Fabiana de Barros
Michel Favre
Resistências
24 de setembro, quarta-feira, 19h
Mercedes Viegas Arte Contemporânea
Rua João Borges 84
Gávea Rio de Janeiro
21-2294-4305
Segunda a sexta, das 14h às 20h; sábados, das 16h às 20h.
Exposição até 31 de outubro de 2003.
A idéia
de Resistências surgiu em 1994, quando Fabiana apresentou a performance/instalação
AllerReTour (Agência de Viagens) no MAC, em São Paulo. Ela convidava o público
a entrar na agência e realizava performances com temas como viagens, morte
e vida. Alguns destes encontros foram gravados em vídeo por Michel. De volta
a Genebra, analisando o material gravado, a dupla resolveu reproduzir trechos
e objetos destes encontros em resistências incandescentes para filmá-las
e fotografá-las.
“Os desenhos deveriam ser feitos em uma linha só para que a eletricidade
pudesse fluir, como em uma torradeira”, conta Fabiana. “Desenhei tudo o que
tinha a ver com a performance: o visitante, o telefone, o aperto de mão,
o binóculo, o artista...”, diz.
As fotos foram feitas por Michel em 1997, mas só começaram a ser expostas
em 2001, na ARCO/Madri. No ano passado, a dupla apresentou o trabalho no
Paço das Artes, em São Paulo.
“Acho que esse trabalho precisava dormir um pouco. Talvez o trabalho precisasse
de duas coisas para amadurecer: eu entender mais a obra fotográfica do meu
pai, o Geraldo de Barros; e as imagens do Vik Muniz acontecerem”, explica
Fabiana.
As cópias tem tiragem 3/3, com duas provas do artista.
Resistências
RAFAEL VOGT MAIA ROSA
A coesão do conjunto talvez não deixe entrever que as fotografias da série
Resistências – elaborada originalmente em 1997 – são resultado de uma dupla
autoria. Por outro lado, essa unidade da proposta parece estar respaldada
especialmente pelas características do trabalho individual de cada um de
seus autores e pela maneira como lidam com questões ligadas à relação de mídias
diversas com a linguagem fotográfica.
Fabiana de Barros tem uma produção inicialmente orientada para a Arte
Pública, intervenção e performance. Tais modalidades costumam, em seu caso,
se desdobrar ao serem fixadas em outro registro que, ao condensar as especificidades
espaciais e temporais dadas, acaba por configurar novas obras. Pode-se dizer
que a artista implementa constantes releituras de seu próprio trabalho, o
que a permite uma inserção bastante particular nas artes visuais, livre de
uma ortodoxia auto-referente.
Michel Favre é cineasta, autor, entre outros, de Sobras em Obras (1999),
no qual, conseguiu fundir de maneira exemplar o gênero do documentário com
uma poética propensa a reler a obra do artista plástico Geraldo de Barros,
no limiar imprevisto da afetividade e rigor construtivo. Tal equilíbrio pôde,
por exemplo, fazer de um de seus objetos no filme - justamente a obra fotográfica
de Barros - uma célula incrivelmente fértil no macrocosmo do longa metragem.
São evidentes suas preocupações com questões mais pragmáticas da comunicação,
só que sempre aliadas a uma cinematografia assumidamente autoral.
A par da duplicidade feliz do título, a série de fotos apresentada em
Resistências tem muito de um tipo sui generis de documento em que o panorama
temático, o experimento coletivo e técnica, bastante específica, estão sintetizados
em concepção singular da fotografia como arte.
As resistências incandescentes que desenham signos de naturezas diversas
- ora indiciais, ora lingüísticos, ora simples imagens - conjugam atributos
vários num só plano visual: a apropriação com o dado da fala, o tridimensional
no bidimensional, o quente no frio, o tempo cinematográfico no instante da
fotografia. Não há só a graça do que é inapropriadamente retirado do contexto
utilitário - a resistência do chuveiro elétrico ou das torradeiras - para
configurar slogans e signos de uma vida contemporânea. O comentário feliz
à ambição de amplitude do Concretismo, por exemplo, e a outras correntes
artísticas confiantes nas mídias tecnológicas, está aqui inteirado da precariedade
das utopias artísticas relativamente à sua capacidade de sensibilizar o espectador.
Há, pelo contrário, uma fragilidade do que dura pouco e padece como que por
ter sido engendrado em máquinas, fatos, coisas e hábitos. Um elenco do que
se torna obsoleto também em um curto espaço de tempo - do aperto de mãos
ao telefone tradicional, no qual discar ainda significava fazer girar um
disco e esperar sinais mais e menos prolongados.
É bom lembrar que, em minutos, esse circuito elétrico, que fora da arte
é absolutamente inútil, estoura, queima de uma vez, antes mesmo que se possa
avaliar a estranha aproximação entre visualidade e tatilidade que se apresenta.
Nas Resistências não precisam se impor certezas nem levantar especulações.
São dados: linhas que queimam, o desenho positivo sobre o fundo escuro de
profundidade ilimitada. A polarização que se coloca - estrema instabilidade
na estabilidade - faz pensar em “fazer signos”, coisa elementar, como prática
em extinção, um tanto heróica. Nesse novo idioma não se descartam as perdas,
mas pode-se, pela arte, captar os ganhos: piscamos os olhos e eles continuam
lá, como fogos-fátuos cotidianos.
Inscrições
Mostra
de Arte da Juventude 2003
19 de agosto a 1º de outubro de 2003
Comissão de Seleção: Cauê Alves, crítico de arte e professor de filosofia
e história da arte Bacharel e Licenciado em filosofia pela USP; Regina
Johas, doutoranda em Artes Plásticas ECA / Universidade de São Paulo,
mestre em Artes Plásticas ECA / Universidade de São Paulo.
SESC Ribeirão Preto
Rua Tibiriçá 50
Centro Ribeirão Preto
São Paulo
16-610-0141
Edital e ficha de inscrição: http://www.sescsp.org.br
email@ribeirao.sescsp.org.br.
Terça a sexta, das 13h às 21h30; sábados e domingos, das 9h às 17h30.
Período da Mostra: 13 de novembro a 2 de dezembro de 2003.
A Mostra
de Arte da Juventude, em sua décima quarta edição, seguirá em itinerância
percorrendo as cidades da região, em parceria com os órgãos de cultura
e instituições locais.
Poderão inscrever-se,
gratuitamente, artistas com idade entre 15 e 30 anos, residentes no Estado
de São Paulo, em apenas uma das seguintes modalidades: pintura, desenho,
gravura, fotografia, escultura, objeto, infoarte, instalação e vídeo.
O SESC Ribeirão Preto
coloca-se à disposição para o envio do regulamento / ficha de inscrição
originais via correio ou e-mail.