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Lançamento de catálogo, vídeo e nova sinalização no Açude / Bate-Papo sobre a exposição Coletiva no Museu da República
ANO 3 N. 139 / 23 de outubro de 2003




NESTA EDIÇÃO:
Rosângela Rennó, exposição e lançamento de livro na Fortes Vilaça, São Paulo
Labor II na Antiga Tecelagem Labor, São Paulo
Walton Hoffmann no Cândido Mendes, Rio de Janeiro

Bate-Papo sobre a exposição Coletiva
no Museu da República,
Rio de Janeiro
Arte da África - Idéias no CCBB, Rio de Janeiro
Palestra de Ligia Canongia na Laura Marsiaj, Rio de Janeiro
Lançamento de catálogo, vídeo e nova sinalização no Açude, Rio de janeiro

CIRCUITO:
Carlos Zilio no Raquel Arnaud, São Paulo
BLOG DO CANAL:
Endereços conectados diretamente ao textos publicados no blog


 


Cerimonia do Adeus


Rosângela Rennó

Bibliotheca e Cerimônia do Adeus

Lançamento
Rosângela Rennó – O arquivo Universal e outros Arquivos; Editora Cosac & Naify

24 de outubro, sexta-feira, das 20h às 23h

Galeria Fortes Vilaça
Rua Fradique Coutinho 1500
São Paulo
11-3032-7066
galeria@fortesvilaca.com.br
http://www.fortesvilaca.com.br
Terça a sexta, das 10h às 19h; sábados, de 10h às 17h.
Exposição até 21 de novembro de 2003.

Este material foi enviado por Galeria Fortes Vilaça <galeria@fortesvilaca.com.br>.
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Labor II

24 de outubro, sexta-feira, das 19h às 3h
25 de outubro, sábado, das 11h a 1h
26 de outubro, domingo, das 11h às 20h
1º e 2 de novembro, sábado e domingo, das 10h às 21h


Antiga Tecelagem Labor
Rua da Moóca   815
São Paulo
http://www.labor2.com.br
Organização: Daniel Nogueira de Lima, Karem Andersen, Mário Meirelles, Roberta Mahfuz.
Colaboração:  Rafael Mourão e Laerte Ramos.

Veja o texto de imprensa.

Debates e Palestras:

25 de outubro, sábado
14 h

Debate: Ana Helena Curti, Gisele Beiguelman, Rafael Vogt Maia Rosa Rubens Mano
As instituições, fundações e galerias passaram a introduzir artistas no circuito, e portanto delimitar o conceito do que é arte, agindo como disseminadores e produtores de arte. O que os artistas perderam com isto? Ou ganharam?

17h
Palestra: Ana Amorim


26 de outubro, domingo, 14h
Debate: Dudi Maia Rosa,  Ricardo Hage, Edu Brandão.
Nos anos 60 e 70 houve uma efervescência da produção cultural e artística brasileira, proveniente da condição de isolamento político do país. Nos dias de hoje (em meio ao processo de ‘globalização’) a produção artística está freqüentemente vinculada a um olhar caracteristicamente Ocidental. Assim, haveria possibilidade de apontarmos uma produção com características particularmente brasileiras? Aliás, faz sentido essa pergunta hoje?


1º de novembro,  sábado
14h

Debate: Gustavo Rezende, Marcos Moraes, Shirley Paes Leme
Qual o papel social do artista hoje? Quais as possibilidades e limites do mercado?

17h
Palestra: Leon Kossovitch


2 de novembro, domingo
14h

Debate: Artur Matuck, Leda Catunda, Magnólia Costa, Mirtes Marins, Paulo Pasta
As artes tidas como tradicionais (desenho, pintura, escultura, gravura) mudaram de sentido? Temos uma geração de apreciadores impacientes e/ou condicionados?

17h
Palestra: Celso Favaretto

Este material foi enviado por Roberta Mahfuz <rosiem@uol.com.br>.
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Walton Hoffmann

24 de outubro, sexta-feira, 20h

Centro Cultural Cândido Mendes
Rua Joana Angélica  63
Ipanema   Rio de Janeiro
21-2523-4141
Segunda a sexta, das 15h às 21h; sábados, das 16h às 20h.
Exposição até 17 de novembro de 2003.

Este material foi enviado por Geise Bastos <geise@terra.com.br>.
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Bate-papo
Patricia Canetti

individual Coletiva
Vamos falar sobre os resíduos visuais mostrados nesta exposição que fala de rede e fragmentos, e mostra mosaicos, desenhos, pinturas, esculturas instalados no gramado e na galeria do museu.

Participação especial de Rubens Pileggi Sá

26 de outubro, domingo, 14h30

Museu da República
gramado da entrada
Rua do Catete 153
Rio de Janeiro
21-2558-6350
galeria@museudarepublica.org.br
Segunda a sexta, das 10h às 17h, sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h.
Exposição até 26 de outubro de 2003.
Patrocínio: APIC ! Artistas Patrocinando Instituições Culturais.
Apoio: Canal Contemporâneo.

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Ciclo de Palestras
Arte da África - Idéias
Breyten Breytenbach

25 de outubro, sábado, 16h

Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março  66
Centro   Rio de Janeiro
21-3808-2020
Retirada de senhas 30 minutos antes do início das palestras.
Exposição até  4 de janeiro de 2004

Programação:
8 de novembro: Kabengele Munanga
22 de novembro: Marta Heloísa Leuba Salum (Lisy)
29 de novembro: Tiago de Oliveira Pinto
6 de dezembro: Embaixador Alberto da Costa e Silva

Este material foi enviado por Meise Halabi <meisehal@visualnet.com.br>.
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Anfi – o que vai de um lado ao outro.

palestra

Ligia Canongia
sobre o trabalho de Daisy Xavier

24 de outubro, sexta-feira, 19h

Laura Marsiaj Arte Contemporânea
Rua Teixeira de Melo  31-C
Ipanema   Rio de Janeiro
21-2513-2074
lmarte@terra.com.br
www.lauramarsiaj.com.br
Terça a sábado, das 10h às 20h.

Veja o texto de imprensa.

Este material foi enviado por Laura Marsiaj <lmarte@terra.com.br>.
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Lançamento

Catálogo
Texto de Marcio Doctors e fotos de Vicente de Mello
Vídeo
Gustavo Moura
Nova Sinalização

Brunch com a cantora Luiza Maria Xavier

26 de outubro, domingo, 12h

Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude –
Estrada do Açude 764
Alto da Boa Vista - Rio de janeiro
21-2492-5443 / 2492-2119
Quinta a domingo, das 11h às 17h.
Realização:  Museu do Açude (Museus Castro Maya)
Patrocínio: Petrobras

Veja o texto de imprensa.

Este material foi enviado por CW&A Comunicação - Teresa Tavares <teresa@cwea.com.br>.
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Circuito

Carlos Zilio

Descritivo

9 a 25 de outubro de 2003

Gabinete de Arte Raquel Arnaud
Rua Arthur de Azevedo 401
São Paulo
11 3083-6322
http://www.raquelarnaud.com
Segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 11h às 14h.
Patrocínio: ALMAP/BBDO
Apoio institucional: Prefeitura do Município de São Paulo

Veja o texto de imprensa.

Este material foi enviado por Selma Caetano <selcaetano@uol.com.br>.
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blog do canal

Aí vão os endereços corretos dos textos deste mês:

O desvio é o alvo, de Luisa Duarte
http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/archives/000014.html

Arte em Circulação, de Rubens Pileggi Sá

Um breve toque sobre o corpo (na arte) I

http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/archives/000011.html

Um breve toque sobre o corpo (na arte) II
http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/archives/000012.html

Respostas a 3 perguntas paulistanas, de Patricia Canetti
http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/archives/000010.html

Coletiva de Patricia Canetti

Participação de Cristina Pape
http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/archives/000015.html

Participação de Franklin Cassaro

http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/archives/000016.html


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TEXTOS DO E-NFORME:


Rosângela Rennó – Bibliotheca e Cerimônia do Adeus

A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar Bibliotheca e Cerimônia ndo Adeus, dois trabalhos recentes da artista mineira Rosângela Rennó. A inauguração da exposição coincide com o lançamento do livro Rosângela Rennó – O arquivo Universal e outros Arquivos pela editora Cosac & Naify.
 
Bibliotheca teve início em 1992, quando Rennó comprou seis caixas de slides completas, num mercado de pulgas em Bruxelas. Entre lojas de segunda mão e doações de amigos e instituições Rosângela reuniu um vasto material. As fotografias datam do final do século XIX até os anos 80.
 
Em Bibliotheca, exibida no ano passado no Museu da Pampulha e este ano no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, Rosângela desmonta, edita e reorganiza este material. Os álbuns são dispostos em vitrines, que por sua vez são reunidas em grupos. No tampo destas vitrines, o que vemos é uma reprodução fiel dos álbuns de fotografias e caixas de slides lacrados em seu interior. A artista criou um código de cores para o fundo e a estrutura das mesas, em função da origem das imagens e do lugar onde os objetos foram comprados. Seis mapas mundi, um arquivo e um livro de artista fornecem informações detalhadas sobre os objetos em exposição. Cada ficha do arquivo tem anotações sobre a quantidade de páginas, o estado de conservação, a quantidade de fotos de cada álbum; além de um relato fictício feito pela artista a partir das imagens que observou.
 
Segundo Adriano Pedrosa, curador das exposições da Pampulha e do CCBB: “O trabalho de Rosângela por natureza tem um nível de pesquisa muito grande. Ela contrapõe a aparente frieza dada por essa conceituação à utilização de temas muito quentes como a família, sexo, poder e violência. Essa mistura dá uma tensão ao trabalho muito especial, apaixonante”
 
Cerimônia do Adeus parte de um outro arquivo adquirido pela artista em Cuba, onde os jovens casais de noivos recebiam do governo uma ajuda de custo para o casamento, que incluía um fotógrafo. Nas fotos, noivos e noivas recém casados, se beijam e se despedem da câmera. A mesma situação se repete com diferentes personagens e pequenas mudanças de cenário. Ao todo são quarenta fotografias, divididas em dez grupos. Aqui também os registros institucional e pessoal se confundem. Há uma negociação contínua entre as histórias vividas pelos personagens e aquelas criadas pelo espectador.
 
Este ano Rosângela Rennó foi uma das artistas a representar o Brasil na Bienal de Veneza.

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Novos artistas reabrem mostra Labor

Pelo segundo ano consecutivo, ocorre a mostra de artes visuais Labor. Reunindo obras de cerca de 110 novos artistas visuais, a Labor II continua o trabalho realizado no ano passado e propõe um diálogo entre os expositores e suas obras e o local escolhido para a exposição. O casarão de 1901 abrigava uma tecelagem cujo nome hoje dá nome à mostra e explica sua proposta: Labor vem do latim e significa "fazer".

De acordo com Karen Andersen, uma das organizadoras da mostra, "a Labor surgiu de uma vontade, de um fazer, e a Labor II agora se concretiza pela vontade de fazer mais". Karen ressalta ainda que, como na primeira edição, não há curadoria. "Tudo será elaborado, organizado e financiado pelos próprios artistas."

A Labor II contará com a presença de artistas e professores, para promover e participar de debates sobre arte.

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Walton Hoffmann no Cândido Mendes

Depois de quatro anos sem expor no Rio, o artista plástico Walton Hoffmann vai mostrar, apresentado pelo crítico espanhol Adolfo Montejo, duas séries de trabalhos recentes e inéditos na cidade. A exposição, no Centro Cultural Cândido Mendes, em Ipanema, acontece em parceria com a novíssima galeria Arte em Dobro.

Serão apresentadas dez obras em acrílica sobre tela e treze objetos (que variam de 30cm a 80cm) __ intitulados de Lego e pintados com a mesma técnica. Essas peças já fizeram parte este ano das coletivas “Heterodoxia – Edição São Paulo” e “La Distancia y otros Mundos”, realizada em Sevilha,na Galeria Rafael Ortiz , junto com trabalhos de  Carmem Calvo, uma das principais  representantes da arte espanhola das ultimas décadas; da argentina Liliana Porter; de Antoni Socias, representante espanhol na última Bienal de São Paulo; e de Claes Oldenburg, pioneiro da arte pop, entre outros.

Walton Hoffmann pesquisa na própria herança cultural a composição de seus quadros. Quando menino, costumava brincar com os avós escandinavos de recortar figuras em papel e projetar sombras na parede. Essa linguagem foi então transportada para a pintura, na qual aparecem também objetos variados, animais, e brincadeiras de criança. Elementos da arte popular tambem são utilizados em sua obra. Muitas das telas têm bordas, que sugerem a boca de um palco, no qual a composição está inserida como se fizesse parte de um enredo. “Utilizo a memória e a minha história para trabalhar. Realidade e fantasia estão presentes com a mesma dosagem. Presente e passado se mesclam, formando uma nova dimensão, muitas vezes absurda, com fortes doses ironia e humor. Tento atrair  a emoção  do espectador com estes jogos de imagens, com lirismo e sutileza, criando situações que tanto podem ser frutos da memória como de sonhos. Há uma mistura de loucura e sanidade, mentira e verdade, congelando estas fronteiras em vários tempos que se cruzam simultaneamente, e que transpomos inúmeras vezes, de forma imperceptível e inconsciente, durante nosso cotidiano “.



Entre dois mundos

ADOLFO MONTEJO NAVAS

Sempre achei que o título que serviu para cantar as excelências de um tipógrafo chamado Boloña pelo poeta cubano Eliseo Diego, ajustava-se maravilhosamente à pintura de Walton Hoffmann pela sensação de que se tratava de uma mesma atmosfera, quase um canto à memória das ferramentas do homem, ou de um jogo entre uma enganosa ‘ilustração’ e sua adivinhação, o que também poderia guardar alguns enigmas (como observou Lygia Pape ao ver alguns primeiros trabalhos do artista.) Aliás, “Enigmas para uma pintura” bem que poderia ser um subtítulo ou uma senha para esta obra. A reconstrução de um certo inventário do mundo, através de tipos gráficos em um caso, ou de imagens em sombras em outro, fazem parte da religião da miniatura, da verdade das pequenas dimensões. Mas as similitudes param por aí, nessa capacidade de emblemas que os signos adquirem e ultrapassam em sua necessidade de linguagem.

A pintura de Walton Hoffmann, para surpresa das classificações taxonômicas,  persegue um approach que pode parecer pré-pop, de uma época de desenhos e gravuras antigas, muito anterior aos consumos das massas urbanas. Como acontece com os trabalhos de Joseph Cornell, a infância, o simples universo que cabe numa caixa, os globos-mundos, são um pequeno palco de teatro. De fato, um aspecto visual que reforça a ligação com imagens populares de teatro mambembe ou de circo: a ‘moldura’ dentro do quadro nas partes superior e inferior, concede mais um jogo de representação nesta pintura, que não se deixa reduzir no seu clássico âmbito bidimensional. Esta fisicidade da pintura, que inclui moldura ou até variação de suporte –é o caso das caixas–, guarda uma sutil ironia representacional.

Mas não só nos aproximamos de uma simbologia da infância, de um paraíso perdido, de uma paisagem imaginária –a imaginação sempre é outra infância–, com seus reconhecidos jogos de armar, de aprendizado do mundo, puzzle, ou do chamado Lego, de onde vem a palavra legado, mas também de uma pintura onde os tempos se misturam. Os mundos desta outra época e de agora estão presentes, a atualidade está disfarçada, temperada por outro tempo e vice-versa –aliás como acontece com a filosofia da colagem onde épocas/estilos/imagens podem sobrepor-se. A pintura se faz fantástica, no sentido mais borgiano do termo, aquele que permite vários mundos em conexão e um rondo temporal. É especialmente proveitoso contemplar como há outros tempos atravessando as telas e em direções diversas –objetos em direções contrárias, plurais– e ver os grandes espaços que há entre as coisas, o que ainda há por percorrer, porque nós somos ainda essa distância, essa conexão. Toda a poética pictórica de Walton Hoffmann tem uma distância a ser percorrida neste inventário da memória, tão diferente do realizado pela contemporânea arqueologia de Fernanda Gomes, por exemplo. De alguma maneira, cada vez torna-se mais claro que a pós-modernidade também nos ensinou a reler melhor esta eqüidistância espacial, temporal e cultural que existe nestes quadros, nas coordenadas desta pintura, fora das velocidades da moda.

Os perfís/sombras desta pintura –o negativo de presenças que há tempos foram convertidas em símbolos cotidianos e distantes– homogeinizam a representação e sua potência, tudo pode ter o mesmo valor: um carro e um violino, uma chave e uma ave, um chafariz e uma borboleta. A realidade equaciona-se de forma muito mais arbitrária do que já pensamos. Há algo aliceano nesta pintura ficcional, que desloca a lógica tanto da representação quanto da sua semântica. Como há, no fundo, um tom de natureza morta ressuscitada, de cenas fragmentadas. A pintura “tipográfica” deste pincel a-naturalista sabe disso em sua “escrita”, sejam telas ou caixas. Mais ainda quando as imagens são estampadas como selos ou tatuagens numa superfície eminentemente plana, feita de várias camadas/texturas, mas sem perspectiva alguma, a não ser aquela de ordem mais conceitual ou espiritual. O suporte das “caixas” de Walton Hoffmann revela esse lugar inter-espacial comum na pintura mais contemporânea, adotando superfície e tridimensionalidade ao mesmo tempo, assim como uma divisória suigeneris na composição de seu mundo. Nos quadros este somatório de imagens é diferente: a combinação ainda é mais aleatória, tem outra vinculação imagética: os motivos-figuras aparecem no ar da tela –em um ar de memória ou de nova ficção–, como assim os freqüentes fios que ficam soltos, sem continuação, em aberto. Se as caixas permitem uma ‘representação’ frontal e lateral, superior e inferior, as telas albergam tudo seu imaginário no espaço bidimensional, falseando até o equilíbro aparente. As “esculturas”, e sobretudo os últimos “cubos”, pertencem à outra extensão que permite juntar espaço, volume com pintura e intervenção do público. Daí se deduz que quando esta pintura se apropia de certa objetualidade, seja tanto por dentro como por fora: ela exala coisas, objetos, e se corporeiza às vezes em elemento/suporte objetual. O que é uma resposta cativante, além de um bem humorado paradoxo, no saturado panorama da objetualidade de hoje, cheia de vicios representacionais, muito mais naturalistas do que se quer reconhecer.

No interior deste universo pictórico, as colunas, os prédios e coretos vazios, como elementos arquitetônicos isolados, respiram um certo espírito surrealista à Chirico, sobretudo quando há uma clima de realidade suspensa, uma certa espessura aérea, volátil, uma paisagem que pode ser tanto da memória quanto de um sonho, na qual animais, objetos, figuras, além das pequenas arquiteturas, misturam-se nas diversas composições pictóricas –às vezes tocando-se estranhamente–, sem chegar nunca à já tradicional montagem ou colagem. É notório que toda a representação figurativa de Walton Hoffmann componha-se de forma isolada, pelo sistema de vincular imagens soltas, qual ícones que querem conversar entre si. Todos os quadros estão com sua representação e conteúdos no ar: como o referencial que se liberou da originária referência. De alguma forma, todos os quadros são pequenos mapa-mundis de bolso, cartografias íntimas cujo lirismo é maior do que a narrativa. Se nesta pintura há uma história, ela está por ser contada, dispensando o discurso, mais próximo da fábula, essa outra narração mais alegórica. Talvez por isso toda esta poética pictórica reclama olhares de vários pontos.


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Carlos Zilio no Raquel Arnaud, São Paulo

A pintura de Zilio não se confunde com nada, se afirma como experiência individual e perceptiva, busca e renúncia. Suas telas não tratam de outro tema senão aquele que há milênios preocupa e angustia o homem: vida e morte.  Com um olhar tátil, que reduz a superfície pictórica à parede ou carne, Zilio parece atualizar um problema ancestral da pintura: a representação do corpo e da pele humana como superfície emanadora da vida, e o inerte, opaco, resistente, que se resume numa parede.    

A atual exposição coloca o público em contato com os desdobramentos de um trabalho que, mantendo coerência interna, se concretiza em novas possibilidades.  

As telas apresentadas estão impregnadas de uma necessidade interior. Aqui aparecem as figuras modernas de Matisse e Picasso. Com isso Zilio deixou à margem Cézanne, sua carga européia que permanece como problema e afinidade intelectual. Por que? E por que Picasso, só agora?

Quem responde a esta pergunta é o crítico Paulo Venancio no texto para o catálogo: "A resposta que encontro está na confiança, na decisão, na certeza picassianas. Retroceder a Picasso depois de estar a par de toda a pintura pós-expressionista abstrata, revela mais uma vez um momento instrutivo daqueles singulares descompassos históricos da arte brasileira. Simplificando, a equação pictórica se deslocou da estrutura intelectual (Cézanne, Barnett Newmann) para uma necessidade gestual decidida (Picasso). O gesto libera, toma a extensão toda do braço, exige um envolvimento corpóreo, e a pintura como que se dá conta de que o espaço franqueia aquilo que só pode acontecer nele: um movimento mais amplo que tem a escala do corpo e convida-o a mover-se livremente através da superfície".


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Palestra de Ligia Canongia na Laura Marsiaj

A exposição é dividida em 4 partes: ANFI, uma série de 8 fotografias; ANAGRAMA, montagem de fotos que se encaixam 2 a 2; SOMOS SÓ NÓS / NÓS SOMOS SÓS, desenhos com intervenções de agulhas e fios de cobre; e AQUÁRIO projeção de imagens em movimento sobre água.

Anfi – o que vai de um lado ao outro.
No inconsciente a noção de tempo e espaço está neutralizada e permite que se passe do passado ao futuro, de um lado ao outro, com absoluta indiferença.

Este trabalho vai usar os corpos de 4 gerações de mulheres da mesma família, para diluir a noção de tempo e espaço, transformando-os numa massa única e contínua com as mesmas propriedades do inconsciente.

 Elas foram fotografadas juntas para que representassem apenas uma massa de carne com diferentes texturas de pele.

O registro fotográfico foi feito por Wilton Montenegro.

A presença de 4 gerações de mulheres de uma mesma família, compactadas num mesmo tempo e espaço dissolve os limites do corpo. Cria um corpo único e fluido, capaz de se movimentar e se desdobrar com mesma maleabilidade do inconsciente. 

A idéia geral dos trabalhos é mostrar esta maleabilidade líquida que nos persegue. Nós humanos, apesar das pretensas certezas e definições, estamos sempre deslizando, sempre indo de um lado para o outro, não tem outro jeito.

Projeto da Exposição.

ANFI:

Série de 8 fotografias de 120 X 90 cm cada.
Estas fotos são apresentadas lado a lado, sem moldura e ocupando toda parede com pequenos intervalos (4 cm) , criando uma longa seqüência linear.
A disposição das fotos foi determinada para criar uma continuidade, alem de estarem lado a lado elas se ligam entre si através do movimento das linhas.

ANAGRAMA:

Série de 4 fotos de 60 X 100 cm cada uma, com moldura.
Cada uma delas é feita com uma montagem de 2 fotos que se encaixam.
Elas estão dispostas do chão ao teto, uma em cima da outra.

DESENHOS:

Estes desenhos, assim como as fotos, são quase monocromáticos. Cor de pele.
Eles partem de um leve esboço em tinta a óleo onde são demarcados os limites dos corpos, eventualmente, surge um traço em grafite para frisar uma linha. Posteriormente, sobre este esboço inicial, são feitas intervenções com agulha e fio de cobre. Neste momento do bordado é que o desenho ganha vida, são realçadas as particularidades de cada corpo – seios, veias, rugas, dobras, etc
Mas, ao mesmo tempo em que particulariza cada corpo, este bordado vai tecendo uma suave teia que une os corpos e cria novamente uma massa indiferenciada.
O título deste trabalho é: SOMOS SÓ NÓS / NÓS SOMOS SÓS.

AQUÁRIO:

Trata-se de um pequeno aquário de 48 X 36 cm por 8 cm de altura.
O projetor estará 90 cm acima do aquário, numa altura de 2 metros acima do chão. Esta distância do projetor faz com que a imagem esteja exatamente dentro do limite do aquário.

Sobre o trabalho e as imagens.
Este trabalho foi realizado em parceria com Célia Freitas.
Estas imagens foram registradas durante uma sessão de fotos com o fotógrafo Wiltom Montenegro, no ano de 2000, com 4 gerações de mulheres da família da artista. ( A mesma sessão que deu origem às fotos que estarão sendo apresentadas na exposição).
O som utilizado também é o som original deste registro fotográfico.
Tanto as imagens quanto o som estarão em câmera lenta, dando um tom de que os corpos estão se diluindo, algo que escorre lentamente.
Este movimento líquido é de tempos em tempos interrompido pelo espocar do flash. O som do flash em câmera lenta se assemelha a uma explosão que, juntamente com a iluminação excessiva da imagem, faz transbordar o fluxo tranqüilo da imagem.

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Lançamento de catálogo, vídeo e nova sinalização no Açude

No próximo dia 26 de outubro, domingo, às 12h, será lançado, no Museu do Açude, o catálogo das obras de Lygia Pape, Nuno Ramos e José Resende, que integram o projeto Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude.  Será lançado ainda o vídeo sobre esses três artistas e suas obras no Museu do Açude, feito por Gustavo Moura.  Na ocasião será inaugurada a nova sinalização do circuito das instalações permanentes do Museu do Açude, um espaço único no país, em que obras de artistas contemporâneos brasileiros dialogam com a exuberância da mata atlântica.

Já são sete as instalações permanentes que integram a área externa do Museu do Açude: “New House”, de Lygia Pape, “Calado”, de Nuno Ramos, “Sem Título”, de José Resende, “Penetrável Magic Square n°5”, de Hélio Oiticica, “Dora Maar na Piscina”, de Iole de Freitas,  “Aqui Estão”, de Anna Maria Maiolino, e “Sem Título”, de Fernanda Gomes.

Com curadoria de Marcio Doctors, o Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude propõe um desafio aos artistas plásticos: o de estabelecer um diálogo com a natureza, entendida aí também como acervo ambiental.  “O Museu do Açude é o lugar ideal para isso, pois possui uma natureza impactante, e todos esses artistas são urbanos. A idéia é criar uma reflexão, provocar o artista e o espectador”, explica.  “Não se trata de um jardim de esculturas, nos moldes de alguns que existem na Europa ou nos EUA, mas de obras pensadas especialmente para o espaço”, observa o curador.

Sem dúvida este é um projeto de ponta, na valorização do patrimônio ambiental, artístico e histórico, ao relacionar grandes nomes da arte contemporânea à exuberância dos 150 mil metros quadrados de mata atlântica que compõem o Museu do Açude, localizado no Parque Nacional da Tijuca, a maior floresta urbana do mundo.

Além do público, cada vez mais presente, o Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude é vivenciado por um número grande de estudantes, graças ao programa de atividades junto à rede escolar do Rio de Janeiro, desenvolvido pelo Núcleo Educativo do Museu do Açude em parceria com o setor educativo do MAM/RJ.   

O programa educativo envolve professores e alunos, e privilegia – mas não se restringe –  escolas públicas do entorno da Floresta da Tijuca, tendo como foco a relação entre arte e preservação ambiental.  Outro objetivo é aproximar o artista contemporâneo e sua obra do público estudantil.

Museu do Açude

O Museu do Açude foi criado em 1964 por Raymundo Castro Maya, que já nos anos 40 foi o mentor e executor da remodelação do Parque Nacional da Tijuca. Empresário que ao longo da vida fomentou a arte brasileira e se preocupou com o meio ambiente, Castro Maya legou um importante patrimônio artístico, cultural e ambiental: o Museu do Açude e o Museu Chácara do Céu.  Os Museus Castro Maya são dirigidos, desde 1995, por Vera de Alencar.  Visite o site www.museuscastromaya.com.br.

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