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AP/RJ/RN HOJE Palestra de Jacques Moussafir na Maison de France / Esplendor dos contrários por Fernando Oliva sobre livro de Arthur Omar
ANO 3 N. 6 / 22 de janeiro de 2003




MOSTRAS E PALESTRAS:
Nazareno  na Casa da Ribeira, Natal  HOJE
Paisagens da Mobilidade no Casarão Jacobina, Rio de Janeiro
Palestra de Jacques Moussafir na Maison de France, Rio de Janeiro  HOJE
TEXTOS E DEBATES:
Fórum de debates: A paralisia na cultura amapaense, on line
Esplendor dos contrários por Fernando Oliva sobre livro de Arthur Omar



Nazareno

Enquanto eu te espero

Diálogo com o artista e vídeo-documentário sobre a Representação Brasileira na XXV Bienal de São Paulo.
 
22 de janeiro, quarta-feira, às 20h

Espaço Cultural Casa da Ribeira
Sala Petrobras – artes visuais
Rua Frei Miguelinho 52
Ribeira   Natal   RN
84-211-7710
Quarta à domingo, das 18h às 22h.
Exposição até 9 de março de 2003 (fecha no Carnaval).
 
A instalação “Enquanto eu te espero” do artista plástico Nazareno (residente em Brasília) inaugura a programação de 2003 do Espaço Cultural Casa da Ribeira. Esta é composta por uma série de dezessete pianos de cauda, em tamanhos variados, dispostos pelo chão, à qual se soma um curto diálogo entre um casal tendo ao fundo um prelúdio de Rachmaninov, que se repete de forma intermitente.

A partir desses objetos retirados do cotidiano ou do passado (universo infantil), Nazareno constrói uma poética que trata fundamentalmente de subjetivismos, os seus pianos-brinquedo fazem referência a um universo infantil de resgate improvável, onde o espectador se vê envolvido em uma situação inusitada, pois as obras convidam a interação, mas não se abrem a referida experiência.  Os “pianos” não apresentam os teclados, revela-se, desta forma, uma impossibilidade da volta da brincadeira, do prazer... Configura-se aí uma reflexão sobre uma temporalidade linear, progressiva, que não volta atrás restando ao espectador apenas um encontro com a memória que esses objetos possam ressonar.

O artista estará presente e falará sobre seu trabalho na oportunidade.

EXTRAS
Na abertura da exposição haverá, além do dialogo com o artista, a exibição do vídeo-documentário sobre a representação brasileira na XXV Bienal Internacional de São Paulo que aconteceu no ano passado.

O DVD,recém lançado, mostra claramente um panorama da arte contemporânea brasileira com depoimentos dos 23 artistas que foram escolhidos para representar o Brasil na Bienal além de mais 3 depoimentos de artistas que executaram salas especiais. O vídeo apresenta ainda depoimentos do Curador Agnaldo Farias e do presidente da Fundação Bienal Carlos Bratke.

NATAL E A ARTE CONTEMPORÂNEA
Este ano de 2003 o Espaço Cultural Casa da Ribeira está investindo mais fortemente no seguimento de Artes Plásticas, dedicando maior atenção aos projetos e artistas voltados para a arte contemporânea. Desta forma pretende-se ampliar o contato e as discussões deste conceito de arte junto aos artistas da Cidade.

 No ano  de 2003, para a Sala Petrobras - Artes Visuais, do Espaço Cultural Casa da Ribeira,  artistas renomados  no circuito nacional e internacional de arte contemporânea passarão pela  Casa. Colocando, definitivamente, a capital do Rio Grande do Norte no circuito de arte contemporânea.

Dentro da programação anual da Casa para 2003 , já estão confirmadas as exposições dos artistas: Nazareno (Brasília) -janeiro; Efrain Almeida (Rio de Janeiro) - março; Rochelle Costi (São Paulo) - julho; Rosana Palazyan (Rio de janeiro ) - novembro.

CASA DA RIBEIRA 2003
O Espaço Cultural Casa da Ribeira, após recesso para a manutenção dos equipamentos, estará retomando suas atividades no próximo dia 22 de janeiro com a abertura da exposição “Enquanto eu te espero” do artista plástico Nazareno (residente em Brasília) e com a Mostra de Curtas Potiguares parte da programação do Festnatal. A mostra continua no dia 23 a partir das 20 horas, entrada gratuita.

Nos dias 24 e 25 o grupo parafolclórico da UFRN apresenta seu novo espetáculo Guarnicê as 21 h, ingressos a R$ 10,00 (inteira) com descontos para estudantes e membros da sociedade de amigos do Espaço Cultural.

TEMPORADA
    
O ano de 2003 já começa com temporada de teatro. A partir de 08 de fevereiro entra em cartaz na Casa da Ribeira o Projeto Verão Teatro.

O projeto que teve grande sucesso ano passado pretende desmistificar o conceito de que no verão não há como se realizar espetáculos.

A peça programada para o projeto se chama “Dos prazeres e dos pedaços”, comédia que se passa em um antigo prédio de um bairro esquecido pelo tempo, povoado de personagens no mínimo curiosos, divertidos e poéticos.

O projeto é uma produção da Casa da Ribeira e tem como diretores Fernando Yamamoto e Henrique Fontes integrantes do Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare.

Ressonâncias

ZALINDA CARTAXO

Uma série de dezessete pianos de cauda, em tamanhos variados, dispostos pelo chão, à qual se soma um curto diálogo entre um casal tendo ao fundo um prelúdio de Rachmaninov, que se repete de forma intermitente, compõe a instalação Enquanto eu te Espero, de Nazareno. Logo de início, a relação imagem / som de pianos tem o seu imediatismo rompido ao nos depararmos com o hermetismo de cada objeto-piano: aqui, são instrumentos que não emitem qualquer tipo de som, visto que não possuem sequer teclados. São objetos em forma de instrumento-piano completamente vedados em sua existência silenciosa e auto-referente.

No entanto, o caráter objetual dos pianos que compõem esta instalação difere do modelo histórico inaugurado por Duchamp. Não se trata de ready-mades. São objetos manufaturados em conformidade com princípios quase artesanais, visto que exigem ‘mão-de-obra’ especializada. Se os ready-mades de Duchamp lidam com o esvaziamento do objeto de escala industrial, abstraindo-o do seu contexto original, os pianos-objeto de Nazareno cumprem o caminho inverso ao manterem de forma significativa o seu conteúdo subjetivo e, de certa forma, psicológico. Subjetividade marcada, em primeiro lugar, pelo caráter de autenticidade do objeto único, não industrial, que traz em si a marca do artesão (aquele que faz) consoante com a poética do artista (aquele que cria) e, em segundo lugar, pelos aspectos psicológicos que determinam o próprio conteúdo de cada forma que varia de sujeito para sujeito.

O conteúdo destes objetos, afetivo, é redirecionado pelo artista através do título da obra e do diálogo que ouvimos repetidamente: Enquanto eu te Espero, apresenta uma situação de expectativa temporal endossada pelo diálogo não conclusivo e, indefinidamente, repetitivo que não pontua uma perspectiva de finalização. A expectativa como tônica do trabalho é manifesta por uma suspensão temporal: nada além do que é dado será oferecido. À imobilidade silenciosa dos pianos-objeto confronta-se uma temporalidade, quase cíclica através de sons (diálogo e música), que viabiliza a potencialização e a conseqüente ressonância do seu conteúdo.

A espera de que o trabalho trata não é física: existe um encontro, um diálogo. O que se espera, então? Aqui, a espera constitui-se, quase, como uma metáfora da vida: espera-se aquele momento ideal que, dificilmente, existe. A fala feminina, vacilante, almeja a hora do tempo ideal (“... é melhor eu esperar um pouco mais...”). A fala masculina consente a opção pela espera (“... se você assim deseja...”). Quando ambos se silenciam ouve-se apenas um prelúdio. As notas de piano que escutamos materializam a expectativa, o tempo, a espera. O piano emite os seus sons pelas mãos do sujeito, logo, aqui, mesmo que aparentemente silencioso, personifica o sujeito universal. As variações de tamanhos destes pianos correspondem às variações que sofremos no estar-no-mundo (infância, crescimento, amadurecimento...).

O caráter psicológico desta instalação possibilita a viabilização do resgate do sujeito e da sua conseqüente personificação. O tempo aqui manifesto está totalmente condicionado ao sujeito: existe por e para ele. Tempo de ressonâncias corroborado pela cor branca dos pianos que pulsa para além dos seus limites. Enquanto eu te espero ressoa, de forma simultânea, o sentido da vida, o sentido do tempo, o sentido da espera.

Zalinda Cartaxo é artista plástica, e organizadora da iniciativa artística Projeto Dromo, no Rio de Janeiro, juntamente com os artistas Alberto Saraiva e Regina de Paula.

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Paisagens da Mobilidade
Exposição que reúne 24 projetos de arquitetos contemporâneos franceses realizados a partir de 2000
Anne Lacaton e Jean Philippe Vassal - Palácio de Tóquio, próximo a Torre Eiffel, em Paris, na França; Arep, Jean Marie Duthilleul, Etienne Tricaud, Marcel Bajard, Pierre Saboya - Estação de trem em Valence, na França; Bernard Tschumi - Espaço Cultural na periferia de Rouen, na França; Bruno Jean Hubert e Michel Roy - abrigos para sem-tetos no hospital de Nanterre, em Paris, na França; Clotilde Barto e Bernard Barto - Passarela de pedestres sobre o Loire, em Paris, na França; Didier Fiuza Faustino e Pascal Mazoyer - Espaço cultural dentro de um barco na Suíça; Dominique Jakob e Brendan Macfarlane - Reforma de uma unidade de fabricação da fábrica Renault, Boulogne-Bilancourt, às margens do Rio Sena; Dominique Perrault - Centro Comercial, em Wattens, Áustria; Duncan Lewis e Herve Potin - Estação de bonde em Hérouville Saint-Clair, na periferia de Caen, na Normandia; Frederic Borel - Creche em Gare de Lest, perto de Paris, na França; Gaelle Peneau - Faculdade de Artes de Ker-Lann, em Bruz, na Bretanha; Isabelle Herault e Yves Arnod - Construção de uma pista de patinação, num terminal de bonde em Grenoble, França; Jacques Moussafir e Bernard Dufournet - Escola de arte na área da antiga biblioteca da Universidade de Saint Denis, perto de Paris, na França; Jean Nouvel - espaço público da cidade de Lucerna, na Suíça, que reúne um centro cultural e de congressos, um museu de arte contemporânea e um auditório; Jean Philippe Lanoire, Sophie Courrian e Emmanuelle Poggi - Estação Marítima de Marselha, na França; Louis Paillard e Anne Francoise Jumeau - Reforma do Café Charbon, Paris, na França; Manuel Tardits e Mikan - Construção de Cibercafés, em Shibuya, Tóquio.
Odile Decq e Benoit Cornette - Ampliação de um pequeno museu já existente, Estação de Termini, em Roma, na Itália; Patrick Bouchain - Transformação de uma velha fábrica em um centro com restaurantes e bares, às margens do rio Loire; Paul Andreu - Plataforma Aeroportuária de Roissy, em Paris, na França; Philippe Chaix e Jean Paul Morel - criação de imóveis comerciais e reabilitação de contruções existentes desde 1860 no antigo bairro dos matadouros no norte parisiense, na França; Rudy Ricciotti - Passarela sobre o Rio Han, em Seul, na Coréia; Sophie Berthelier, Philippe Fichet e Benoit Tribouillet - Praça do mercado de Gravilliers, em Athis-Mons, subúrbio de Paris, na França; Tania Concko e Pierre Gautier - Transformação de prédios industriais em residenciais em Zaanstad, na Holanda.

22 de janeiro a 9 de março de 2003

Centro de Arquitetura e Urbanismo - Casarão Jacobina
Rua São Clemente 117
Botafogo   Rio de Janeiro   21-2503-2721
Terça-feira a domingo, das 12h às 20h; com entrada franca.
Organização: Centro de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU), Associação Francesa de Ação Artística (AFAA), Direção de Arquitetura e do Patrimônio do Ministério da Cultura e da Comunicação da França e Consulado Geral da França no Rio de Janeiro.

"O ângulo escolhido pela exposição não é tanto o da arquitetura – que busca mostrar-se móvel por meio de sábias aparelhagens -, e sim o de uma arquitetura e de seu entorno que incitam ao movimento, à dinâmica do corpo, o de uma arquitetura que cria o deslocamento, como também o desenraizamento", explica o curador da exposição, Francis Rambert, que assina a organização da exposição ao lado da curadora do CAU, Ana Borelli.

Inaugurada em novembro de 2001 na Bienal de Buenos Aires, na Argentina, a mostra seguiu para o Chile em fevereiro de 2002 e agora chega ao Rio reunindo importantes nomes da arquitetura francesa como Dominique Perrault e Jean Nouvel, entre outros. Perrault apostou em uma arquitetura que se funde com o espaço onde está inserido para atrair consumidores para uma rede de supermercados na Áustria. Já Nouvel torna o espaço público da cidade de Lucerna, na Suíça, mais atraente e transitável interferindo em uma área que reúne um centro cultural e de congressos, um museu de arte contemporânea e um auditório.

Outro projeto que merece destaque é o de Jacques Mussafir (que virá dar palestra no Rio) e Bernard Dufournet para uma escola de arte na área da antiga biblioteca da Universidade de Saint Denis, perto de Paris. Fechar o andar térreo e o primeiro andar sem intervir no segundo era a proposta. Os arquitetos optaram pela magia da geometria e dos jogos de luz para enquadrar e transformar os locais.

Já Anne Lacaton e Jean Philippe Vassal interferiram de forma bastante artística no histórico Palácio de Tóquio, situado a alguns passos da Torre Eiffel e inaugurada por ocasião da exposição universal de 1937. Para transformar o local em um Centro de Arte Contemporânea e com um orçamento pequeno, os arquitetos optaram por um projeto simples, preservando as qualidades físicas e estéticas próprias do imóvel e evitando as demolições pesadas. O resultado foi a criação de um lugar aberto e não um museu fechado. Um espaço para desfiles de moda, concertos, lojas, projeções diversas e mostras de arte.

Por outro lado, como pode a arquitetura dar dignidade aos pobres, aos sem-teto que regularmente o serviço social francês vai buscar nas ruas do País? Os arquitetos Bruno Jean Hubert e Michel Roy aceitaram o desafio ao inserir um abrigo de Paris na área da rígida instituição do hospital de Nanterre da cidade. O projeto volta-se para um jardim interior e o plano em forma de "U" delimita um espaço interior-exterior protegido, um pátio-jardim para o qual se abrem os diferentes percursos da instituição.

"Falar da mobilidade significa interrogar-se sobre as mutações da cidade e da sociedade contemporânea, refletir sobre as múltiplas velocidades que marcam o ritmo de nossa vida moderna e interessar-se pelas formas de nomadismo contemporâneo", finaliza Rambert.

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Paisagens da Mobilidade
Jacques Moussafir
Palestra do arquiteto

Arquitetura e Mobilidade

22 de janeiro, quarta-feira, às 18h30

Maison de France
Av Antonio Carlos 58, Centro
Rio de Janeiro   21-2215-1708

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Fórum de Debates: A paralisia na cultura amapaense

acesse o site e entre no forum para dar sua opinião: http://www.amapabusca.com.br/

Tópico:    Re:A paralisia na cultura amapaense
Postado por:    Arthur Leandro
Data/Hora:    20/01/03 13:30:25

Minha compreensão sobre a matéria é de que não há política clara neste estado na área cultural.

Você fala que a primeria providência do PT foi acabar com os projetos culturais, vamos listá-los novamente:

1- Fim de tarde no meio do mundo (música);
2- Quarta lilás (música);
3- Quinta cultural (música);
4- Projeto camaradagem (?);
5- Tambores no meio do mundo (música);
6- Outros (?).

Porque somente projetos musicais? Como foram elaborados e executados tais projetos? São fruto de uma política cultural abrangente? democrática? com participação popular? Não. Não. Não e não!

Todos esses projetos tinham "donos". Pequenos grupos que tiveram projetos apresentados à FUNDECAP e/ou outros setores do governo Capiberibe, e sabemos que apenas projetos adequados ao PDSA (? - que continua a não ser tão claro pra mim), daqueles que cantam "igarapé com boto" ou "tucupi com tamuatá" é que tinham veias de financiamento do Estado quando Capiberibe foi governador.

Mas o que é a música amapaense? ou o que é a arte amapaense? Igarapé com boto!?!

Pergunto: para a mesma área de música, havia projetos para apresentação de orquestras nas cidades do interior? ou mesmo nas praças da periferia de Macapá e Santana? Um projeto que visasse popularizar a música erudita (praticada no Conservatório Walkíria Lima), e que oportunizasse a população desse conhecimento?

O governo Capi investiu no reggae, comum nas praças do Jardim Felicidade e em alguns guetos no Pacoval........

Mais uma vez : NÃO! Ao governo Capi interessava APENAS (e o apenas é o detalhe complicador) popularizar uma proposta musical tida como estética regional (como se fosse fácil caracterizar isso) e que parecia ser fruto do PDSA, e o fez unicamente através da música (sem investimento maior nas linguagens visuais, gestuais, cênicas e tecnológicas), de fácil circulação através da indústria radiofônica. Isso é a política cultural que quero que seja empregada verba pública? A resposta é óbvia...

Quero sim mais verbas para a cultura, e a responsabilidade do Estado sobre ela, mas o Estado não é a proposta de seu governante - eu não deposito minha capacidade crítica nas urnas, é responsabilidade nossa, ao governante cabe executa-la.

Quero também poder intervir nesse processo através do Conselho Estadual de Cultura e de outro órgão de assessoria/ fiscalização que até agora ninguém falou: o Fórum Amapaense de Cultura, com participação maciça de artistas e agentes culturais.

Quero investimento na formação, nas escolas Walkíra Lima e Portinari (e a abertura de uma escola de teatro e circo), para que elas tornem-se mais dinâmicas e atuantes e saiam da condição de gueto de meia dúzia de "professores" que nada fazem.

Quero investimento em intercâmbio com artistas de outras regiões, porque linguagem artística, quando verdadeiramente o for é universal.

Quero uma política clara de financiamento da produção local e inserção da mesma no circuito nacional.

Você ainda pergunta o que os artistas vão comer (e eu leio "o que os músicos vão comer?" porque os 'outros' tão passando fome há  muito tempo), comam cultura....!!! a música que você cita continua com "a gente quer comida, diversão, balé, a gente não quer só comer a gente quer comer e fazer amor". Digo eu, digiram cultura! mendiguem! Mas não percam a dignidade que nos faz artistas.

Não quero é interferência do poder público sobre o que o artista deve ou não deve fazer... Isso é imposição oficial de gosto, e interferência de um programa de governo na estética. Arte é território livre, arte é política e subversiva por natureza. Liberte-se!

Libertando-se e liberando-se poderemos construir uma proposta da nossa categoria e impor ao governo do Estado, aí o Estado (e não o Waldez) estará investindo em uma política cultural proposta por nós, que espero possa ser mais abrangente do que a farofa de ovo que o Capi botou na boca dos músicos para calar os passarinhos....

Tá feito o chamado.

Arthur Leandro
Artista, Prof. da UNIFAP, Arquiteto e Urbanista/ UFPA, Mestre em História da Arte/ UFRJ, Doutorando em Artes Visuais/ UFRJ

 
Tópico:    Re:A paralisia na cultura amapaense
Postado por:    Maikon Richardson
Data/Hora:    21/01/03 10:16:56

É engraçado ver "alguns" artistas reclamando nesse momento, por que nesse tempo todo não deram nem um "pio" sobre a falta de incentivo, ou sobre o descaso que sempre aconteceu nesta cidade? será que era por estarem aquecidos com os privilégios oligarquicos, que por sinal, nesta cidade é muito forte, fulano é sobrinho de Beltrano que é.... e assim vai. Ai eu pergunto Onde estão esses artistas na hora de nos mobilizamos para reividicar espaços, recursos, cobrar do governo que respeite a constituição federal e o próprio artista? Será que é porque querem continuar num "Ostracionismo" ou é muito comodo ficar esperando aulguns colocarem suas caras para levarem tapas e serem linchados por reivindicarem seus interesses engantos os gostosões ficam na rede se balançando?

Vamos relembrar alguns fatores da nossa história cultural.

Somente em 1991 é criada Universidade Federal do Amapá , constituindo de fato o primeiro investimento para o campo social e cultural da cidade. Porém, a universidade chega e aqui reproduz a rigidez do controle ideológico, ao invés de promover a liberdade de pensamento, passando 11 anos sob intervenção política e administrada por pessoas indicadas pelas oligarquias do Estado, os quais, por manterem laços de parentesco, atrasaram a organização social e favoreceram negociações individuais, baseadas no forte controle ideológico. Neste sentido é compreensível que os investimentos públicos não tenham favorecido o desenvolvimento de um circuito artístico na cidade. Como vimos, nunca foi interesse a criação de Galerias , Museus  ou Centros Culturais, que pudesse estimular e difundir o fazer artístico. O resultado é a falta de referências e de intercâmbio que faz do artista fruto único de seus próprios investimentos , e como qualquer trabalhador, sobrevive do seu trabalho vinculado à comercialização de suas obras com as pessoas que detém o poder político e/ou econômico, o que subordina o artista a um jogo de influências que acabam por interferir no processo criativo e resultam na mercantilização da arte. Essa visão transforma a obra em “produto cultural”, ou, como diz Mario Pedrosa em seu livro Mundo, Homem, Arteem crise (1986: P.257), “as leis do mercado capitalista não perdoam: A arte uma vez que assume valor de câmbio, torna-se mercadoria como qualquer presunto”.

Este “presunto” tem como principal mercado, as programações eventuais como: as feiras de Artesanato, autos de natal, Expofeiras, etc...que aparentemente fizeram supor uma efervescência cultural durante o governo de João Alberto Capiberibe [1994-2002], mas na verdade, disfarçaram a miséria de investimentos culturais que visassem a qualidade da produção artística. A meu entender, não há um processo continuado de trabalho e pesquisa artística arraigada a um compromisso ético com a função social da arte. Criam uma série de ilusões que mascaram a realidade da produção cultural. A maior dessas ilusões é supor a existência de um circuito local. A produção visual é descontinua e no máximo gera subempregos temporários na ‘decoração’ desses mesmos eventos – do carnaval à Feira do PDSA.

E ainda aparecem pessoas que só querem reclamar, esse é o momento de ficar de boca calada, pois a culpa é de todos aqueles que sempre se beneficiaram achando que esse beneficio nunca ia acabar, essa é a culpa de todos aqueles artistas que nunca tiveram a intenção de se unir param estimulara a culltura e sim de apenas vender seu trabalho como as "conservas" enlatadas no super mercado.

Mas ainda há esperança, por que não criar um forum de discussão? por que não nos reunirmos para desenvolver nossas propostas? Quando digo reunir não é para falar mau do "que" ou "quem" fez ou deixou de fazer, Porque isso não leva a lugar nenhum. Querem investimento? produção? Salões de Arte? Espetáculos? Festivais? entaão se unam porque separados nunca Mudaremos.

Maikon Richardson
Artista Visual

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Esplendor dos Contrários

Novo livro de Arthur Omar, exprimentando com paisagens, chega esta semana nas livrarias do Brasil.
Editora Cosac & Naify

FERNANDO OLIVA

Texto publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 18 de janeiro de 2003.

No livro Esplendor dos Contrários, o artista cujas lentes já registraram o carnaval e o Afeganistão, enfoca a região amazônica. Imagens compõem um percurso às vezes assustador e sinistro, feito de árvores, galhos, terra, rios, barcos homens e animais.

São Paulo - Depois do carnaval brasileiro e da guerra no Afeganistão, o artista brasileiro Arthur Omar volta suas incansáveis lentes para a Amazônia. Mais uma vez, trata-se de um projeto nada modesto, a começar pelo título do livro, lançado pela Cosac & Naify: O Esplendor dos Contrários - Aventuras da Cor Caminhando sobre as Águas do Rio Amazonas (208 págs., bilíngüe, R$ 89). Segundo ele, o objetivo da obra é o mesmo que persegue há três décadas: renovar a iconografia brasileira, desautomatizar os discursos viciados, as grades retóricas e conceituais impostas pela mídia e que se interpõem entre nosso olhar e a realidade. "Quero reinventar a percepção sobre estes objetos, desmontar as poderosas figuras narrativas que embotam a visão", defende o artista.

O novo livro é uma tentativa de descobrir novas maneiras de ´dizer a Amazônia com imagens´, para dar ao espectador a chance de vivenciar uma experiência inédita de contato com a floresta, seus mitos e o poderoso imaginário que a envolve. Textos do próprio artista, oscilando entre o documental e o poético, vão ladeando um percurso de imagens insólitas, às vezes assustador e sinistro, construído de árvores, galhos, terra, rios, barcos, homens e animais.

Contudo, as palavras aqui não vão a reboque, mas funcionam para ampliar o sentido das imagens. "Olho o Rio Amazonas, através da câmera, e a primeira coisa que me vem à cabeça é Moby Dick. Preciso de um verde que equivalha cromaticamente a uma caça à baleia", escreve ele. "Um verde trespassado por arpões, do qual escorre a sua cor complementar. Estranhos são os caminhos da cor, e mais estranho pensar colorido."

O artista empreendeu quatro grandes viagens à região, seguindo o curso do rio Amazonas desde Manaus até Terra Santa, já no Pará. Fantasioso, Omar compara seu périplo amazônico, realizado no ano passado, a uma grande aventura, incursão a outra dimensão do real, façanha digna de um romance de Joseph Conrad (1857-1924), o escritor ucraniano autor do clássico O Coração das Trevas (1902).

No texto de abertura, Dante nas Águas, ela relata, em cores fortes, o momento crítico da jornada, espécie de rito de passagem, quando a embarcação em que viajava naufragou, ele perdeu todo o equipamento fotográfico, incluindo boa parte dos filmes que já havia batido, e quase morreu afogado. "Não sei se agarrei o barco, ou se foi ele que me agarrou. Descemos o Amazonas a toda velocidade. Meu corpo deixava na água um rastro invisível de adrenalina que devia enlouquecer os pirarucus", escreve. "Eu sou mineiro, não sei nadar."

Entretanto, se o leitor quiser prescindir da palavra, o percurso por O Esplendor dos Contrários pode ser feito apenas através das fotografias, representações da paisagem selvagem que vão de encontro ao conceito estético do "sublime" por seu sentimento de profunda admiração e temor pela grandiosidade e violência da natureza.

Para fazer outro paralelo com a pintura, as imagens de O Esplendor dos Contrários são ricas em associações com as telas de Caspar David Friedrich (1774-1840, maior pintor romântico alemão e um dos gênios mais originais de toda a história da pintura de paisagens), principalmente pelo caminho poético que ambos percorrem em busca da natureza espiritual da paisagem, e na luta para trazer à tona seus aspectos ocultos.

A seguinte definição de um método perceptivo para se aproximar da paisagem foi escrita por Friedrich no início do século 19, mas podia muito bem estar na boca de Arthur Omar mais de 200 anos depois, servindo de prelúdio para seu O Esplendor dos Contrários: "Feche seu olho carnal para ver a imagem primeiro com o olho do espírito; então traga à luz do dia aquilo que viu na escuridão, para que a imagem gerada possa agir sobre as demais de fora para dentro."

Omar, contudo, tempera esta proposta romântica com certa veia mística, de par com seu estilo eloqüente e espirituoso de falar sobre o próprio trabalho: "Para fotografar, eu preciso me transformar. Só posso produzir estas imagens se estiver em um estado, ético e estético, de consciência alterada. Como na Antropologia da Face Gloriosa: eu só vejo o êxtase do outro se estiver em êxtase também. No instante em que a fotografia é disparada, eu não vejo nada. O meu invisível em conexão com o invisível do outro. Choque de partícula contra partícula, que me faz atingir um estado transcendente."

Sobre a aplicação de sua cartilha particular no universo amazônico, ele conta que, na hora da foto, reagia "como se estivesse realmente trocando um olhar com o objeto", fosse ele uma pessoa, uma árvore ou um animal. "É uma interação, de tal forma que o objeto da imagem me vê também. Não fiz a foto da árvore porque a achei bonita, mas porque entramos em algum tipo de comunicação em que ela fez disparar em mim uma série de associações, às quais remetem à memória, à infância, até chegar à origem da cor. Eu estou vendo o verde, mas estou reativando também o primeiro verde que vi na vida."

Omar batizou suas fotos de "paisagens além do bem e do mal", pois diz buscar, a um só tempo, um olhar que se afasta tanto da impiedade do turismo ("Que é consumista e predador, que suga e devora os objetos, mesmo quando tenta apreciar."), quanto do discurso piedoso da ecologia, a idéia de proteger e salvar a floresta, "que também não é capaz de transmitir uma experiência real, na verdade nos afastando dela".

Neste sentido, sua grandiosa empreitada passa também por renovar a maneira como recebemos toda a paisagem brasileira, a iconografia do futebol e as festas tradicionais como o carnaval e o boi-bumbá de Parintins. Aliás, ele está à frente de um documentário sobre a célebre Festa do Boi que ocorre na cidade amazonense, em fase de finalização e que será exibido pela "TV Cultura" (sem data prevista).

Repetição absurda - Segundo Omar, é preciso recuperar a experiência energética que está impregnada nesses eventos. "Fomos formatados pela repetição absurda, infinita de representações do carnaval, do Boi-bumbá e da Amazônia, sempre as mesmas. Então, não conseguimos convocar uma vivência diferente dessas imagens preconcebidas. Minha idéia é alcançar uma linguagem capaz de dar conta da energia pulsante desses lugares, alvo que a mídia não atinge."

O lançamento deste livro é a parte final do amplo projeto do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) visando a mapear os 30 anos da trajetória artística de Arthur Omar. No fim de 2001, a sede paulistana do CCBB promoveu a retrospectiva "O Esplendor dos Contrários", de onde saíram muitas imagens para este livro homônimo. Além da mostra de fotografias amazônicas recentes, o evento incluiu toda a sua produção de filmes (dois longas, dez curtas e 28 vídeos, parte da mostra "A Lógica do Êxtase", com curadoria de Ivana Bentes) e uma grande videoinstalação (Fluxus) que ocupou o hall central do edifício.

A carreira internacional de Arthur Omar é respeitável: ele já expôs em duas edições da Bienal de São Paulo (1998 e 2002), na Bienal do Mercosul (1999) e na Bienal de Havana (2000). Suas obras também foram vistas no MAM do Rio e São Paulo no Centro Georges Pompidou, em Paris, e no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), onde, em 1990, foi consagrado com uma retrospectiva de sua produção. No fim de 2001 promoveu, em São Paulo, sua primeira exposição em uma galeria comercial em mais de três décadas de carreira (Frações da Luz, na Galeria Nara Roesler).

Entre 1971 e 2000, produziu dezenas de filmes, como o longa-metragem Triste Trópico (1974), selecionado para mostra retrospectiva histórica do cinema brasileiro no Festival dos Três Continentes de Nantes, França, em 1982, e o vídeo O Nervo de Prata (1987), sobre o artista plástico Tunga, filme divulgado e premiado em festivais pelo mundo. Pela Cosac & Naify já publicou os livros de fotografias Antropologia da Face Gloriosa e O Zen e a Arte Gloriosa da Fotografia.

O site oficial do artista (www.arthuromar.com) acaba de ser reativado e traz sua biografia artística, imagens de seus trabalhos e textos críticos sobre sua produção.


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Os pontos levantados neste Fórum sobre o Amapá não diferem em nada dos problemas da Política Cultural aqui no Rio de Janeiro: a interferência do poder público na criação artística é uma praga nacional. (E pensar que as leis de incentivo foram criadas para nos livrar deste mal!) O contrato do Museu Guggenheim será assinado no início de fevereiro, noticia o jornal O Globo na última segunda-feira, no seu primeiro caderno.  A construção deste museu, decidida de forma totalmente arbitrária, assim como a mudança da gestão de toda a Rede de Teatros do Município do Rio de Janeiro para a mão de um único artista, Miguel Falabela, formam a dobradinha da Política Cultural do Governo César Maia, que como cultura mesmo, importa muito pouco ao nosso prefeito, pois esta será utilizada como arma de visibilidade para a sua batalha eleitoral contra a popularidade do Piscinão de Ramos do ex-governador Garotinho. Que Política Cultural que nada! Trata-se de política eleitoral deslavada: popularizar (globalizando, seja pelo Guggenheim ou pela TV Globo, não escaparemos do termo!) a cultura da cidade como instrumento de campanha. E o que podemos fazer?

Acho que falar de política municipal não é exatamente o papel do Canal Contemporâneo, mas como os nossos jornais de grande circulação sofrem de um surto de ingenuidade e amadorismo político, não me resta outra saída: ao menos dividir esta indignação/frustração/impotência com vocês.

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