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PR/RJ/SP HOJE Cristina Canale na Anna Maria Niemeyer / Encontro Cultural Diferenciado no Raquel Arnaud
ANO 2 N. 230 / 12 de novembro de 2002




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http://www.canalcontemporaneo.art.br/sidaids-rj

MOSTRAS E PERFORMANCES:
Intimidade no Paço das Artes, São Paulo
Territórios no ITO, São Paulo
Luiza Helena Guimarães na Mira Schendel, Rio de Janeiro
Cristina Canale na Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro
Cleone Augusto na Galeria de Arte IBEU, Rio de Janeiro
Bart Rutten no CAHO, Rio de Janeiro
Daniela Fortes, Márcia X e Ricardo Ventura no Largo da Carioca, Rio de Janeiro
ENCONTROS E LANÇAMENTOS:
Mesa Redonda no Parque Lage, Rio de Janeiro
Tempo-Cor no MNBA, Rio de Janeiro
Encontro Cultural Diferenciado no Raquel Arnaud, São Paulo
lançamento do livro bojo na Ybakatu, Curitiba
 
 


Intimidade
Chris Cunningham, Christoph Draeger, Claude Lévêque, Gustavo Rezende, Lucas Bambozzi, Marepe, Pierre Huyghe, Pipilotti Rist, Sam Taylor-Wood

12 de novembro, terça-feira, às 20h

Paço das Artes
Av. da Universidade 1 - USP
São Paulo   SP
Tel: 11 3814-4832   Fax: 11 3815-7904
pacoartes@hipernet.com.br
Exposição até 17 de novembro de 2002.
Realização: Secretaria de Estado da Cultura e Paço das Artes
Apoio: Consulado Geral da França em São Paulo, Consulado Geral da Suíça em São Paulo, Pro-Helvetia e British Council.

Curadora Daniela Bousso

As representações que beiram metáforas para a constituição de um  importante conjunto simbólico e revelador do significado do estado da intimidade no mundo contemporâneo é tema central da mostra Intimidade, que o Paço das Artes apresenta a partir do dia 12 de novembro. Se por um lado tem como eixo temático a intimidade, a exposição, em uma segunda vertente, sublinha o estético, sinalizando as mudanças que vêm sendo propostas e transparecem na produção de vídeos e de arte, na passagem dos anos 90 para os 2000.

“O conjunto de obras proposto pela exposição, em última instância congrega uma série de projeções” que aludem a visões particulares do eu ou do ‘si-mesmo’”, declara a curadora Daniela Bousso. Segundo ela, ao se tornarem conscientes sob forma de arte essa projeções que afloram de um nível anterior ao da execução da obra – o inconsciente – nos colocam diante de uma simbologia de natureza pessoal. “De outro lado, esse foco íntimo que tangencia as nossas fronteiras, no sentido de nos conectar ou de nos reconectar com o nosso próprio eu, sem dúvida, emerge de um contexto que no mínimo se refere à vida contemporânea no planeta”, completa.

Para refletir sobre isto, a mostra traz trabalhos de nomes relevantes da videoarte internacional: o britânico Chris Cunningham, com a obra flex, um trabalho em DVD que trabalha a idéia do Pecado Original, onde imagens  de um homem e uma mulher brigando e fazendo amor, são mostrados numa atmosfera cósmica construída pelo artista; a inglesa Sam Taylor-Wood, com Hysteria, uma projeção DVD que explora a solidão, a vida e a ambigüidade, numa sequência de closes em uma mulher que ri e passa imperceptivelmente ao choro; a suíça Pipilotti Rist, com I´m not The Girl Who Misses Much, um dos primeiros videotapes de sua carreira, onde ela aparece dançando selvagemente, em imagens que escapam à tela, cantando desincronizadamente uma frase modificada da canção Happiness Is a Warm Gun, de John Lennon; o suíço Christoph Draeger, com Schizo, uma projeção DVD em dois canais, onde uma cortina de banho serve como tela para projetar imagens sincronizadas; de um lado a cena de banho em branco e preto do filme Psicose de Hitchcock e, de outro, a mesma cena em cor, na releitura de Psicose de Gus Van Sant, sobrepondo as imagens, numa visão dupla, desfocada, mostrando a mesma coisa simultaneamente; o francês Pierre Huyghe, com Blanche Neige, Lucie, um vídeo branco e preto de 1997, em que o artista entrevista a dubladora do longa metragem Branca de Neve, da Disney, fazendo o espectador entrar em contato com o lado real e desconhecido desta senhora que nos é tão familiar através da sua voz .

Entre os vídeoartistas brasileiros está o já internacional Lucas Bambozzi, com a obra Quatro Paredes, um vídeo que simula uma mediação de  relações: à medida que o observador se aproxima do trabalho, um censor é acionado e o vídeo começa a rodar, mostrando situações íntimas de um  personagem que ao perceber a presença do voyeur (o público), passa a reprimir esta invasão de privacidade. Outro brasileiro da mostra é Gustavo  Rezende, com A Natureza do Amor e a Passagem do Tempo. Passado em looping, o vídeo contém duas cenas: em uma delas o artista está nu, de costas, segurando um rato e na outra aparece de frente, ao lado de um homem sentado em frente a uma casinha de pau-a-pique (quem sabe um contato inconsciente com a obra Caipira Picando Fumo, de Almeida Jr.) situação que expressa um clima de intimidade.

A mostra traz ainda a instalação do francês Claude Lévêque, Je suis une merde, frase em néon, com quatro metros de comprimento, que ironicamente se refere ao artista e nos remete a nós mesmos, e a do brasileiro Marepe, Casamento de Discos, obra com duas radiolas e discos de vinil, onde o artista propõe que o espectador seja o DJ, dividindo uma intimidade com o público a partir das escolhas dele e dos participantes.

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Territórios
Ângelo Venosa,  Carmela Gross, Cao Guimarães, Dora Longo Bahia, Élida Tessler, Flavia Ribeiro, Lia Menna Barreto, Miltom Machado, Marcelo Reginato

12 de novembro, terça-feira, às 20h

Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201, Pinheiros
São Paulo   11 6488-1900
Exposição até 2 de fevereiro de  2003.

Em um livro praticamente desconhecido do público brasileiro, não só porque não foi publicado aqui, mas também porque tratava de ensaios e não de ficção, Julio Cortazar abordou artistas e suas obras. O nome do livro era Territórios, e o primeiro capítulo, sobre a obra do famoso pintor belga, já levava o belo título de “Um país chamado Alechinsky”. Territórios é uma exposição inspirada nessa idéia de Cortazar. Um tributo a sua argumentação de que analisar uma trajetória artística à luz de tendências e movimentos pode ser uma forma de reduzir sua complexidade. Uma crítica àqueles que antes de ver a obra de um artista qualquer, já a rotulam como Impressionista, Neo-concreta, Minimalista etc. Cada obra de arte digna deste nome, defendia Cortazar, equivale a um país. Visitá-lo significa abandonar a confiança cega nos guias de viagem para abrir-se às surpresas, previsíveis quando se percorre um território único, ainda que dotado de aspectos semelhantes a outros territórios.

Territórios, mostra que encerra um ciclo de quatro exposições ocorridas neste semestre no Instituto Tomie Ohtake, reúne nove dos nossos melhores artistas. Melhores porque firmemente empenhados em fundar seus próprios territórios. São eles: Carmela Gross, Flavia Ribeiro, Ângelo Venosa, Élida Tessler, Miltom Machado, Lia Menna Barreto, Marcelo Reginato, Dora Longo Bahia e Cao Guimarães. Um conjunto sólido que, se por um lado não esgota nossa paisagem, de outro, dá conta de sua riqueza e vastidão.

 A exposição é composta por poucas, mas significativas obras desses artistas. Examinando a carreira de cada um rapidamente se concluirá que elas são muito mais diversas. Não importa. A intenção da curadoria foi sublinhar a importância das obras expostas pela força com que cada uma delas nos apresenta um problema, mesmo que  ela destoe do conjunto ao qual pertence originalmente. Afinal os territórios são mais ou menos acidentados, e como se trata de trajetórias em processo é freqüente que os trabalhos realizados por um mesmo artista não possuam semelhança com outros de sua autoria.

Ainda que diferentes entre si tanto na forma quanto ao conteúdo, os trabalhos exibidos nessa exposição – esculturas, instalações, pinturas, filmes e performance, possuem pontos em comum, razão pela qual foram reunidos. Percorrendo as salas, o espectador notará que, por vias diversas, eles abordam o corpo, a paisagem e a linguagem.

A escultura de autoria de Carmela Gross é um corpo imaterial cuja baixa luminosidade parece resultar da devoração da luz do ambiente. Num outro sentido irrompem no espaço as esculturas de Ângelo Venosa que se valem de espelhos e do olhar oblíquo do espectador para que seus corpos, parcialmente tangíveis, sejam completados sob a forma de imagens. Enquanto esse diálogo acontece, desenrola-se a projeção do filme de Cao Guimarães sobre o caráter hipnótico das luzes noturnas de um parque de diversões, sua capacidade de aprisionar nossos olhos.

Os desenhos e esculturas de Flavia Ribeiro ocupam-se de aspectos preciosos e  essenciais da natureza como, por exemplo, a potência vital adormecida no interior de  uma semente. Ao seu lado, Lia Menna Barreto, com sua máquina de bordar, instala na sala de exposição um jardim fragmentado que insistirá em renascer durante todo o tempo da exposição. Na sala contígua, Dora Longo Bahia apresentará pinturas e fotografias de paisagens obliteradas por outras paisagens. No último quarto dessa sala, Milton Machado realizará um trabalho mantido em segredo até o dia de abertura, uma performance que discute a possibilidade do corpo converter-se em paisagem.

Com o objetivo de reforçar o território da arte como um território da linguagem, e que qualquer coisa, seja ela corpo ou paisagem, só pode mesmo ser tratada sob esse ângulo, convidou-se Marcelo Reginato e Elida Tessler. Enquanto Reginato oferece-nos uma versão em fios de cobre finíssimos dessa rede invisível que nos aproxima uns dos outros, que nos abriga mal nascemos, a segunda demonstra os laços existentes entre nós e os objetos, que ao fabricá-los é o mesmo que enredá-los em nossos afetos e frustrações.

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Luiza Helena Guimarães
Senha

12 de novembro, terça-feira, às 18h

Galeria Mira Schendel
Estácio - Campus Terra Encantada
Av. Ayrton Senna 2.800, Barra da Tijuca
Rio de Janeiro   21 3410-7400
Segunda a sexta, das 10 às 22h; sábados, das 9 às 12h.
Exposição até  30 de novembro de 2002.

SENHA

O artista político, anteriormente alinhado ao modelo produtivista, engajado na utopia de mudança dos meios de produção na busca revolucionária de transgredir os limites culturais e sociais, agora encontra uma nova hegemonia cultural.

SENHA,  na sociedade de controle contemporânea, é a realidade que possibilita a passagem , desfaz limite e marca o acesso à informação ou rejeição.  O limite hoje é a ação e a sua conseqüência e não mais a ação hoje e a sua conseqüência do futuro. O cérebro constitui-se então no feed-back entre o presente e o futuro, é a “membrana” entre os dois.

Na intervenção, no vidro que delimita a galeria, as tomografias e ressonâncias cerebrais a um só tempo acentuam e desfazem o limite entre o interior e exterior, dificultam a percepção visual do que está por vir, do futuro mesmo próximo.

Teu limite questiona nossa relação de risco com o futuro.  Nos faz experimentar a sensação de que o decisivo não é mais o peso do passado e sim o futuro no presente. A experiência de tempo é aquela que exige uma decisão rápida em circunstância de risco, pensando sempre na conseqüência de cada ato. Um exemplo é utilizado por Daniel Dennett  (Consciousness Explained, Boston, 1991): "A tarefa do cérebro é guiar o corpo que ele controla através de um mundo de condições mutantes e de súbitos perigos; portanto ele deve reunir informação deste mundo e usá-la rapidamente para produzir futuro- extrair antecipações a fim de ficar um passo à frente do desastre".Compara então a situação cotidiana de qualquer cérebro humano à sala de "simulação" no Pentágono, tendo que rastrear a trajetória de um míssil atômico dentro de uma janela temporal onde alguma resposta é possível.

Enquanto o futuro é incerto, o presente é estratégia de antecipação diante da imensa abertura do que podemos ser. Somos todos controlados, motivados à uma formação permanente, solicitados a cada minuto a superar os próprios limites para não sermos excluídos. É à esta sociedade de controle que devemos resistir, contestar o seu poder de intimidação, trazendo à tona as suas estratégias, sob pena de descobrirmos tarde demais o que estamos sendo conduzidos docilmente a servir.

Luiza Helena Guimarães, 2002

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Cristina Canale
Áreas de Lazer

12 de novembro, terça-feira, às 20h

Galeria Anna Maria Niemeyer
Rua Marques de São Vicente 52 loja 205, Gávea
Rio de Janeiro   21 2239-9144 / 2259-2082
http://www.annamarianiemeyer.com.br
Segunda a sexta, das 11h às 21h; sábados, das 11h às 18h.
Exposição até 5 de dezembro de 2002.

CRISTINA CANALE APRESENTA NOVA FASE DE SUA PINTURA NO RIO E EM SÃO PAULO

O universo lúdico da infância. Escorregas, muros, play-grounds, jardins. A espacialidade da tela vai se estruturando a partir destes elementos, ganhando formas que contrastam com a paisagem externa. Limites geométricos surgem numa combinação particular que já é a marca registrada da pintora Cristina Canale. Em nova fase, a artista plástica carioca, radicada na Alemanha há dez anos, aprofunda temas em sua produção recente (2001/2002): Áreas de Lazer.

Na Galeria Anna Maria Niemeyer estarão sendo  apresentadas sete quadros inéditos, em óleo e técnica  mista sobre tela, de grandes formatos. Nesta volta ao  Brasil, Cristina Canale confirma sua importância, já  apontada pela crítica, na renovação da tradição da  paisagem na pintura. Cristina Canale também  participará de duas coletivas - em São Paulo, no Espaço  Virgílio, a partir de 7 de novembro seus trabalhos compõem a mostra: 28(+)pintura; no Rio, o Solar  Grandjean de Montigny, na PUC-RJ, recebe a partir de 19 de novembro uma versão reduzida da exposição: En  Matiere de Nature, em março deste ano na Maison de  L'Amérique Latine, em Paris.

Uma das principais pintoras brasileiras de sua geração, Cristina Canale começou a expor na mostra Como vai você, geração 80?, em 1984, no Parque Lage. Em Áreas de Lazer Cristina Canale consuma várias referências. Biográficas inclusive. Algo que começou a ficar mais claro há três anos durante a gravidez de sua filha única. "Uma forma ovalada tem me acompanhado desde 1995. Começou com imensas flores-vasos e, em 1998, com a gravidez tornou-se uma árvore com um insistente cordão umbilical", conta. Depois da gestação, a árvore ganhou contornos de uma poltrona, uterina, que primeiro foi trabalhada isoladamente na tela e depois virou um elemento a mais na paisagem.

Outra referência desta nova fase também diz respeito ao universo da maternidade. "Estou muito fascinada com a inocência e com imagens do idílico. Sempre adorei desenhos de criança. Gosto de lidar com este tipo de imagem, às vezes mais ironicamente", completa Cristina. Consolidando este novo momento de sua pintura, a artista plástica passou a investir, ainda, em estruturas físicas (arquitetônicas ou não) para criar o contraste com a paisagem.

O novo momento que apresenta agora no Brasil faz parte de todo esse processo. Dessa forma, surgem nas telas escorregas, bordas de piscinas, cercas, muros e casas que remetem não só ao lúdico, mas também servem de limite para a paisagem sempre exuberante e cheia de cores. A exuberante materialidade da obra da artista, com seus gestos amplos e cores pródigas, remetem sobretudo ao prazer de pintar. Cristina Canale insere-se no melhor da tradição colorista mundial.

A artista, que participou da Bienal Internacional de São Paulo em 1991, foi morar em Berlim há dez anos quando ganhou a bolsa do D.A.A.D.(serviço de intercâmbio acadêmico do governo alemão) na  Academia de Artes de Düsseldorf, Alemanha. Desde então, Cristina  Canale vive na ponte aérea artística, expondo em importantes galerias  e centros de arte do Brasil e da Alemanha e também de outros países  como Estados Unidos e França. Ano passado, a artista exibiu seus  trabalhos em mostras individuais na galeria Kunstverein Genthiner Elf, em  Berlim, e na Galeria Marina Potrich, em Goiânia. Sua última individual no Rio foi em 2000 no Paço Imperial.

CRISTINA CANALE
ATELIER, BERLIM, 2002

A crítica de arte paulista Eliana de Simone, radicada em Heildelberg, na Alemanha, aponta na obra de Cristina Canale as seguintes questões centrais:

1. A definição cromática, é um enfoque central na abordagem da artista, colorista "par excelence", cuja obra se inscreve na tradição da pintura moderna, fazendo referencias a diferentes fontes, européias e brasileiras (Monet, Guignard e Volpi, entre outras). Canale utiliza uma vasta escala cromática, ousados contrastes de tons frios equentes, pesquisando a complexidade de valores cromáticos e a dinâmica entre as cores. Essas características serão analisadas nos grupos de obras definidos nos períodos acima mencionados.

2. A tensão / diálogo entre o pictórico e o linear: esses elementos, aparentemente contraditórios, são utilizados como forma de tensionar a obra. Partindo da compacta materialidade e solidez das telas do período 1991/92, Canale concentra-se na pesquisa da linha, priorizando-a enquanto valor independente; nas telas a partir de 1993/94 o linearismo e seu contraste em relação aos planos passam a assumir um papel central; as densas massas de cor se suavizam, ganham transparência e fluidez. Posteriormente a pesquisa de formas orgânicas toma novas direções, reaproxima-se da paisagem e parte para a investigação de formas compactas, concisas: são os "Interiores"; o elemento central, densificando-se, estabelece novas relações de harmonia entre valores plásticos individuais e de conjunto. Através da análise dos grupos de obras, verificaremos os pressupostos segundo os quais seu sistema espacial de composição vem se modificando e evoluindo.

3. A transculturalidade: há aproximadamente 10 anos Cristina Canale vive e trabalha entre Berlim e o Rio de Janeiro; em que medida esse contínuo movimento pendular entre culturas condiciona sua obra? Certamente, a complexidade da obra de Canale não permite aproximações a possiveis "exotismos", "tropicalismos", "primitivismos" ou reduções a clichês semelhantes, freqüentemente atribuídas a artistas brasileiros que trabalham em países europeus. Questões como identidade e pertinência cultural fluem naturalmente na obra de Cristina Canale, que se movimenta decidida e auto-confiante seja entre territórios geográficos, assim como entre aqueles da história da arte.

Eliana de Simone

Fiel à sua essência

por Tereza de Arruda

Pude acompanhar nos últimos dez anos a evolução artística de Cristina Canale no seu atelier berlinense. Encontros esporádicos porém intensos e com objetivos concretos me fizeram deparar com um fenômeno: apesar dos meses consecutivos de inverno com céu cinzento e iluminação escassa, a pintura de Cristina Canale permaneceu reluzente, pois cores quentes e luz abastada continuaram a dominar suas telas. Esta característica pode ser proveniente de seu olhar distante e nostálgico deslumbrando e revendo a exuberância da paisagem brasileira ou mesmo o resultado de uma necessidade concreta de superar as cores reprimidas do cotidiano através de uma palheta de tons diversos.

Fato é que a artista se manteve fiel à sua essência sem tentar se camuflar ou adequar-se às novas tendências locais. Não podemos ignorar o fato de que a  Alemanha esteve nos últimos anos em um período de transição intenso levando-se em consideração os reajustes políticos, econômicos e sociais. Consequentemente a arte contemporânea alemã foi cúmplice desta situação lançando ou enterrando vários ícones, sejam eles crias do realismo social ou seus herdeiros como é o caso do atualmente consagrado Neo Rauch, jovem pintor de Leipzig, cuja obra incorpora vestígios de uma escola figurativa propagandista unida a características pop ou mesmo surreais de sua fantasia.

Enquanto isto Cristina Canale conservou suas cores tropicais inusitadas passando a diluí-las sem perder a intensidade e assim explorando mais o jogo claro/escuro e suas  transparências naturais. As linhas, traços e contornos passaram a dominar a representação em formas reduzidas contudo em proporções monumentais, como se fossem ampliações de detalhes de sua pintura característica da década de 80, abandonando porém a materialidade até então muito presente. As formas bastante orgânicas passam a respirar através de superfícies amplas de cores claras como que se estivessem suspensas. Este efeito enfatiza a composição provocando uma grande profundidade e leveza.  Surge aqui o ponto de partida para uma fase talvez mais introspectiva em que a representação orgânica cede espaço literalmente para a representação de interiores – tão amplos e coloridos como a vegetação de costume. O olhar do expectador é atraído por um volume ou espaço demarcado, sendo este geralmente um móvel como poltrona ou cadeira.

No momento a artista traz em um compêndio figurativo lúdico as experiências da última década e nos apresenta conforme sua descrição uma “pintura descomprometida” conectando o interior com o exterior.  Apesar da perspectiva não convencional enfocando situações diagonais têm-se uma harmonia na composição pela extensão e ampliação de interiores através de uma porta semi-aberta, a transparência do vidro ou mesmo pela existência de um mobiliário predestinado ao espaço externo. Esta diversidade é sintetizada em um mundo idílico protegido por muros ou levada a locais públicos como parques infantis, testemunhos da suposta inocência humana.  Cristina Canale transpõe às telas atuais uma junção feliz da “pintura descomprometida” com vestígios da materialidade de seu primórdio artístico, no qual a textura predominava ressaltando a densidade da natureza. A vegetação sutil representada por flores típicas de seu cenário habitual é retomada, porém cercada por um novo contexto arquitetônico que vem a envolver e proteger os valores pessoais.

Berlim, outubro de 2002

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Cleone Augusto

12 de novembro, terça-feira, às 20h

Galeria de Arte IBEU
Av. N. Sra. de Copacabana, 690/ 2º andar
Rio de Janeiro   RJ   21 3816-9458
Segunda à sexta, de 12h às 18h.
Exposição até 13 de dezembro de 2002.

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riocenacontemporânea
O riocenacontemporânea vê a cena como uma relação aberta entre as artes cênicas e outras formas de expressão artística, sublinhando, nesta terceira edição, o encontro com as artes plásticas. Uma intervenção urbana traçará o caminho visual entre o Teatro Carlos Gomes, a Praça Tiradentes e o Centro Cultural Hélio Oiticica, reforçando a  proposta do festival de ligar a cidade às idéias e à reflexão. Novas vertentes da cena artística nacional e internacional são apresentadas, com peças teatrais, leituras dramatizadas, encontros, oficinas, exposições, performances e intervenções urbanas.

Bart Rutten
A Arte e os Meios

12 de novembro, terça-feira, às 18h

Centro de Arte Hélio Oiticica
Rua Luís de Camões 68, Centro
20060-040     Rio de Janeiro
Tel: 21 2242-1012   Fax: 21 2232-1401
Terça a sexta-feira, 11h às 19h; sábados, domingos e feriados, 12h às 18h.
Patrocínio: Prefeitura do Rio, Secretaria das Culturas e RIOARTE.

O inglês Bart Rutten é o representante internacional da obra de vídeo da iugoslava Marina Abramovic. No Hélio Oiticica, ele estará conversando com o público sobre a obra de Abramovic e sobre as relações entre os artistas, os meios e o público.

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riocenacontemporânea
Performances e Intervenções Urbanas

Márcia X e Ricardo Ventura
Complexo de Alemão

Daniela Fortes
Café com Leite-RJ

12 de novembro, terça-feira, às 17h

Largo da Carioca
Patrocínio: Prefeitura do Rio, Secretaria das Culturas e RIOARTE.

Daniela Fortes -Hábito bem brasileiro, a parada para o cafezinho pode deslanchar uma série de acontecimentos. A performance, dirigida e concebida por Daniela Fortes, é um retrato social contemporâneo, que traça paralelos com os acontecimentos atuais da nossa sociedade. No Largo da Carioca, um presidente, um padre, uma socióloga, um vendedor de café ambulante, um menino de rua, um alfaiate. São sete atores – além de Daniela Fortes, Luciana Fróes, Daniela Amorim, Jonas Gadelha, Renato Linhares, Zé Alex e Piciana Passos - mesclados com trabalhadores que realmente exercem estas funções. Café com leite.

Márcia X e Ricardo Ventura - A performance de Márcia X e  Ricardo Ventura no Largo da Carioca revela, em irônico jogo de palavras, o nosso ‘complexo de alemão’ de cada dia. Três duplas de performers revelam uma cidade percebida unicamente através da dinâmica asfalto-favela. E 150 kg de farinha são os principais recursos utilizados pelos atores em cena.

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Mesa Redonda
David Cury, Fernando Cocchiarelle, Paulo Pasta, Reynaldo Roels

Aproveitando a exposição de Emmanuel Nassar na Laura Marsiaj, será realizado no Parque Lage uma mesa redonda para discutir os caminhos e possibilidades da pintura, "a pintura, enfim não morreu".

12 de novembro, terça-feira, às 19h30

Parque Lage
Rua Jardim Botânico 414
Rio de Janeiro   Tel. 21  2538-1879 / 2537-7878
 Segunda a sexta, das 10h às 22h; sábados e domingos, das 10h às 17h.

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Tempo-Cor
Palestras sobre a relação da pintura com a economia, com a história e com o meio ambiente

André Parente, Angela Luz, Kátia Maciel, Márcia Junqueira, Simone Michelin,  Wilson Coutinho
Mediador: Fernando Cocchiarale

12, 13  e 14 de novembro, às 15 horas

Museu Nacional de Belas Artes
Auditório Leandro Joaquim
Av. Rio Branco 199, Centro
Rio de Janeiro   21 2240-0068
Terça a sexta, das 10h às 18h; sábados e domingos, das 14h às 18h.
INGRESSOS: de terça a sábado 4 reais; domingos entrada franca.
Maiores de 65 anos não pagam / Estudantes pagam meia, apresentando carteira.

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Encontro Cultural Diferenciado
Considerando a importância da relação entre colecionador e artista, o
Gabinete de Arte, está promovendo o encontro de Antonio Manuel com
colecionadores de São Paulo enquanto sua exposição ainda está acontecendo.

 Presença da crítica de arte Sonia Salzstein, autora do texto do catálogo dessa exposição.

12 de novembro, terça-feira, às 18h

 Gabinete de Arte Raquel Arnaud
Rua Arthur de Azevedo 401
São Paulo   11 3083-6322
http://www.raquelarnaud.com
Segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 11h às 14h.

Além de ser um bate-papo informal, será de grande relevância cultural.

Na ocasião serão apresentados os vídeos:

Loucura e cultura 1973, 10 min.
Semi-ótica 1975, 7 min.
Ocupações/Descobrimento 1998/00, 5 min.

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lançamento de livro
BOJO
David Zugman, Marcelo Pires, Marcelo Scalzo e Washington Silvera

12 de novembro, terça-feira, às 20h

Galeria Ybakatu Espaço de Arte
Rua Itupava 414,  Curitiba
PR   41 264-4752
http://www.ybakatu.com.br

bojo foi o nome dado pelos artistas para o projeto que contou com exposições e a realização de um  livro através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura com  patrocínio das empresas Cotrasa e V.Weiss Logística e Transportes.
 
 

ALTERNÂNCIA NA DISTRIBUIÇÃO AMPLIA PÚBLICO

O Canal Contemporâneo passará a ser distribuído de forma alternada para o seu público não-assinante, para com isso, aumentar ainda mais a sua difusão. (É a forma que temos de continuar a crescer dentro do nosso limite orçamentário.) Pretendemos com esta atitude dobrar os nossos leitores, e ampliar as chances de conseguirmos novos assinantes.

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