Exposição
3º Prêmio
Cultural Sergio Motta
Albano Afonso, Amílcar Packer, André Vallias e Nurimar Falci, ChicoCorrea,
Dora Longo Bahia (artes
visuais), Flo Menezes (música), Grupo Fêmur, Grupo Pexbaa, Gustavo Rezende,
Helga Stein (internet), Lívia
Flores (artes visuais), Lívio Tragtenberg (música), Lúcia Leão, Lali Krotoszynsky,
Mário Ramiro, Milton Marques
(artes visuais), Rafael Marchetti (internet), Ricardo Carioba, Rosângela
Rennó.
(Os premiados contém suas áreas
em parênteses)
29 de agosto a 27 de setembro de 2003
Museu de Arte Contemporânea
de Goiás
Rua Quatro 515, Edifício
Pathernon Center
Centro Goiânia
GO
mac@agepel.goias.gov.br
62-201-4686
Segunda a sexta, das 9h às
18h; sábados e feriados, das 10h às 16h.
Realização: Instituto Sérgio
Motta e Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.
http://www.premiosergiomotta.org.br
No total,
são 19 artistas brasileiros selecionados pelo 3º Prêmio Cultural Sergio
Motta, ocorrido em 2002. Todos os trabalhos operam na interface entre arte
e novas tecnologias, em um universo poético que se caracteriza pela experimentação
dos meios eletrônicos e/ou digitais. O evento constitue-se em uma privilegiada
oportunidade de apreciar a produção artística ligada às novas mídias a
partir do contato real com as obras, que em geral são pouco conhecidas
pelo público não-especializado. A iniciativa é do Instituto Sergio Motta
e do Governo do Estado de Goiás.
Prêmios
por Trabalhos Realizados
1.
Milton Marques (Brasília, DF)
Atualmente, o foco de sua obra reside em experimentação com vídeo digital
e aparatos tecnológicos inutilizados, resgatados, ópticos, step motors,
impressoras, copiadoras, scanners, cameras e outros mecanismos destituídos
de sua função, que quando desmontamos ou modificamos, adquirem uma outra
funcionalidade. Como matéria-prima artística eles ainda se movem, acendem,
cintilam, mas refletem neste novo estado diversas colocações diante do fenômeno
humano, das mediações tecnológicas, das subversões onde transitam ironias
e inquietações, ou ainda das aparências ordinárias que movem as relações
contemporâneas.
Marques apresenta três obras:
Sem título
(2001) é o vídeo de um mecanismo de impressora redimensionado que enfoca
a des-sincronização. O movimento da máquina anula as potencialidades de
sincronização. O artista é representado pelo vídeo durante sua permanência
ou im-permanêcia diante da câmera.
Superfície
1 (2002) é um mecanismo-motor de baixa rotação. Movimenta uma lupa extraída
de um leitor ótico de scanner. O texto ampliado traduz ironias que ecoam
nas relações que se baseiam na aparência da vida contemporânea configurando
um monumento à falsa verdade.
Sem título
(2001) é um contador de quilometragem onde os números foram substituídos
por letras e motor elétrico . Máquina de fabricar palavras-significantes,
ordem metafórica sem homem, produz uma nova ordem de discurso, outros sentidos
que interagem com significados anteriores.
2. Rafael Marchetti – Influenza (São Paulo, SP)
Mapa,
2001
Trabalho on-line que se organiza a partir de uma equação algorítmica,
uma não-interatividade a partir de uma des-estrutura de navegação, criada
sobre um mapa urbano.
Influenza
Este é um trabalho on line que se organiza a partir de uma equação algorrítimica,
criando um não-jogo, uma não interatividade a partir de uma des-estrutura
de navegação criada sobre um mapa urbano. Ou, sobre um não-mapa. Um mapa
que desvia... o usuário acessa uma série de janelas onde encontrará uma
seqüência de malhas geométricas... mas, e daí? As relações cinéticas que
ocorrem por meio de combinações aleatórias surgem em movimentos de expansão
no espaço bidimensional da tela. As possibilidades pictóricas e lineares
que aparecem cada vez que se clica o mouse são meras banalidades frente
à complexidade da não-proposta: o artista subverte a mídia anulando o browser
enquanto interface. Não adianta clicar. Esta é uma obra de sutilezas. Palavras
para defini-la? Não, contra, des-. O quê? Isso mesmo. A obra é contra a
internet, contra o usuário e sua imprevisibilidade des-estabiliza qualquer
sistema. Essa a sua densidade poética. Ao instaurar o desvio ao acaso, o
artista acaba criando o des-desenho, a des-pintura, a des-arte, a não-interatividade,
anulando a nossa ação junto à mídia. Des-acionar. O vazio. O nada. Nada à
flor da pele. Como um hacker, instala a virulência. Sua não-proposta de contaminação
se infiltra pelo avesso, para questionar um sistema e suas camadas, para
des-estabilizar a ordem das coisas, sem exatamente criar ou recriar o caos.
3.
Flo Menezes (São Paulo, SP)
Colores (Phila: in Praesentia)
Trabalho
em música acústica, que aproxima a estética da música medieval às poéticas
musicais contemporâneas. É uma peça interativa em que o público se vê envolvido
espacialmente pela difusão de sons ao vivo e em tempo real por um sistema
computacional, desenvolvido para a musica contemporânea.
Um réquiem
de Flô Menezes para Philadelpho Menezes – poeta intersignico desaparecido
em acidente trágico em 23 Junho de 2000. Aproxima a estética da música
medieval às poéticas musicais contemporâneas. Flô Menezes concebeu essa
pesquisa a partir de concertos recorrentes ao longo da história musical,
tais como diversidade (diversidades), variação (varietas) e colores (cores).
Os dois
irmão trabalhavam cada qual em sua área Flô na música e Phila (como todos
o chamavam) na poesia com investigações de ponta somente no inicio de suas
carreiras em 1985, puderam realizar um trabalho conjunto a partir de uma
tradução de Philadelpho de um poema e Baudelaire que levava o nome de Grefanas.
As três últimas palavras entoadas ao término da obra de Flô Menezes eram
“cor”...”cor”...“cor”... e o arista decidiu elaborar um réquiem eletroacústico
sob o título de “Colores” (Philadelpho: in Praesentia).
A obra
se constitui em “camadas de cores”, constituídas por distintos tratamentos
sonoros; o papel da espacialidade do som adquire suma importância para
elucidação estrutural das camadas e a destruição entre as diversas cores
ocorre pela “variação “de tratamento de um mesmo material de origem e pela
variação de percurso ou comportamento espacial dos três concertos que compõe
a peça: (Diversditas, Colores e Favelas).
A obra,
portanto, é interativa. O público se vê envolvido especialmente pela difusão
de sons eletroacústicos pré elaborados em estúdio e pelas transformações
eletroacústicas realizadas ao vivo e em tempo real por um sistema computacional
de ponta desenvolvido para a música contemporânea.
Nas palavras
do artista: “Ao término da obra ouve-se por três vezes a palavra ‘poesia’
com a voz do próprio poeta Philadelpho Menezes como um requiém, Colores...
possui um tonus dramático, em que uma certa gestualidade ritualística e
quase ‘religiosa’ advém dos ‘gritos’ hiper-agudos emitidos pelo clarinete
e que encontram respaldo nos sons eletroacústicos. O clarinetista quase
nunca volta-se para o público, alternando de lado para lado em sua performance,
numa angustiada procura por um espaço. Na angústia à procura de um lugar;
este ‘inconformismo dramático’ se resolve apenas no final, quando o próprio
universo acústico envolve o público, com a caminhada do clarone. Aquilo
que procurava um lugar tão somente poderá encontrar lugar em todos os lugares,
envolvendo a escuta no espaço, cuja locomoção coincide com a extensão no
tempo da própria voz in praesentia do poeta desaparecido”.
Aqui
reproduzimos o gráfico de desenvolvimento espacial das oito camadas de “cores”
criadas por Flô Menezes: desenhos de : modulação em anel, clipping, chorus
1, remonâncias, pitch shift, filtros passa banda, reverberação e gate, chorus
2.
Por fim,
o próprio clarinetista, ao término da obra, apanha o clarone, desce do
“altar” no qual se situa atrás do percussionista sobre o palco, e invade
o espaço do público no teatro, pontuando a escuta multdimensional que circundou
o ouvinte ao longo daqueles instantes e distanciando-se do percurssionista
com quem contracenava. Paradoxalmente, será através desse distanciamento
físico que ambas as escrituras musicais – a do clarinetista e do percussionista
– se aproximam de fato, resultando em uma freqüência, uma comunhão de tempo
de inflexão sonora e uma profunda id-entidade, no mais amplo sentido do
termo. Tal gesto, que envolve literalmente o público, simboliza a própria
dialética da irmandade: quanto mais distantes, mais os irmãos parecem de
fato se olhar. Um gesto de esperança frente à inexorabilidade do esvaecimento.
Prêmios
para Projetos (Bolsa Estímulo)
4.
Dora Longo Bahia (São Paulo, SP)
Sem título,
2003
Imagens fotográficas de paisagens idílicas sobre as quais a artista intervem
com agressões físicas e alterações cromáticas, procurando estabelecer uma
relação entre a utopia da busca do paraíso e o desencanto da paisagem brasileira.
Segundo
a definição do vocabulário técnico e crítico da filosofia, uma ilusão é
uma situação em que o observador está sendo enganado e sabe disso; numa
alucinação, o observador está sendo enganado mas não sabe, pensa que é verdade.
A artista compara a pintura à ilusão e a fotografia à alucinação, contrapondo-as,
mas ao mesmo tempo, igualando-as enquanto imagens enganosas. Utiliza, principalmente,
imagens de paisagens idílicas sobre as quais intervém com agressões físicas
e alterações cromáticas. Procura estabelecer uma relação entre a utopia
da busca do paraíso e o desencanto do confronto com a realidade brasileira.
Duas
representações da mesma imagem (uma fotografia de uma paisagem e uma fotografia
de uma pintura da mesma paisagem) podem ser vistas alternadamente, por meio
do movimento lateral do observador(ranhuras verticais), remetendo à formação
da imagem cinematográfica. A imagem representada é uma paisagem litorânea,
enfatizando o caráter passivo de contemplação do observador frente à arte,
ao mesmo tempo que pressupõe a participação física ativa deste para visualização
total da obra.
Enquanto artista contemporâneo, resulta os embates arte/política, pintura/foto,
traduzindo sua perplexidade diante do futuro nas condições do presente.
A insinuação da violência como fato principal desta sociedade é revelada
por fatais encontros entre homem/natureza, homem/sociedade.
Deslocamentos
de suportes e de linguagens reforçam a idéia de fronteira. Dora discute
as condições da arte em apreender o mundo diante das transformações e im-possibilidades
da história da arte. Suas cores aludem à presença do mundo individual e
tecnológico por meio de um cromatismo distante das matrizes da natureza,
mais próximo do pop e do kitsch pela sua semelhança ao neon.
5.
Helga Stein (Goiânia, GO)
Narkes, um auto retrato digital captado em web cam, tem a origem grega
contida em seu título e significa torpor. Narciso, personagem da mitologia
grega que preferia viver só, olhou o mundo através de um espelho entorpecedor,
símbolo da permanência em “si-mesmo”*. A proposta contida nesse projeto
ainda embrionário, interessa justamente por nos colocar diante de uma bifurcação:
de um lado, a artista, via auto-retrato, promove o deslocamento de “si-mesma”
na construção de um personagem robotizado, de mobilidade restrita; um corpo
video-genético modulado, exposto de forma objetiva e emanando morbidez e
frieza, manipulável digitalmente. A imagem é apropriada, justaposta e fragmentada.
Descontextualizada, distancia-se do sentido original abrindo brechas para
significados misteriosos... de outro lado, a artista busca ampliar a experiência
do público – o usuário da rede, o espectador, o navegador: explorando o
potencial da interface gráfica digital, buscando imprimir maior legibilidade
a ela, procurando garantir a interatividade e legitimar a informação em
outros contextos cognitivos. Operando com tecnologias de ponta, sua preocupação
parece incidir sobre a primazia de repertório simbólico da obra e sua possibilidade
de gerar metáforas. A tecnologia, aqui, parece assumir importância como
suporte auxiliar de uma tentativa subliminar de aproximação entre plano
intelectual e valor afetivo. A busca da correspondência entre intelecto
e sentimento nos coloca diante de uma “quase” impossibilidade, uma vez que
a relação anima (hostilidade) animus (brutalização de sentimento) assinala
um confronto.
O intelecto,
terreno escorregadio, pode ser um embuste ao se defrontar com valores ou
sentimentos decorrentes do mundo dos afetos em que pesa a realidade. Se
a unidade é uma substância que se configura a partir do interior do sujeito,
a totalidade é um mito, uma tensão de opostos que poderia, em última instância,
converter o caos em cosmos.
6.
Lívia Flores ( Rio de Janeiro, RJ)
Cadeia Alimentar, 2003
É uma
obra em DVD composta por 4 filmes, projetados simultaneamente num mesmo
ambiente – um quadrilátero de vidro – configurando uma vídeo-instalação
com projeções sobrepostas.
Cadeia
Alimentar é uma obra em processo. Constituída de 4 filmes – os três primeiros
filmados inicialmente em 16mm, o projeto irá configurar uma vídeo instalação
com projeções sobrepostas. Nessa obra, Lívia Flores reencenou um sonho
como filme para em seguida constituir outros três filmes montados a partir
de cenas da vida real. Reunindo imagens que aludem às relações de poder,
evoca a relação entre trabalho, capital, liberdade e fome. Essas relações
ocorrem em simultaneidade, por sobreposição das projeções, colocando o espectador
em meio a um emaranhado de imagens que se sucedem como fluxos, sugerindo
instabilidade e perigo a partir dos múltiplos rebatimentos que por vezes
extrapolam os limites do campo de projeção. O espectador - receptor das imagens
– encontra-se em meio a situações que o deixam entre o sonho e a realidade,
por meio de ações, paisagens e noções que se sobrepõem ao espaço-tempo do
dia a dia.
7.
Livio Tragtenberg (São Paulo, SP)
Coleção
de Novas Danças Brasileiras, 2003
Este
cd reúne 10 composições sonoras inéditas, propondo uma viagem musical por
meio de ritmos tradicionais da música brasileira aplicando uma espécie de
filtro microscópico por meio da edição sonora digital sobre materiais recolhidos
em gravação de campo. Propõe uma viagem sonora através de ritmos tradicionais
da música brasileira, aplicando uma espécie de filtro microscópico, através
da edição sonora digital sobre os materiais recolhidos em gravação de campo:
os materiais básicos passam por um estilhaçamento sonoro que, uma vez rearranjado,
quer revelar outras possibilidades de som sem que haja a perda de contato
com o referencial estilístico primeiro, isto é, o ritmo.
A voz
cantada, falada, eletrônica, em conversação é um elemento essencial, fio
condutor e amplificador sonoro.
As músicas
combinam elementos de alto e baixo repertórios sonoros, como um olhar de
quem passeia através da janela de um carro em alta velocidade. A pureza
e a alta definição abrem espaço para a sobreposição de texturas, repertórios
e intenções narrativas.
Como
um viajante aprendiz extraviado em torno das micro-células retrabalhadas
de ritmos, acordes, melodias e vozes, buscou criar um caleidoscópio de dicções
em torno do ritmo dançante e da textura sonora mais complexa ... rabecas
pernambucanas, índios Guatós conversando e cantando, scratchs ritimados
de viola de coxo...
Trabalhos Selecionados
Dentre os 441 trabalhos inscritos o júri selecionou 30 propostas. Dentre
elas 12 referem-se a projetos já realizados, integrando a exposição. (Os
demais trabalhos selecionados referiam-se a projetos, que até o presente
momento não foram realizados).
8.
Albano Afonso (São Paulo, SP)
Auto-retrato
Albano
Afonso vem realizando suas séries de auto-retratos para configurar uma
espécie de tensionamento entre a dimensão auto- referencial e a pintura,
suporte tradicional das artes visuais que vem criando criando constantes
desafios à produção de arte contemporânea. Para tanto utiliza a fotografia,
mesclando e fundindo reproduções de auto-retratos de pintores já tradicionais
da história da arte às fotos de si mesmo. Utilizando computador e scanner,
sobrepõe sua imagem à dos pintores, obtendo fusões que alteram o significado
das imagens de partida, criando diferentes contrapontos de luz, de ambientes,
gerando novas cargas simbólicas e alternando as possibilidades de percepção
das imagens. Segundo o artista, “os olhos, quase sempre, são a única parte
das duas imagens em que a fusão será perfeita”.
9.
Amílcar Packer (Santiago do Chile, Chile)
A vídeo-instalaçãoVídeo #2 consiste em cinco DVDs apresentando simultaneamente
cinco ações semelhantes nas quais o artista aparece entrando e movendo-se
por debaixo do carpete de cinco quartos vazios diferentes de uma mesma
casa. Cada vídeo apresenta um quarto.
Desenvolve-se
basicamente a partir de reflexões sobre a organização humana do espaço
e suas estruturas simbólicas. A interferência do corpo humano, orgânico,
não somente gera interferências no plano horizontal, o chão, mas o destrói,
gerando com o movimento como que a representação gráfica da ação. Neste
sentido, vemos como o revestimento do plano horizontal, o carpete, nos remete
à pele e ao pêlo, transfigurando a ação em ato sexual, nascimento às avessas.
10.
André Vallias e Nurimar Falci (São Paulo, SP)
Site: Edgard Morin – site dedicado ao filósofo francês que pretende transformar-se
num espaço virtual permanente de reflexão e criação
André
Vallias é o maior poeta digital brasileiro, radicalmente dedicado à busca
de uma poesia em sintonia com as novas tecnologias e a sociedade informatizada.
Além disso, tem sido um grande divulgador de poesia em novas mídias.
O site
dedicado a Edgar Morin pretende transformar-se num espaço virtual permanente
de reflexão e criação. Pensador contemporâneo, Morin desenvolveu uma ética
de resistência radical trabalhando ao redor de questões como a inclusão
e a solidariedade.
11.
ChicoCorrea (Juazeiro, BA)
Nordeste Digital – CD que propõe um experimento de releitura de ritmos
do Nordeste brasileiro, adaptando o som à estética da musica eletrônica
Chico
Correia é um pseudônimo/trocadilho com o nome do pianista e compositor
de jazz Chick Corea. De forma abrasileirada, Chico Correa preserva a idéia
de fundir estilos e tendências à tecnologia com um maior peso para o jazz.
No CD
Nordeste Digital, o artista propõe um experimento de releitura de ritmos
do nordeste brasileiro: o baião, o maracatú, a capoeira, o forró, todos
passam pelo sampleamento e pela colagem/edição sonoras através do uso caseiro
do computador, adaptando o som à estética da música eletrônica.
12.
Grupo Fêmur (São Paulo, SP)
Entre
Cd-rom
experimental que opera por meio dos recursos digitais e cria interfaces
sonoras, performances, onde sons digitais são mixados com apresentações
de DJ’s ao mesmo tempo em que seus gráficos são projetados em tela. Tensionando
os limites da própria gravura, apresenta cinco tipografias digitais a partir
da linguagem verbal, configurando uma linguagem híbrida.
Os sons
e as imagens são desencadeados a partir do uso do computador: situam-se
em algum lugar ”entre” instrumentos musicais e vídeo games. Cada vez que
uma pessoa experimenta o teclado, as tipografias criam padrões sonoros e
gráficos por meio de recombinação e superposição de seus elementos. Diferentes
resultados transcorrem, fornecendo um mapeamento que dependerá da ação individual
de cada usuário em relação ao uso do computador e da tipografia.
13.
Grupo Pexbaa (Belo Horizonte, MG)
Projeto
nº 122 – música digital
O grupo
Pexbaa é interessado em combinações aleatórias de sentidos em expansão
de possibilidades de criação musical utilizando novas tecnologias. Da experiência
entre ouvir e compor, o resultado é.... música. Quase sempre, ou às vezes,
desprovida de adjetivos na (des)combinação tonal de ex-significados, na
estruturação dos improvisos, um experimento “jazz-dadá-onívoro”.
O projeto
nº 122 pretende investigar o digital enquanto ferramenta que, aliada ao
conhecimento musical e acústico, potencializa novas formas de experimentação.
Neste projeto, vale-se de infinitos recursos de manipulação sonora e espacial,
explorando a psico-acústica em software. “Se antes trabalhávamos com dez
cores, hoje temos um número maior não só mais de cores, mas também de tintas,
pincéis e outros materiais, possibilitando uma maior diversidade de universos
sonoros”.
14.
Gustavo Rezende (São Paulo, SP)
Hero - fotografia
Gustavo
Rezende parte da fotografia para tensionar o meio escultórico de forma
sutil e indireta, colocando-nos diante de suas inquietações . Constitui
um auto retrato que se desloca no tempo e no espaço em três momentos diferentes,
digitalizando as fotos posteriormente. Aproximando e ampliando seu significado
por meio da identificação e confronto da tradição artística com um meio
de comunicação contemporâneo, discute o espaço na esfera pública e privada
via fragmentação da imagem e o aspecto mecânico do movimento. De um lado,
o caráter construtivo de objeto, suas questões plásticas potencializadas
por seu trânsito entre esfera plástica/ urbana e a dimensão contemplativa
de um espaço privado ou expositivo. Do outro lado a arte – Gustavo é escultor
e o papel do artista dentro de um processo de territorialização do espaço,
assinalando a idéia de marco.
15.
Lúcia Leão (São Paulo, SP)
Plural
Maps: Lost in São Paulo – trabalho on-line
A pesquisa
de Lúcia Leão baseia-se na hipótese de que antigos estudos de mapas e labirintos
podem nos auxiliar a compreender melhor e a interagir mais profundamente
com espaços virtuais complexos. Interessada na relação entre labirinto e
ciberspaço desenvolveu Plural Maps, um labirinto na rede que usa o ciberspaço
para criar uma cartografia multidimensional da cidade de São Paulo.
Essa
cartografia é construída a partir das escolhas enviadas pelos usuários em
navegação na rede - net citizen – e por alguns outros pontos, tais como web
cams situadas em locais estratégicos como avenidas e centros culturais.
16.
Lali Krotoszynsky (São Paulo, SP)
Entre – trabalho interativo de dança para a Internet
Entre
é um projeto interativo de dança para a internet que se iniciou no ano
2000! Work in progress, vale-se de técnicas de animação e de recursos dos
processos eletrônicos para gerar novas possibilidades para a relação corpo/
dança/ audiência. Como um projeto concebido para a rede internet, sua ação
é flexível no espaço/ tempo.
A partir
do convite por correio eletrônico a potenciais colaboradores selecionados,
frases poéticas, movimentos e posições foram reportados em foto e vídeo
para posteriormente serem impressos e ordenados para que surgisse uma seqüência
fluente de movimentos em um mesmo corpo, e fosse gerada uma partitura coreográfica.
As coreografias
interpretadas por Lali foram gravadas em vídeo e em seguida foi criada
a Dance Machine Station, interface que tem como suporte um computador e
uma web- can. A interface é como um jogo, o colaborador pode reportar sua
participação acionando o botão da web-can.
O processo
possibilitou a criação de animações e vídeos, gerando coreografias que
foram montadas em loop e expostas no Plymouth Art Center. Contando agora
com uma primeira experiência realizada, o grupo pretende expandir a proposta
em novos locais.
17.
Mário Ramiro (Taubaté, SP)
Cinemático – trabalho que emprega o robô industrial cujos movimentos
foram programados para dar dinâmica a um conjunto de pequenas esculturas
O Cinemático
é um projeto que emprega um robô industrial cujos movimentos foram programados
para imprimir uma certa dinâmica a um conjunto de pequenas esculturas aparentemente
estáticas ao seu redor. Nesse conjunto cinético o movimento das esculturas
no espaço se dá pela ação externa de um agente – no caso o robô – tal como
o vento é o responsável pelo movimento das folhas de uma árvore ou de um
Móbile de Calder.
Como
“agente cinético” o robô torna também visível todo um conjunto de “torções
internas” que emergem do interior de seu hardware para a superfície de seus
gestos, por fim transferidos às esculturas que ele manipula. Síntese de um
corpo de ferro e um sistema digital interno o robô pode ser visto como uma
forma de equilíbrio entre matéria e informação, entre o visível e o invisível
entre construção e programa
18.
Ricardo Carioba (São Paulo, SP)
Sem título – vídeo-instalação
Partindo
de elementos geométricos, o artista realizou um vídeo em que cada quadro
dos movimentos é realizado por meio de uma animação, onde quadrados pretos
vão crescendo até o limite da tela e retrocedendo. Na medida em que crescem,
transformam-se em retângulos que ocupam a tela no sentido ora longitudinal,
ora vertical. Cada quadro de movimento/animação é repetido por um negativo
de sua imagem, ocasionando vibração de luz similar à estroboscópica, criando
rápida troca entre cheios e vazios, claro- escuro, interferindo na percepção
dos que estão dentro da sala de projeção. A obra também pretende criar relações
com o espaço externo, por meio da emissão de sons, compostos por duas microfonias
que soam simultaneamente, uma aguda e contínua, outra grave e interrompida.
19.
Rosângela Rennó (Rio de Janeiro, RJ)
Espelho Diário, 2001 – videoinstalação
A instalação
multimídia Espelho Diário é composta por uma videoinstalação constituída
de imagens e som, da performance da própria Rosângela Rennò como atriz amadora
homônima e do monólogo Intróito – Introdução ao Diário – redigido pela
escritora mineira contemporânea Alicia Duarte Penna, ghost writer da personagem
“Rosângela” com locução de Cid Moreira. Rosângela Rennò colecionou durante
oito anos (1991/1998) uma série de 133 fatos extraídos de textos jornalísticos
ocorridos com 133 mulheres que também se chamam Rosângela. O título da obra,
Espelho Diário é uma referência ao jornal homônimo Daily Mirror, conhecido
pelo seu caráter sensacionalista. Também alude à própria montagem da instalação,
onde as duas cenas projetadas se espelham no aspecto virtual e no conteúdo
dos monólogos, estabelecendo um diálogo conceitual entre as projeções. “Os
fatos verídicos coletados perfazem 105 dias de um ano de vida de um personagem
impossível e improvável, cujo nome é igual ao meu próprio nome, o que significa
que a liberdade temporal do diário, traduzida em 365 dias de um ano foi condensada.
O tempo da personagem é tão singular quanto é a sua personalidade, pautada
pela fragmentação e multiplicidade... a simplicidade, a ausência de artificialismo
e o controle rígido da ‘teatralidade’ trabalham com a finalidade de apontar
mais para a impossibilidade de identificar-me com as 133 Rosângelas do
que tentar superpor-me a elas. Desnecessário dizer que a auto – referência
no Espelho Diário é deliberada e ironicamente contrária àquela que normalmente
orienta um enorme volume de obras contemporâneas de arte.... afinal, tratava-se
de um exercício de colocar em minha boca as palavras da outra, sem que
qualquer uma das duas deixasse de ser ela mesma, ao mesmo tempo em que
uma poderia falar por todas as ‘outras’”.