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ANO 8 - N. 114 / 13 DE OUTUBRO DE 2008

NESTA EDIÇÃO:
Ricardo Ventura na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
João Carlos Goldberg na Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro
Núcleos Contemporâneos III na Valu Oria, São Paulo
Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas na Fiesp, São Paulo
Otto Sulzbach e Bruno Vilela na Dumaresq, Recife
Lançamento do livro Fundação Iberê Camargo - Álvaro Siza na Iberê Camargo, Porto Alegre
Corpaisagem - Ateliê da Imagem na ArtBO: Feira Internacional de Arte de Bogotá, Colômbia
CANAL INFOS&LINQUES




Foto: Lucia Helena Zaremba

Ricardo Ventura

Cavalo de Tróia

15 de outubro, quarta-feira, 18h

Mercedes Viegas Arte Contemporânea
Rua João Borges 86, Gávea, Rio de Janeiro - RJ
21-2294-4305
www.mercedesviegas.com.br
Segunda a sexta, 13-19h; sábado, 16-20h
Exposição até 22 de novembro de 2008

Sobre a exposição

Leia o texto Da forma pura à forma significativa, de Fernando Cocchiarale

Enviado por Produção| Mercedes Viegas producao@mercedesviegas.com.br
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João Carlos Goldberg
Reinstalação - 1992-2008

15 de outubro, quarta-feira, 19h

Galeria Anna Maria Niemeyer
Rua Marques de São Vicente 52 loja 205, Shopping da Gávea, Rio de Janeiro - RJ
21-2239-9144 ou galamn@centroin.com.br
www.annamarianiemeyer.com.br
Segunda a sábado, 10-22h
Exposição até 30 de novembro de 2008

Enviado por Galeria Anna Maria Niemeyer galamn@centroin.com.br
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Núcleos Contemporâneos III
Aguila, Ana Muglia, Anna Bella Geiger, Annarê Smith, Celso Orsini, Eliane Prolik, Eva Castiel, Fátima Neves, Fernando Velloso, Fulvia Molina, Josely Carvalho, Luiz Áquila, Luiz Monken, Mara Martins, Marco Butti, Mariana Canepa, Marta Strambi, Minidi, Mônica Mansur, Paulo César, Paulo Humberto, Paulo Miranda, Rogério Medeiros, Rosa de Luca, Santuza Andrade, Tadeu Jungle, Victor Ribeiro

14 de outubro, terça-feira, 19h30

Valu Oria Galeria de Arte
Al Casa Branca 1130, 1º andar, São Paulo - SP
11-3083-0811 / 3083-0173 ou valuoriagaleria@ig.com.br
Segunda a sexta, 10-19h; sábados, 11-14h
Exposição até 14 de novembro de 2008

Sobre a exposição

Enviado por Valu Oria Galeria valuoriagaleria@ig.com.br
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Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas
Artistas premiados: Carlos Mélo, Laura Lima, Leandro Lima e Gisela Motta, Lúcia Laguna, Sara Ramo

Júri de seleção: Marcus Lontra, Ricardo Resende e Marisa Mokarsel
Júri de premiação: Cristiana Tejo, Lisette Lagnado e Paulo Herkenhoff

14 de outubro a 14 de novembro de 2008

Centro Cultural Fiesp
Av Paulista 1313, São Paulo - SP
11-3146-7405 ou filepress2006@hotmail.com
www.file.org.br
Terça a sábado, 11-20h; domingos, 10-20h
O trabalho de Carlos Melo foi acompanhado por Suely Rolnik; o de Sara Ramo, por Stella Senra; o de Lucia Laguna, por Paulo Herkenhoff; o de Laura Lima, por Luiz Camillo Osório; e o da dupla Gisela Motta e Leandro Lima, por Laymert Garcia dos Santos. Uma seleção das obras realizadas durante a bolsa constitui as mostras itinerantes da segunda edição que visitam seis estados brasileiros, incluindo a exposição inaugural em Brasília. Os trabalhos foram reunidos também em um catálogo. No final das exposições, cada artista doará uma obra para o acervo institucional do circuito.

Enviado por Raquel Silva raquelsilva@alternex.com.br
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Otto Sulzbach

Otto Sulzbach

Bruno Vilela

15 de outubro, quarta-feira, 19h

Dumaresq Galeria de Arte
Rua Professor Augusto Lins e Silva 1033, Boa Viagem, Recife - PE
81-3341-0129 ou arte@dumaresq.com.br
www.dumaresq.com.br
Segunda a sexta, 9-18h; sábados, 9-13h
Exposição até 8 de novembro de 2008

Leia o texto Sulzbach, de Otto Sulzbach

Leia o texto O Totem e o Tabu, de Ana Luisa Lima

Enviado por Dumaresq Galeria de Arte arte@dumaresq.com.br
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Lançamento do livro Fundação Iberê Camargo - Álvaro Siza

15 de outubro, quarta-feira, 10h30

Fundação Iberê Camargo - Auditório
Avenida Padre Cacique 2000, Porto Alegre - RS
51-3247-8000 ou site@iberecamargo.org.br
www.iberecamargo.org.br

Preço: R$85
Formato: 21,5 x 26,5cm, 192 páginas, português/inglês, capa dura
Organização: Flávio Kiefer
Patrocínio: Gerdau, Petrobrás, Camargo Corrêa, RGE, De Lage Landen, Itaú, Vonpar
Apoio: Ministério da Cultura, Secretaria da Cultura do Governo do Rio Grande do Sul, Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre
Co-edição: Fundação Iberê Camargo

Sobre o evento

Enviado por Neiva Mello Assessoria em Comunicação renata@neivamello.com.br
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Corpaisagem - Ateliê da Imagem na ArtBO: Feira Internacional de Arte de Bogotá
Claudia Tavares, Dani Soter, Isabel Löfgren, Isabela Lira, Guilherme Maranhão, Marco Antonio Portela, Mauro Bandeira, Patricia Gouvêa

15 de outubro a 20 de outubro de 2008

Corferias - Centro de Convenciones
Carrera 40 No 22C, Bogotá - Colômbia
57-3-810000
A mostra Videoarte en la Bodega vai exibir obras em vídeo dos artistas brasileiros Ana Paula Albé, André Parente, André Sheik, Chico Fernandes, Juliana Mundim, Kátia Maciel, Marcia Clayton, Marco Antonio Portela, Mauro Espíndola, Monica Mansur e Patricia Gouvêa.

Enviado por Patrícia Gouvêa pgouvea@ateliedaimagem.com.br
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TEXTOS DO E-NFORME

Ricardo Ventura na Mercedes Viegas

Na galeria serão expostos 20 trabalhos inéditos realizados em 2008. Serão seis esculturas de madeira em grandes formatos, dois trabalhos de vidro e 12 fotogravuras.

As esculturas de madeira, Ricardo trabalha com Ipê de demolição e também com Teca, madeira de reflorestamento que possibilita maior flexibilidade para criar curvas longas. As duas esculturas de madeira que dão nome à mostra, Cavalo de Tróia, possuem formas curvilíneas. Superpostas, as duas apesar de estáticas, dão a impressão de movimento.

Todos os objetos de vidro remetem a formas orgânicas. Destaca-se a obra Conceição da Praia, composta de duas partes, em vidro pirex espelhado, que fragmentam e multiplicam o entorno.

As fotogravuras são imagens urbanas de construções, jardins e lagos e em algumas vemos uma pequena estátua eqüestre. São imagens desbotadas, corrompidas pelo tempo, deslocando o espectador para uma dimensão em que o tempo está suspenso.

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Da forma pura à forma significativa

POR FERNANDO COCCHIARALE

Ricardo Ventura extrai das tradições da escultura e da arquitetura o sentido contemporâneo de sua obra. As peças em exposição, ainda que pareçam em um primeiro momento ligadas ao campo de investigação da forma pura, são portadoras de questões cruciais para a caracterização das diferenças entre a arte contemporânea e a moderna.

Desde os anos cinqüenta, quando da bem sucedida introdução das tendências construtivistas no pais, parte significativa das poéticas brasileiras no campo tridimensional vem se desenvolvendo à luz das possibilidades inventivas ou a sombra da academizaçâo desse sucesso histórico de nossa arte. Surgido na Rússia, como resultado das experimentações de Tatlin, Rodchenko, Gabo, Pevsner, e de vários outros artistas, durante a efervescência da revolução bolchevique, o método de construir a forma no próprio espaço pela articulação de planos geométricos, barras, etc., assimilado da engenharia moderna pelos construtivistas, tornou possível pela primeira vez na escultura - até então voltada para uma tridimensionalidade volumétrica que implicava na forma fechada, - a exploração da potência estética do jogo de cheios e vazios, permitido.pela forma aberta.

Em um caminho inverso, a experiência de Brancusi conseguiu modernizar a escultura sem negar o bloco escultórico e a forma fechada legados por uma tradição que remonta à antiguidade. Embora de pouca influência no Brasil, esta experiência tornou-se uma via alternativa universal ao construtivismo para a criação de obras tridimensionais.

De um ponto de vista estritamente formal, o trabalho de Ventura é visivelmente mais próximo da tradição brancusiana. Entretanto a investigação da essência da forma orgânica não é o objetivo final desse artista. Para Ricardo a forma é uma entrada para situações estéticas que ultrapassam a esfera das significações apenas visuais em direção à polissemia.

A origem mimética da forma fechada tradicional determinou a preponderância da curva sobre o ângulo, Mesmo quando trabalhado de um ponto de vista abstrato, este tipo de formalização tende a evocar situações orgânicas e corpóreas. Brancusi não rejeitou a tendência evocativa da forma fechada, resistente inclusive à modernização a que foi submetida a partir de sua própria pratica artística. A mudança de função da base, agora não mais o marco da separação entre escultura e mundo, mas um elemento incorporado à obra como responsável ativo por sua inserção direta no espaço, e a exploração da plasticidade dos materiais, tinham para o escultor romeno o objetivo de captar o rosto essencial da pluralidade das formas orgânicas, indicado evocativamente pêlos títulos das obras.

Se a remissão a Brancusi refere-se não só à afinidade de Ricardo com uma concepção técnica tradicional modernizada, como também à necessidade de aludir ao mundo real, a eleição de alguns ornamentos - volutas barrocas e coruchéus de origem islâmica - como paradigmas formais de sua obra recente ultrapassam o universo modernista, deslocando as relações que cria para o âmbito contemporâneo das praticas de hibridação formal e simbólica: um percurso entre a forma auto-referente e a significativa. Suas obras transitam e a rigidez da madeira, a maleabilidade dos fios de cobre e a fragilidade do vidro. Não possuindo base, necessitam das paredes e do piso para se equilibrarem no próprio espaço, qual linhas desencarnadas, mas paradoxalmente sólidas. Aqui a estabilidade inerente à lógica da escultura e da arquitetura é subvertida pela presença de grafismos densos, ornamentos autônomos, que não se auto sustentam e, por isso, descansam, quase orgânicos, corpóreos, sensuais.

Cada material é explorado, desde suas potencialidades plásticas até a configuração final para evocar, vagamente, situações nascidas em territórios bastante heterogêneos. Uma certa similaridade com os organismos vivos, entretanto, parece prevalecer sobre a influência arquitetônica das volutas e coruchéus. Se, em respeito à lógica do ornamento, as obras de grandes formatos, criadas por Ricardo Ventura, precisam da rigidez da madeira para a ocupação em larga escala do espaço, as pequenas, de metal, revelam uma estrutura de superfície parecida com a dos crustáceos. Já as peças realizadas em vidro contêm um liquido espesso e avermelhado. Identificado como azeite-de-dendê, esse material de origem culinária, carregado de tradições nacionais, termina por acrescentar a esses objetos uma nova esfera significativa.

O caráter orgânico do trabalho de Ventura afasta-se, porém, da noção de ordem formulada pelo estruturalismo, para o qual uma estrutura só existe quando uma totalidade é articulada de tal maneira que as partes são qualificadas em função do lugar que ocupam no todo e não a partir de suas características isoladas. A idéia de composição, tão cara ao modernismo, funcionaria de maneira análoga. Interpretada por algumas correntes teóricas enquanto uma linguagem, a obra de arte seria um sistema de signos - formais, gráficos e cromáticos - estruturado pela composição.

As obras em tamanho reduzido estão expostas, lado a lado, qual insetos numa coleção de entomologia. Não existem, aqui, quaisquer dúvidas da autonomia estética de cada parte, mas sua existência em grande quantidade forma uma espécie de seqüência aberta, de configuração temporária, baseada na acumulação de elementos. Dal, diferentemente da composição estrutural continuar inalterada, mesmo no caso da troca de lugar de suas partes e da supressão eventual de alguns de seus elementos.

A criação direta de Ventura se consuma, freqüentemente, na esfera do projeto. Apesar de acompanhada pelo artista, a confecção das obras resulta do trabalho do marceneiro, do vidreiro e do artesão que trabalha os fios de cobre. Na contramão da lógica da indústria, na qual o projeto destina-se a antecipar o que deve ser repetido de modo idêntico em cada produto de uma mesma série, a fatura artesanal das peças gera, em níveis variáveis, conforme os materiais usados, séries fundadas na coexistência da repetição e da diferença. Novamente aqui se impõe um padrão análogo àquele que preside a reprodução das formas orgânicas evocadas pelas esculturas expostas: as peças integram as coleções de maneira semelhante à dós membros de uma mesma família, Possivelmente parecidos uns com os outros, esses membros configuram um grupamento formado pela semelhança visual, embora continuem identificados por traços individuais.

Entre tradições variadas, a forma e o conteúdo, o gráfico e o escultórico, a arte e a arquitetura, o ornamento e a forma orgânica, a seriação industrial e a familiar, Ricardo Ventura investiga questões que qualificam a contemporaneidade de sua obra.

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Núcleos Contemporâneos III na Valu Oria

Tradicionalmente a Valu Oria Galeria de Arte, realiza durante o Período da Bienal a exposição Nùcleos Contemporâneos .

Trata-se de uma exposição coletiva com 27 artistas representados pela Galeria, onde serão apresentadas obras diferenciadas de diversos dimensões e suportes (pintura, desenho, fotografia, objetos e vídeo).

Esta mostra visa apresentar um panorama dos diversos aspectos em que se baseia o conceito da Galeria.

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Sulzbach

POR OTTO SULZBACH

O dinamismo da vida pode ser retratado em nosso cotidiano de diferentes formas; inclusive, de maneira estática! É precisamente essa a mais aproximada definição tanto da minha obra em si quanto de mim mesmo como autor. Isso digo por imprimir especialmente nesse trabalho um cunho intuitivo e pessoal ao utilizar-me de um processo interno próprio ao criar. Criações estas imbuídas de reminiscências infantis referentes a perdas e ganhos inerentes a tal etapa da vida. Assim é que procuro retratar imagens resgatadas dos primeiros quatro anos de vida de um infante, apresentando situações que passam pelos laços familiares (paternos/maternos/fraternos) e relacionais mais amplos (amigos) . Como que num passeio pelas mais variadas infâncias, procuro oportunizar ao espectador uma gama de sentimentos que emerge ao nos depararmos com representações também da perversidade infantil, ora pela impressão de aprisionamento, ora pela sensação da infância cortada – “mutilada”. Então, para efetivamente despertar tais sentimentos, parti em busca de materiais que ajudassem a traduzir minha intenção. Foi, pois, nesse cenário que encontrei na borracha qualidades suficientes, dentre as quais saliento a elasticidade e a sensação ao toque semelhante ao da pele humana (razão pela qual luvas cirúrgicas e preservativos – camisa de vênus – são feitos de borracha).

Por ourto lado, viver em dias como os nossos – tempo de ser ecologicamente correto, algumas perguntas poderiam ser feitas, como por exemplo: por que trabalhar justamente com a borracha cujos resíduos são tão prejudiciais ao meio-ambiente? Respondo: justamente por essa mesma razão! O que para uns é resíduo, para outros, como no meu caso, é matéria-prima. Isso pode remeter-nos a outras análises como, agora, de cunho psicológico: o que vem a ser um resíduo senão a sobra/excedente em um processo? Nesse sentido equivale dizer que nossa própria memória é um resíduo na medida em que é, nada mais nada menos, aquilo que sobrou em nosso processo de vida e está armazenado bem ali, na memória. É exatamente aqui que reside uma grande virtude – poder trabalhar a plasticidade do material, elevando-me ao status de um verdadeiro esteta. O material que escolhi somado ao trabalho realizado compõe recortes que se enquadram na minha poética visual. Assim, posso dizer sem o menor receio de soar pedante que meu trabalho confere uma nova semântica para o resíduo ao associá-lo à vida, ao movimento, bem como pela separação por grupos de características semelhantes. Quer pelo uso de matriz formal (borrachinhas) como pela idéia de ossatura e organicidade alusivas ao já visto, creio provocar um quase natural estranhamento ao imantar velhas referências com novos significados.

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O Totem e o Tabu

POR ANA LUISA LIMA

O homem respeita a mãe (a musa), rejeita (e deseja) a puta. É por isso mesmo que toda mulher guarda em-si a puta e a mãe. E que só aparentemente se revela uma e outra.

O artista, Bruno Vilela, ao contrário do que alguns possam imaginar, tem sim a mulher enquanto objeto, mormente, enquanto substância, matéria, de muitas de suas obras. Bruno, cônscio, ou não, dessa condição da mulher (in)capturável – também pela câmera fotográfica e pelo pincel - , vacila pelo amor da musa e da puta.

Da cintura para cima, ela pinta a mãe, a musa (Bijinga - 2006). A mulher etérea e intocável. Da cintura para baixo, ele pinta, barrocamente (é só prestar atenção aos excessos: de tinta, de cor, de imagens que se repetem), sua mais nova série, a puta: a mulher na condição de toque, do desejo saciável.

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Lançamento do livro Fundação Iberê Camargo - Álvaro Siza na Iberê Camargo

A Fundação Iberê Camargo e a Editora Cosac Naify lançam um livro inteiramente dedicado à nova sede da Fundação Iberê Camargo, inaugurada em maio de 2008 em Porto Alegre e concebida pelo arquiteto português Álvaro. Vencedor do Leão de Ouro na Bienal de Veneza em 2002 e aclamado por revistas especializadas no mundo todo, o edifício é emblemático em diversos aspectos: é o primeiro museu construído no país por um expoente da arquitetura mundial, planejado para abrigar o acervo de um único artista. O prédio também se destaca na carreira de Siza que, ao se aproximar da obra de Iberê Camargo, afastou-se da ortogonalidade e racionalidade de sua arquitetura anterior, criando um edifício com traços expressionistas, orgânicos, até mesmo míticos, como observou o crítico inglês Kenneth Frampton, um dos autores dos artigos que integram o livro. O lançamento nacional da publicação acontece em Porto Alegre no dia 15 de outubro em evento no auditório da Fundação Iberê Camargo, às 10h30, e em São Paulo no dia 16, durante a abertura da mostra Álvaro Siza - Modern Redux, exposição que contempla o trabalho desenvolvido pelo arquiteto na última década, no Instituto Tomie Ohtake.

Impossibilitado de deixar Portugal por conta do trabalho, Siza se fará presente no lançamento sediado na capital gaúcha através de vídeo-conferência transmitida a partir das 11h, diretamente do seu escritório na cidade de Porto, de onde acompanha os conferencistas presentes, como organizador do livro, o arquiteto e professor Flávio Kiefer, bem como os autores dos artigos apresentados na edição, entre eles o argentino-cubano-brasileiro Roberto Segre, arquiteto e crítico especializado; o português Jorge Figueira, historiador e crítico que acompanha há muitos anos a trajetória de Siza e José Luiz Canal, engenheiro responsável pela obra da nova sede. Após o debate, será aberta uma sessão de autógrafos seguida de exibições, durante todo o dia, do documentário Mestres em Obra, média-metragem dirigido por Marta Biavachi que narra todo o processo de construção do prédio. A entrada para os eventos é aberta ao público e gratuita.

Especialistas internacionais assinam artigos sobre o prédio

A publicação combina ensaio fotográfico, realizado por destacados fotógrafos contemporâneos de arquitetura, e textos analíticos sobre a obra de Siza, além de detalhes do projeto. O ensaio fotográfico obedece o percurso que o próprio arquiteto imaginou para os visitantes do museu. Tem início com uma vista aérea da cidade de Porto Alegre, da qual o leitor vai se aproximando até encontrar-se em frente à sede da Fundação; lá dentro, o passeio nos guia para a entrada do prédio e leva direto ao último piso, de onde se parte para conhecer cada um dos três andares de exposição. As rampas conduzem o espectador para que ele adentre e desvende os ambientes, percursos e até detalhes construtivos do prédio, como os móveis e desenhos de sinalizações pensados por Siza.

Para analisar sua arquitetura e importância para a museologia brasileira e mundial, foram convidados autores de diferentes nacionalidades. O organizador Flávio Kiefer, faz a apresentação trazendo dados sobre a trajetória de Iberê Camargo, da Fundação que leva seu nome e da cidade que o abriga, além de um breve relato sobre a história dos museus de arte e a realidade brasileira nesse campo. O inglês Kenneth Frampton, um dos principais críticos e historiadores da arquitetura mundial, mergulha nos meandros simbólicos da arquitetura de Siza, descrevendo o edifício como um labirinto e trazendo à tona relações que evidenciam a importância dessa obra para a história da arquitetura mundial. O argentino-cubano-brasileiro Roberto Segre, com mais de trinta livros publicados sobre arquitetura latino-americana, parte de um panorama da arquitetura de museus para chegar a múltiplas miradas sobre essa obra, destacando a profunda sintonia entre Siza e Iberê Camargo. O português Jorge Figueira, historiador e crítico que acompanha de perto a trajetória de Álvaro Siza, traz o mundo da arquitetura de seu conterrâneo, seu trajeto e enfrentamento com as grandes questões da disciplina, sua maneira mansa de sair do moderno e entrar no pós-moderno sem perder suas raízes. Num país ainda tão modernista quanto o nosso, esse livro tem tudo para acender um debate, mais que necessário, sobre o nosso próprio desatamento desses laços. Por fim, completa o volume um depoimento do engenheiro responsável pela construção, José Luiz Canal.

O projeto gráfico também traz novidades, como os encartes duplos com as plantas técnicas, versão dos textos em inglês independente da brasileira, valorizando a produção nacional no exterior. Merecem destaque entre os livros brasileiros de arquitetura as imagens e textos que explicam a parte técnico-construtiva do edifício em todas as suas etapas, contada pelo próprio engenheiro da obra, e uma memória de projeto e um poema sobre o edifício, escritos especialmente pelo arquiteto Siza para esta publicação. A impressão em preto e branco foi feita com duas cores, para acentuar nuances das fotografias, e a capa impressa em serigrafia destaca o cuidado da edição. A obra de arquitetura é vista aqui como uma totalidade, onde todos os aspectos são abordados.

A edição foi planejada já à época do lançamento da pedra fundamental, em 2003, quando a Fundação Iberê Camargo contratou o arquiteto e professor Flávio Kiefer para organizar o livro que deveria contar a história da construção da nova sede e o fotógrafo Fábio Del Re para registrar todas as etapas da obra.

Desde então, a arquitetura de museus passou a ser uma preocupação da Fundação. Criada em 1995, a Fundação Iberê Camargo logo ocupou um lugar de destaque na cultura nacional pela seriedade na definição e realização de seus objetivos. Não tem se dedicado apenas a proteger e divulgar a obra de Iberê Camargo, um dos mais importantes pintores brasileiros, mas também a promover as artes em geral, através da organização de simpósios, oferta de bolsas de intercâmbio, publicações e uma série de eventos com artistas, curadores e críticos convidados.

Ainda que tenha sido pensado para atender a expectativa dos especialistas, Fundação Iberê Camargo – Álvaro Siza é um documento histórico acessível ao público não-especializado, interessado em projeto, história ou teoria. A beleza e a qualidade das fotografias e desenhos já valem a ida à livraria mais próxima.

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