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abril 23, 2007

Coletiva de Imprensa com Roger Buergel e Tim Hupe

Coletiva de Imprensa com Roger Buergel e Tim Hupe

24 de abril, terça-feira, 11h

documenta-Halle
Du-Ry-Straße 34117
Kassel - Alemanha
+49 561 70 72 782
press@documenta.de

Quando alguém vê uma exposição menos como uma vitrine que como um meio, como um espaço de intercâmbio potencial entre o público e a arte, então a relação entre a mostra e seu projeto arquitetônico ganha destaque especial.

Na coletiva de imprensa do dia 24, Roger Buergel, diretor artístico da documenta 12, e Tim Hupe, responsável pela arquitetura da exposição, apresentarão as perspectivas da mostra que abre em junho, abordando a natureza dos espaços expositivos e sua integração com as diferentes propostas de trabalho selecionadas.

Após a coletiva, os participantes estão convidados para um pequeno tour por dois dos ambientes da documenta 12, o Museum Fridericianum e o Crystal Palace, onde poderão conhecer mais sobre a arquitetura da mostra. Não é permitido o registro fotográfico dos ambientes.

Posted by Leandro de Paula at 10:21 AM | Comentários(1)

agosto 20, 2006

Os três eixos temáticos da documenta 12

Partindo de três questões centrais, o projeto documenta 12 magazines lança os eixos sobre os quais se desdobrarão obras, ensaios, debates e demais formas de contribuição das mais de 70 publicações participantes à documenta 12. Incutidos de uma certa perplexidade em relação a nosso próprio tempo, os três tópicos focam os reflexos e apropriações de temas que desacatam fronteiras, reinventando-se em cada um dos contextos locais:

É a modernidade nossa antiguidade? [Is Modernity our Antiquity?]

Muitos dos projetos utópicos da modernidade sobreviveram apenas como fragmentos e hoje parecem "inacabados". Muitas das estruturas, formas e realizações materiais que associamos aos conceitos de modernidade parecem estar desaparecendo em meio aos processos de transformação do presente. No entanto, ao mesmo tempo, os espaços reais e conceituais da modernidade - suas idéias e estruturas estéticas e políticas - continuam a ser uma preocupação central de inúmeros projetos dentro e além do âmbito artístico, dando lugar também a projeções conflitivas. É a modernidade nossa antiguidade?

Roger M. Buergel escreve a propósito do leitmotiv da exposição (dezembro de 2005): É a modernidade nossa antiguidade? - Esta é a primeira pergunta. Parece-me bastante evidente que a modernidade, ou o destino da modernidade, exerce uma influência profunda sobre os artistas contemporâneos. Parte dessa fascinação talvez nasça do fato de que ninguém realmente saiba se a modernidade está ainda viva ou morta. Ela parece em ruínas depois das catástrofes totalitárias do século 20 (as mesmas catástrofes que ela de alguma forma originou). Ela parece profundamente comprometida pela aplicação parcial de suas exigências (liberté, égalité, fraternité) e pelo simples fato de que modernidade e colonialismo caminharam, e provavelmente ainda caminham, de braços dados. Ainda assim, as imaginações das pessoas estão repletas das visões e das formas da modernidade (e não me refiro apenas à Bauhaus, mas também a estruturas mentais arqui-modernistas transformadas em jargões contemporâneos, como "identidade" e "cultura"). Em resumo, parece que estamos tanto dentro quanto fora da modernidade, ao mesmo tempo repelidos por sua violência letal e seduzidos por sua imodesta aspiração ou potencial: que talvez exista, afinal, um horizonte planetário em comum, aplicável aos mortos e aos vivos.


O que é a vida crua? [What is Bare Life?]

O ponto em questão aqui é "o sujeito": a natureza exposta, a impotência e a vulnerabilidade do sujeito alimenta muitas correntes filosóficas e debates estéticos, acompanhados por considerações políticas e exigências artísticas no sentido de um novo auto-empoderamento do sujeito. As formas de representação de tais considerações e questões relacionadas ao status do sujeito na arte contemporânea provêem a moldura temática para este específico tópico do projeto.

Roger M. Buergel (dezembro de 2005): O que é a vida crua? - Esta segunda questão sublinha a vulnerabilidade nua e a completa exposição do ser. A vida crua se refere àquela parte de nossa existência na qual nenhum nível de segurança pode nos proteger. Mas assim como na sexualidade, a exposição absoluta está intimamente relacionada à um prazer infinito. Existe uma dimensão apocalíptica e obviamente política na vida crua (trazidas pela tortura e pelos campos de concentração). Existe nela, no entanto, também uma dimensão lírica e até mesmo extática - uma liberdade para novas e inesperadas possibilidades (em relacionamentos humanos assim como em nossa relação com a natureza ou, de uma forma mais generalizada, com o mundo no qual vivemos). Aqui e acolá, a arte dissolve a separação radical entre sujeição dolorosa e liberação prazerosa. Mas o que isso significa para suas audiências?


O que pode ser feito? (educação) [What is to be done? (Education)]

A questão de desenvolver formas adequadas de educação e comunicação é hoje uma dos mais calorosos debates da sociedade, não apenas no mundo da arte. Práticas reconhecidas e instituições estabelecidas estão sofrendo uma crescente pressão e presentemente se encontram no meio de uma crise de definição. Instituições recém fundadas, no entanto, freqüentemente seguem o exemplo desses modelos tradicionais. Paralelamente, um vasto leque de novas formas de organização e auto-organização, novas formas de trabalhos artísticos e comunicativos têm surgido - principalmente em níveis locais. Quais entre essas iniciativas locais e espaços de atuação são capazes de assegurar o futuro de práticas funcionais avançadas, abertas e autônomas, e de prover respostas às perguntas educacionais que elas por si só representam?

Roger M. Buergel, dezembro de 2005: A última questão diz respeito à educação: O que pode ser feito? - Artistas se educam trabalhando forma e assunto; audiências se educam experimentando coisas esteticamente. Como mediar o conteúdo ou forma específicos dessas coisas sem sacrificar sua particularidade é um dos maiores desafios de uma exposição como a Documenta. Mas ainda há mais do que isso. O complexo global de tradução cultural, que parece de alguma forma enraizado na arte e sua mediação, gera o espaço para um debate público potencialmente inclusivo (Bildung, a palavra alemã para educação também significa "geração" ou "constituição", como quando alguém fala de gerar ou constituir uma esfera pública). Hoje, a educação parece oferecer uma alternativa viável para o diabo (didaticismo, academia) e o oceano azul profundo (fetichismo mercantil).

Posted by Leandro de Paula at 10:14 PM

agosto 14, 2006

Atando nós da rede: perspectivas do Documenta 12 Magazines

Atando nós da rede: perspectivas do documenta 12 magazines

LEANDRO DE PAULA

O projeto documenta 12 magazines se apresenta ao circuito internacional como um saudável risco assumido pela mais importante mostra de arte contemporânea do mundo. Estamos assistindo e sendo convocados a fazer parte de um desdobramento do processo iniciado na última Documenta, quando a curadoria de Okwui Enwezor (o primeiro não-europeu a capitanear a mostra) fomentou a reflexão sobre questões político-culturais contemporâneas a partir de plataformas de discussão realizadas antes da abertura da exposição em Kassel, em junho de 2002.

Roger Buergel, diretor artístico da documenta 12, é o nome por trás do projeto documenta 12 magazines, cujo principal avanço em relação à última edição da mostra é o reconhecimento da emergência de novos espaços de produção, gestão, crítica e resignificação da arte. Em 2002, fomos testemunhas de um interessante esboço de descentralização da Documenta, que objetivava transformar a mostra no derradeiro e mais elaborado produto de um processo que envolveu simpósios em quatro continentes. Contudo, para a documenta 12, foi proposta uma estrutura ainda mais complexa e consideravelmente mais ousada: a partir de uma seleção inicial de 70 publicações impressas e eletrônicas sobre a arte contemporânea espalhadas ao redor do mundo, encoraja-se o debate e o pensamento coletivo, mas também a própria criação de trabalhos artísticos focados nos três eixos centrais que regulam a curadoria do evento.

A proposição documenta 12 magazines pode ser encarada e discutida por diversos pontos de vista, mas não deve ser colocada sob um juízo ingênuo: trata-se de um projeto ambicioso e sem precedentes na história de uma mostra que, já há muito, consolidou-se como o espaço de definição das tendências e práticas, das trocas simbólicas e valoradas, enfim, da ordem da arte a nível mundial. Ao convocar uma série de interlocutores - abertos a diversos outros diálogos locais - a produzirem registros críticos de sua circunstância no mundo da arte, a documenta 12 faz um comentário delicado sobre o seu próprio papel enquanto centro da vanguarda.

Se os três temas propostos (É a modernidade nossa antiguidade? / O que é a vida crua? / O que pode ser feito?) são vizinhos da generalidade e apontam para um possível interesse da documenta 12 nos conflitos da história, do sujeito e da transmissão de conhecimentos, eles se revelam motes férteis para que as realidades locais tenham a liberdade de se lançar num exercício de auto-enfrentamento. São questões cambiáveis, mas pertinentes a diferentes contextos, e que podem servir como interessantes recursos para o vário suporte de expressão que o projeto estimula - textos teóricos, ensaios e, claro, intervenções artísticas.

Para o Canal Contemporâneo, o convite em participar do projeto documenta 12 magazines se configura como uma bem-vinda forma de reconhecimento internacional do trabalho que realizamos coletivamente desde 2001 e cuja legitimação tem se dado no cotidiano da arte contemporânea brasileira. É, também, a ocasião adequada para colocar à prova a capacidade da documenta 12 em interagir com os territórios alternativos que se estabeleceram sobre as fissuras da grande mídia de massa, e que respondem a uma demanda natural - mas quase sempre sufocada - de construção de novas possibilidades de discursos.

Espaço de mediação entre as esferas da produção, da crítica e do mercado de arte, o Canal Contemporâneo não se apresenta ao projeto como uma publicação, mas sim como uma comunidade digital originada destes objetos, e é exatamente deste atributo que surge o potencial de nossa contribuição: ela está diretamente relacionada não à resposta de um "público", mas de uma rede entre indivíduos e organismos munidos de diferentes competências e objetivos. Das alteridades deste ambiente buscamos a singularidade de nossa participação - das somas de diferentes posições ideológicas, origens de atuação e projetos de trabalho.

A grande chave para se compreender as possibilidades do projeto documenta 12 magazines é decifrá-lo como uma poderosa rede entre diversas formas (e forças) de pensamento sobre a arte contemporânea ao redor do mundo. Levando-se em consideração que no universo de 70 publicações encontramos representantes tão distintos em seus alcances e posicionamentos como a Critical Inquiry (EUA) e o coletivo colombiano Esfera Pública, constatamos que o estabelecimento de um database que acolha e estimule a interação entre estes ângulos do pensamento contemporâneo é, por si só, uma aventura válida.

O Canal Contemporâneo, tendo como uma de suas premissas ativar as dinâmicas de diversas redes da arte brasileira, observa neste processo internacional uma interessante oportunidade para o enriquecimento de nossa própria experiência.

Leandro de Paula
Canal Contemporâneo

Leia o projeto documenta 12 magazines

Veja como participar do documenta 12 magazines

Posted by Leandro de Paula at 12:16 PM

junho 25, 2006

O projeto documenta 12 magazines

documenta 12 magazines
Informação interna para as revistas participantes

Desde a divulgação do projeto aos participantes, houve mudanças, principalmente em relação ao cronograma, que serão em breve aqui atualizadas.

O projeto
documenta 12 está no momento iniciando um diálogo com cerca de 70 revistas, jornais e mídias eletrônicas ao redor do mundo; será criada uma rede com o objetivo de explorar e discutir tópicos de interesse e relevância atual para a documenta 12 (mas não apenas). Este diálogo será desenvolvido ao redor de três questões ou temas centrais: "É a modernidade nossa antiguidade?" "O que é a vida crua?" e "O que pode ser feito? (educação)", com especial ênfase dada à reflexão sobre os interesses e conhecimentos específicos dos respectivos contextos locais.

As revistas participantes serão convidadas a publicar contribuições independentes que reflitam este diálogo, mas também a reagir e comentar as contribuições feitas por outros participantes, iniciando desta forma um diálogo multilíngue. Como parte do projeto, uma plataforma editorial e um sistema de administração de conteúdo on-line serão estabelecidos com o objetivo de possibilitar a todas as revistas participantes o mútuo acesso, discussão e troca de suas contribuições.

Todas as contribuições serão publicadas na revista digital da documenta 12 a partir de novembro de 2006. Uma seleção será publicada em três publicações impressas (cada uma concentrando-se em um dos tópicos definidos acima) que serão lançadas antes da exposição documenta 12 em Kassel, Alemanha. As questões a serem abordadas nestes diálogos se relacionam a problemas fundamentais no âmbito da arte contemporânea: O que de fato significa transferência cultural? Qual é a linha divisória entre proposição teórica e prática estética? O que querem as imagens? Que tipos de discursos surgem nos supostos "centros" e nas áreas aparentemente periféricas? Que transformações em ênfases temáticas e mudanças paradigmáticas ocorrem entre diferentes disciplinas artísticas? Caso uma diferença de fato exista, como o conceito de trabalho artístico se difere de outros tipos de trabalho?

Antecedentes e contexto
Uma das questões fundamentais de uma exposição de arte que acontece no contexto de um mundo globalizado é o levantamento de conhecimentos locais específicos. Como conceber imagens que se originam, mas que vão além, das fronteiras de uma localização particular? Como esse conhecimento local pode ser representado na documenta 12? Como ele se manifesta? Como o processo de transferência acontece? Este é o ponto de partida do projeto documenta 12 magazines: não apenas um meio de transferência, mas uma forma de organização. Ao mesmo tempo, a criação da revista é em si mesmo um processo de comunicação que não apenas abre um sem número de temas e prioridades, mas que revela trabalhos.

Os participantes
Os periódicos e editores envolvidos no projeto documenta 12 magazines atuam como interfaces centrais entre os âmbitos da produção, discurso e crítica de arte. Eles desempenham um papel mediador fundamental, traduzindo posicionamentos discursivos em termos que possam ser compreendidos e utilizados tanto por especialistas quanto pelo público comum, incluindo a enorme mídia audiovisual. A revista de arte é uma mídia que não apenas reflete a estrutura do relacionamento entre arte e teoria e arte e público, mas que também formula questões pertinentes à teoria e prática artística. Os participantes serão selecionados não de acordo com o tamanho ou a abrangência da sua publicação, mas tendo como base os discursos que apresentam e sua específica relevância em relação aos temas acima descritos. O projeto, portanto, cobre um amplo leque de mídias diversas, desde minúsculas publicações operando primariamente num idioma de circulação restrita até enormes mídias globalizadas, incluindo todo estágio imaginável entre ambos.

Estrutura e processo de desenvolvimento
Uma equipe editorial está no momento trabalhando com especialistas e editores locais para traçar um plano de parcerias para o projeto. Cada uma das mídias parceiras irá dedicar pelo menos um dos seus números para discutir, desenvolver e explorar esses tópicos em grande profundidade, dedicando um artigo, seção ou mesmo a edição inteira para o assunto. Uma variedade de formatos pode ser utilizada: entrevistas, ensaios, reportagens ou narrativas, dependendo dos interesses específicos de cada mídia.

Estes textos e contextos, ao lado das discussões relacionadas a eles, serão publicados na revista digital da documenta 12 e serão a fonte de material para as três versões impressas das revistas documenta 12. Além disso, as próprias revistas documenta 12 estarão agindo como revistas participantes e encomendarão os textos que forem considerados definitivos dentro do contexto da documenta 12. Cada uma das três publicações, portanto, irá oferecer uma introdução à um dos temas centrais da documenta 12, numa forma acessível tanto ao especialista quanto ao leitor comum.

O primeiro número das revistas documenta 12 será publicado em outubro/novembro de 2006, numa edição bilíngüe (alemão/inglês). A revista digital também estará disponível em outros idiomas como o russo, o chinês, o espanhol, o francês e o árabe. Um sistema de impressão por demanda permitirá aos usuários a seleção da informação de acordo com seus próprios interesses. O ponto aqui não é o papel do discurso nas práticas artísticas, mas sim a arte per se: suas mídias, dialetos e transformações em diferentes papéis, regiões e realidades. O projeto almeja abrir canais para novas e independentes distribuições em rede e motivar formas flexíveis de comunicação trans-local. Maiores esforços serão feitos no sentido de alcançar o objetivo de longo prazo de construir redes de informação e banco de dados que sejam sustentáveis além do escopo da documenta 12. O projeto de rede também pretende reunir e disseminar a experiência de autores, teóricos e artistas que estão trabalhando na aplicação de discursos contemporâneos a níveis locais, e comparar seu conhecimento com aqueles gerados em outras situações e contextos. Um outro objetivo fundamental é o estabelecimento de relações de cooperação internacional que continuarão a existir para além do período de duração do projeto.

Impressão por demanda
Além da publicação das três revistas-livros e da revista digital, o objetivo é oferecer aos leitores uma solução de impressão por demanda no sentido de permitir a criação de suas próprias revistas a partir do conteúdo do material disponível. A função impressão por demanda irá permitir ao usuário fazer sua própria seleção de artigos, reuni-los em formato PDF (similar a um carrinho de compras) e imprimi-los sob demanda em formato de revista.

Desta forma as revistas documenta 12 apresentarão uma cartografia das discussões ao redor dos tópicos que se relacionam à documenta 12: o conteúdo poderá ser pré-selecionado de acordo com contextos culturais específicos, mídias parceiras ou idiomas. Subjacente à plataforma on-line haverá uma noção democrática de tecnologia; e todo o sistema estará baseado num software de Fonte Aberta.

A solução desenvolvida estará gratuitamente disponível e portanto poderá ser utilizada por outros projetos midiáticos independentes.

Edição coletiva
Um dos mais impressionantes exemplos de edição coletiva ainda é sem dúvida "Wikipedia". O projeto das revistas documenta 12 ambiciona levar esse desenvolvimento de tecnologias fundamentadas na internet um passo além e criar uma nova plataforma para projetos de revistas em rede. A rede editorial de cerca de 70 revistas trabalhará de forma descentralizada e se inserirá dentro dos respectivos contextos culturais e jornalísticos locais. Usando a plataforma editorial e o sistema de administração de conteúdo on-line do projeto das revistas, o material compilado num nível local poderá ser discutido por toda a equipe editorial e publicado numa gama de diferentes idiomas. Além de textos, a plataforma proverá também formatos de imagem e mídias audiovisuais.

Sistema Online de Administração de Conteúdo
A plataforma editorial e o sistema de administração de conteúdo online servirá como uma interface multilíngue para os editores e tradutores envolvidos no projeto e permitirá aos participantes comunicar e discutir uns com os outros internamente via fóruns e mala-diretas, fornecer contribuições (no idioma de publicação e inglês) e selecionar contribuições da plataforma para publicação em suas próprias revistas. O sistema de administração de conteúdo funcionará como espaço central onde todos os textos e suas traduções serão armazenados e disponibilizados para as revistas participantes. As revistas participantes terão a liberdade de selecionar e traduzir contribuições para suas línguas de publicação, mas deverão disponibilizar essas traduções para as outras revistas participantes através da plataforma on-line.

Formas de publicação
As contribuições serão publicadas em diferentes formas e em diversas localizações:

a) Todas as contribuições e suas traduções serão disponibilizados no espaço semi-público da plataforma editorial e do sistema de administração de conteúdo on-line, acessível apenas para as revistas participantes (de maio 2006 em diante);

b) As revistas participantes publicarão suas contribuições em sua própria mídia (de maio 2006 em diante);

c) As contribuições disponíveis na plataforma editorial on-line poderão ser escolhidas pelas revistas participantes, traduzidas (se necessário) e publicadas em suas próprias mídias (de maio 2006 em diante);

d) Todas as contribuições serão publicadas na revista digital da documenta 12 (o primeiro número será em outubro/novembro 2006) oferecendo ao leitor a possibilidade não apenas de ler on-line mas também de compilar as contribuições e criar sua própria revista individual (também em termos de línguas de preferência) com a opção de imprimi-la;

e) Uma seleção das contribuições será publicada nas três revistas impressas da documenta 12 (primeiro número em outubro/novembro 2006).

Formas de contribuição
Gostaríamos de encorajar contribuições em vários formatos e estilos: textos teóricos e artísticos, ensaios, resenhas, registros de intervenções, documentos em áudio ou vídeo, imagens, etc.

Direitos autorais
A idéia e a decisão de tornar os textos disponíveis para todas as revistas participantes, i.e, o processo de publicação coletiva, exige um certo critério em relação aos direitos autorais. A base geral para a colaboração deve ser um acordo que permita o livre uso de distribuição por parte das revistas participantes, desde que tal disseminação seja feita sem cortes e com os devidos créditos ao autor e à revista de origem. O mesmo se aplica aos direitos dos tradutores.

Existem várias possibilidades para contratos e cobertura legal que estamos pesquisando no momento, e entraremos em contato em breve com uma proposta sobre este assunto.

Os três temas principais

É a modernidade nossa antiguidade? — Muitos dos projetos utópicos da modernidade sobreviveram apenas como fragmentos e hoje aparecem "inacabados". Muitas das estruturas, formas e realizações materiais que associamos aos conceitos de modernidade parecem estar desaparecendo em meio aos processos de transformação do presente. No entanto, ao mesmo tempo, os espaços reais e conceituais da modernidade—suas idéias e estruturas estéticas e políticas—continuam a ser uma preocupação central de inúmeros projetos dentro e além do âmbito artístico, dando lugar também a projeções conflitivas. É a modernidade nossa antiguidade?

Roger M. Buergel escreve a propósito do leitmotiv da exposição (dezembro de 2005): É a modernidade nossa antiguidade? — Esta é a primeira pergunta. Parece-me bastante evidente que a modernidade, ou o destino da modernidade, exerce uma influência profunda sobre os artistas contemporâneos. Parte dessa fascinação talvez nasça do fato de que ninguém realmente saiba se a modernidade está ainda viva ou morta. Ela parece em ruínas depois das catástrofes totalitárias do século 20 (as mesmas catástrofes que ela de alguma forma originou). Ela parece profundamente comprometida pela brutal aplicação parcial de suas exigências (liberté, égalité, fraternité) e pelo simples fato de que modernidade e colonialismo caminharam, e provavelmente ainda caminham, de braços dados. Ainda assim, as imaginações das pessoas estão repletas das visões e das formas da modernidade (e não me refiro apenas à Bauhaus, mas também à estruturas mentais arqui-modernistas transformadas em jargões contemporâneos, como "identidade" e "cultura"). Em resumo, parece que estamos tanto dentro quanto fora da modernidade, ao mesmo tempo repelidos por sua violência letal e seduzidos por sua imodesta aspiração ou potencial: que talvez exista, afinal, um horizonte planetário em comum, aplicável aos mortos e aos vivos.

O que é a vida crua?— O ponto em questão aqui é "o sujeito": a natureza exposta, a impotência e a vulnerabilidade do sujeito alimenta muitas correntes filosóficas e debates estéticos, acompanhados por considerações políticas e exigências artísticas no sentido de um novo auto-empoderamento do sujeito. As formas de representação de tais considerações e questões relacionadas ao status do sujeito na arte contemporânea provêem a moldura temática para este específico tópico do projeto.

Roger M. Buergel (dezembro de 2005): "O que é a vida crua?"-- Esta segunda questão sublinha a vulnerabilidade nua e a completa exposição do ser. A vida crua se refere àquela parte de nossa existência na qual nenhum nível de segurança pode nos proteger. Mas assim como na sexualidade, a exposição absoluta está intimamente relacionada à um prazer infinito. Existe uma dimensão apocalíptica e obviamente política na vida crua (trazidas pela tortura e pelos campos de concentração). Existe nela, no entanto, também uma dimensão lírica e até mesmo extática—uma liberdade para novas e inesperadas possibilidades (em relacionamentos humanos assim como em nossa relação com a natureza ou, de uma forma mais generalizada, com o mundo no qual vivemos). Aqui e acolá, a arte dissolve a separação radical entre sujeição dolorosa e liberação prazerosa.
Mas o que isso significa para suas audiências?

O que pode ser feito (educação)? — A questão de desenvolver formas adequadas de educação e comunicação é hoje uma dos mais calorosos debates da sociedade, não apenas no mundo da arte. Práticas reconhecidas e instituições estabelecidas estão sofrendo uma crescente pressão e presentemente se encontram no meio de uma crise de definição. Instituições recém fundadas, no entanto, freqüentemente seguem o exemplo desses modelos tradicionais. Paralelamente, um vasto leque de novas formas de organização e auto-organização, novas formas de trabalhos artísticos e comunicativos têm surgido—principalmente em níveis locais. Quais entre essas iniciativas locais e espaços de atuação são capazes de assegurar o futuro de práticas funcionais avançadas, abertas e autônomas, e de prover respostas às perguntas educacionais que elas por si só representam?

Roger M. Buergel, dezembro de 2005: A última questão diz respeito à educação: "O que pode ser feito?"—Artistas se educam trabalhando forma e assunto; audiências se educam experimentando coisas esteticamente. Como mediar o conteúdo ou forma específicos dessas coisas sem sacrificar sua particularidade é um dos maiores desafios de uma exposição como a documenta. Mas ainda há mais do que isso. O complexo global de tradução cultural, que parece de alguma forma enraizado na arte e sua mediação, gera o espaço para um debate público potencialmente inclusivo (Bildung, a palavra alemã para educação também significa "geração" ou "constituição", como quando alguém fala de gerar ou constituir uma esfera pública). Hoje, a educação parece oferecer uma alternativa viável para o diabo (didaticismo, academia) e o oceano azul profundo (fetichismo mercantil).


documenta 12 magazines - Calendário (em fevereiro de 2006)

Setembro 2005 - Maio 2006
Reunião com os parceiros do projeto
Programação do sistema de administração de conteúdo e da plataforma editorial on-line

Outubro 2005 - Maio 2006
Lançamento do projeto nas revistas dos parceiros

Maio 2006
Abertura do espaço de trabalho on-line e dos fóruns de discussão interna

Outubro/Novembro 2006
documenta 12 magazines (número 1):
lançamento impresso e on-line

Fevereiro 2007
documenta 12 magazines (número 2):
lançamento impresso e on-line

Abril 2007
documenta 12 magazines (número 3):
lançamento impresso e on-line

Junho 16 - Setembro 23, 2007
Apresentação do projeto na exposição documenta 12


Traduzido do inglês para o português por Renato Rezende.

Posted by Patricia Canetti at 11:00 AM

Convite oficial do Documenta 12 Magazines

Viena, 17 de março de 2006

Re: documenta 12 magazines

Cara Patricia Kunst Canetti,
Caros editores do Canal Contemporâneo,

Muito obrigado por seu interesse pelo projeto documenta 12 magazines e pelas conversas e discussões que tivemos em São Paulo, quando definíamos o escopo do projeto.

Com esta carta, gostaríamos de oficialmente iniciar o nosso processo de colaboração. Portanto, é com grande prazer que confirmamos a participação do Canal Contemporâneo no projeto de revista da documenta 12.

Como parte deste projeto, durante os próximos dois anos a documenta 12 iniciará um diálogo entre cerca de 70 revistas, jornais e mídias eletrônicas de todo o mundo com o objetivo de criar uma rede para explorar e discutir tópicos de interesse e relevância atual, não apenas restrito ao escopo da documenta 12, que focará nas seguintes três questões: "É a modernidade nossa antiguidade?" "O que é a vida crua? (subjetivação)" e "O que pode ser feito?" (educação). Estes debates serão compilados e publicados em papel e eletronicamente, numa série de três publicações temáticas, oferecendo um fórum para o discurso estético contemporâneo. Por outro lado, o projeto documenta 12 magazines também será parte da exposição em Kassel. Como ponto de partida para o diálogo, as revistas participantes publicarão contribuições em sua própria mídia, mas também serão convidadas a discutir as contribuições de outros participantes, encorajando desta forma um diálogo multilíngue e intercultural.

Nos proporcionará grande satisfação se o Canal Contemporâneo, fundamentado em suas excelentes contribuições ao discurso cultural contemporâneo, concordar em participar e colaborar com esse projeto desafiador, e aguardamos com expectativa o início do nosso processo de trabalho.

Por favor, note em anexo informações mais detalhadas sobre o projeto e uma breve introdução às principais diretrizes para a organização de nossa colaboração: a estrutura e função da ferramenta editorial coletiva e o sistema de administração de conteúdo, as várias formas de contribuição, e os diferentes passos e possibilidades de produção, i. e., de publicação.

Temos grande interesse em conhecer melhor suas idéias sobre o projeto em geral e seus tópicos, bem como as possíveis contribuições suas e de sua revista, etc., e aguardamos ansiosamente o início de nosso diálogo.

Por favor, não hesite em contatar Cordula Daus na equipe editorial, com quem vocês já estiveram em contato, e colocar qualquer pergunta que possam vir a ter.

Muito obrigado por sua atenção. Mais uma vez, ficaríamos muito satisfeitos com a sua colaboração, e a aguardamos com interesse.

Cordialmente,
Georg Schöllhammer
Editor-chefe do documenta 12 magazines


Traduzido do inglês para o português por Renato Rezende.

Posted by Patricia Canetti at 10:46 AM