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AGENDA DE EVENTOS
Antoni Muntadas na Estação Pinacoteca, São Paulo
Voces Diferenciales / Vozes Diferenciais no Centro Provincial de Artes Plásticas y Diseño, Cuba
Manoel Veiga na Galerie D'Est et D'Ouest, França
ÚLTIMOS DIAS Gerhard Richter na Casa Andrade Muricy, Curitiba
CIRCUITO
Alex Flemming no MNBA, Rio de Janeiro
Renata Padovan + 20 poucos anos na Baró, São Paulo
COMO ATIÇAR A BRASA
Feira de arte moderna Arco faz 30 anos, estadão.com.br
Después de ARCO por Rosa Olivares, Exit-express.com
Bienal vai homenagear Bispo do Rosário por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Antoni Muntadas
Antoni Muntadas
Muntadas: informação»espaço»controle
+
Lançamento catálogo
com textos de Ana Belluzzo, Cristina Freire, Guy Brett e Teresa Caldeira
Curadoria de José Roca
26 de fevereiro, sábado, 11h30
Estação Pinacoteca
Largo General Osório 66, Luz, São Paulo - SP
11-3335-4990
www.pinacoteca.org.br
Terça a domingo, 10-18h
Exposição até 8 de maio de 2011
Leia o resumo na agenda
english
Enviado por Carla Regina coliveira@pinacoteca.org.br
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Lourival Cuquinha, Warning Flag, 2011
Voces Diferenciales / Vozes Diferenciais
Alexandre Vogler, Lourival Cuquinha, Romano, Ronald Duarte
Curadoria de Hector Frometa e Mariella Sola
28 de fevereiro, segunda-feira, 17h
Centro Provincial de Artes Plásticas y Diseño
Oficios 362 ,esquina a Luz, La Habana Vieja, Havana, Cuba
53-7-862-3295 ou cpap@cubarte.cult.cu
Terça a sábado, 9-17h; domingo, 9-12h
Durante a 10a Bienal de Havana em 2009, o encontro dos artistas Ronald Duarte (Brasil), Mariella Sola (Chile / Espanha) e Hector Frometa (jovem curador cubano), deu luz a um projeto de intercâmbio entre a arte brasileira e a cubana. A idéia central é que os artistas cubanos sejam exibidos no Rio de Janeiro e os brasileiros em Havana.
Leia sobre a mostra, as cidades e os artistas
Enviado por Lourival Cuquinha olbius@gmail.com
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Manoel Veiga
Manoel Veiga
28 de fevereiro a 26 de março de 2011
Galerie D'Est et D'Ouest
1 rue Francis de Pressensé, Paris, França
33-1-4044-4300 ou courrier@estetouest.com
www.estetouest.com
Segunda a sábado, 14-19h
Apoio e realização: O artista ganhou o prêmio “Mostras de Artistas no Exterior" - Fundação Bienal de São Paulo e MinC
Leia o resumo na agenda
english
Enviado por Manoel Veiga mveiga@uol.com.br
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Gerhard Richter (foto de Kraw Penas)
ÚLTIMOS DIAS
Gerhard Richter
Sinopse
22 de outubro de 2010 a 27 de fevereiro de 2011
Casa Andrade Muricy
Alameda Dr. Muricy 915, Centro, Curitiba - PR
41-3321-4819
www.cam.cultura.pr.gov.br
Terça a sexta-feira, 10-19h; sábado e domingo, 10-16h
Leia o resumo na agenda
english
Enviado por Imprensa SEEC - Secretaria de Estado de Cultura imprensa@seec.pr.gov.br
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Alex Flemming
Alex Flemming
Mapa da Mina
10 de dezembro de 2010 a 13 de março de 2011
Museu Nacional de Belas Artes
Av. Rio Branco 199, Centro, Rio de Janeiro - RJ
21-2240-0068
www.mnba.gov.br
Terça a sexta, 10-18h; sábado, domingo e feriado, 12-17h
Leia o resumo na agenda
english
Enviado por Nelson Junior nelsonjunior@mnba.gov.br
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Renata Padovan
Daniel Caballero
CIRCUITO
Renata Padovan
Vão
+
20 e poucos anos: portfolio
Daniel Caballero, Felipe Bittencourt, Felipe Góes, Guilherme Callegari, Rafaela Jemmene, Renata Cruz, Talita Caselato
7 de fevereiro a 19 de março de 2011
Baró Galeria
Rua Barra Funda 216, Barra Funda, São Paulo - SP
11-3666-6489 ou info@barogaleria.com
www.barogaleria.com
Segunda a sexta, 11-19h; sábado, 10-17h
Leia o resumo na agenda de Renata Padovan e 20 e poucos anos: portfolio
english / english
Enviado por Cyntia Calhado cyntia@agenciacartaz.com.br
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COMO ATIÇAR A BRASA
Feira de arte moderna Arco faz 30 anos
Matéria originalmente publicada no caderno Cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 18 de fevereiro de 2011.
Um dos principais eventos de arte contemporânea do mundo abre suas portas nesta sexta trazendo mais de 1200 obras de 26 países.
Uma das principais feiras de arte contemporânea do mundo, a Arco, abre suas portas ao público em Madri, na Espanha, nesta sexta-feira, celebrando 30 anos.
Uma retrospectiva especial com fotografias das três décadas da feira marca estas nova edição, que traz pinturas, esculturas, fotografias e instalações de 197 galerias de 26 países, inclusive o Brasil.
Os organizadores esperam superar a média de 150 mil visitantes de 2010.
Leia a continuação e publique seu comentário no blog Como atiçar a brasa.
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COMO ATIÇAR A BRASA
Después de ARCO
Matéria de Rosa Olivares originalmente publicada no Exit-express.com em 18 de fevereiro de 2011.
No quería hablar más de ARCO. Pero parece que si no lo hago estoy faltando a un deber insoslayable. Todos los suplementos culturales, las revistas, los colorines de los diarios, los culturales televisivos, los periódicos de provincias, hasta los más lejanos y en ciudades en que la mayoría de sus lectores ni saben ni les importa que es eso de “arco”, le dedican todo el espacio dedicado a la cultura, al arte. Y todos decimos más o menos lo mismo, es decir apenas nada. Cada vez me recuerda más a esa información deportiva que se da antes y después de los partidos, que se infla de nada hasta que ya cansa, cuando lo único que realmente importa es, sería, el partido en sí mismo. Todos damos opiniones, como si importasen algo, igual que todo el mundo sabe más que el entrenador de turno de lo que habría que hacer para ganar. Y ARCO, como cualquier partido de fútbol, tiene una duración concreta, apenas cuatro o cinco días. Lo que dura una feria ¿Y después de ARCO, qué?
Leia a continuação e publique seu comentário no blog Como atiçar a brasa.
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COMO ATIÇAR A BRASA
Bienal vai homenagear Bispo do Rosário
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 19 de fevereiro de 2011.
Luiz Pérez-Oramas, curador do evento de 2012 em SP, pretende evidenciar artista, que foi interno de hospital psiquiátrico
Venezuelano também quer diminuir número de participantes e ter mais trabalhos pensados para a mostra
Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), marinheiro que foi interno de um hospital psiquiátrico e nunca produziu obras para o circuito das artes, será um dos artistas centrais da 30ª Bienal de São Paulo, em 2012, adiantou à Folha, anteontem, o curador Luis Pérez-Oramas.
"O que me interessa no Bispo do Rosário é que ele foi uma figura periférica, cuja obra está centrada na invenção da linguagem", disse Oramas, no café do Circullo de Bellas Artes, em Madri. Para ele, uma das questões centrais de sua Bienal será discutir os limites da arte.
"Retorno das poéticas" é o "motivo aglutinador" da Bienal paulista: "Eu sou poeta e gosto de poesia, mas por poética estou me referindo à capacidade retórica da arte".
Leia a continuação e publique seu comentário no blog Como atiçar a brasa.
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TEXTOS DO E-NFORME
Voces Diferenciales / Vozes Diferenciais - Havana / Rio de Janeiro
Durante a 10a Bienal de Havana em 2009, o encontro dos artistas Ronald Duarte (Brasil), Mariella Sola (Chile / Espanha) e Hector Frometa (jovem curador cubano), deu luz a um projeto de intercâmbio entre a arte brasileira e a cubana. A idéia central é que os artistas cubanos sejam exibidos no Rio de Janeiro e os brasileiros em Havana. Para realizar este objetivo, nasceu o projeto "VOZES DIFERENCIAIS", escrito em três vozes que se entrelaçam e apresentam a produção de 8 artistas contemporâneos dos dois países.
Rio de Janeiro
A produção artística brasileira atravessa há aproximadamente 20 anos um processo de internacionalização. Isso se demonstra pela relativa notoriedade que essa produção ganha em feiras, bienais e documentas espalhadas em todo mundo. O crescente interesse internacional pelos nomes de Helio Oiticica e Ligia Clark, a partir da década de 80, foi decisivo para que os grandes centros olhassem mais atentamente a arte brasileira. Por aqui, o neoliberalismo dos anos 90 disseminou as relações entre arte e mercado e a efetivação dos meios de distribuição dessa arte.
Como em toda genealogia vanguardista que se preze, a arte que surge a partir da virada do milênio no Brasil, se posiciona afirmativamente contra a política cultural do patrocínio privado. A política do "faça você mesmo" e a revolução da comunicação liderada pelas mídias digitais e internet, viabilizará uma nova organização do "comum". Novas estratégias de organização e resistência se anunciam – Arte Pública, Interferências Urbanas, Arte Sonora e Mídia Tática. Sistemas de arte funcionando em rede, produzidos com a facilitação dos acessos aos meios de comunicação e a franca opção dos artistas em atuarem em contextos públicos, caracterizarão a produção brasileira deste novo milênio, amparada por fenômenos políticos decisivos como a chegada de um metalúrgico à Presidência (Lula da Silva) e, no âmbito internacional, os fenômenos 11 de Setembro, Gennova, Seattle... Aspectos políticos, em alguns casos "ativistas", marcarão boa parte da jovem produção comprometida com a objetividade do cotidiano, o que justifica o confisco de meios publicitários e de comunicação na criação e disseminação dessas obras. É nesse contexto que estes quatro artistas se inserem: Romano, Alexandre Vogler, Lourival Cuquinha e Ronald Duarte. Rádio, intervenção urbana, apropriação de mobiliário urbano e veículos publicitários, cooptação de mídia impressa, Ações em contextos públicos, etc, fazem parte do repertório desses artistas e de boa parte da recente produção local, seja individualmente ou em coletivos de arte. A consciência do espaço público como espaço midiático, a noção de rede e o artista como ser social, introduzem uma nova estrutura de arte no contexto público: A obra, diluída no tecido social e camuflada pela superficialidade dos fatos ordinários da cidade, aciona percussivamente sinais de diferença.
La havana
Continuidade crítica nas produções simbólicas da arte cubana En la boca las palabras morirán para que el viento a su deseo pueda ulular. Virgilio Piñera, Poema “Isla”, 1979.
Os anos oitenta começaram com uma exposição (Volume I) paradigmática e precursora dos caminhos da "nova arte cubana", este grupo de artistas, reunidos em torno do crítico de arte Gerardo Mosquera, pegam do corpo de teoria da pós-modernidade tudo o que é necessário para construir um discurso em sintonia com as recentes táticas de produção estética na Europa e nos Estados Unidos, geração interessada também no abordagem da antropologia cultural ao fazer uma releitura da religião afro-cubana e ao incorporar elementos vernáculos da cultura popular a uma nova visualidade.
Em meados desta década houve o momento propício para que pudesses ser mostradas na nova arte cubana, as contradições inerentes a esfera da vida cotidiana e da sociedade. Nas galerias começam a proliferar obras com uma análise precisa das questões que tocam o mundo da estética e do chamado "mau gosto" ou kitsch, enquanto outras obras de arte vão fazer alusões a outros males sociais. Toda uma promoção de artistas foi marcada por esta abordagem, onde a posição crítica definia o valor e a qualidade do trabalho.
As propostas estéticas decorrentes da década dos noventa serão construídas incorporando essas contradições e instrumentalizando, por meio dos códigos de arte contemporânea, estratégias de inserção promocional nos circuitos internacionais de arte que vão definir uma forma de criação artística caracterizada por abordar com desvio, inteligência, humor e ambigüidade a realidade cubana, com características únicas na arte latino-americana.
A presente exposição aborda de maneira global esta condição da arte cubana, com suas variações, pontos de vista que argumentam de uma forma simbólica alguns aspectos da tradição artística e seus mais recentes feedbacks com a história da nação cubana.
Estes artistas diferentes na aparência, de um ponto de vista formal, mantêm uma preocupação pelo desmantelamento dos tópicos enunciados acima, e ao fazê-lo eles se comprometem com um legado em vigor da práxis artística cubana, que abrange questões que vão de experiências que documentam situações extremas do ser humano até reflexões artísticas relacionadas com as sociedades e seu impacto sobre o indivíduo.
A mostra apresenta quatro momentos da arte cubana, a partir de quatro artistas diferentes, com obras que fazem uma abertura para as práticas mais jovens da arte contemporânea de Cuba.
Artistas brasileiros
Alexandre Vogler
Compartilha a mesma linha de trabalho com Ronald Duarte e Romano, ao fazer do espaço público um do seus cenários de ação favoritos, sendo parte do repertório do artista a apropriação do mobiliário urbano, dos espaços de publicidade e a utilização de impressão e performances. O seu selo pessoal tem como objetivo levar as suas interferências ao socialmente - Não tolerável - e pôr em xeque os limites da arte.
Sua abordagem é fortemente política, adotando estratégias éticas para ativar reações controversas e extremas no transeunte. É sua maneira de alertar sobre os códigos da cidade e do uso perverso do espaço público que faz o sistema de comunicação de massa e do livre mercado. Vogler enfatiza também o valor do trabalho coletivo, como uma busca de novos modos de tecido social no coração da comunidade. Como um dos fundadores do grupo "Atrocidades Maravilhosas" 1999-2002, que executou a colagem de 5.000 cartazes de publicidade no Rio de Janeiro, fazendo um uso desviante e contundente, foi também um dos criadores do Projeto "Zona Franca" - 2001, que teve como objetivo formar um espaço livre de expressão artística e democrática, onde os artistas eram convidados a fazerem intervenções ou obras que não poderiam fazer em instituições com a mesma liberdade.
Assim, em obras como "O que o detergentes fazem com a mão de uma mulher" 2000, ou "Campanha 4 graus" 2004, Vogler aborda a questão da imagem sexista que se tem da mulher na publicidade e o seu uso como objeto comercial, utilizando a mesma estética e os mesmos elementos que usa o discurso da publicidade, mas levá-los ao seu extremo, enquanto põe em causa as fronteiras da arte e da sexualidade.
Para Havana foi pensado apresentar o projeto "Abre Caminho" de 2007, composto por uma instalação, pinturas e objetos cinéticos, um espaço composto de elementos que geram energia. As obras fazem uso de materiais da cultura afro-brasileira, onde os objetos denotam uma função definida: uma experiência de realidade metafísica baseada em procedimentos populares e verificados pela fé de quem a vivencia. Uma realidade contrária ao habitual, incluindo os critérios objetivos da arte. A instalação, chamada "Gira" é composta de três espécies de guarda-chuvas suspensos do teto e compostas de galhos de arruda.
Tais como ventiladores, estes elementos se movem em círculos e podem projetar o seu aroma em todo o lugar. A exposição também apresenta, além de pinturas, objetos cinéticos "Fumacê do descarrego para interiores"; um conjunto de três pequenas chaminés de alumínio que se movem aleatoriamente dentro do espaço exalando a fumaça da queima de defumador no seu interior.
Lourival Cuquinha
É um artista que produz quadros, fotografias, montagens, instalações, performances, tirolesas, balsas e outras de obras de ver, tocar, aspirar e destruir. Foi membro fundador e atuante do movimento artístico-autista Molusco Lama que floresceu no Recife-Olinda em meados dos anos 1990. Nos anos 2000 Lourival Cuquinha descobriu os caminhos do financiamento público de artistas e instalou a obra Mapa do Ácaro, numa balsa sobre o Rio Capibaribe. Também foi contemplado com uma Residência na Ecole Supérieure d´Art de Aix-en-Provence, dentro dos festejos do Ano do Brasil na França em 2005.
Realizou a obra “Varal”, que é uma intervenção urbana natural para as pessoas que moram no bairro de Santo Amaro, no Recife. Este bairro fica na marginal de uma grande avenida, onde as pessoas se apropriam do espaço urbano para secar as roupas. Vários varais modificam a paisagem urbana com intuito basicamente funcional. A reutilização desta atitude estética despretensiosa dos moradores, dimensionando-a de forma gigantesca num lugar inusitado, é o mote inicial desta obra. Ela já foi apresentada em vários locais no Brasil; Porquerolles no sul da França (projeto Pernambuco! Art contemporain /culture populaire, ano do Brasil na França / 2005) e Weimar, Alemanha (na exposição coletiva “Die Kunst erlöst uns von gar nichts, Künstlerpositionen aus Südamerika”, “A arte não nos libera de absolutamente nada”, jul. – set. 2006).
Em todos esses lugares, causou estranhamento no público passante, levando-o a questionamentos muitas vezes restritos aos circuitos de galerias e espaços culturais.
A obra e a cidade interagem mais ainda com a coleta de roupas usadas que é feita a partir de uma panfletagem no próprio, lugar pedindo doações aos seus habitantes. Esta ação inclui um significado de memória, pois as pessoas geralmente doam roupas que têm um valor especial em sua historia de vida. Todo este processo é registrado em fotos e, às vezes em vídeo.
Romano
Romano tem uma predileção sistemática ancorada na sua memória primogênita, por alterar de forma estratégica os códigos urbanos. Fazendo um uso subversivo da tecnologia e da mídia, procura apropriar-se deles para imprimir a sua própria factura e contrapor um discurso diferencial, desde uma plataforma artística, ao hegemônico oficial dos mass media e do sistema de mercado. Sem descuidar-se do lúdico e interativo, Romano por vezes se posiciona como um ativista, unindo as idéias de "guerrilha/malandro/carioca", buscando a integração entre o sujeito e a cidade, para democratizar a obra de arte e seus usos, enquanto tenta desestabilizar o cotidiano para assim desvelar a normatividade que toda cidade esconde. Suas Interferências operam como catalisadores de uma forma de comportamento social que precisa ser trazida à luz.
Assim, como é demonstrado por suas ações de interferência urbana, como Falante - escultura sonora itinerante, 2007, onde o artista percorre a cidade como um "flaneur" de Walter Benjamin, exceto que aqui aparece como ativista-transformador armado de uma mochila com som, e de uma câmera de vídeo que lhe segue em sua jornada na Praça da Sé em São Paulo, aguçando os cidadãos sobre a possibilidade se criarem novos códigos sonoros para a cidade. Uma interferência na ecologia sonora que pretende repensar a sociedade, onde da mochila emana a frase "NÃO PRESTE ATENÇÃO", poema sonoro gravado e mixado, que perturba a paisagem sonora diária e refere-se, de forma indireta e irônica, em como não prestar atenção a "tudo" o que acontece nas cidades brasileiras. Nestas zonas de guerra interna "não prestar atenção" faz palpável a ilusão da cidadania perdida, enquanto lhe retorna o seu estatuto.
Em Radio Mochila, interferência urbana sonora, 2006, várias pessoas fazem o seu caminho urbano com mochilas radiofônicas, fazendo uma abertura na cidade de áreas sonoras livres que, democratizando ao mesmo tempo a obra de arte e os espaços urbanos, dão acesso à comunicação a vozes diferenciais, onde os cidadãos podem entrar e sair. Como em seu programa de radioarte na Rádio Madame Satã, Lapa 2005, a ação cria uma área acústica democratizada, ocupando o espaço aéreo com a arte, atingindo milhares de pessoas no centro da cidade do Rio de Janeiro, mixando músicas, entrevistando artistas, criando poética sonora, transformando um meio de comunicação de massa em um corpo esquisito de singularidades independentes, construindo uma rede comunicação e novas formas de produção simbólica.
Em Chapéu Panorâmico, 2009, a imagem da rua é levada do espaço urbano à galeria de arte, invertendo os papéis, onde o público passa a ser obra, enquanto o artista é apresentado como uma espécie de espião. Romano percorre a cidade com o seu chapéu Panamá, típico dos malandros do Rio de Janeiro, onde foram inseridas quatro micro-câmeras de vigilância, que transmitem as imagens capturadas para um telão ou para um laptop. A Ação também acontece em uma roda de capoeira. Aqui, ela é transmitida do ponto de vista do "jogador". Esta imagem de visão alternativa do que acontece no espaço público será transmitido a partir da rua e projetadas em uma parede interna da galeria.
Em Chuveiros Sonoros, 2008, trabalho apresentado na 7 ª Bienal do Mercosul, ao abrir a torneira, no lugar da água do chuveiro ouvimos o som de cantores anônimos de chuveiro, invertendo o privado em público, o que nos permite entrar no mundo dos outros para ouvir as vozes de quem canta ao tomar banho.
Para Havana são propostos como potenciais a realizar, em função das possibilidades estruturais e técnicas, uma nova edição do "Falante", "Rádio Mochila", "Chapéu Panorâmico" e "Chuveiro Sonoro", pensando que se poderão realizar dois deles, e também apresentar na exposição os vídeos das várias intervenções feitas pela artista no Brasil.
Ronald Duarte
Se pode falar sobre a produção de Ronald Duarte como uma obra in-situ, sendo profundamente enraizada no seu contexto local e que, recorrendo à intervenção urbana como a sua estratégia de ação traz uma relação de continuidade simbólica com os espaços onde atua. Obra que carrega um duplo discurso político-mágico, dando conta da violência urbana como um "outro poder paralelo" nestas micro-cidades da cidade carioca. Sendo vizinho do morro da "Coroa" uma das favelas mais violentas do Rio de Janeiro, será desta experiência diária que o artista vai retirar os elementos com que vai constituir uma ação que carrega uma presença física, material.
A impressão destes cinco elementos primários, água, fogo, ar, terra, éter, evidenciam um mapeamento urbano visual e energético que nos apresenta por um lado a cidade de violência e morte, e por outro a uma espécie de transmutação mágica, onde o artista, apropriando-se das suas raízes afro-brasileiras, busca novos mundos de significação e "outros poderes paralelos" para redefinir e alterar os contornos do cotidiano e as esferas do poder político e social.
Como o artista diz: "Eu acho que o processo de construção deste novo mapeamento é através de uma constante negociação com o sistema de poder, seja político, cultural ou econômica, e esta negociação ocorre dentro dos limites da ética e da estética mais rigorosa possível".
É nesta busca contínua para encontrar uma síntese utópica, impossível, desses mundos em que transita a sua obra, que estão inscritas as intervenções da série "Guerra e Guerra": "O Que Rola Você Vê - 2001" "Fogo Cruzado - 2002", "Traçantes - 2003", "Nimbo Oxalá - 2004”, "Pisando em Ovos - 2005" e "Tatuagens Urbanas - 2006", realizadas entre 2001 e 2009. Em Nimbo Oxalá, reeditado para a 10a Bienal de Havana, encontramos um complexo sincretismo em que baseia seu poder; O nimbo que foi usado pelos egípcios, gregos e romanos em imagens de deuses e imperadores como um símbolo de poder e grandeza, coroa a Oxalá o grande criador de raízes Africanas, divindade suprema de luz branca e pureza absoluta. O Uso material de extintores de incêndio nos dá uma clara referência de um S.O.S. simbólico, um plus que precisa ser re-significação, re-localização, enquanto o grande cogumelo branco que eles produzem ao ser operados em uníssono nos remete a uma imagem de conotações religiosas e bélicas que se oferecem a uma inquietante unidade.
Para Havana está prevista a apresentação de "Fogo Cruzado", em um espaço público a definir em conjunto com as autoridades locais, e uma série de gravações de vídeo das várias intervenções realizadas em vários países. Fogo Cruzado já foi montado várias vezes e em cada interferência urbana, o fogo é controlado sistematicamente pelo artista.
Artistas cubanos
Angel Delgado
Na obra de Angel Delgado se encontra um núcleo central, que fala de liberdade do indivíduo ou a falta dela, em torno do qual se organiza a sua produção, referindo-se as restrições, proibições e controles que são impostas no seio das sociedades.
A partir da experiência de seis meses de prisão, Angel, extraiu os seus principais recursos técnicos e instrumentais, lá aprendeu a desenhar nos "pañuelos", lenços com lápis coloridos e cold cream, a esculpir imagens em sabonetes, e dai vieram os temas e a inspiração geral de todo o seu trabalho. Seu discurso tinha adquirido ali o tom hermético que é produto da desconfiança que pode gerar essa experiência.
Sua obra, inicialmente, mais bem centrada no anedótico e auto-referencial foi atraída para um interesse em levar essa experiência personal rumo ao coletivo mais transcendental, simbolizando a condição de confinamento a que muitas vezes se limita ao indivíduo, deliberada ou involuntariamente. Ao mesmo tempo que expandiu a projeção do seu trabalho em termos semânticos se foi ampliando o seu operatório criativo, incorporando como formas criativas de expressão a performance, a instalação, a fotografia, o vídeo, entre outros meios.
Duvier del Dago
Há uma dualidade contrastante no trabalho de Duvier del Dago, suas esculturas efêmeras que como uma espécie de holograma impressionam com a sua alta definição e sua visualidade High Tech, são baseados em uma materialidade construtiva que nos posiciona em um trabalho quase artesanal, fios de algodão sensíveis à luz preta em tecidos esticados em tensão extrema.
Para Duvier o desenho é o melhor meio de comunicação, de esta premissa teceu uma complexidade espacial que o levou para a tridimensionalidade como uma possibilidade de realizar seus sonhos, sem que eles não tenham uma magnitude, com uma boa dose de sutileza e versatilidade, mais universal e social. É esta busca que o levou à La serie Castillos en el aire que como uma apropriação de estruturas virtuais materilazadas em desenhos tridimensionais conseguiram o efeito 3D digital, como uma proposta contemporânea que utiliza estratégias de instalação e vídeo-arte.
Na obra de Dago Duvier se estabelece essa possibilidade quase espetacular de traduzir projetos de vida, às vezes, completamente utópicos e que desafiam o reino do desejo e do onírico, ao mesmo tempo que criam um impacto através de uma configuração do espaço de alta precisão com um selo muito pessoal, o que lhe permite o seu lugar no cenário da arte contemporânea internacional.
"me perguntam por que não faço estruturas metálicas, por que não utilizo um material mais durável. Mas a natureza efêmera das minhas peças é importante, muito importante. É como se estivesse tecendo meus próprios sonhos"
Manolo Castro
Manolo Castro é um jovem artista que da cúpula do Instituto Superior de Arte ISA que já se está fazendo sentir no panorama da arte cubana, isto é confirmado pela sua menção em 2008, en la XVII edición del Salón de la Ciudad, e a sua recente aparição na mostra paralela à 10a Bienal de la Habana.
A reinterpretação e resignificação dos emblemas, símbolos e signos que se referem às diferentes áreas do poder são recursos utilizados no imaginário visual do Manolo, ele se esforça em transformar o que as sociedades pretendem apresentar como absoluto. A Reconstrução de um sinal luminoso (Flash Back), que metaforicamente destaca a tênue linha que separa a arte da realidade, neste caso o logotipo luminoso emblemático do Hotel Habana Libre, rico em significado, é trazido para a galeria de exposição onde é alterada a sua funcionalidade. Em um trabalho recente Encuentro ele vai mais longe na tentativa de minar a realidade, este "encontro" inesperado nunca irá acontecer, só na mente e nos desejos do artista para distorcer o tempo e a história.
Rodolfo Peraza
Rodolfo Peraza trabalha usando signos já socializados, como são as sintéticas figuras humanas dos pictogramas dos sinais de trânsito de pedestres, os códigos de trânsito urbano, que ele refaz jocosamente tocando em questões sociais ou questões políticas da imaginação global, seja através da instalação in-situ de peças que vão da transformação simbólica dos sinais de trânsito em lugares públicos ou dentro de uma galeria, até a incorporação de qualquer suporte reprodutível, sejam autocolantes, objetos tridimensionais ou vídeo-jogos.
Entre as últimas peças de sua produção, se acham dois videogames, que se referem aos manuais para orientar o comportamento social, concebidos com a finalidade de padronizar as vidas de jovens e crianças através de formas de educação, cuja intenção mais clara é exercer o controle sobre os indivíduos.
Nestes videogames aparecem manuais estruturados por níveis, com a aparência 2D dos jogos dos anos 80, onde você pode ir através do livro, destruindo seus slogans e os seus ídolos. O trabalho de Peraza leva-nos de uma atitude lúdica e irônica, quase anarquista, a uma redução do conteúdos emanados pelos objetos de poder a situações de jogo, onde o indivíduo recupera a sua capacidade de reagir ante o mesmo.
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