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HOJE Debate na UERJ / MAMAM Mostra no MAMAM
ANO 3 N. 90 / 23 de julho de 2003




Untitled Document

NESTA EDIÇÃO:
Gil Vicente no MuMA, Curitiba
Milton Machado na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Laura Vinci na Nara Roesler, São Paulo
Acervo Museu de Arte Moderna da Bahia no Joaquim Nabuco, Recife
MAMAM Mostra no MAMAM, Recife
 HOJE
Debate na UERJ, Rio de Janeiro
 HOJE

Premiados 6º Prêmio Revelação de Artes Plásticas de Americana


 




Gil Vicente

Alheio

Palestra de Gil Vicente sobre sua obra

23 de julho, quarta-feira, 19h


Museu Metropolitano de Arte de Curitiba
Centro Cultural Portão
Sala Célia Neves Lazzarotto
Av. República Argentina   3.430
Curitiba   Paraná   41-314-5065
Terça a quinta, das 13h às 19h; sextas, das 13h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 15h às 19h.
Exposição até 24 de agosto de 2003.

Considerado um dos mais instigantes desenhistas brasileiros, o artista deixa de lado o grafismo gestual para enveredar pelo fotografismo, tipografismo e até um curioso grafismo físico, representado por trabalhos com arames de garrafas de champanhe.

“Alheio reúne trabalhos feitos por mim que se relacionam, de algum modo, com outras pessoas – artistas ou não – e suas produções, e também com produtos gráficos e pictóricos realizados de forma aleatória ou sem pretensão artística”, explica Gil Vicente. “Procuro compreender, entre outras leituras possíveis, até que ponto estou contido nos outros e até onde consigo  apropriar-me, verdadeiramente, daquilo que me é distinto.”

Entre as obras expostas estão 15 imagens captadas pelo artista que, desde 1998, registra fotograficamente elementos plásticos bidimensionais encontrados nas ruas do Recife. Também podem ser vistos objetos que estavam no ateliê de Alexandre Nóbrega, local que Gil Vicente usou como espaço de criação, durante março e abril de 2001. Outro trabalho que se destaca na exposição é feito com arames de champanhe e evidencia os novos caminhos percorridos pelo artista. “Durante meses, após três festas de Ano Novo, recolhi na Avenida Boa Viagem dezenas de arames de champanhe (que prendem a rolha à garrafa), amassados pelos automóveis. Os pequenos desenhos finais, resultantes da combinação de poucos arames, seguem apenas a regra de não alterar a forma original como cada arame foi encontrado”, conta Gil Vicente.

Sobre a mostra, que permanece aberta ao público até o dia 24 de agosto, a jornalista Cristiana Tejo, coordenadora do Instituto de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco, destaca: “Todos esses elementos juntados pelo artista são peças de seu quebra-cabeça interior. Seguindo suas pistas, chega-se ao que Gil Vicente tenta mas não consegue se desfazer: dele próprio. Para onde for, ele carrega em seu olhar aguçado a procura pelo pictórico e pelo bidimensional”.



Alheio

GIL VICENTE

Alheio reúne trabalhos feitos por mim que se relacionam, de algum modo, com outras pessoas (artistas ou não) e suas produções, e também com produtos gráficos e pictóricos realizados de forma aleatória ou sem pretensão artística.

Desde 1998, registro, fotograficamente, elementos plásticos bidimensionais (Portas, Passagens, Desenhos) encontrados nas ruas do Recife. Quinze destas imagens estão na mostra.

Os exemplares do periódico Notícias de Nanquim são encadernações de folhas de papel jornal que, cobrindo uma mesa como forro, absorvem o excesso de nanquim de outros desenhos feitos sobre elas. As manchas aparecem nos papéis-jornais sem elaboração, assim como ocorrem sobre pedaços de fita crepe que prendem retângulos de fórmica, onde diluo o nanquim. Esses pequenos segmentos de adesivo são paisagens que chamo de Crepúsculos.

Durante meses, após três festas de ano novo, recolhi, na Avenida Boa Viagem, dezenas de Arames de Champanhe (que prendem a rolha à garrafa) amassados pelos automóveis. Os pequenos desenhos finais, resultados da combinação de poucos arames, seguem apenas a regra de não alterar a forma original como cada arame foi encontrado.

No conjunto de fotos do apartamento em São Paulo (A casa de Manoel Veiga), onde fiquei hospedado durante quatro meses, a atração foi registrar as soluções estéticas encontradas pelo amigo para adequar seus universos e seus sistemas de vida e trabalho aos espaços disponíveis.

Os objetos que compõem Coração e Pé estavam no atelier de Alexandre Nóbrega, onde trabalhei durante março e abril de 2001. Apenas juntei os dois ex-votos no centro da mesa.

A função do trabalho Purgo, múltiplo impresso em off-set e tipografia, foi aproveitar um impulso provocado e pedir desculpas a quatro dezenas de pessoas.

Comecei as visitas a obras alheias em 1990, com o desenho Visita à Casa de Raul Córdula, feito “à maneira” de Raul para uma mostra coletiva que o homenageava. Agora passeio pelo trabalho de outros artistas e, através do sistema criado por Aloísio Magalhães para os seus cartemas, tento misturar minha imagem com a de alguns amigos.

Distribuindo a todos os visitantes, na entrada da exposição, um poema que não é de minha autoria, intitulado Oração, procuro compreender, entre outras leituras possíveis, até que ponto estou contido nos outros e até onde consigo apropriar-me, verdadeiramente, daquilo que me é distinto.


Diante do espelho

VICENTE VITORIANO

A atitude de apropriação tem sido posta como uma característica da arte contemporânea, talvez por ter se tornado comum no universo da arte nos dias atuais. Entretanto, a apropriação de imagens criadas anteriormente foi sempre recorrida por artistas de todas as épocas. Um exemplo recente, do século XX, são as famosas dezenas de pinturas de Picasso feitas a partir das “Meninas” de Velásquez. Pois é assim, respaldado por um consenso de contemporaneidade e, ao mesmo tempo, produzindo com base em métodos, técnicas e atitudes pertencentes à tradição, que o pernambucano Gil Vicente criou a sua mostra “Alheio”.

Advirta-se que o “alheio” do título nada tem a ver com um possível alheamento, no sentido de alienação, insciência ou desatenção do artista. Muito pelo contrário, Gil Vicente lança um agudíssimo olhar sobre o mundo, sobre a urbanidade, sobre a arte. O alheio, como uma reverência, são as imagens, os processos construtivos, as atitudes e as idéias “dos outros”, de que ele se apropria e com que transforma a alteridade em profunda subjetividade, criativa e operante. A meio caminho entre esta noção achada para título e as obras, o artista nomeia algumas delas como “visitas”. Isto é, ele “passa” por elementos da arte de outros artistas e de anônimos recifenses, para objetivar obras muito “suas”. Para tanto, Gil Vicente, um dos mais instigantes desenhistas vivos no Brasil, afastou-se por momentos do grafismo gestual e experimenta fotografismo, tipografismo e até um curioso e divertido grafismo físico com arames de garrafas de champanhe.

Em todas as obras há um diálogo entre o que é do outro e o que é “próprio”. Esta relação fica clara na série de auto-retratos fotográficos em que o artista posa com amigos, sempre parecidos com ele. Ao tempo em que o discurso é sobre si, é sobre a identidade, Gil Vicente manipula as fotografias – muito semelhantes umas com as outras, criando jogos especulares segundo uma “visita à casa de Aloisio Magalhães”, uma apropriação re-construtiva dos “cartemas” daquele artista, pernambucano como ele. Ver-se no outro como em um espelho, constitui este exercício que também é um delicado ritual de antropofagia formal. Uma outra série de fotografias, as “Passagens”, também exemplifica este diálogo: muros com lugares de portas ou janelas, fechados com alvenaria e pintados operativamente sabe-se lá por quem, tornam-se “artisticamente pictóricos”, mediados pela ação do artista fotógrafo. Nos desenhos com arame, Gil Vicente apenas reúne peças que tomaram aquelas formas por pisadas ou rodas de automóvel, na praia de Boa Viagem. Há, porém, duas obras em que o artista visita a si mesmo e ao seu ateliê. Nelas, são aproveitadas as “sobras” de um trabalho a nanquim. Uma é a composição, que resultou dos vazados de tinta ou de pinceladas além do suporte sobre papel jornal, usado como forro. A outra se compõe de pequenas tiras de fita gomada “sujas” de nanquim... A trivialidade destas duas obras resume uma atitude de sincera humildade do artista diante de si próprio, diante da arte e dos artistas, seus pares e seus reflexos.


Fragmentos de um Mundo Colhido

CRISTIANA TEJO

Um ser livre como Gil Vicente transita por diversificados fluxos, quando sua alma assim pede. Momentos como universos, trilhas descontínuas e reencontradas. Alheio, mostra exibida agora no NAC-UFRN, constitui um desses caminhos tomados pelo artista nesses quase trinta anos de trajetória. Assinala um período de experimentação não tão novo assim, mas apenas mostrado e intensificado recentemente. Sentindo-se à vontade para arriscar, Gil Vicente lança-se a experimentar coisas que lhe intrigavam já na década de 70 e que foram deixadas de lado pela urgência da resolução de outras questões de seu trabalho. Pincéis, papéis e telas repousam, enquanto outros instrumentos são acionados para ajudá-lo em sua busca existencial.

Se inicialmente as pessoas e o mundo eram trazidos para dentro de sua vida por meio do retrato, agora o artista joga-se no mundo para captá-los. Observação e ação se alternam, o distanciamento já não é absoluto. Sem o quadro como fronteira, entrelaça-se ao Outro para encontrar-se, reunindo seus fragmentos afetivos espalhados por objetos, sensações e alianças. Vida e arte se misturam e a contaminação mútua acontece no embaralhamento de sua identidade com a do Outro, apropriando-se do Outro e das coisas dos outros e de ninguém. No entanto, esta captação não se dá por meio da autoridade, do controle. Gil Vicente procura preservar ao máximo o contorno original dos arames de champanhe, pacientemente colhidos a cada ano no dia de Reveillon, a grafia do bilhete encontrado ao acaso, a composição pictórica das portas, dos muros e das passagens, os borrões dos jornais de nanquim, causados por outras pinceladas. As coisas, produzidas por outros ou devidas a outras situações, quase que estão por ali, esperando essas junções, ansiando por essa descoberta. Neste momento, o mundo anterior não é criado, é acolhido em toda a sua espontaneidade e erro.

Sim, todos esses elementos juntados pelo artista são peças de seu quebra-cabeça interior. Seguindo suas pistas, chega-se ao que Gil Vicente tenta mas não consegue se desfazer: dele próprio. Para onde for, ele carrega em seu olhar aguçado a procura pelo pictórico, agora no mundo, e pelo bidimensional. Figuras e abstrações harmonizam-se nessa sua suspensão, o que nos leva a crer que este estado de brincadeira deve ser levado mesmo a sério.


Cristiana Tejo é Jornalista Cultural e Coordenadora de Artes Plásticas do Instituto de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco.

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Milton Machado
(1=n) um intervalo

24 de julho, quinta-feira, 19h
 
Mercedes Viegas Arte Contemporânea
Rua João Borges  84
Gávea   Rio de Janeiro
21-2294-4305
Segunda a sexta, das 14h às 20h; sábados, das 16h às 20h.
Exposição até 25 de agosto de 2003.
Encontro com Luiz Camillo Osorio no dia 7 de agosto, às 19h.


(1=n) um intervalo

do ponto em branco do olho da superfície ao branco do fundo infinito através da nuvem-matéria construída de arco-íris a bordo da espaçonave cujo vôo em espiral de sete passos em rota de colisão
com fragmentos de estrelas traz de volta à terra meus olhos turvos pela poeira dos planetas

Firmamentos para uma nuvem-matéria                        
Paleta                                           
Ponto Branco no Infinito                               
Espiral / 7 Planos                                   
7 Desenhos Vistos Lateralmente                           
…rastros de estrela cadente sobre minha retina                   
Pós-desenhos
                      

Leituras de bordo

1. Pingue pingue

Pegue uma bola de pingue-pongue. De determinada distância e com certo impulso de seu braço, jogue-a repetidamente contra uma parede de concreto até que a bola atravesse a parede.
Calcule o número que expressaria o índice de probabilidades dessa ocorrência realmente acontecer.

Lembro-me do entusiasmo de meus colegas quando aceitaram o desafio de resolver esse problema de física teórica (problemas do tipo devem ter influenciado minha decisão de abandonar o curso de engenharia), mesmo sabendo que o dever de casa acabaria por comprometer suas férias de verão.

Não  me recordo de ninguém, nem mesmo aqueles com particular inclinação para as demonstrações empíricas, que tenha se dedicado à primeira parte do enunciado. De fato, nenhuma bola chegou a ser realmente arremessada contra a parede. Mas, em teoria, todas as bolas não arremessadas, até pelos menos atentos e precisos calculistas, acabaram atravessando paredes. Apesar de encontrarem maior ou menor atrito ou resistência em suas travessias – expressos por diferentes valores numéricos (finitos) do n do índice abaixo – todos parecem ter chegado a resultados satisfatórios.   

                       1 x 10-n       onde n tende para o infinito

Será possível que bolas de pingue-pongue atravessem paredes de concreto se e quando as moléculas da bola coincidirem mais ou menos exatamente com os espaços intermoleculares da parede, durante todo o espaço de tempo necessário para que a ocorrência se dê (de fato, para que se dêem zilhões de ocorrências simultâneas).

Se e quando…
Eu costumava acreditar nessa possibilidade. Até recentemente, quando conheci um físico que, respondendo a minhas consultas, acabou me convencendo de que a hipótese é inconsistente. Mas ele foi suficientemente gentil, quando me escreveu concluindo:

“…você acabaria com uma pilha revirada de coisíssima nenhuma. No entanto, não deixe que meu delicado experimento mental o afaste de sua busca da mágica e das maravilhas do mundo natural e real. Não faz muito tempo, descobri que o universo havia sido criado pela minha caneta dourada. De repente ela começou a escrever que o universo deveria iniciar. E assim foi. Daí  floresceram galáxias e eventualmente a vida e o inferno.
Um prosaico visitante me perguntou quem havia criado a caneta tinteiro. E eu pensei: – Mas que mente limitada temos aí!
Preocupadas com que ele pudesse me irritar ainda mais, as enfermeiras levaram-no embora.”
(Traduzido de “Thoughts by John Griffiths, sometime Scholar of Churchill College, Cambridge, MA Cantab, MSc, UCLA”, e-mail para o autor, Londres 1999)


2. Das espessuras e densidades de certas nuvens-matéria

“Uma tela pode ser inteiramente preenchida, a ponto de que mesmo o ar não passe mais por ela; mas algo só é uma obra de arte se, como diz o pintor chinês, guarda vazios suficientes para permitir que neles saltem cavalos.”
(Huang Ping-Hung, citado por Deleuze e Guattari, “O Que é a Filosofia”, tr. Bento Prado Jr e Alberto Alonso Muñoz, Editora 34, Rio de Janeiro 1992)

Stephen Bann cita Giacometti e sua “concisa descrição da necessidade de se penetrar além da superfície pictórica, que ao mesmo tempo é uma barreira intrasnponível: ‘Como se a realidade estivesse atrás de cortinas que temos continuamente que afastar… Arte e Ciência são tentativas de entender: sucesso e fracasso são inteiramente secundários’.”
(Diego Giacometti, citado por Stephen Bann, “Experimental Painting”, Studio Vista, Londres 1970)


3. Deste e do outro intervalo

Se tivéssemos que arriscar uma notação:

(    ), não para indicar fronteiras que delimitam e separam um intervalo de um outro qualquer, mas linhas de contato que abraçam, tocam e afetam tanto o que é interior quanto o que é exterior a este e àquele outro intervalo, ao lugar anterior e ao próximo. Próximo e lugar, mas não o imediatamente contíguo, não o espaço contido pela sala ao lado, e sim o espaço aberto por alguma ocorrência em algum tempo qualquer, o evento contemporâneo em algum qualquer espaço em algum tempo qualquer.

Pelas convenções da notação algébrica, (    ) (    ) = denotaria uma multiplicação, da qual se esperaria um determinado produto como resultado. Mas nos termos propostos por nossa lógica de intensidades interrelacionadas, multidimensionais, de relações entre intervalos de forças (não topograficamente conectados, mas topologicamente confluentes, co-influentes), (    ) (   ) denotaria mútuas exponenciações, recíprocas potencializações, onde (=), isto é, mesmo as identidades, estariam sujeitas a espacializações e temporizações, e onde os produtos estariam sujeitos à relatividade das modulações.

Considere o intervalo (1 = n). Em uma lógica de intensidades, o 1, o 1 que é primeiro, o número que origina, a figura que inaugura a série de figurações, o 1 que é princípio narrativo, o 1 que é o olho que vê (eye), o 1 que é o Eu narrador (I), pode estar (aqui) como (ali), pode ser (agora) como (então), e se identificaria apenas com a indeterminação de n. Cada (1 = n) constitui um micro-universo, cada um um mundo-sendo criado, cada um um ato cultural de mostrar a natureza para nós mesmos, cada um um lugar para a produção de múltiplos e concorrentes significados.

Tudo é intervalo e modulação. Em um sistema infinito de cenários, nada está fora de cena.


4. Máquinas situacionais. Geometria da Água





1983. (1 = n) Galeria Luisa Strina, São Paulo. Catálogo, texto de Roberto Pontual
1995. (1 = n) an interval Projects Room Goldsmiths College, Londres, texto do artista
2003. (1 = n) um intervalo Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Rio de Janeiro

Os textos aqui reproduzidos foram extraídos e traduzidos de “After History of the Future: (art) and its exteriority”, pelo autor, PhD Fine Art, Goldsmiths College University of London, 1999.

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Laura Vinci

24 de julho, quinta-feira, 20h

Galeria Nara Roesler
Av. Europa 655
Jardim Europa   São Paulo
11-3063-2344
nararoesler@nararoesler.com.br
http://www.nararoesler.com.br
Segunda a sexta das 11h às 20h; sábados das 11h às 15h.
Exposição até 16 de agosto de 2003.
Preços: R$ 2 mil a 15 mil.

Laura Vinci (São Paulo, 1962) vem expressando, ao longo dos quase 18 anos de produção, especial interesse pela relação de sua obra com o espaço ao redor. Esse diálogo que ela constrói entre os dois corpos, nesta exposição na Galeria Nara Roesler, ganha mais um elemento em sua poética: o desejo de investigar o instante, o ponto do meio, aquele que está entre a escultura e o espaço. "O que me interessa agora é o meio, isto é, esta geometria etérea entre o começo e o fim, este momento suspenso entre meu trabalho e o espaço que o circunda", declara a artista.

Este processo evidencia-se na grande instalação que traz para a Galeria Nara Roesler, decorrente de outra, Estados, apresentada no CCBB/São Paulo, em 2002. Agora, a artista compõe - também com água, passando por um emaranhado de tubos que constitui sistema de refrigeração - um novo discurso, com palavras que congelam e descongelam, relacionadas à idéia de "meio".

Na mostra, Laura apresenta ainda uma série inédita de seis "bacias", introduzindo o latão niquelado,além do vidro já utilizado em trabalhos anteriores. Desta vez, os elementos dos tubos colocados sobre as bacias são água, mercúrio e ímã, ora puros, ora combinados. "Nas esculturas de Laura Vinci, o mercúrio encerrado no interior de hastes de vidro que saem de bacias de vidro e pratos de metal está destituído de sua função alquímica, mas os elementos permeáveis presentes em suas esculturas agarram-se involuntariamente aos princípios dessa doutrina", escreve Antonio Gonçalves Filho, no texto do catálogo.

Nesta série, a artista também busca esse ponto central que transcende a concretude entre a obra e seu entorno, por meio do brilho, da transparência e da leveza. "Ao escolher uma forma circular perfeita e uma superfície polida para fazer surgir suas hastes que apontam em várias direções, ao sabor do vento e dos vários estados do mercúrio, Laura elege como parte fundamental de seu sistema formal um elemento que faz a intermediação entre o chão e o céu", escreve Antonio Gonçalves Filho.

Laura Vinci é uma artista já consolidada no mercado internacional. Tanto é que na próxima Miami Basel foi escolhida para realizar um projeto especial, Statement, conferido apenas a nomes de grande prestígio. Laura é formada pela FAAP (1993) e mestre pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Já realizou inúmeras exposições no Brasil e no exterior e um de seus trabalhos marcantes foi o grande relógio de areia que tomava dois andares do Moinho Central, no Arte /Cidade 3.

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Acervo Museu de Arte Moderna da Bahia
Salão da Bahia 1994 – 2002  
Alexandre Nóbrega, Ana Miguel, André Amaral, André Lenz, Betânia Luna, Brígida Baltar, Caetano Dias, Carla Guagliardi, Carlos Melo, Christian Cravo, Daniel Acosta, Daniel Katz, Efraim Almeida, Egídio Rocci, Elias Muradi, Enrica Bernadelli, Eudes Mota, Giorgio Ronna, Iuri Sarmento, José Patrício, Marcelo Silveira, Mário Azevedo, Martinho Patrício, Maurício Ruiz, Mauro Piva, Michel Groisman, Nydia Negromonte, Osvaldo Marcón, Paulo Pereira, Ricardo Ventura, Rodolfo Athayde, Rosana Palayzan

Ciclo de Debates: Salões e Bienais no Brasil
23 e 24 de julho, 19h, na Sala Calouste Gulbenkian

24 de julho, quinta-feira, 19h

Fundação Joaquim Nabuco
Galerias Massangana e Baobá
Rua Henrique Dias  609
Derby    Recife
81-3421-3266  r. 421/422
Terça a domingo, das 14h às 19h.

Memorial Joaquim Nabuco
Av. Dezessete de Agosto   2187
Casa Forte  Recife
Exposições até 31 de agosto de 2003.
 

Salão do Museu de Arte Moderna da Bahia chega ao Recife em mostra itinerante

A mostra já passou pela Paraíba e Ceará e encerra seu giro em Pernambuco. Promovido anualmente pelo Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), o salão teve a sua nona edição realizada entre dezembro de 2002 e março deste ano.

Criado no início da década de 90, o Salão da Bahia é um concurso de alcance nacional que mobiliza anualmente milhares de artistas plásticos de todas as regiões do país e até de brasileiros residentes no exterior. Após um período de inscrições, é feita a seleção para uma grande mostra que ocupa diversas salas de exposições do MAM-BA. A mostra permanece em cartaz durante boa parte do Verão, período de grande agitação cultural na capital baiana. Anualmente, o Salão da Bahia premia seis dos 30 participantes e é justamente uma seleção dos premiados ao longo da história do evento que está percorrendo a região Nordeste.

O giro começou por João Pessoa, no Centro Cultural de São Francisco, em abril, e depois chegou a Fortaleza, onde estará sendo vista pelos cearenses, no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará/MAUC, até 29 de junho. No Recife, a seleção do Salão da Bahia apresentará trabalhos de cerca de 30 artistas, entre eles os pernambucanos Alexandre Nóbrega, Betânia Luna, Carlos Mélo, Eudes Mota e Marcelo Silveira.

Para se ter uma idéia da projeção do Salão da Bahia, somente na sua última edição, o Museu de Arte Moderna da Bahia recebeu inscrições de 1.697 propostas de artistas, de Norte a Sul do Brasil.

Instalações, pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, objetos, técnicas digitais e outras formas tradicionais e inovadoras de expressão têm integrado as grandes exposições que arrastam milhares de pessoas ao MAM-BA para conferir as principais tendências da produção plástica contemporânea no Brasil. Segundo o diretor do MAM-BA, Heitor Reis, “esta mostra itinerante inaugura uma nova fase para o nosso Salão, que após uma longa história de sucesso reunindo na Bahia o talento de artistas de várias partes do Brasil, agora vai poder ser visto em outros estados, cumprindo seu papel de divulgar e estimular a produção de arte contemporânea em nosso país”.

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MAMAM Mostra
Filme e vídeo de artista
 
23 de julho a 3 de setembro de 2003

Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM
Rua da União  88
Boa Vista   Recife
quartas, às 19h.
81-3423-2761 /3007 / 2095


Programação:

23 de julho: Mozart Santos; Pipilotti Rist; Tracey Emin; Sam Taylor-Wood

30 de julho: Mário Sette; Bill Viola

6 de agosto: Grilo; William Kentridge

13 de agosto: Lourival Patriota, João Quitôncio / Grilo; Matthew Barney

20 de agosto: Nononinoinono; Vito Acconci; Leonilson; Mona Hatoum; Tunga

27 de agosto: Paulo Meira; Doug Aitken; Jenny Holzer; Cao Guimarães E Rivane Neuenschwander; John Baldessari; Peter Fischli E David Weiss

3 de setembro: Grupo Ho; Hélio Oiticica; Robert Frank E Alfred Leslie; Jonas Mekas

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Debate
Artes Plásticas
Alexandre Vogler, Artista plástico e Professor assistente do Institudo de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestrando em Artes Visuais pela UFRJ; Cezar Bartholomeu, Artista plástico e Mestre em linguagens visuais ela UFRJ, 2002. Pós-graduado pela PUC - RJ pelo curso de História da Arte e Arquitetura no Brasil e graduado em Educação Artística (História da Arte) pela UERJ; Ricardo Basbaum, Artista plástico e escritor. Professor assistente e chefe do Departamento de Teoria e História da Arte do Instituto de Artes da UERJ. Foi co-diretor do Agora – Agência de Organismos Artísticos e atualmente é co-editor da revista de arte Item. Integrou a seção brasileira de artistas selecionados para a Bienal de São Paulo (2202).

23 de julho, quarta-feira, 17h

UERJ
Auditório 91
Rua São Francisco Xavier  524   9º andar
Maracanã  Rio de Janeiro
21-2587-7650 / 7320
 
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Artistas Premiados
6º Prêmio Revelação de Artes Plásticas de Americana

Comissão de Premiação:
Eduardo Brandão
Ivo Mesquita
Juliana Monachesi


Prêmio Aquisição:

Eduardo Srur / Pintura / São Paulo / SP

Jurandy Valença / Fotografia / São Paulo / SP


Prêmio Estímulo:

Clayton Luiz Camargo Júnior / Fotografia / São Paulo / SP

Fabrício Carvalho / Objeto / Juiz de Fora / MG

Gisela Motta e Leandro Lima / Vídeo / São Paulo / SP

Kaloan Meenochite / Gravura / São Paulo / SP

Olívia Pádula Hohagen / Desenho / São Paulo / SP

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