AGENDA
DE EVENTOS
Leonilson, Marcelo Zocchio, Matheus Rocha Pitta e Nicolás Robbio na Galeria Vermelho, São Paulo
Roberto Magalhães no Tomie Ohtake, São Paulo
Exposição do Acervo Guignard na Galeria da Escola Guignard - UEMG, Belo Horizonte
Carlos Garaicoa e Marlon de Azambuja na Luisa Strina, São Paulo
Lançamento do livro Interterritorialidade - mídias, contextos e educação organizado por Ana Mae Barbosa e Lilian Amaral no Sesc Pinheiros, São Paulo
COMO ATIÇAR A BRASA
Nova Lei Rouanet prevê "quebra" de direito autoral por Silvana Arantes, Folha S. Paulo
A nova lei está na mesa por Marcelo Miranda, O Tempo
TECNOPOLÍTICAS Experiências virtuais tomam conta dos museus do século XXI por Marcelo Leite Silveira, Estadão Online
IDANCA.NET Depois de mobilização, Programa de Fomento à Dança abre inscrições

Matheus Rocha Pitta, Drive Thru #2
Marcelo Zocchio, VL. 19N. 2D da série Planetas, 2009
Nicolás Robbio
Matheus Rocha Pitta
Drive Thru #2
+
Marcelo Zocchio
Lançamentos/Planetas
+
Nicolás Robbio
+
Leonilson
Lançamento do álbum Leonilson, 10 linóleogravuras
14 de abril, terça-feira, 20h
Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais 350, São Paulo - SP
11-3138-1520 ou info@galeriavermelho.com.br
www.galeriavermelho.com.br
Terças a sextas, 10-19h; sábados, 11-17h
Exposições até 16 de maio de 2009
Sobre os eventos
Enviado por Marcos Gallon marcos@galeriavermelho.com.br
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Roberto Magalhães, Circuitos
Roberto Magalhães
Otrebor: A outra Margem
Curadoria de Lauro Cavalcanti
15 de abril a 17 de maio de 2009
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201, Pinheiros São Paulo - SP
11-2245-1900 ou instituto@institutotomieohtake.org.br
www.institutotomieohtake.org.br
Terça a domingo, 11-20h
Sobre a exposição
Enviado por Marcy Junqueira marcy@pooldecomunicacao.com.br
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Alberto da Veiga Guignard
Alberto da Veiga Guignard
Exposição do Acervo Guignard
+
Conferência - mesa redonda com Ivone Luzia Vieira, Jarbas Juarez, Lizete Meimberg, Maria Helena Andrés, Marília Gianetti, Sara Ávila, Solange Botelho, Vilma Rabelo Machado e Yara Tupynambá, Antônio de Paiva Moura e Carlos Wolney
14 de abril, terça-feira, 19h
Galeria da Escola Guignard-UEMG
Rua Ascânio Burlamarque 540, Mangabeiras, Belo Horizonte - MG
31-3282-3028 ou guignard@uemg.br
Segunda a Sexta, 9-12h e 14-21h; sábado 9-11h30
Exposição até 30 de maio de 2009
Patrocínio: Programa Petrobras Cultural
Sobre a exposição
Texto de Rodrigo Naves
Enviado por Sebastião Miguel sebastiao.miguel@gmail.com
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Carlos Garaicoa, La palabra transformada, Vista de Instalação no Museo Nacional de Bellas Artes, La Habana
Carlos Garaicoa
Como harcerse millonario a través del junk mail
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Marlon de Azambuja
Projeto Moderno
15 de abril, quarta-feira, 19h
Galeria Luisa Strina
Rua Oscar Freire 502, Cerqueira César, São Paulo - SP
11-3088-2471 ou info@galerialuisastrina.com.br
www.galerialuisastrina.com.br
Segunda a Sexta, 10-19h; Sábado, 10-17h
Exposição até 16 de Maio de 2009
Leia o resumo da exposição de Carlos Garaicoa na agenda
english
Leia o resumo da exposição de Marlon de Azambuja na agenda
english
Enviado por Cristina Haapalainen crishaapalainen@hotmail.com
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Lançamento do livro Interterritorialidade - mídias, contextos e educação organizado por Ana Mae Barbosa e Lilian Amaral no SESC Pinheiros, São Paulo
15 de abril de 2009, quarta-feira, 20h
SESC Pinheiros
Rua Paes Leme 195, São Paulo - SP
11-3095-9400 ou email@pinheiros.sescsp.org.br
www.sescsp.org.br
Esta obra reúne textos dos participantes do seminário internacional Interterritorialidade, realizado em 2005. Seus autores - Edgard de Assis Carvalho, Marián López Fernández Cao, Rita L. Irwin, Ivone Mendes Richter, Miriam Chnaiderman, Cláudia Gunzburger Simas, Dani Lima, Walter Silveira, Cid Campos, Giselle Beiguelman, Lucas Bambozzi, Christine Mello, Ana Mae Barbosa e Lilian Amaral - discutem a arte, a educação, seus contextos e fronteiras intermídias e promovem um diálogo entre diversas áreas, linguagens e meios, ou seja, o trânsito de conceitos e saberes, zonas de tensão, hibridizações e interconexões culturais que definem os novos contextos/territórios da sociedade contemporânea.
Enviado por Maria Luiza Paiva luiza@litera.com.br
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COMO ATIÇAR A BRASA
Nova Lei Rouanet prevê "quebra" de direito autoral
Matéria de Silvana Arantes originalmente publicada na Ilustrada no jornal Folha de S. Paulo, em 2 de abril de 2009.
Texto do MinC dá ao governo direito de uso dos bens e serviços financiados pela lei
Proposta, que será debatida hoje na Folha, também elimina veto à avaliação do mérito artístico dos projetos que aspiram ao patrocínio
A proposta do Ministério da Cultura (MinC) para alterar a Lei Rouanet prevê a suspensão da reserva de direitos autorais dos bens e serviços realizados com benefício da lei (de renúncia fiscal), em favor do governo.
O texto estabelece que, um ano e meio após a realização da obra financiada com recurso público, "a administração pública federal" poderá dispor dela "para fins educacionais".
Leia a íntegra da matéria e publique o seu comentário no Como atiçar a brasa
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COMO ATIÇAR A BRASA
A nova lei está na mesa
Matéria de Marcelo Miranda originalmente publicada no jornal O Tempo, em 5 de abril de 2009.
Política cultural. Modificações na Rouanet, abertas para consulta pública, geram apreensões e dúvidas na classe artística
Em consulta pública desde o último dia 24 de março na Internet, a nova proposta da Lei Federal de Incentivo à Cultura - a Lei Rouanet, principal mecanismo de financiamento cultural no país - tem gerado as mais variadas dúvidas, opiniões e controvérsias.
Segundo informações oficiais do Ministério da Cultura, a iniciativa visa tentar minar os efeitos da crise financeira internacional no patrocínio cultural em território brasileiro. Porém, é notório que o ministro Juca Ferreira - na pasta desde a saída de Gilberto Gil, no ano passado - já vinha sinalizando há mais tempo a vontade de mexer na Rouanet quando ainda era secretário executivo da pasta.
Leia a íntegra da matéria e publique o seu comentário no Como atiçar a brasa
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TECNOPOLÍTICAS
Experiências virtuais tomam conta dos museus do século XXI
Matéria de Marcelo Leite Silveira originalmente publicada em Tecnologia - Informática no Estadão Online, em 27 de março de 2009.
Projeto Catavento, de iniciação científica, tem ênfase na ciência, artes e conhecimento humano
A cidade de São Paulo recebe finalmente um museu de tecnologia à altura de sua dimensão metropolitana. Esta nova área interativa de iniciação científica, com ênfase na ciência, artes e conhecimento humano, é conhecida como Catavento, um projeto inovador das secretarias de Educação e Cultura do Estado de São Paulo. Mais do que um museu convencional, o Catavento disponibiliza em seu acervo inúmeros recursos de simulação, que proporcionam aos visitantes a oportunidade de interagir com o seu conteúdo, ou de participar diretamente em experiências virtuais. O projeto é coordenado por Sérgio Freitas, presidente do Conselho de Administração da Organização Social Catavento Cultural e Educacional.
Uma das atividades digitais mais interessantes do acervo é uma viagem aérea virtual em três dimensões pela cidade do Rio de Janeiro, na forma de uma verdadeira maquete digital, conhecida como Caverna Digital. Esse ambiente é uma pequena sala onde é feita a projeção de imagens em três paredes, e através de óculos especiais pode-se visualizar o efeito tridimensional.
A partir de centenas de milhares de imagens planas, o relevo e a estrutura urbanística da cidade foram redesenhados como objetos espaciais, através de softwares avançados de processamento de imagens. Com 64 processadores gráficos em paralelo, que funcionaram sem parar durante 7 meses (dia e noite), foi feita uma "filmagem virtual" desses objetos, que gerou um arquivo de vídeo com tamanho aproximado de 230 Gbytes (ou 365 CD's). Este processo conseguiu então simular um vôo hipotético pela "cidade", ao recriar digitalmente em vídeo e áudio a perspectiva dinâmica da visualização em três dimensões. Com a paralaxe das imagens sendo gerada por projetores de alta definição em duas cores separadas, o uso de óculos com filtros separa as imagens e dá ao usuário a sensação da visão tridimensional.
Leia a continuação da matéria e publique o seu comentário no Tecnopolíticas
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NOTÍCIAS IDANÇA.NET
Criar a possibilidade do intercâmbio nacional e internacional sobre dança contemporânea é um passo fundamental para o crescimento. É também uma atitude política de juntar pessoas, habilidades e conhecimentos para tornar possível a troca de idéias. É essa convicção na democratização da informação e na profissionalização que surgiu o www.idanca.net, um projeto sem fins lucrativos, mantido pelo patrocínio da Petrobras - via Lei Rouanet - e por apoios no Brasil e no exterior. Clique aqui para receber nosso informe semanal e saber tudo que rola e anda sendo escrito sobre dança contemporânea e performance no Brasil e no mundo.
3 notícias do site www.idanca.net
Depois de mobilização, Programa de Fomento à Dança abre inscrições
Depois do susto de ver suspensa uma das principais fontes de financiamento para a dança no município de São Paulo, no início de 2009, os profissionais da área podem ficar aliviados: a Secretaria Municipal de Cultura anunciou a abertura da 6ª ediçao do Programa de Fomento à Dança.
Os interessados em concorrer têm até 28 de abril para fazer a inscrição de projetos continuados de dança contemporânea ou de difusão da produção artística de dança independente. Será destinado R$ 1,8 milhão para o edital, sendo que o valor máximo concedido a um projeto será de R$ 250 mil. As inscrições devem ser feitas pessoalmente no Núcleo de Dança da prefeitura (Avenida São João 473, 6º andar), de segunda à sexta-feira, das 10h às 12h e das 14h às 17h. Clique aqui e leia o edital completo publicado no Diário Oficial.
A liberação da 6ª edição do Programa de Fomento à Dança acontece pouco mais de um mês depois de manifestação organizada pela comunidade de dança de São Paulo contra a suspensão deste mesmo edital no início de 2009. Na época, os profissionais se reuniram com o secretário de Cultura, Carlos Augusto Calil, e entregaram um abaixo-assinado com cerca de mil assinaturas (entre aqui para entender toda a polêmica). A união da categoria também resultou no início do pagamento dos contemplados na 5ª edição do edital.
Marcelo Evelin deixa Teatro Municipal João Paulo II (TMJP2)
À frente do Teatro Municipal João Paulo II (TMJP2) há três anos, o coreógrafo Marcelo Evelin pediu demissão do cargo na sexta-feira (27/03). Alegando incompatibilidade com a atual presidência da Fundação Cultural Monsenhor Chaves - que administra o teatro -, Marcelo entregou a carta de demissão ao prefeito de Teresina, Sílvio Mendes, ressaltando divergências nas tomadas de decisões artísticas envolvendo o TMJP2.
Leia abaixo a íntegra da carta:
Venho através desta entregar a V.Sa. o cargo que ocupo desde 2005 como diretor geral do Teatro Municipal João Paulo II.
A minha demissão se dá por motivo da impossibilidade de um diálogo produtivo com o atual Presidente da Fundação Municipal de Cultura, o que vem prejudicando e desqualificando consideravelmente a minha atuação como diretor da referida casa.
Nesse momento sinto não mais necessária a minha participação nas decisões artísticas que envolvem esse órgão cultural, pelo desrespeito com minha autonomia de diretor e pelo desinteresse com que a FMC trata um trabalho que vem sendo realizado com sucesso junto à comunidade do Grande Dirceu e servindo como modelo não apenas nesta capital, mas igualmente no resto do Brasil e em ambito internacional.
Gostaria de deixar claro que essa decisão não está sendo tomada por razões de acordos financeiros, e que de minha parte tudo foi feito para viabilizar a permanência do meu projeto artístico nesta casa e na cidade de Teresina.
Agradeço ao senhor pela confiança nesses três últimos anos, e fico à disposição para qualquer esclarecimento e para projetos futuros sob outras condições.
Atenciosamente
Marcelo Evelin
Em entrevista ao jornal local Cidade Verde, o prefeito de Teresina se disse surpreso com a atitude do coreógrafo e afirmou que dará todo apoio ao presidente da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, Cineas Santos. “Eu fui surpreendido com a carta de demissão (…). Então, isso gera tumulto e crise onde não deve existir. Compreendo que a área cultural é cheia de conflito, isso é natural. Agora, nós não vamos nos subordinar a esse tipo de exigência, nem dele e nem de ninguém. Não podemos concordar com esse tipo de comportamento”, declarou (leia aqui a entrevista completa).
A notícia foi recebida com indignação por artistas de todo o país - já são mais de 90 comentários no blog do Núcleo de Criação do Dirceu, projeto nascido no teatro e que nos seus anos de atividades já alcançou prestígio internacional.
Leia também no movimiento.org a carta escrita por Marcelo Evelin dirigida à comunidade da dança explicando os motivos da sua decisão.
Festival e prêmio para quem trabalha com videodança
Atenção artistas que trabalham com videodança: duas importantes convocatórias estão abertas nos próximos dias. Uma delas é para participar do 14º ADF Dancing for the Camera: International Festival of Film and Video Dance, que acontecerá entre os dias 26 e 28 de junho, nos EUA. O prazo de inscrições foi aberto dia 24 de março de vai até 24 de abril.
Os trabalhos devem se enquadrar em uma das seguintes categorias: Coreography for the Camera (obra feita especificamente para o vídeo ou uma remontagem); DocumentariesExperiment and Digital Technologies (trabalho que ultrapassa as fronteiras da coreografia e usa novas tecnologias); e Student Work (trabalhos em videodança produzidos por estudantes). (produções que podem conter entrevistas além de coreografia).
Clique aqui para baixar o formulário de inscrição. Ele deverá ser preenchido e enviado para:
ADF – Dancing for the Camera
Box 90772
Durham, NC 27708-0772
Já o EMPAC DANCE MOViES Comission, em Nova York, recebe projetos até 1º de maio. O órgão - ligado a Rensselaer Polytechnic Institute - financiará trabalhos para vídeo. Eles poderão variar no formato, mas todos devem ser realizados em colaboração com um coreógrafo ou artistas que trabalhem com movimento. O financiamento pode variar de US$7 mil a US$40 mil. Clique aqui para ler o edital completo e fazer a inscrição.
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TEXTOS DO E-NFORME
Leonilson, Marcelo Zocchio, Matheus Rocha Pitta e Nicolás Robbio na Galeria Vermelho
A Vermelho apresenta, de 14 de abril a 16 de maio de 2009, as exposições Lançamentos/Planetas do artista Marcelo Zocchio (salas 1 e 2), Drive Thru #2 de Matheus Rocha Pitta (fachada e TIJUANA) e Sem Título de Nicolás Robbio (sala 4).
Marcelo Zocchio (45) volta a expor na Vermelho após 4 anos de sua última individual “Utilidades Domésticas”. A primeira vista, as duas novas séries que compõem Lançamentos/Planetas lembram pouco a série apresentada em 2005, composta por imagens de espaços, móveis e objetos que na época compunham o entorno do artista. Um olhar mais atento, entretanto, perceberá proposições similares que aproximam a produção de 2005 da atual. Essas semelhanças podem ser percebidas não apenas na forma como o artista enquadra o objeto a ser fotografado, isolando-o de seu entorno como se figura e fundo não pertencessem ao mesmo universo, mas também na trama narrativa que permeia as imagens e na relação que ela estabelece com o observador.
É o caso de Planetas (2009) em que um homem alto, vestindo roupas semelhantes a de personagens de um filme de ficção científica, permanece em pé, imóvel, mirando com o olhar distante o observador. O cenário é árido, desolado e o homem está só. Planetas se assemelha a um diário de bordo de uma viagem no espaço composto por registros fotográficos da passagem do personagem por vários planetas. Nas nove imagens impressas em metacrilato, o próprio artista se deixa fotografar frontalmente estabelecendo com o observador uma relação de confronto e também de distanciamento, sensação que parece ampliada por conta do grande espaço que separa o corpo retratado do tripé onde a câmera foi fixada.
Em Lançamentos, título da série de imagens criadas em computador e também do vídeo que ocupa o piso térreo da galeria, a visão positivista da ciência que aparece em Planetas, é totalmente desestabilizada. Em Lançamentos (vídeo), vê-se uma linha de produção inusitada. Na projeção, Zocchio retorna como personagem solitário, ele aparece ensacando dezenas de dejetos obsoletos, restos; lixo abandonado pela sociedade de consumo. São monitores de computador, CD e DVD players, cabos e HDs em um procedimento infindável que remete a um personagem fritzlanguiano de Metrópolis. Na sala 1, Lançamentos (objetos em acrílico com imagens em jato de tinta) revela a individualidade ultrapassada desses objetos. Essa característica pode ser notada no procedimento de sobreposição de camadas que compõem os doze objetos.
Drive Thru #2, primeira exposição de Matheus Rocha Pitta na Vermelho, teve como ponto de partida a idéia dos desmanches de carros roubados. Para criar a instalação, que ocupa parte do pátio da galeria, dois automóveis Escorts (um prata 86 e outro dourado 87) foram desmontados e tiveram suas peças emparelhadas, formando um único carro. No Tijuana, Rocha Pitta apresenta desdobramentos da instalação na forma de desenhos, vídeos e um livro de artista Stéreo Demo espécie de catálogo das peças desmontadas. Na instalação, os carros sofrem um processo semelhante a uma mumificação, como uma relíquia de tempos passados. È ai que se dá a interferência do artista, no processo de recombinação de peças e partes dos dois carros em um.
Na sala 4, Nicolás Robbio apresenta uma nova instalação composta por 63 serigrafias que juntas compõem um imbricado sistema de pistas e pontes que evidencia os modo como o homem pratica o espaço, criando um estilo de uso pessoal. O cruzamento de caminhos proposto pela obra, surge como resposta à necessidade do artista, e da arte em geral, de transpor obstáculos.
Simultaneamente a abertura das exposições, será lançado também o álbum Leonilson, 10 linóleogravuras do artista Leonilson morto em 1993. Iniciado em 1984, em Fortaleza, o álbum foi realizado entre a capital cearense e o atelier do artista em São Paulo, e, mesmo tendo sido impresso e assinado entre os anos de 1984 e 1985, somente agora Leonilson 10 linóleogravuras foi finalizado. A obra que inclui 10 gravuras, preto e branco, impressas em papel feito a mão, no formato 17,5 x 12,5 cm tem tiragem limitada de 60 exemplares, numerados de 1 a 60, e mais 11 exemplares hors commerce que serão destinados a instituições museológicas pelo Projeto Leonilson e editores. Acompanham as gravuras um poema de Leonilson, uma carta do artista ao editor Sérvulo Esmeraldo e um breve texto de Dodora Guimarães. A obra estará disponível no TIJUANA.
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Roberto Magalhães - Otrebor: A outra Margem no Instituto Tomie Ohtake
Esta mostra de Roberto Magalhães (1940, Rio de Janeiro), com curadoria do crítico e diretor do Paço Imperial do Rio de Janeiro, Lauro Cavalcanti, traz a produção do artista realizada nos últimos 15 anos, reunindo 20 pinturas e 45 desenhos. O título da exposição, com o nome Roberto invertido – Otrebor –, cuja pronúncia se assemelha ao francês “autre bord” – outra margem – batiza também uma obra em perspectiva com diversos planos que levam a um fim sem saída.
Com maior presença da abstração, a mostra revela, segundo o curador, uma nova poética visual na obra do artista: máquinas simbólicas, esquema de jogos-labirinto, grafismos caleidoscópicos, retratos vazios de rostos transformados em superfícies que insinuam novas telas. “Cruzamentos das mais variadas matizes nos são oferecidos como processo e resultado daquilo que tem povoado a imaginação, palheta e dedos de Roberto Magalhães”, completa.
Egresso da geração que sucedia a dos concretistas, abstracionistas e neoconcretistas, Magalhães faz parte da Nova Figuração, quando participou, ao lado de artistas como Antonio Dias, Rubens Gerchman e Carlos Vergara, da famosa mostra Opinião 65, no MAM do Rio. Há 40 anos, portanto, desenvolve seu trabalho, trilhando uma trajetória discreta e independente, que resulta em produção de destacada coerência. Mesmo num ambiente onde a questão experimental dava a tônica, ele insistia no desenho e na pintura. “Na contramão dos estereótipos de sisudez que, muitas vezes, dominam as representações e práticas do meio intelectual e artístico, a obra de Roberto Magalhães é uma celebração do viver e do criar”, diz Cavalcanti.
Segundo o crítico, ainda, Roberto Magalhães com poucos meios e riqueza de elementos reinventa o mundo. “Muito antes de orientalismos caírem no gosto brasileiro, ele teve uma extensa fase budista e a delicadeza de seu traço corroborava, sem alardes nem proselitismos, tal crença”, pondera. Uma outra capacidade de antecipação do artista apontada pelo curador está nas práticas de alquimia e medicina natural presente em sua obra, quando produziu livros nos quais, “em verdadeiro exercício mântrico, listava e ilustrava práticas e receitas curativas”.
Roberto Magalhães, em 1963, já ganhava um dos prêmios de aquisição da I Exposição do Jovem Desenho Nacional (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo). Depois disso, participou de importantes coletivas dentro e fora do país, entre elas a IV Bienal Internacional da Gravura, de Tóquio (1964), a IV Bienal de Paris (1965 - Prêmio da Gravura), a já citada mostra de vanguarda Opinião 65 (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1965), a VIII Bienal de São Paulo (1965) e o Salão Nacional de Arte Moderna com destaque nas edições de 1964 e 1966. Em 1992 ganhou uma retrospectiva no Centro Cultural Banco do Brasil carioca, sucedida por duas exposições importantes, uma no Paço Imperial (1996) e outra no MAM do Rio de Janeiro (1997). Em 2000, o Instituto Moreira Salles realizou uma mostra itinerante de desenhos que rodou o país durante dois anos.
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Exposição do Acervo Guignard - Projeto Acervo Artístico Museológico
A Escola Guignard desenvolveu projeto de preservação do acervo artístico e documental que se encontra sob sua guarda.
Formado a partir de doações de Guignard, o acervo permaneceu guardado por muito tempo, devido ao estado de conservação das obras que impediam sua difusão pública. As intervenções necessárias demandavam o emprego de recursos financeiros, inviáveis para a Escola.
Em 2007 foi iniciado o projeto, que foi possível com o patrocínio da Petrobras “Programa Petrobras Cultural”, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, que se juntaram aos esforços da Escola Guignard – UEMG e Associação dos Amigos da Escola Guignard. A parceria possibilitou a realização deste empreendimento que materializa o empenho de preservação dos bens culturais guardados na instituição e contribui para o resgate do conteúdo histórico-documental e artístico do acervo. Permite dar conhecimento público às peças onde figuram, dentre outros, documentos inéditos de Guignard.
Contemplando ações de conservação preventiva das obras, o projeto promoveu a recuperação do acervo com restauração das obras, documentos e objetos de Guignard e de importantes artistas brasileiros - o aparelhamento da reserva técnica, que foi equipada com mobiliário adequado à guarda do acervo, instrumentos de segurança, climatização e leitura ambiental - o inventário do acervo, garantindo condições favoráveis de controle, acesso, pesquisa e documentação das peças, facilitando a disponibilização para mostras de caráter didático e museológico.
Aliando as ações de salvaguarda do acervo à finalidade primordial da Escola Guignard como instituição comprometida com o ensino das artes, o projeto foi desenvolvido em ateliê vitrine, nas dependências da Escola, com participação de alunos estagiários e voluntários interessados no processo de restauração. Os trabalhos foram presenciados pela comunidade acadêmica, conferindo à atividade caráter educativo.
O projeto foi idealizado e coordenado pela professora Zenir Amorim.
O resultado do projeto será apresentado em um catálogo e uma mostra de documentos, obras, e objetos de Guignard, no dia 14 de abril, no auditório e na galeria da Escola Guignard. O acervo completo que possui 903 peças, estará disponível para pesquisa.
Os Dois (ou Três) Guignard por Rodrigo Naves
No início, tratava-se de um simples diploma de agradecimento acondicionado em moldura, o destino infalível dos diplomas. Nele, o The Royal Air Force Benevolent Fund agradece o senhor Alberto da Veiga Guignard por ter contribuído para uma exposição de pintura doada àquela instituição, “em honra dos que tombaram para sempre e dos que derramaram seu sangue e elevaram tão alto a flâmula da liberdade dos povos”. O diploma não traz data, mas sem dúvida se refere à II Guerra Mundial.
No entanto, esse simples documento parece resumir simbolicamente toda a existência do pintor. Pois bastou os pesquisadores da Escola Guignard tirarem o diploma da moldura e encontrou-se no seu verso a seguinte inscrição: “dia 30 de julho de 1953 às 4 oras (sic) da manhã acordei-me de um sonho revolucionário”. Segue a assinatura personalíssima do artista.
Não está tudo aí? O homem generoso e desprendido que doa uma pintura ao fundo de assistência dos ex-combatentes da RAF e que, no meio da madrugada, desperta de um sonho revolucionário e o anota às pressas na primeira folha de papel que encontra à mão. O que fez o bom Guignard despertar assim tão necessitado de registrar o que sonhara? E por que essa personalidade franciscana se via acossada por um psiquismo espinhoso, que não deixava escapar uma só chance de mostrar a face ameaçadora? O fato é que esse “segundo” Guignard — torturado e imprevisível — quase nunca foi trazido à tona, sobressaindo apenas a figura lírica e altruísta que jamais punha seus desejos e necessidades em primeiro plano, ainda que ambos bebessem desesperadamente, por razões que jamais conheceremos. Por que esse outro Guignard quase desapareceu à sombra do bom selvagem?
Seja qual for a resposta a essa pergunta, ela só poderá ser dada depois de muita pesquisa e estudo. E o mérito do levantamento, recuperação e organização desse material deixado pelo pintor — parcialmente reproduzido aqui — está justamente nas possibilidades que abre para a compreensão de sua pintura e personalidade. E vem daí a importância dessa iniciativa da Escola Guignard, coordenada pela professora Zenir Bernardes Amorim e agora tornada pública.
Guignard foi canonizado em vida. O São Alberto da Veiga Guignard que Di Cavalcanti carinhosamente inventou rapidamente aderiu à sua figura, com total anuência, aliás, do próprio artista. E a santidade em nada ajudou o entendimento de sua obra. Muito pelo contrário. A aura de pureza e bondade que o envolveu logo se transpôs para seus quadros, que, assim, se viram fadados a ser vistos como simples desdobramento do temperamento generoso de seu autor. Este não é o lugar para polemizarmos em torno da significação de sua pintura. Contudo, continuar a ver em suas paisagens fluidas e frágeis apenas um lirismo bucólico me parece uma redução da complexidade de sua obra. Há nelas uma incapacidade de ordenar o mundo e o reconhecimento de uma realidade que escapa a todo controle humano que convém analisar mais detidamente, antes de reduzi-los a um simples lirismo.
No material conservado pela Escola Guignard pode-se identificar sem esforço as ambigüidades do comportamento e das realizações do artista. Estão lá as muitas cartas de incentivo a alunas e ex-alunas. Todas elas permeadas de tímidas insinuações amorosas, de contidos piscar de olhos de um homem cujo defeito de nascença — o lábio leporino acentuado que o marcou para sempre — o condenava a se comportar de maneira quase infantil diante das mulheres, pois assim seria menor a dor da rejeição. As cartas e cartões carinhosos e dúbios dedicados a Amalita Fontenelle entre 1932 e 1937 — publicados recentemente — encontram confirmação em muitos documentos desta coleção, todos de um período posterior ao do entusiasmo pela musa carioca.
E o que dizer do homem que, à sorrelfa, afana uma naveta de prata da Matriz de Antônio Dias, em Ouro Preto, devolvendo-a apenas quando a polícia a exige de volta? Não fosse a sensibilidade do juiz Archimedes de Faria — que revisa a primeira sentença, que condenava Guignard, “criminoso primário”, ao pagamento de uma multa —, nosso artista estaria até hoje fichado como ladrão. Mas o meritíssimo viu em seu gesto “a obsessão que o objeto de arte lança no artista, deslumbrando-o, tomando-o e dominando-o”, privando-lhe da “capacidade de controle”, sem a qual não se pode imputar “animus furandi” (intenção de furtar, em bom português) mesmo a um gesto tão reprovável. Mais uma vez, o artista como criança. Ou vice-versa.
O trabalho de Guignard, embora mostrado em várias ocasiões, ainda carece de seleção, hierarquia e, até, peritagem (poucos artistas brasileiros são mais falsificados). O acervo da Escola, até por eventuais “empréstimos” de órgãos oficiais, não contém propriamente muitas obras de arte. Mas duas peças inacabadas — um relógio e um oratório parcialmente pintados — também constituem objetos de importância, talvez até mesmo por seu inacabamento. Neles, o interesse do artista pelos padrões decorativos singelos dos santeiros populares se mostra claramente, e ajuda a reconstruir os processos utilizados pelo artista para realizar suas pinturas. Como para Matisse, muitas vezes os padrões decorativos também têm função estrutural nos quadros de Guignard e as pinturas desses dois objetos contribuem para uma melhor compreensão de seu uso.
No entanto, de todo o material, o que mais contribui para reconsiderar a santidade da arte de Guignard são três folhas de papel com desenhos muito pouco condizentes com a imagem que se fez dele. Trata-se de estudos sobre homens e mulheres em posições sexuais ousadas, por vezes tão ousadas que mal conseguimos perceber de que maneira os corpos se entrelaçam. Em muitas ocasiões, apenas a atenção do artista aos órgãos genitais masculinos e femininos e à sua ávida união nos ajuda a situar os corpos. O historiador Leo Steinberg, escrevendo sobre Picasso, afirmou que havia em gravuras da Suíte Vollard, “alguma coisa da desorientação visual inerente a qualquer conhecimento carnal”. Os desenhos de Guignard também têm algo dessa proximidade que nos faz perder os pontos de referência.
Nos desenhos maiores, de traços mais tênues e livres, os corpos se delineiam claramente apenas nas regiões em que a sexualidade deixa de ser indefinição: pênis, vaginas e seus contatos. Aqueles momentos em que as superfícies corporais perdem os contornos e se convertem em mormaço e abandono são representados por Guignard de maneira quase imaterial. As linhas leves e descontínuas mal nos deixam entrever os volumes que tradicionalmente descrevem pernas, braços, coxas. Por mais que esses desenhos tenham o descompromisso dos esboços e de seu inacabamento, resta a justeza com que Guignard desvenda — num mesmo desenho — momentos diversos do erotismo, revelando na própria fatura de suas linhas a diversidade de situações de sensualidade que a pornografia, por exemplo, rebaixa a uma pasta homogênea e anódina.
E então, o que fazer com Guignard? A resposta é uma só: estudá-lo. Ainda que esse material seja apenas uma parte dos documentos deixados pelo artista, eles deixam claro que a imagem pública criada em torno de Guignard — um homem bom e desprendido que sem dúvida existiu — impregnou excessivamente sua pintura. Excessivamente porque Guignard tinha mais facetas do que supõe sua hagiografia; excessivamente porque terminou por dificultar que víssemos suas obras de arte em sua autonomia, sem a sombra angelical que, talvez até por piedade, se projetou sobre elas e as “condenou” a serem o registro sublimado em bondade de um homem sofredor.
Talvez alguns aspectos pessoais do artista decididamente ajudem a entender questões de sua produção: a necessidade de álcool e as concessões que indiscutivelmente foram feitas, de par com o rebaixamento das exigências e a perda de controle. Num plano mais hipotético: sua enorme carência afetiva e a necessidade de agradar, mesmo com sua arte. No entanto, nada disso anula a grandeza de parte significativa de sua obra, que há muito tempo merece um olhar mais detido e cuidadoso.
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