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Ricardo Basbaum no Torreão / The Next Documenta Should Be Curated By An Artist no E-flux ANO 3 - N. 85 / 10 de Julho de 2003
NESTA
EDIÇÃO:
Conexão Petrópolis
no Museu Imperial, Petrópolis
INCLASSIFICADOS no SESC, Petrópolis
Ricardo Basbaum no Torreão, Porto Alegre
Arte e Literatura, Sérgio Medeiros fala no CEEE, Porto
Alegre
O inusitado
na Rádio Madame Satã, Rio de Janeiro
The Next
Documenta Should Be Curated By An Artist, E-flux
Quem
paga a conta da cultura por Yacoff Sarkovas, Folha de S. Paulo
Luiz César Monken
Conexão Petrópolis
Adriane Guimarães, Augusto Herkenhoff, Gê Orthof, Jacqueline Adam, John
Nicholson, Luiz Aquila, Luiz César Monken, Luiz Ernesto, Marcelo Lago, Miguel
Pachá, Monica Barki, Monica Mansur, Ricardo Becker, Ronaldo do Rego Macedo
12 de julho, sábado,11h
Museu Imperial
Plataforma Contemporânea
Rua da Imperatriz 220
Petrópolis Rio de Janeiro
museu@museuimperial.gov.br
Terça a domingo, das 11h às 18h.
Exposição até 14 de setembro de 2003.
O Museu Imperial e a FUNARTE lançam o Programa de Artes Visuais, com
a inauguração da exposição Conexão Petrópolis, no espaço da Plataforma Contemporânea
do Museu.
O Programa de Artes Visuais inicia uma parceria entre as duas instituições,
selada pela assinatura de um Termo de Cooperação Técnica, e prevê a realização
de exposições, seminários multidisciplinares, cursos e workshops, com a
proposta de capacitar profissionais, reciclar técnicos, formar novas platéias
e ampliar o conhecimento do público em geral. Coordenado pelos artistas
Neno del Castillo e Sonia Salcedo del Castillo, foi desenvolvido com o objetivo
de difundir e documentar a produção artística nacional, através de exposições
e de ações didáticas, que em suas vertentes temáticas, históricas e poéticas
busquem oferecer aos visitantes a oportunidade de refletir sobre a diversidade
artística contemporânea.
Este intercâmbio entre as duas instituições do Ministério da Cultura
vem de encontro às novas diretrizes da Política Cultural propostas pelo
governo federal, que propõem a interiorização e a maior abrangência das
ações culturais, através de novos pólos e segmentos difusores, otimizando
os recursos das instituições que atuam no campo da Cultura e do Patrimônio.
Para a diretora do Museu Imperial, Maria de Lourdes Parreiras Horta, esta
iniciativa “reflete esta nova concepção político-cultural, segundo a qual
a difusão da cultura nacional está caminhando para a ocupação de novos espaços,
a democratização do acesso aos bens culturais e à criação artística, e as
instituições procuram harmonizar suas ações, com a troca de experiências
e atividades, ao mesmo tempo em que se aproximam e se identificam cada vez
mais com o público, atendendo aos seus interesses e novas demandas”. “ Para
o Museu Imperial, esta abertura significa uma renovação e uma ampliação de
sua imagem institucional, atendendo a novas parcelas da comunidade local
e nacional”, diz a diretora.
Conexão Petrópolis, a primeira de uma série de exposições de arte contemporânea
prevista no PROGRAMA, pretende levar o público a uma aproximação e identificação
com as obras expostas e com as linguagens contemporâneas das Artes Visuais.
Como o próprio nome sugere, a relação com a cidade e seus arredores é o
diferencial que marca esta primeira mostra, revelando aos visitantes a “conexão”,
expressa nos trabalhos dos artistas, com a região. Adriane Guimarães, Augusto
Herkenhoff, Gê Orthof, Jacqueline Adam, John Nicholson, Luiz Aquila, Luiz
Cesar Monken, Luiz Ernesto, Marcelo Lago, Miguel Pachá, Monica Barki, Monica
Mansur, Ricardo Becker e Ronaldo R Macedo, são os quatorze artistas que em
suas trajetórias pessoais estarão mostrando na Conexão Petrópolis a sua relação
com a Cidade Imperial. O público vai poder apreciar fotografias, gravuras,
objetos, pinturas, esculturas, vídeos e instalações.
Os Artistas
Adriane Guimarães
Massa
Nasceu no Rio, vive em Petrópolis desde 93 e morou em Berlim
de 1988 à 1992, quando concluiu Mestrado em Artes. Participou de diversas
exposições representativas, como a Bienal de São Paulo (1994), de Havana,
a Arte Latino Americana na Hans der Kulturen der Welt em Berlim (1995) e
o IX Salão Nacional de Artes Plásticas – Funarte.
Augusto Herkenhoff
Meus Pincéis
Trabalha com pinturas. Reside em Petrópolis há 10 anos. Estudou no
Parque Lage, e em 1995 recebeu o 1o Prêmio do Salão Nacional de Artes
Plásticas. Participou de inúmeras exposições no Brasil e exterior.
Gê Orthof
Livro de Fundo: abibliotecadostripper
Nasceu em Petrópolis em 1959. É professor adjunto no Departamento de
Artes Visuais da Universidade de Brasília, onde coordena o projeto de pesquisa:
Campus Musa. Fez pós-doutorado em instalação na School of the Museum of
Fine Arts, Boston, Doutorado e Mestrado em Artes Visuais pela Columbia University,
Nova York.
Jacqueline Adam
Paisagem de Inverno
Trabalha e mora no Distrito de Itaipava, em Petrópolis. Formada em Arquitetura,
pela FAU/UFRJ, freqüentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 94,
recebeu o prêmio aquisição no Salão Paranaense de Artes Plásticas. Participou
da Feira Internacional de Arte Contemporânea de Madri 2001/02. Suas pinturas
abstratas retratam paisagens imaginárias com elementos reais.
John Nicholson
Nasceu no Texas. É professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
Participou de várias exposições no Brasil e exterior.
Luiz Aquila
Remix Imperial I, II, II e IV
Expõe desde 1965, já tendo participado de mais de 100 mostras no Brasil
e no exterior. Entre elas, a 17a. Bienal de Veneza, três anos consecutivos
na Bienal Internacional de São Paulo. O artista foi professor da Universidade
de Brasília, professor e diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage,
do Rio de Janeiro. Suas obras fazem parte da coleção de vários museus do
Brasil. Desde 1988, reside em Petrópolis.
Luiz César Monken
Campo para pouso e decolagem
Nasceu em Petrópolis. Graduou-se em Arquitetura e Urbanismo. Em 1993,
recebeu prêmio de aquisição no XIII Salão Nacional de Artes Plásticas,
e em 2002, com o Prêmio Interferências Urbanas do Rio de Janeiro. Vem participando
de mostras nacionais e internacionais. Destaque para participação nos XII,
XIV, XV e XVI Salões Nacionais de Artes Plásticas do Rio de Janeiro e
no El Museo Del Barrio – The Tread Unraveled (New York, USA).
Luiz Ernesto
Resquícios
Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Católica de Petrópolis,
freqüentou cursos na Escola de Artes Visuais e foi bolsista do Conselho
Britânico no Glasgow Print Studio, Escócia, UK. Realizou várias exposições
individuais e participou de inúmeras coletivas, nacionais e internacionais.
Entre elas, no VII Salão Carioca de Artes, no IX Salão Nacional de Artes
Plásticas e na V Bienal de La Habana, em Cuba. Em 1986 recebeu o prêmio aquisição,
no IX Salão Nacional de Artes Plásticas.
Marcelo Lago
Mora e trabalha em Petrópolis. Estudou no Parque Lage e no Atelier de
Escultura do Ingá . Fez parte do grupo de estudos do artista plástico Paulo
Garcez. Participou de inúmeras exposições, entre elas no VI Salão Nacional
de Belas Artes e na Escola Superior de Desenho Industrial.
Miguel Pachá
Subindo a Serra
Nasceu em Petrópolis, trabalha em mídias diversas, com exposições no
Brasil e exterior.
Monica Barki
Formada em Comunicação Visual e Licenciatura em Artes Plásticas, pela
PUC/RJ. Realiza trabalhos em gravura, pintura, objetos e performance. Participou
de mostras nacionais e internacionais. Em 1981 recebeu o prêmio aquisição
do 38o Salão Paranaense, do Museu de Arte Contemporânea Curitiba.
Monica Mansur
Água mole em pedra dura
É arquiteta, com cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. É
pós-graduada em História da Arte e Arquitetura no Brasil, pela PUC/RJ. É
mestre em História e Crítica da Arte. Já participou de várias exposições
individuais e coletivas, além de inúmeros salões no Brasil e no exterior.
Ricardo Becker
Entre algum lugar nenhum
Nasceu no Rio, tem casa em Petrópolis desde a infância e nos anos
90 viveu em Portugal, trabalhando como artista. Dentre as diversas exposições
que realizou destacam-se; da Galeria Graça Fonseca em Lisboa (1996), do Paço
Imperial no Rio (2000) e da Feira Arco de Arte Contemporânea em Madri (1996).
Ronaldo do Rego Macedo
Laranja
Carioca, vive em Araras, onde tem seu atelier, e trabalha
no Rio, como professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Participou
de várias exposições no Brasil e no exterior. Fiel às tendências geométricas
da escola Construtivista que vem desde o início de sua carreira: a cor vai
sendo soterrada pelas tintas, deixando um registro das direções do painel
na matéria espessa, na carne da pintura que avança no espaço.
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INCLASSIFICADOS
Alexandre Vogler (Rio de Janeiro), Fabiano Gonper (Paraíba),
Felipe Barbosa (Rio de Janeiro), Fernando Baena (Madri), Jhone Mariano
(Rio de Janeiro), Jorge Menna Barreto (Porto Alegre), Leonardo Videla (Rio
de Janeiro), Luis Andrade (Rio de Janeiro), Narda Fabiola (Bolívia), Nicholas
Martins (Rio de Janeiro), Paola Parcerisa (Paraguai)
12 de julho, sábado, 17h
SESC Petrópolis
Rua Alfredo Pachá 26
Centro Petrópolis
24-2231-1488 / 2246-0234
sescpetropolis@sescrj.com.br
Terça a sexta, das 8h30 às 18h; sábados e domingos, das 9h às 17h.
Exposição até 3 de agosto de 2003.
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Ricardo Basbaum
Re-Projetando (Porto Alegre)
12 de julho, sábado, 18h
Torreão
Rua Santa Terezinha
79
Porto Alegre RS
51-3332-5199 / 3311-9827
elidatessler@plug-in.com.br
Exposição até 1º de
agosto de 2003.
Promoção:
Torreão e Atelier Livre da Prefeitura
de Porto Alegre.
O Torreão
- 10 anos
O Torreão constitui um lugar que conjuga, basicamente, o atelier de Elida
Tessler e de Jailton Moreira, sendo que a produção e a reflexão em torno
das questões da arte contemporânea acontecem juntas, como condição de aprofundamento
da atividade artística.
Foi inaugurado por estes dois artistas em 19 de junho de 1993, em Porto
Alegre, surgindo da conjugação de duas necessidades básicas. Por um lado,
a urgência em encontrar um espaço mais amplo para o desenvolvimento dos
cursos para adultos que Jailton vinha mantendo na Escolinha de Arte da Associação
Cultural dos Ex-alunos do Instituto de Artes da UFRGS, onde trabalhou por
muitos anos. De outro, um atelier para Elida, que chegava de viagem à França,
onde residiu por cinco anos.
Porém o fator mais importante que realmente uniu estas necessidades foi
a certeza de que a troca de experiências entre os dois artistas e o desenvolvimento
de diálogos permanentes em torno de temas vinculados à arte contemporânea
seria o eixo fundamental e a mola responsável pelo movimento constante nos
entrecruzamentos de todas as propostas: as atividades de produção individuais,
as aulas de Jailton, que desenvolve cursos permanentes de orientação de trabalhos
nas áreas de desenho, pintura e escultura, as intervenções propriamente ditas,
os encontros entre artistas e intelectuais em geral, em conversas que acontecem
no fim da tarde de domingo, com assuntos pertinentes às questões culturais.
O trabalho do Torreão tem acontecido sob forma de circunvoluções expansivas,
tendo como centro o caráter permeável do espaço, que permite a mais estreita
convivência entre os artistas fundadores, os alunos de Jailton e os frequentadores
em geral. Todos encontram lugar onde ampliar seus pontos de vista. Nos altos
da casa situa-se uma espécie de torre, reservada para intervenções de artistas.
Até o presente momento, já aconteceram 58 proposições para um mesmo local,
o que fundamenta a configuração de um lugar específico. Todas as intervenções
foram registradas em vídeo e fotografia, constituindo um arquivo-memória
do lugar, acrescido de folders com registro da obra, currículo do artista
e texto crítico, redigido por um visitante escolhido por Jailton e Elida no
dia da abertura da intervenção. O convívio com esta atitude de ocupação de
espaço resultou, neste último ano, na criação de três salas, desta vez reservadas
somente para alunos que também desejassem experimentar o que chamamos por
instalação. Os espaços físicos do Torreão mudam conforme a necessidade dos
trabalhos ali elaborados.
Com o passar do tempo, outras situações de encontro foram propostas, sendo
que existe anualmente uma programação em torno de exibição de filmes em vídeo,
seguidas de discussão (terças-filme) e de leitura de textos críticos fundamentais
(terça-texto).Desde o ano passado, Jailton Moreira vem desenvolvendo um
projeto denominado "Atelier aberto", com experiências diretamente relacionadas
e realizadas com a paisagem.
O Torreão não é um espaço institucional e todos os trabalhos ali desenvolvidos
são fruto de empenhos pessoais que contam também com a participação daqueles
que o freqüentam. Algumas promoções aconteceram de forma conjunta com outras
instituições da cidade e do país. Elida e Jailton administram o Torreão propondo
acima de tudo, um intercâmbio entre suas produções pessoais com as pesquisas
de outros artistas contemporâneos, dividindo com os alunos e o público as
discussões referentes a problemas em torno do sistema da arte em geral.
Orientação de trabalho
O Torreão oferece orientação, a cargo de Jailton Moreira, nas áreas de
pintura, desenho e escultura. Através de entrevistas prévias, é analisado,
junto com cada aluno, seus interesses e possibilidades de desenvolvimento
do seu processo de trabalho. Com a individualização da orientação cria-se
um espaço de aula onde o convívio com diferentes níveis de processos e opções
técnicas transforma-se em uma fonte de estímulos. Mais do que um curso específico
o Torreão proporciona ao aluno, além das aulas regulares, o convívio direto
com os encontros sistemáticos com vários outros artistas e com as intervenções
que acontecem neste espaço. Freqüentemente junto com a atividade prática
existem propostas de discussão teórica através de slides e vídeos, como por
exemplo um estudo específico sobre a pintura italiana no Renascimento e
Maneirismo.
O Torreão possuI em média, trinta e cinco alunos por semestre, dividos
em turmas com frequência de uma vez por semana. Participam das aulas no máximo
doze alunos. Alguns destes dispõem da chave do local, possibilitando assim
trabalharem livremente outros dias.
Desta forma o ensino de arte não se dá apenas na orientação de trabalho,
mas é a combinação dela com a criação de um espaço de fomentação e intercâmbio
de idéias e estímulos.
Intervenções
A idéia das intervenções de artistas na torre foi evocada pela própria
arquitetura do local onde o Torreão se instala. Desde a primeira visita à
casa, a torre anunciou-se como um espaço nobre, nos altos da construção,
constituindo-se como metáfora de espaço permeável: o interior e o exterior
em permanente comunicação através das doze janelas distribuídas nas quatro
paredes. A paisagem entra generosamente na sala, dos quatro pontos cardeais
trazendo realidades urbanas distintas. Antes de transformar este espaço em
mais um atelier, seja para produção pessoal ou para cursos, Elida e Jailton
resolveram oferecer a torre a outros artistas, como um suporte de trabalho.
O artista deve sentir-se convidado pelo local para a realização de um
trabalho especial, no sentido da conjugação estreita entre a obra e seu
espaço de apresentação, pois os elementos arquiteturais da sala passam a
fazer, invariavelmente, parte da obra.
As intervenções no Torreão tem acontecido de uma forma periódica com uma
média de cinco a seis por ano. Durante este período contou-se com o entusiasmo
e a generosidade de vários artistas locais, nacionais e estrangeiros que,
através dos seus trabalhos, fizeram do Torreão um espaço de experimentação,
investigação e diálogo da produção contemporânea.
Encontros
Devido ao desejo e à necessidade de ampliação do debate em torno de questões
relevantes da arte contemporânea, Elida Tessler e Jailton Moreira propuseram,
desde o início das atividades no Torreão, um espaço inteiramente dedicado
à conversa e à troca de experiências a partir de temas e/ou acontecimentos
próximos aos seus trabalhos. A idéia central é a de ensaiar um certo eco
das conversas mantidas pelos dois artistas em sua rotina diária, mantendo
um alto grau de informalidade. Estes encontros não configuram-se como palestras,
conferências ou cursos Eles são realizados nas "salas de estar" da casa,
onde os convidados são recebidos e onde é proposto um debate, sempre levando
em consideração o seguinte aspecto: o tema da conversa é definido pelo foco
de preocupações do convidado, e seu interesse em discutir o referido assunto
neste determinado momento.
Muitas vezes, os encontros no Torreão tornam-se, para quem está de passagem
por Porto Alegre, uma oportunidade única de
convívio e intercâmbio de idéias com os artistas e intelectuais da cidade,
pois este tipo de atividade não estava previsto em seu programa de trabalho.
O Torreão torna-se, assim, local de rastros. Para os convidados daqui, também
a oportunidade é especial, pois o grupo formado por pessoas advindas das
mais variadas origens, institucionais ou não, acaba por tornar-se um público
extremamente atento, receptivo e questionador. O que se pode observar até
o momento é que os encontros no Torreão trazem questões pertinentes à problemática
da arte contemporânea que, ao se repetirem de forma sistemática, permitem
aprofundamentos e mudanças absolutas na maneira de conduzir as novas pesquisas
de forma responsável.
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Ciclo de Palestras
Arte e Literatura: Literatura Contemporânea e Artes Visuais
John Cage: Notas, Palavras e Imagens
Sérgio Medeiros
12 de julho, sábado, das 9h às 12h
Centro Cultural Erico Verissimo - CEEE
Auditório Barbosa Lessa
Rua dos Andradas 1223
Centro Porto Alegre
Inscrições:
Loja do MARGS
Praça da Alfândega s/nº
Centro Porto Alegre
Valor: R$ 40 (estudantes têm desconto de 50%).
A Fundação Iberê Camargo promove, entre os dias 24 de maio e
2 de agosto de 2003, o ciclo de palestras Arte e Literatura: Literatura
Contemporânea e Artes Visuais.
Com curadoria do escritor, ensaísta e tradutor Donaldo Schüler, o evento
irá reunir em Porto Alegre nomes de peso da teoria e da prática literária
e artística.
Sérgio Medeiros
Poeta, tradutor e professor de literatura na Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Autor do livro de poesia nonsense "Mais ou menos
do que dois", editado pela Iluminuras em 2001, lançará nesse ano a coletânea
de poemas híbridos "Descritos". Entre os autores que já traduziu para o português,
figuram Lewis Carroll e Gustave Flaubert. Estudou na França, onde foi orientando
de Jean-Pierre Vernant, e fez o pós-doutorado na Stanford University, Califórnia,
EUA. Como pesquisador, estuda a mitologia ameríndia, tendo publicado a antologia
de mitos amazônicos "Makunaíma e Jurupari" (Perspectiva, 2002). Recentemente
concluiu a tradução em verso da cosmogonia maia-quiché "Popol Vuh", em
colaboração com Gordon Brotherston. Colabora na "Folha de São Paulo" e
outros jornais e revistas. Atualmente prepara um livro sobre John Cage.
Programação:
19 de julho – Daliana Mirapalhete – A Arte e a Imagem em Osman Lins
26 de julho – Affonso Romano de Sant’Anna – Aporias da Arte Contemporânea
2 de agosto – Donaldo Schüler – Artes Visuais e Literatura, de Homero
a Joyce
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Romano em o inusitado
Participações: Alexandre Vogler,
Bruno Lopes Lima, Cristina Pape, Edson Barrus, Graziela Kunsch, Grupo Empresa,
Guga Ferraz, Galaxy, Jack Kerouac, John Cage
12 de julho, sábado, 19h
Rádio Madame Satã FM 92,1 mhz
(área de abrangência do Largo
do Machado à Praça XV).
Rio de Janeiro
O inusitado é um programa experimental de rádioarte que apresenta a produção sonora e performática de jovens artistas com trabalhos clássicos de artistas das vanguardas históricas, beatniks, e artistas dos anos 60. O programa vai ao ar sempre ás 19:00 de quinze em quinze dias pela rádio Madame Satã FM, 92,1 Mhz - Lapa.
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The Next Documenta Should Be Curated By An Artist
A próxima Documenta deve ser curada por um artista
AA Bronson, Alfredo Jaar, Carl Michael von Hauswolff, Carsten Höller,
Cildo Mereiles, Daniel Buren, Dorit Margreiter, Federico Herrero,
Florian Pumhösl, Joan Jonas, John Baldessari, John Miller, Jonathan Monk
, Julia Scher, Ken Lum, Laura
Belém, Lawrence Weiner, Liam Gillick, Markus Schinwald, Martha Rosler,
Michael Elmgreen & Ingar Dragset, Morgan Fisher, Natascha Sadr Haghighian,
Pawel Althamer, Ricardo
Basbaum, Rivane Neuenschwander, Tino Sehgal
Curadoria: Jens Hoffmann
E-flux
http://www.e-flux.com
O que aconteceria se os artistas se movimentassem e ocupassem
o lugar habitualmente reservado aos curadores? O que aconteceria se esses
artistas fossem provocados a propor um conceito para uma exibição coletiva
em larga escala e tomassem o controle sobre uma exposição notabilizada
como a Documenta? Estas são algumas das questões que o The Next Documenta
Should Be Curated By An Artist traz ao debate. O título desse projeto é
mais uma pergunta do que uma demanda. Uma pergunta que não articula uma
crítica às Documentas anteriores, mas modela investigações – num caminho
provocativo – e relações – que os artistas mantém quando na posição de
curadores.
Para esse projeto, um heterogênio grupo de artistas foi convidado a refletir
sobre as situações nas relações entre os artistas e os curadores. Mais
importante ainda, esses artistas foram questionados a propor um suscinto
conceito sobre como imaginariam uma exibição coletiva do porte da Documenta.
Entre julho e outubro de 2003, cerca de 30 contribuições de artistas
serão apresentadas no sítio do e-flux. Uma área para discussões e comentários
estará disponível aos leitores, um convite a qualquer observação sobre a
idéia do projeto, dos artistas ou ainda uma intervenção sobre suas próprias
idéias para uma Documenta. O material gerado nessa discussão estará presente
numa publicação em colaboração com a Revolver Press em dezembro de 2003.
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Quem paga a conta da cultura
Artigo publicado
na Folha de São Paulo, de 9 de Julho de 2003
YACOFF SARKOVAS
O financiamento à cultura provém de quatro fontes distintas e complementares:
o Estado, o investimento social privado, o patrocínio empresarial e o mercado
consumidor. No Brasil, a falta de compreensão sobre a natureza e as motivações
dessas fontes levou boa parte do meio cultural a cometer equívocos estratégicos,
como abrir mão de fundos públicos de financiamento e se tornar cúmplice
de um sistema de incentivo fiscal que transfere dinheiro e responsabilidade
públicos para o interesse privado.
Por ser um gênero de primeira necessidade e fator condicionante da transformação
individual e coletiva, a criação intelectual e artística é questão de interesse
público, o que exige e justifica investimentos públicos. No Brasil os ínfimos
orçamentos para a cultura do Estado são dragados por sua própria estrutura,
anacrônica e ineficiente, pouco ou nada restando ao investimento direto.
Mais grave do que a falta de recursos é a falta de visão estratégica
do papel do Estado na cultura de uma sociedade inserida no mundo globalizado.
Não há diretrizes nem planos de ação cultural para os diversos segmentos
artísticos, populacionais, geográficos etc. Não há estratégias públicas
para formação, pesquisa, criação, produção, circulação, fruição, intercâmbio,
preservação.
O último governo atingiu o ápice dessa omissão. Sem dispor de projetos
para o setor, o Ministério da Cultura de FHC instaurou um sistema de financiamento
baseado na dedução integral do imposto, que subverteu o princípio elementar
do incentivo fiscal, que é o de usar recursos públicos para estimular o
investimento privado. Transformou as leis de incentivo em repassadoras perdulárias
do dinheiro público, condenando o meio cultural a peregrinar pelas empresas
em busca de recursos do erário que deveriam estar disponíveis em fundos de
financiamento direto.
Ao transferir para as empresas capital e responsabilidades do Estado,
o Ministério da Cultura comete múltiplos equívocos: investe sem a efetiva
garantia de atender o interesse público; não forma reais investidores e
patrocinadores privados, pois ninguém aprende nada usando a carteira alheia;
deforma o mercado de patrocínio, inoculando na cultura empresarial a isenção
sem contrapartida. As empresas têm motivações próprias para investir em
ações de interesse público, independentemente de dedução fiscal. Um estudo
do Ipea revelou que 59% das empresas brasileiras estão desenvolvendo ações
em benefício da comunidade, aplicando cerca de R$ 4,7 bilhões (dados de
2000).
Na ponta desse movimento, o mecenato e a filantropia cedem lugar ao
conceito de investimento social privado que incorpora ferramentas típicas
do setor empresarial, como o planejamento e o monitoramento, para buscar
soluções sistêmicas e estruturais. Nos EUA, os institutos e fundações empresariais
estendem suas atividades ao campo cultural, dispondo fundos para os mais
variados projetos e segmentos artísticos. No Brasil, um dramático quadro de
desigualdade induz a maioria do investimento privado para ações relacionadas
à pobreza e à exclusão social.
O estudo do Ipea revela que 76% das empresas declaram realizar atividades
sociais por razões humanitárias, sendo que 62% se voltam ao segmento infantil.
Se não justifica, esse cenário ao menos explica por que aqui esses recursos
só beneficiam a arte como meio ocupacional e/ou educacional de populações
carentes. Para ter acesso ao investimento social privado, o setor artístico
terá de convencer indivíduos, empresas e instituições de que a inclusão
cultural é, em si, transformadora. De que as artes estimulam os sentidos,
formam a identidade, constróem a cidadania. Acomodados em oferecer dedução
de imposto, os produtores culturais perderam espaço para as organizações
sociais e ambientais, que, sem dispor de leis de incentivo, profissionalizaram-se
para buscar esses fundos. Ainda fora do alcance da ação social privada, o
campo cultural é irrigado por recursos de outra natureza.
Desde a década de 80, fatores de mercado induzem as empresas a associarem
suas marcas a ações de interesse público, como estratégia para atingir objetivos
institucionais, promocionais e de relacionamento. Isso resulta na aplicação
de verbas de marketing e comunicação empresarial em projetos comunitários,
ambientais, esportivos e culturais. Em 2001 o patrocínio nessas áreas movimentou,
no mundo, US$ 23,6 bilhões. No Brasil, o patrocínio à cultura floresce
antes do incentivo fiscal, inaugurado pela Lei Sarney, em 1986.
As distorções produzidas pela dedução integral do patrocínio no imposto
a pagar, adotada na gestão Weffort no Ministério da Cultura, turvam a percepção
de que um número expressivo de ações culturais, que atendem à identidade
e ao interesse do público-alvo de marcas de empresas, é realizado com dinheiro
empresarial. A obtenção do patrocínio exige conhecimento das estratégias
e objetivos de comunicação e a interação com as áreas de marketing corporativo
e de produto das empresas.
A compreensão do universo da transação comercial, mesmo que básica,
ajuda o gestor cultural a considerar e lidar com seu próprio público, financiador
direto da sua atividade. Adquirindo ingressos para filmes, shows, espetáculos
e exposições, obras de arte, livros, revistas, jornais, CDs, vídeos, DVDs
ou assinaturas de TV a cabo, o público é agente econômico, tanto da indústria
cultural como da mais singular e alternativa expressão artística.
Reconhecendo que a cultura depende, em maior ou menor escala, do seu
mercado de consumo, o gestor cultural acabará por se render ao domínio da
ciência que rege as transações: o marketing. Entender e atender o público
não é só tarefa para fabricantes de sabonetes e automóveis, mas também para
administradores de museus, orquestras e companhias de dança. Isso não significa
pasteurizar a criação artística ao gosto do freguês, mas saber onde disponibilizá-la,
por quanto apreçá-la, como promovê-la.
Agora que diversos segmentos artísticos se mobilizam para discutir políticas
culturais, que pequenos grupos tramam para manter privilégios e que o Ministério
da Cultura de Lula abre discussão sobre investimento público, é hora de
buscar formas reais de sustentabilidade da cultura brasileira, diversificando
suas fontes de financiamento.
Para tanto, é fundamental exigir que o Estado assuma sua responsabilidade
de formular e financiar políticas culturais públicas; esclarecer os investidores
privados de que a inclusão cultural promove a inclusão social; compreender
que a relação da cultura com a comunicação empresarial não depende de incentivo
fiscal; e considerar que o acesso público é premissa para a produção cultural.
Yacoff Sarkovas é presidente da Articultura Comunicação.
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