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O Grupo Agenor Silvino (formado por integrantes de vários
outros grupos locais como Telephone Colorido e Atelier Submarino) apresenta
o CD-Book interativo TOUPEIRA. O espectador é convidado
a entrar numa gruta (ambientada num nicho da galeria) e sentir sensações
semelhantes às vivenciadas pelo personagem principal do livro. À ambientação
e à leitura do texto, ainda é acrescentado outro estímulo: o auditivo. A
trilha sonora produzida pelo grupo procura envolver o público no estado de
espírito imprimido na trama.Os meandros do sistema
das artes são desafiados pela instalação CURA-DOR concebida
pelo Grupo Aleph. Inspirado no Salão dos Recusados
de Paris, que expunha indiscriminadamente todas as obras não incluídas no
Salão Oficial, o trabalho consiste em apresentar ao público aquilo que era
restrito à comissão de seleção: os dossiês dos não selecionados para a pauta
de exposições das galerias Massangana e Baobá. O trabalho dribla o controle
da instituição ao mostrar num fichário de ferro, associado normalmente à
burocracia, os trabalhos excluídos e questionar no próprio seio oficial seus
critérios e procedimentos. A questão ética está presente ainda no contato
entre o grupo selecionado, que sugere um trabalho que só existe graças à
exclusão, e o artista não selecionado que deve autorizar formalmente a exibição
de sua proposta preterida. CURA-DOR já foi montada
no 58o Salão Paranaense, em dezembro de 2001 e será executado no Projeto
Prima Obra 2002, da Funarte. A questão espaço-temporal
vem sendo analisada por Amanda Melo já há algum
tempo. Primeiro foram as engrenagens dos dispositivos do relógio que exerciam
fascinação na artista. Há alguns meses, sua pesquisa pulou para um aspecto
mais etéreo da temporalidade. No vídeo CONT(E)ÁGIL
,Amanda Melo congela a ação de passar a mão várias vezes por um conjunto
de molas apenas com a repetição exaustiva desse movimento. Deslocamento e
relações entre corpos também são abordados no trabalho. SIGNS - Durante alguns anos o artista pernambucano Bruno Monteiro concentrou suas preocupações na materialidade
do objeto. Sua pesquisa sobre a fisicidade, no entanto, chegou brevemente
ao esgotamento redirecionando sua trajetória para a poesia visual. SIGNS, trabalho inédito do artista mostrado na galeria
Massangana, é parte de uma série que leva adiante a investigação sobre a
impossibilidade da palavra e a fragilidade da arte. Na parede, Monteiro cola
códigos de barra criados por ele. Feitos em papel, os códigos não teriam
“valor artístico”, a não ser pelo fato de terem sido criados por um artista.
A sensação de fragmentação da áurea da arte é maximizada pelos carimbos também
produzidos por Bruno Monteiro e colocados à disposição do público, já que
possibilitam o manuseio e a reprodução indiscriminados, tirando do artista
e da instituição o controle da obra. Bruno Vieira pretende com sua instalação DO(R)ENTES aprisionar memórias atemporais. Um desafio e
tanto, já que sentimentos não são medidos normalmente pelo tempo. O artista
delega a alguns objetos cargas simbólicas e passam a materializar sentimentos
como amor e ódio e suas possíveis conseqüências (segundo o artista, união,
separação, dores psicológicas que permeiam a existência). O vídeo que compõe
a instalação exerce o papel de biógrafo dessas vivências. SITE-AÇÕES - Por onde passa, a artista pernambucana Janaina Barros recolhe impressões e fragmentos que
posteriormente serão utilizadas em seus trabalhos. Foi assim com "Conversa
entre Galinhas", audioinstalação exposta na mostra Poéticas da Atitude: o
transitório e o precário do Programa Rumos Visuais, em que Janaina apresenta
uma fita gravada numa viagem em que ela conversa em inglês com uma galinha.
Em SITE-AÇÕES, a artista materializa novamente suas
investigações numa audioinstalação. Em cada um dos fones de ouvido serão
disponibilizados sons captados desde 2000 em contextos e geografias diferentes,
forjando, portanto, a polifonia urbana do mundo atual. Um dos CDs será gravado
com o som do vernissage e disponibilizado após a abertura. A trajetória de Juliana Notari vem
se solidificando por meio de especulações filosóficas, sem que a visualidade
seja prejudicada. Em exposições recentes, a artista vem adotando estratégias
diferentes para tirar o olhar do espectador da indiferença, re-embaralhando,
portanto, significações. Em SYMBEBEKOS, palavra emprestada
de Aristóteles que quer dizer acaso, Notari atravessa descalça um caminho
de cacos de vidro que tem como fundo cartazes-nuvens do artista Felix Gonzalez-Torres,
distribuídos na mostra Políticas da Diferença. A intenção da artista não
é de se mutilar ou de sacrificar seu sangue em nome da arte, como já há algumas
décadas vem fazendo alguns adeptos da body art, mas justamente o oposto,
livrar-se pacientemente do perigo, afastando cuidadosamente a ameaça da dor.
A performance acontece na abertura e será mostrada em vídeo posteriormente.
A Fundação Joaquim
Nabuco dá prosseguimento ao seu projeto de expor e discutir a Arte
Contemporânea abrindo sete mostras simultâneas de artistas selecionados
para a pauta 2002 das galerias Baobá e Massangana, no Recife.
A comissão, formada por Moacir dos Anjos, Maria do Carmo
Nino e Cristiana Tejo (atual Coordenadora de Artes Plásticas),
escolheu dentre 50 propostas inscritas os trabalhos destes jovens artistas
pernambucanos, que já apresentam certo grau de maturidade em suas investigações
artísticas.
28 de maio, terça-feira,
às 19h
Performance de Juliana Notari
às 20h
Galeria Baobá e Massangana
Fundação Joaquim Nabuco
Av. 17 de agosto 2187, Casa Forte
52061-590 Recife
PE
artes@fundaj.gov.br
81 3421-3266 r. 421/422
Terças, quartas e sextas,
das 11h às 17h. Quintas, das 8h às 17h.
Sábados, domingos e feriados,
das 13h às 17h.
Exposição até
21 de junho de 2002.
As Maravilhas da Genética
Criam uma Nova Arte / The Wonders of Genetics Breed a New Art
STEVEN HENRY MADOFF
Se arte no sentido mais
amplo busca os mistérios da vida, então uma arte dedicada a estrutura
da vida é de suma relevância no momento.
Esta imponente premissa
é colocada na exposição Gene(sis): Contemporary
Art Explores Human Genomics,
aberta em abril na Henry Art Gallery da Universidade de washington, em Seattle.
Ao mesmo tempo inteligente e deselegante, o título da mostra evoca a
grandeza bíblica da Origem Divina, como também um exame geral
das questões científicas, éticas e legais que pulsam do
âmago do nosso ser genético.
If art in the broadest
sense peers into the mysteries of life, then an art dedicated to the structure
of life itself is of momentous relevance.
That imposing premise
informs "Gene(sis): Contemporary Art Explores Human Genomics," an exhibition
that opened in April at the University of Washington's Henry Art Gallery in
Seattle. At once clever and awkward, the show's title evokes the biblical loftiness
of Divine Origin and an altogether cooler scrutiny of the scientific, ethical
and legal issues pulsing from the very nucleus of our genetic being.
Extraído do artigo
publicado no caderno Arts & Leisure do The New York Times, de 26 de maio
de 2002. Para ler a continuação, http://www.ekac.org/nytimes.html.
GFP Bunny, trabalho
de Eduardo Kac, também apareceu na primeira página da edição
do The
new York Times on the web,
no sábado 25 de maio de 2002. Veja aqui: http://www.ekac.org/frontpage.web.html.