vergara trabalha com duas faces da alma – alegria e tristeza, o
público e o íntimo –, nas quais, sem dúvida, sua experiência com os
grandes
espaços arquitetônicos e a necessidade de integrá-los visualmente
contribui
para enriquecer seu trabalho pictórico. Essa contribuição não aparece
como
nenhuma incorporação anedótica da arquitetura na pintura, mas como uma
inteligente
intuição de profundidade conquistada na superfície da tela sem apelo
nostálgico
à perspectiva, como poderá ser observado nas séries Boca de Forno e
Viajantes.
Desde o final dos anos 1990, a pintura torna-se mais movimentada,
trazendo
à superfície certa euforia, as peças noturnas e sombrias são mais raras.
Essa diversificação na obra de um mesmo indivíduo não é novidade na
arte contemporânea. A liberalidade diante do uso de diferentes meios –
diversas técnicas de pintura, instalações, fotografia, vídeo e outros –
e o imperativo da renovação da própria idéia de experiência são alguns
dos traços que caracterizam a arte de nosso tempo, depois da diluição e
perda de sentido dos paradigmas que a modernidade havia herdado da arte
do passado.
É como se o artista estivesse – coerente – repetindo o que disse em
1965: “Procuro uma nova pintura que diga muito, sem ser literária, e
não tenho
medo de pular para a frente nem de mudar o que penso. Sou, na minha
pintura,
um homem livre.”
volta ao topo
A História do Fio: Bordado e Costura na Arte Contemporânea
Alighiero Boetti
(Itália), Angelo Filomeno (EUA), Carlos Arias (México), Christiane Löhr
(Alemanha), Claudia Losi (Itália), Doris Salcedo (Colômbia),
Elena del Rivero (Espanha), Elizabeth Aro (Espanha), Eva Marisaldi
(Itália), Ezren Shkololli (Kosovo), Francesco Vezzoli (Itália), Ghada
Amer (EUA), Hiroko Nakao (Japão), Jim Lambie (Grã-Bretanha), Laura
Marchetti (Itália), Laura Matei (Itália), Letizia
Cariello (Itália), Maja Bajevic (Bósnia Erzegovina), Maria Lai
(Itália), Maurizio Vetrugno (Itália), Michael Raedecker (Holanda),
Miiriann Imre (Hungria), Mike Kelley (EUA), Mona Hatoum (Grã-Bretanha),
Rainer Ganahl(Áustria), Rosemarie Trockel (Alemanha), Tracey Emin
(Grã-Bretanha), Walter Goldfarb (Brasil), Wim Delvoye
(Bélgica), Zoe Leonard
(EUA)
31 de maio a
31 de agosto de 2003
Museo d'Arte
Moderna e Contemporanea di Trento e Rovereto
Corso Bettini 43
Rovereto Itália
39-800-39-7760
http://www.mart.tn.it/home_sezione_informarsi.isip#
O recém inaugurado Museo d'Arte Moderna e Contemporanea di Trento e
Rovereto, Itália, com projeto arquitetônico de Mario Botta, apresenta a
coletiva A história do fio: bordado e costura na arte contemporânea,
sob curadoria dos italianos Francesca Pasini e Giorgio Verzotti.
São 32 artistas de 18 países. Entre eles, um brasileiro: o carioca Walter
Goldfarb.
O bordado e a costura - ítens de um fazer antigo e difundido, mas
sempre relegado ao trabalho doméstico, à produção artesanal e,
sobretudo, à esfera feminina - são atualmente uma técnica expressiva e
recorrente na arte.
Uma prática artística inesperada que subsitui o pincel, na busca
de suportes e materiais alternativos, e encontra uma conexão com "corte
e costura", que se faz normalmente com o computador.
Uma escolha linguística que ultrapassa - assim como aconteceu em
importantes experiências anteriores - a barreira que separa os
materiais
intelectualmente sofisticados daqueles desprezados, propondo uma nova
relação entre os sexos - de homens e mulheres - a um sistema de sinais
tradicionalmente feminino.
Um meio expressivo que assume "valor" político, transformando lugares
comuns, dando atenção àquilo que normalmente é marginalizado,
subvertendo o ritmo da comunicação a que a sociedade moderna está
habituada, reavaliando um pensamento intencionalmentente não
logocêntrico.
Com essa mostra, pretende-se dar conta desta linguagem agora
independente, propondo uma seleção de artistas que na última década, e
em todo o mundo, escolheram a agulha e a linha para desenhar suas
imagens.
volta ao topo
Ciclo de Palestras - Arte e Literatura: Literatura Contemporânea e Artes Visuais
Élida Tessler
Palavras-Chaves
31 de maio, sábado, das 9h às 12h
Centro Cultural Erico Verissimo - CEEE
Auditório Barbosa Lessa
Rua dos Andradas 1223
Centro Porto Alegre
Inscrições:
Loja do MARGS
Praça da Alfândega s/nº
Centro Porto Alegre
Valor: R$ 40 (estudantes têm desconto de 50%).
A Fundação Iberê Camargo promove, entre os dias 24 de maio e 2 de
agosto de 2003, o ciclo de palestras Arte e Literatura: Literatura
Contemporânea e Artes Visuais.
Com curadoria do escritor, ensaísta e tradutor Donaldo Schüler, o
evento irá reunir em Porto Alegre nomes de peso da teoria e da prática
literária e artística.
Élida Tessler
Artista plástica, professora e pesquisadora do Departamento de Artes
Visuais e do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto
de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Realizou
doutorado em História da Arte Contemporânea na Université de Paris I -
Panthéon-Sorbonne (França). Fundou, em 1993, juntamente com o artista
plástico
Jailton Moreira, o Torreão, espaço de produção e pesquisa em arte
contemporânea
em Porto Alegre, que coordena até hoje. Atualmente é coordenadora do
Programa
de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS.
Programação:
7 de junho – Paulo Medeiros – Freud e o Moisés de Miguel Ângelo
14 de junho – Maria Esther Maciel – A Memória das Coisas: Arthur
Bispo do Rosário à luz de Jorge Luis Borges
21 de junho – Décio Pignatari – Interfaces Entre o Verbal e o Não Verbal
28 de junho – Renata Azevedo Requião – Estesias
12 de julho – Sérgio Medeiros – John Cage: Notas, Palavras e Imagens
19 de julho – Daliana Mirapalhete – A Arte e a Imagem em Osman Lins
26 de julho – Affonso Romano de Sant’Anna – Aporias da Arte
Contemporânea
2 de agosto – Donaldo Schüler – Artes Visuais e Literatura, de Homero a
Joyce
volta ao topo
Trópico na Pinacoteca
Uma obra de arte pode ter contrapartida social?
Carlos Calil –
professor do Departamento de Cinema, TV e Rádio da ECA-USP e diretor do
Centro Cultural São Paulo; Yacoff Sarcovas – consultor de
patrocínio empresarial e presidente da Articultura; com mediação de Esther
Hamburger, editora da revista eletrônica Trópico
31 de maio,
sábado, 16h
Pinacoteca do
Estado
Praça da Luz 2
São Paulo
11-229-9844
http:/www.uol.com.br/tropico
O próximo encontro de Trópico na Pinacoteca versa sobre uma questão
premente na conjuntura: Uma obra de arte pode ter contrapartida social?
É legítimo que o Estado exija algo em troca do investimento em cultura?
Exigir uma contrapartida social implica em intervenção política que
necessariamente descaracteriza a obra? Como selecionar e avaliar
investimentos públicos em uma área que vem sendo reconhecida como cada
vez mais importante?
Ao especular sobre a relação entre investimento público e contrapartida
social Trópico na Pinacoteca retoma questões conceituais tratadas em
outros encontros, como as relações entre arte e política, ou formas de
financiamento de instituições culturais.
O projeto Trópico na Pinacoteca é resultado de uma parceria entre
a Pinacoteca do Estado e a revista eletrônica Trópico, do Uol (que tem
por objetivo realizar debates mensais sobre temas da atualidade
cultural
brasileira e internacional, sempre no último sábado de cada mês, às
16h,
no auditório do Museu, com entrada gratuita. Um resumo do encontro é
editado
na revista Trópico após a sua realização.
volta ao topo
Encontro com os representantes do MinC e FUNARTE
Juca Ferreira, secretário-executivo do Ministério da Cultura
Paulo César Miguez, assessor especial do Ministro da Cultura
Antonio Grassi, presidente da FUNARTE
Miriam Brum, diretora do Departamento de Artes da Funarte - RJ
2 de junho,
segunda-feira, 19h
Escola de Artes
Visuais do Parque Lage
Rua Jardim Botânico 414
Jardim Botânico Rio
de Janeiro
21-2538-1879 /
2537-7878
Os representantes do MinC e da FUNARTE vêm conversar com os artistas plásticos sobre a reforma que estão promovendo no ministério e ouvir suas reivindicações.
Pontos a serem abordados:
1. Reconstrução, valorização e representatividade da FUNARTE.
2. Trazer a coordenação das galerias brasileiras no exterior, hoje a cargo das embaixadas, para a FUNARTE.
3. Política de formação de acervo e manutenção das instituições.
4. O governo e a natureza experimental e mutante da arte contemporânea e a utilização de novas mídias.
5. Como medir a contrapartida social em relação às artes visuais? A formação de público.
6. Leis de incentivo que promovam o aumento de mercado e de público.
7. A dicotomia entre a lei e a natureza mutante da arte contemporânea. Como lidar com uma forma de criação que é somente contemporânea, que é pensamento vivo? O papel do museu e da instituição na preservação da história da arte e na promoção da produção contemporânea.
volta ao topo
|
|
|
|