4º Prêmio
Cultural Sérgio Motta
Inscrições até 18 de julho
http://www.premiosergiomotta.org.br
NESTA
EDIÇÃO:
Emmanuel
Nassar no CCBB, Rio de Janeiro
Exposições e debates na FUNARTE, Rio de Janeiro
Heterodoxia na Marta Traba, São Paulo
O Estatuto da Pintura na Arte Contemporânea no Santander
Cultural, Porto Alegre
Instalação, Arte e Tecnologia, Claudia Schmacke fala
na EBA, Salvador
Lançamento o ralador no Cordão da Bola Preta, Rio
de Janeiro
Arte e
Estado - e a dificuldade do novo por Patricia Canetti
Emmanuel Nassar
Emmanuel Nassar, a poesia da gambiarra
Curadoria: Denise Mattar
15 de julho a 21 de setembro de 2003
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março 66
Centro Rio de Janeiro
21-3808-2020
Terça a domingo, das 12h30 às 19h30.
A mostra tem caráter retrospectivo, apresentando um panorama
da obra do artista que, sem sair de sua cidade, Belém do Pará, tem seu
trabalho respeitado nos circuitos de arte nacional e internacional.
A exposição Emmanuel Nassar, a poesia da gambiarra vai ocupar as
quatro salas do segundo andar e a rotunda do CCBB – Rio de Janeiro.
Nas salas C e D será apresentada a trajetória do artista, com obras
de 1970 a 2003.
O conjunto reúne desde seus primeiros desenhos até as obras essenciais
como “Recepcor”, “Arraial”, “Hollywood”, “Mãodrian”, e também a série
negra , reportada à destruição da Amazônia e à instável situação brasileira,
como: “Municípios em Chamas”, “Instabiles”, “Varamão “, “Serra”, além
da instalação “Fachada”, realizada para a Bienal de São Paulo (1989).
Na sala B estará a instalação “Bandeiras”, realizada em 1998, apresentada
no MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo) e no MEP (Museu do Estado
do Pará), inédita no Rio de Janeiro. A obra é um painel de bandeiras
dos municípios do Estado do Pará, que estabelecem um diálogo riquíssimo
com as pinturas de Nassar.
Na sala A será apresentado um conjunto de obras recentes e inéditas,
realizadas sobre suporte fotográfico, desvendando o universo mágico
das áreas suburbanas de Belém, através do olhar do artista.
Na rotunda, a instalação “Brasil em Chamas” documenta a performance
realizada em 1997 em Diadema, SP: sobre um fundo de carvão vegetal, um
grande Brasil desenhado com velas foi aceso pelo público. Ao queimar até
o fim, as velas colocaram fogo no carvão, transformando tudo num grande
braseiro.
Comemorando 25 anos de carreira artística, Emmanuel Nassar já participou
dos mais importantes eventos de arte no Brasil e no exterior. Representou
o Brasil na Bienal de Veneza em 1993, e recebeu o primeiro prêmio da
Bienal de Pintura de Cuenca (Equador); realizou exposições individuais
no Stedelijk Museum e na Pulitzer Art Gallery na Holanda e expõe regularmente
nas galerias Ruta Correa, Barsikow, Nalepa e Thomas Zander, na Alemanha.
No Brasil participou das 20ª e 24ª Bienais Internacionais de São Paulo
e suas obras estiveram presentes nos Salões Nacionais da Funarte desde
a sua 3ª edição. Anualmente realiza uma exposição individual e participa
de exposições coletivas dentro e fora do Brasil.
A obra do paraense Emmanuel Nassar é uma bem-humorada metáfora
da brasilidade, pois incorpora elementos da iconografia popular encontrada
nos reclames cotidianos que vemos nas ruas, mercados e carrocinhas; as
cores das casas das periferias urbanas; os desenhos dos barcos ribeirinhos;
imagens de parques de diversões e os humores sarcásticos do dia-a-dia do
país. Sua obra contrapõe a sabedoria do povo ao agressivo processo de globalização
que invade a periferia das cidades amazônicas, e, entre a farsa e a ironia,
o artista nos revela as engenhocas, os gatilhos, as gambiarras, as maquinações,
que driblam a extrema pobreza cada vez mais confrontada com a extrema riqueza.
"Tenho enorme prazer ao brincar com o limite entre o popular e o erudito,
entre o real e o virtual, a figura e a geometria, a arte e a não-arte. Meu
objetivo é articular uma coisa com a outra e não o de negar um desses lados
ao confrontá-lo com seu oposto. Quero desmistificar e confundir saudavelmente
os elementos que determinam um trabalho como ingênuo ou contemporâneo. O
Brasil é talvez a única nação do planeta que contém o primeiro e o quinto
mundo juntos e nossa maior tarefa é juntar essas duas pontas, é fazer
coexistir a ilha de computadores da USP com a feira de Caruaru", declara
Emmanuel.
A curadora da exposição, Denise Mattar, enfatiza que não se trata
da estética do precário, mas da sua ética. “A retrospectiva irá apresentar
o percurso do artista, demonstrando a coerência de sua obra que, num
processo de releitura verdadeiramente antropofágico, nos devolve, saborosamente
transformadas, as nossas raízes. Para mim a obra de Nassar está em algum
ponto entre a poesia mágica de Gabriel Garcia Marquez e o humor de Almodóvar”,
explica Denise.
Depois do Rio de Janeiro, a exposição Emmanuel Nassar, a poesia
da gambiarra, seguirá para São Paulo, Brasília, Salvador e Belém do Pará.
Emmanuel Nassar – A Poesia da Gambiarra
DENISE MATTAR
Em 1992, Emmanuel Nassar participava da exposição Arte Amazonas, realizada
dentro do contexto da conferência internacional sobre meio ambiente. Sua
instalação simulava um transporte de animais selvagens, com caixas, grades,
vara de domador e o tradicional círculo de fogo . Uma ironia sobre a situação
da Amazônia, e do artista brasileiro, vistos pelo mundo quase como uma atração
circense : “o animal numa jaula, exposto em praça pública, observado e avaliado
pelos do lado de fora”
Não entendamos os “do lado de fora” apenas como os estrangeiros. A predominância
econômica do eixo Rio/ São Paulo, e seu corolário, a predominância cultural,
determinaram o surgimento de um sistema viciado, que, aos poucos, começa
a mudar. De um lado criaram-se meios culturais regionais fechados em si mesmos,
preservando os “valores regionais” e se sentindo ameaçados por qualquer
proposta vinda “de fora”, e de outro, artistas lutando por sua “internacionalidade”,
fugindo diante da possibilidade de sua obra ter qualquer “cor local”.
Lançando um olhar divertido e irônico a estas duas posições, Nassar, se
situa num espaço único, o qual, se por um lado lhe garante uma admiração
da crítica nacional e internacional, por outro o isola no circuito cultural
brasileiro - tanto “do lado de dentro”, quanto “do lado de fora” - colocando-o,
às vezes, na jaula - como um belo animal exótico.
Emmanuel Nassar questiona os limites entre a arte erudita e a arte popular.
Seu olhar, repleto de humor, descobre o mundo colorido dos subúrbios de
Belém, traduz a poesia dos "pedaços de flandres da decoração dos parques
de diversões mambembes", e constata a curiosa semelhança que certos elementos
populares têm com a “geometria sensível”.
Sua obra contrapõe a sabedoria do povo ao agressivo processo de globalização
que invade a periferia das cidades amazônicas, e, entre a farsa e a ironia,
o artista nos revela as engenhocas, os gatilhos, as gambiarras e as maquinações,
que driblam a extrema pobreza cada vez mais confrontada com a extrema riqueza.
Não se trata da estética do precário, mas da sua ética.
A realização da exposição “Emmanuel Nassar – A poesia da gambiarra”, no
Centro Cultural Banco do Brasil, do Rio e de Brasília, é uma rara oportunidade
de ver o conjunto de seu trabalho, e, a proposta desta curadoria é, através
da apresentação do percurso do artista, mostrar a coerência de sua obra,
que num processo de releitura verdadeiramente antropofágico nos devolve,
saborosamente transformadas, as nossas raízes.
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Projéteis de Arte Contemporânea
...projéteis compreendem trajetórias,
alvos, suportes. princípio do rompimento do silêncio, o barulho necessário
ao estado de espírito. síntese de rupturas. Intervenções no vazio interposto
entre o alvo e as idéias. o que se faz se desfaz. fica o óxido da corrosão.
o efêmero permanece, o temporário age a favor do tempo futuro. o pensamento
decomposto sobre a construção de entulhos, a arte volátil sobrevoa a
superfície, o papel fragmentado compõe o país imaginário, o rupestre spray
urbano rasura outra escrita, a tinta e o papel se trincam e se rasgam.
as palavras também se pulverizam, ficam seus resíduos, Xico Chaves
Exposição de Abertura
Anna Bella Geiger
Arjan, Eduardo Costa
e Ney Valle
Ivens Machado
José Damasceno
Paulo Climachauska
Victor Arruda
Flesh Beck Crew (arte
em grafite): Bruno Bogossian, Rafael Marini, Rodrigo Abrantes
e Tomaz Viana
Debates de Julho
ARTE E ESTADO
O papel do Estado
na visão do artista: Estado mínimo e Estado necessário / a lei e a regra
/ incentivo e mercado: o público e o privado / Estado-mãe: as tetas do
governo / Estado-pai: dirigismo cultural / o impasse do Estado: como entender
as experiências de linguagem / o impasse do artista: o que é? o que não
é? / função social da arte? contrapartida social? / o contemporâneo como
expressão e patrimônio cultural de um povo / instituições e conexões: o
lugar da arte, dos artistas e do público / formação do olhar: na escola,
no artista e no público / formação do pensamento contemporâneo: prática
teórica e bolsas de pesquisa / acervo público: política de aquisição /
salas especiais intinerantes / urbanismo e urbanização: esculturas públicas
e entorno de museus / futuro do passado e futuro do presente: memória e
preservação / a imagem da cultura no exterior / importação e exportação:
o ir e vir de materiais e de obras, e os entraves estatais...
16, 17 e 18 de julho,
quarta, quinta e sexta-feira, sempre às 14h
quarta-feira
Ernesto Neto
José Damasceno
Paulo Sergio Duarte
quinta-feira
Denise Mattar
Lina Kim
Márcia X
sexta-feira
Luciano Figueiredo
Luis Andrade
Simone Michelin
FUNARTE
Palácio Gustavo Capanema
Galerias da FUNARTE e
Auditório Gilberto Freire - Mezanino
Rua da Imprensa 16
Centro Rio de Janeiro
Segunda a sexta, das
10h às 18h.
Exposição até 15 de agosto
de 2003.
Concepção e produção:
Eliane Longo, Elisa de Magalhães, Fernando Cocchiarale, Ivan Pascarelli,
Patricia Canetti, Wilton Montenegro, Xico Chaves.
Realização: Coordenação
de Artes Visuais, FUNARTE e Ministério da Cultura.
FUNARTE LANÇA
PROJÉTEIS DE ARTE CONTEMPORÂNEA
A FUNDAÇÃO NACIONAL DE ARTE / MINC reabre suas galerias, inicia
ciclo de debates sobre Arte e Estado e lança edital de concorrência para
projetos de artes visuais.
A
FUNDAÇÃO NACIONAL DE ARTE, através do seu Departamento de Artes e Coordenação
de Artes Visuais, inicia seus projetos culturais com a abertura de um amplo
debate nacional, sob o título de “Projéteis de Arte Contemporânea”, quando
será discutido o papel do Estado e da Arte na formulação de suas políticas
culturais. A proposta consiste em reunir, no auditório de seu Centro de
Artes, artistas, críticos e produtores culturais em ciclo de debates, que
ocorrerá durante os meses de julho, agosto e setembro, aberto à participação
pública. Simultaneamente, serão reabertas as Galerias da FUNARTE com uma
exposição que apresentará obras inéditas dos artistas: Anna Bella Geiger,
Ivens Machado, Victor Arruda, José Damasceno, Paulo Climachauska, Arjan,
Eduardo Costa, Ney Valle e do grupo "Flesh Beck Crew” (arte em grafite).
Será lançado ainda um edital de seleção de projetos para exposições, previstas
para o 2º semestre de 2003.
A FUNARTE e o MinC, com esta iniciativa, estarão se aproximando novamente
da classe artística e produtora de cultura, com a finalidade de discutir
e buscar referências e contribuições para sua atuação futura na área de
artes visuais.
O edital de projetos de exposições selecionará
artistas para participarem de três exposições nas galerias da FUNARTE durante
o segundo semestre de 2003, através do trabalho da comissão de seleção formada
pelo artista e pesquisador Lula Wanderley, o artista plástico e mestre
em Linguagens Visuais Franz Manata e Guilherme Bueno - mestre em História
e Crítica da Arte e atual diretor da Divisão de Teoria e Pesquisa do Museu
de Arte Contemporânea de Niterói/MAC.
O
ciclo de debates reunirá, até o final do ano, nomes de projeção na área
de artes visuais, como Cecília Cotrim, Denise Mattar, Edson Barrus, Ernesto
Neto, Everardo Miranda, Fernando Cochiarale, Gloria Ferreira, Jose Damasceno,
Ligia Canongia, Lina Kim, Luciano Figueiredo, Luis Andrade, Luiz Camilo Osorio,
Lula Wanderley, Márcia X, Marcos Chaves, Moacir dos Anjos, Paulo Sergio
Duarte, Ricardo Basbaum, Simone Michelin, Tadeu Chiarelli, dentre outros.
PROGRAMAÇÃO DE JULHO
Debate de 16 de julho, quarta-feira, 14h - em paralelo, abertura
da exposição
Ernesto Neto
José Damasceno
Paulo Sergio Duarte
Debate de 17 de julho, quinta-feira, 14h
Denise Mattar
Lina Kim
Márcia X
Debate de 18 de julho, sexta-feira, 14h
Luciano Figueiredo
Luis Andrade
Simone Michelin
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Edição São Paulo
Albano Afonso, Beth Moysés, Caetano Dias, Carlito Carvalhosa, Divino
Sobral, Eduardo Frota, Elder Rocha, Eliane Prolik, Fabiano Gonper, Felipe
Barbosa, Flávia Fernandes, Geraldo Leão, Jailton Moreira, José Cirillo,
José Patrício, José Rufino, Marcelo Solá, Paulo Whitaker, Ralph Gehre,
Renata Pedrosa, Rosana Ricalde, Shirley Paes Leme, Walton Hoffmann
15 de julho, terça-feira, 19h30
Memorial da America
Latina
Galeria Marta Traba
Av. Auro Soares de Moura Andrade 664 entradas 4, 5 e 6
Barra Funda São Paulo
11-3823-4704 / 470
galeria@memorial.org.br
Terça a domingo, das 9h às 18h.
Exposição até 17 de agosto
de 2003.
Organização: Divino Sobral, Shirley Paes Leme e Walton Hoffmann.
WALTON HOFFMANN
Heterodoxia : palavra de origem grega que significa “de opinião
diferente”
Heterodoxia dá continuidade a um projeto que surgiu de uma conversa
informal entre artistas, onde se discutiu a possibilidade de organizar
e agilizar exposições que mostrassem, pelo país e América Latina, as múltiplas
faces da sua produção contemporânea.
As poéticas diversificadas que aparecem nas últimas mostras internacionais
, e a falta de ligação entre elas , são exemplos do momento da arte
hoje em dia e também, estão presentes neste módulo em São Paulo. Assim,
o artista pode exercer sua individualidade, escolhendo sua obra - sem
uma preocupação imediata de contrariar aplicações racionais de curadoria
- estando as exigências limitadas apenas ao espaço neutro da Galeria.
As discussões formais de padrões estéticos e a lógica do mercado,
paradigmas da contemporaneidade, são deixados do lado de fora do espaço
expositivo; gerando desta maneira, a possibilidade dos artistas integrarem
um corpo único no elogio da própria diferença.
Na edição São Paulo estão representados 23 artistas de 13 estados
brasileiros , de diferentes gerações e de projeção artística variada.
Seus trabalhos possuem características fortemente marcadas pela individualidade
e todos possuem lugar de destaque no cenário das artes plásticas.
A mostra é apresentada pela crítica de arte Daniela Vicentini,
de Curitiba.
DANIELA VICENTINI
Não há uma curadoria nem uma idéia a nortear a escolha das obras
expostas em Heterodoxia. Assim como não se reivindicam posições estéticas,
pois muitos dos artistas nem mesmo se conhecem, apenas mostram juntos
alguns de seus trabalhos. Artistas de diversas cidades, diferentes gerações
e projeção artística variada vêm assim conformando – em Santiago, Buenos
Aires, Florianópolis, Vitória, Rio de Janeiro, duas vezes em Curitiba
e Brasília, e agora em São Paulo – uma fisionomia da cultura visual brasileira
da atualidade, uma história.
O processo começou a partir de diferentes coletivas organizadas
por curadores, depois os próprios artistas tomaram a tarefa de realizar
as exposições. O projeto foi adquirindo uma feição informal e autônoma,
passou a acontecer mobilizando sempre novas pessoas, artistas e consultores
empenhados em mostras que se modificam em cada cidade. Nem sempre os mesmos
nomes e as mesmas obras percorrem o continente e, de modo geral, os próprios
artistas escolhem o que querem mostrar. Cada exposição poderia ser a última,
mas sendo já um corpo e não apenas uma idéia ele parece sempre pedir um novo
lugar e o projeto continua, dessa vez organizado por Divino Sobral, Shirley
Paes Leme e Walton Hoffmann. Nada impede que desse corpo surjam outra vez
projetos organizados por curadores.
O que realmente importa é a vontade de um diálogo sempre vivo:
o corpo refaz-se a cada nova exposição, com novas coisas frente outras
habitando diferentes espaços. O constante confronto coloca os trabalhos
em permanente debate. E apenas com a presença renovada das obras descobrem-se
sentidos, imprimem-se significados inusitados, põem-se em discussão valores
estabelecidos. A exposição revela-se nessa sua multiplicidade como a
experiência cognoscível que temos do mundo em que vivemos, uma realidade
que se conforma modificando-se incessantemente, embora apareça sempre
parcial aos nossos olhos. Se falamos de uma ação cultural em processo,
trata-se, portanto, da configuração de uma fisionomia cambiante que se
insinua na presença dos trabalhos de cada mostra.
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Ciclo de palestras e debates
O Estatuto da Pintura na Arte Contemporânea
Coordenação: Paulo Sergio Duarte
Apresentação
do trabalho coletivo e do vídeo produzidos na Oficina em São Miguel das
Missões (RS)
Encontro com Carlos Vergara e os artistas participantes da oficina
15 de julho, terça-feira,
19h
Santander Cultural - Galeria
Rua 7 de Setembro 1029
Praça da Alfândega Porto Alegre
Rio Grande do Sul
O século XX, desde sua segunda década, discutiu a “morte da pintura”
com as manobras de Marcel Duchamp, as manifestações negativas do dadaísmo,
o racionalismo do construtivismo russo, até recentes manifestações da
arte contemporânea. A cada um desses capítulos, observamos a permanência
da pintura e seu fortalecimento como prática artística determinante na orientação
das principais questões estéticas dos últimos cem anos. Do cubismo ao neoplasticismo,
do surrealismo ao expressionismo abstrato norte-americano, da pop art à
transvanguarda das últimas décadas, a pintura manteve-se no centro da produção
artística. O século XX não marcou, como alguns artistas e teóricos pensaram,
o seu desaparecimento. Ao contrário, a cada “assassinato” da pintura,
ela ressurgiu poderosa e presente como uma verdadeira bússola orientando
os caminhos da arte.
Agora, na hipermodernidade, com a profusão dos novos mídias, na
babel de linguagens contemporâneas, a pintura continua uma referência
para a reflexão estética no Brasil e no mundo. Nesse território complexo,
seu estatuto não pode ser mais aquele de uma época na qual, junto com
a escultura, a pintura ocupava o lugar de paradigma da atividade artística.
Hoje, a pintura e outros meios tradicionais dividem os espaços institucionais
de igual para igual com a fotografia, os vídeos, as instalações e as performances.
No ciclo de palestras e debates, partindo de um exame histórico, vai se
interrogar sobre o lugar e o papel da pintura nesse mundo que se quer pós-moderno.
Programação:
22 de julho
O olhar distante - A historicidade da pintura defronte à cultura
pós-moderna
Participantes: Blanca Brittes, professora da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul / UFRGS; Luiz Camillo Osório, crítico e professor
de história da arte, Universidade do Rio de Janeiro / UniRio
29 de julho
Pintura e espaço - A reconstrução da espacialidade na pintura
depois da revolução cubista
Participantes: Icléia Cattani, professora da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul / UFRGS; Luiz Renato Martins, crítico e professor
de história da arte, Universidade de São Paulo / USP
5 de agosto
A pintura contemporânea e suas relações com os novos meios
Participantes: Vera Chaves Barcelos, artista plástica; Ligia Canongia,
crítica e curadora independente, Rio de Janeiro
12 de agosto
Territórios em disputa - Pintura e novas linguagens na arte contemporânea
Participantes: Niúra Legramante Ribeiro, mestre em artes pela
ECA / USP, professora de História da Arte no Atelier livre e Feevale;
Maria da Glória Ferreira, crítica e professora de história da arte,
Universidade Federal do Rio de Janeiro / UFRJ
19 de agosto
A diversidade da pintura contemporânea no Brasil e na América
Latina
Participantes: Paulo Sergio Duarte; Agustín Arteaga, crítico e
professor de história da arte, curador assistente do Jeu de Paume (Paris),
curador da exposição Orozco na Bienal do Mercosul
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Palestra
Claudia Schmacke
Instalação,
Arte e Tecnologia
15 de julho, terça-feira, 18h30
Escola de Belas Artes
Salão Nobre
Rua Araújo Pinho 212
Canela Salvador
Bahia
info@salvadorbahia.goethe.org
71-337.0120
Programa Cultural: Goethe Institut Inter Nationes, ICBA-Instituto
Cultural Brasil-Alemanha
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Lançamento
o ralador
Colaboradores da 2ª edição: Adriano Mello Melhem, Alexandre
Sá, Bruno Lins, Cal Becker, Ernesto Neto, Garoudo Maroudo, Geraldo Marcolini,
Graziela Kunsch, Guga, Guilherme Zarvos, Isabela Pucú, Jarbas Lopes, Laslo,
Mariana, Marieta Dantas, Nestor Capoeira, Paulo Innocencio, Rafael Pessoa,
Reyson Carlomagno, Rosana Ricalde e Tita Nigrí.
15 de julho, terça feira, 21h
Salão do Cordão da Bola Preta
Rua Treze de Maio 13
(ao lado do Teatro Municipal)
Cinelândia Centro
Rio de Janeiro
21-2292-0609 / 2232-4915
o_ralador@ig.com.br
Ingresso: R$ 7 (com direito à revista).
Edição e coordenação: Guga Ferraz e Roosivelt Pinheiro.
O ralador é o segundo número da revista editada pelos artistas Guga Ferraz
e Roosivelt Pinheiro. A convite de ambos vinte e duas pessoas participam
desta edição com tiragem de 1.000 exemplares, vinte e quatro páginas
no formato 15 x 42 cm, capa 2/1 em papel off set de 150 g e miolo 1/1
em papel off set de 90 g.
A revista é a continuação do projeto “o ralador”, que tem por objetivo
reunir pessoas de diversas procedências, artistas ou não, ampliando
o intercâmbio entre os diferentes segmentos.
Os produtores:
Guga Ferraz e Roosivelt Pinheiro coordenaram junto com outros artistas
os eventos: “Zona Franca” em 2001/2002 na Fundição Progresso, RJ; “Alfândega”
no Armazém 5, Cais do Porto, com o apoio da RioArte em janeiro de 2003;
participaram do “Atrocidades Maravilhosas”, proposta de intervenção urbana
no Rio de Janeiro em 2000; “Grande Orlândia” em São Cristóvão, RJ, 2003;
etc.
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Arte e Estado - e a dificuldade do novo
PATRICIA CANETTI
Fui encarregada de apresentar os debates da FUNARTE, que se iniciam na
próxima semana, e a partir deste momento comecei a pensar neste embate
e contexto; artistas e críticos dentro de uma instituição pública, historicamente
importante para todos nós, amantes e/ou profissionais da arte, das mais
variadas expressões, hoje órfãos dela, por esta ter sido lentamente esvaziada
e paralisada no último governo; e um novo Ministério da Cultura que nos convoca
a debater e nos incentiva ao diálogo. Diante da estranheza causada pela situação,
e pelo vazio que esta me fez experimentar, fui socorrida pela arte de dois
grandes artistas contemporâneos: Artur Barrio e Joseph Beuys.
Fui rever e reler alguns livros e textos, que me reavivaram as razões
que me fizeram acessá-los neste momento em minha memória. Seus trabalhos
que apontam para a dissolução entre arte e vida, reconhecendo o potencial
criativo em qualquer matéria, meio ou indivíduo, vão sempre tratar de experiências,
ações, e invenções na arte ao mesmo tempo estéticas, político-sociais, político-econômicas,
político-ecológicas, que relacionam o papel individual do artista com as
várias coletividades a sua volta.
Enquanto pensava nestes aspectos da arte contemporânea que me são particulamente
caros, dei uns telefonemas para alguns dos debatedores para conversarmos
sobre o que seria debatido. Foi surpreendente perceber que, com poucos minutos
de conversa (mas afinal porque não conversamos mais?), já conseguimos tocar
em pontos realmente nevrálgicos, como a fragilidade de nossas instituições
que demonstra a nossa total falta de respeito a elas; tanto da parte dos
governos, que são capazes levianamente de interromper programas e mudar diretrizes,
como nossa, da sociedade civil, e profissionais envolvidos, que não somos
capazes de uma mínima mobilização para defendê-las. Ao mesmo tempo nos
perguntamos que espaço é esse que temos em nossas instituições, que liberdade
elas nos oferecem para criar? Podemos também, neste momento, nos perguntar
o que queremos da arte contemporânea, para poder saber o que queremos de
nossas instituições. Podemos também nestes debates falar de como se dá o
nosso sistema de produção, e perceber que ao contrário do que se passa em
outros países, são as instituições brasileiras, e não as galerias, que vão
garimpar e investir nos novos artistas. E podemos tentar pensar como estruturar
melhor todo este sistema.
São muitas as coisas que temos para falar, mas parece sempre tão estranho
ter de fazê-lo. Por que será? Estamos diante de uma situação bastante nova,
esta proposição de diálogo vinda do próprio Estado, este novo governo que
assume que não nos conhece muito, mas diz que para construirmos um mercado
de arte mais potente e saudável, é preciso passar a conhecer; tudo isso
pode causar uma estranheza muito grande, e é curioso, porque o estranhamento
de que estamos falando, não vem da Arte, mas do Estado.
E como nós reagimos ao novo?
Para finalizar, vou traduzir um pedaço de uma entrevista do Beuys que
achei na rede.
“Uma linha conectada e um pólo positivo e negativo, e os dois começam
a trocar informação.”
Jörg Schellmann, Bernd Kluser:
O objeto Telephone T--------R (1974) parece ser uma forma primitiva da
transmissão tecnológica da informação. Que conhecimento pode ser ganho
em se referir de volta a esta forma original?
Joseph Beuys:
Bem, nenhum conhecimento de maneira direta. A arte não está aí para prover
conhecimento diretamente. Ela produz percepções aprofundadas da experiência.
Muito mais tem que acontecer, do que simples coisas compreendidas logicamente.
A arte não é para ser simplesmente entendida, ou não teríamos necessidade
dela, que poderia ser então apenas sentenças lógicas em forma de texto,
por exemplo. Quando estamos considerando objetos, estamos falando mais no
sentido de indicação ou sugestão.
Com as duas latas, eu peguei a forma mais infantil de comunicação, e
as caracterizei com pólos positivo e negativo. Isso reforça que num sentido
universal a comunicação tem que estar ali. A forma das latas tem que se estender,
pois é somente assim que a coisa ganha significado. As latas sozinhas não
podem oferecer isto. Elas apenas indicam um procedimento elementar: o conceito
de transmissor e receptor... isso significa duas estações, ou de indivíduos,
ou grupos de pessoas que estão conectados. Uma linha conectada e um pólo
positivo e negativo, e os dois começam a trocar informação. Mas ainda não
existe uma declaração do que uma teoria contemporânea da informação poderia
ser. As latas não podem oferecer isso, mas elas podem estimular um ímpeto
se uma pessoa intuitiva se aproximar delas. Mas não tem que ser assim. Outra
pessoa poderia apenas ver as coisas, as duas latas, que de qualquer maneira
não são piores do que uma escultura do Brancusi...
Joseph Beuys, "Questions to Joseph Beuys," entrevistado por Jörg Schellmann
e Bernd Klüser, em Joseph Beuys: The Multiples, ed. Jörg Schellmann (Cambridge,
Mass., Minneapolis, e Munich/New York: Busch-Reisinger Museum, Walker Art
Center, e Edition Schellmann, 1977), 20.
VEJA O TEXTO ORIGINAL EM: http://www.walkerart.org/beuys/hyper/box01.html
Patricia Canetti é artista plástica e criadora do Canal Contemporâneo.
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