outubro 31, 2006
A mobilização contra o Guggenheim no Canal Contemporâneo
A mobilização contra o Guggenheim no Canal Contemporâneo
O abaixo-assinado do Guggenheim, como ficou conhecida essa mobilização, em resposta a uma nova política cultural do Prefeito do Rio de Janeiro, que, na virada de 2002 para 2003, interrompia um dos projetos mais democráticos já propostos em nossa cidade - um banco de projetos culturais enviados por artistas e produtores de todas as áreas que iria alimentar as ações do RioArte (fundação extinta agora em 2006 pelo alcaide/algoz da cultura do Rio de Janeiro). Um grupo de artistas e teóricos começou a se reunir para discutir as estratégias possíveis contra as políticas culturais ditatoriais, populistas e eleitoreiras, entre elas a construção do museu Guggenheim, e publicou no Canal Contemporâneo uma convocação contra tudo isso. As reuniões continuaram no AGORA e depois no Parque Lage ; uma lista de discussão, artesvisuais_politicas, conectava o grupo do Rio, enquanto o Canal Contemporâneo ampliava o alcance desta movimentação local .
Grupos de estudos destrincharam o Estudo de Viabilidade do Guggenheim-Rio, a Análise desse último e o contrato que seria assinado entre a prefeitura do Rio e a Fundação Guggenheim, listaram os possíveis danos ao mercado de trabalho e ao contexto culturais brasileiros e escreveram um documento, que tratava do uso de recursos públicos federais, através da Lei de Incentivo à Cultura. Pela primeira vez, profissionais da área se uniam para analisar e se posicionar perante uma postura leviana de governo, que afetaria diretamente o seu mercado de trabalho. É claro, porém, que não havia um consenso. Alguns profissionais acreditavam que de qualquer maneira a vinda do Guggenheim para o Rio de Janeiro impulsionaria a arte contemporânea brasileira, tanto nacional, como internacionalmente.
A sociedade civil representada pelo abaixo-assinado veiculado pelo Canal e nas ações do grupo artesvisuais_políticas encontrou eco junto ao poder legislativo. Juntos, produziram um extenso dossiê, que passou a circular em várias esferas da sociedade, chegando à imprensa que até aquele momento se mantinha omissa. Ainda assim, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro assinou o contrato para a construção do Guggenheim. Nesse ponto, o poder legislativo acionou o judiciário que, através de uma liminar, suspendeu os primeiros pagamentos do referido contrato. Pela primeira vez, pelo menos na história recente do país, o meio de arte ativava o equilíbrio democrático: conectou-se aos dois poderes, legislativo e judiciário, para barrar uma atitude leviana e ditatorial do poder executivo.
Histórico das publicações no Canal e seus respectivos linques:
Os e-nformes listados vão de 13 de dezembro de 2001 a 24 de novembro de 2005, sendo que a mobilização se inicia apenas em 28 de janeiro de 2003. Os e-nformes anteriores servem para demonstrar o progresso do tema e também o contexto político à época e os posteriores dão conta da continuação do assunto na comunidade e na imprensa.
13/12/2001
Entrevista com Lygia Pape por Daniela Name, publicada originalmente no jornal O Globo
Publicado no e-nforme - Ano 1 N. 56, em 13 de dezembro de 2001
09/03/2002
CONVOCAÇÃO Parque Lage e Despejo, o Pesadelo Continua
Publicado no e-nforme - Ano 2 N. 30, em 5 de março de 2002
03/05/2002
Brazil: Body and Soul / Brasil: Corpo e Alma por Adriano Pedrosa, matéria originalmente publicada em inglês na revista Art Forum
Publicado no e-nforme - Ano 2 N. 84, em 3 de maio de 2002
05/10/2002
Hora de crescer 5 - O momento histórico
Publicado no e-nforme - Ano 2 N. 207, em 5 de outubro de 2002
31/10/2002
Texto de rodapé sobre Políticas Culturais
Publicado no e-nforme - Ano 2 N. 222, em 31 de outubro de 2002
02/01/2003
Discurso de posse de Gilberto Gil como Ministro da Cultura
Cultura da Mu-Dança de Rubens Pileggi
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 1, em 12 de janeiro de 2003
03/01/2003
Os Caminhos e Descaminhos Culturais do Governo FHC por Yacoff Sarkovas, publicado originalmente no jornal Valor Econômico
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 2, em 14 de janeiro de 2003
10/01/2003
É chegada a hora de enfrentar a subnutrição cultural por Helena Katz, publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo
16/01/2003
Reunião sobre a Rede Municipal de Teatros no Sérgio Porto
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 4, em 16 de janeiro de 2003
18/01/2003
Cultura precisa de projeto de medula e osso por Régis Bonvicino, originalmente publicado no jornal Folha de S. Paulo
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 7, em 23 de janeiro de 2003
20/01/2003
Fórum de Debates: A paralisia na cultura amapaense por Arthur Leandro e Maikon Richardson, originalmente publicado no www.amapabusca.com.br
Texto de rodapé sobre Políticas Culturais
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 6, em 22 de janeiro de 2003
21/01/2003
Entrevista com Gilberto Gil sobre Leis de Incentivo por Israel do Vale, publicada originalmente no jornal Folha de S. Paulo
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 8, em 25 de janeiro de 2003
28/01/2003
Carta para o presidente Lula sobre a construção do Museu Guggenheim no Rio de Janeiro, enviada pela CPI da Câmara dos Vereadores desta cidade
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 9, em 28 de janeiro de 2003
31/01/2003
Encontro dos artistas plásticos/visuais/digitais/etc sobre as mudanças na Política Cultural Municipal do Rio de Janeiro no AGORA
Carta de Luiz Paulo Rocha respondendo a Carta da CPI Guggenheim
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 10, em 30 de janeiro de 2003
31/01/2003
Canal Aberto - Vera Hermano responde a carta de Luiz Paulo Rocha
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 11, em 31 de janeiro de 2003
03/02/2003
SERGIO PORTO OCUPADO, convocação para o encontro no Sérgio Porto e para o abaixo-assinado
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 12, em 1 de fevereiro de 2003
03/02/2003
SERGIO PORTO OCUPADO, convocação para o encontro no Sérgio Porto e primeiras 106 adesões vindas de várias regiões do Brasil e do exterior
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 13, em 3 de fevereiro de 2003
04/02/2003
Entrevista com o arquiteto Jean Nouvel por Arnaldo Bloch, publicada originalmente no jornal O Globo
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 14, em 4 de fevereiro de 2003
07/02/2003
Reunião de artistas, críticos & simpatizantes no AGORA (com imagem da Ocupação no Sergio Porto)
Uma nova forma de agir - A OCUPAÇÃO foi até às 4 e meia da manhã, do lado de fora, na calçada por Patricia Canetti
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 16, em 7 de fevereiro de 2003
12/02/2003
Encontro dos artistas no AGORA, Rio de Janeiro
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 18, em 12 de fevereiro de 2003
19/02/2002
Espiral Descendente - O Museu Guggenheim chega ao fundo do poço, por Jerry Saltz, originalmente publicado no jornal Village Voice; e outros artigos da imprensa americana
08/02/2003
Quem descasca o abacaxi? - Apropriação livre da artista Fabiana Santos da foto de Ana Branco, publicada em O Globo, Primeiro Caderno, e o nosso abaixo-assinado com 291 assinaturas
11/02/2003
Quanto custa um museu? por Paulo Sergio Duarte, publicado originalmente no jornal O Globo
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 19, em 14 de fevereiro de 2003
16/02/2003
Matérias sobre o Guggenheim, e sobre o efeito dos cortes do governo na cultura por Bianca Tinoco e Fabiana Bruce, originalmente publicadas no Jornal do Commercio
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 20, em 16 de fevereiro de 2003
19/02/2003
Reunião de artistas, críticos & simpatizantes no AGORA
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 21, em 18 de fevereiro de 2003
23/02/2003
Ato Público: Guggenheim é balela
Ação Artística de Zé Antonio Lacerda (IMAGEM Museu de Arte) e mais adesões ao Protesto Guggenheim&Políticas Autoritárias (357 assinaturas)
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 22, em 21 de fevereiro de 2003
25/02/2003
ENCONTRO NO PARQUE LAGE - artistas, críticos & simpatizantes: Vamos botar o nosso bloco S/TÍTULO na rua!
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 23, em 25 de fevereiro de 2003
24/02/2003
REFLEXÃO SOBRE POLÍTICA CULTURAL: A arte contra o museu-franquia O Guggenheim, a Lei Rouanet e outras renúncias fiscais federais pelo grupo artesvisuais_politicas
Abaixo-assinado contra o Guggenheim&políticas culturais autoritárias com 370 assinaturas
04/03/2003
Afundação do Guggenheim no Arpoador (Marchinhas do Carnaval 2003 e o Hino ao Dia Nacional do Artista Plástico de 1985)
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 24, em 28 de fevereiro de 2003
07/02/2003
Comentários de Adriana Varella sobre o Gug
04/03/2003
Afundação do Guggenheim no Arpoador - concentração e acabamento das fantasias
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 25, em 4 de março de 2003
10/03/2003
Encontro de artistas, críticos & simpatizantes no Parque Lage
Novas adesões ao abaixo-assinado contra o Guggenheim-Rio & por políticas culturais participativas, com 416 assinaturas
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 27, em 10 de março de 2003
13/03/2003
Mídia Tática Brasil - Ocupação da Casa das Rosas, São Paulo
Reunião do Bloco das Ações no Parque Lage, Rio de Janeiro
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 28, em 12 de março de 2003
17/03/2003
Ações artísticas e Audiência com o Ministro Gilberto Gil no Gustavo Capanema
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 29, em 15 de março de 2003
17/03/2003
Convocação geral para a manifestação no Gustavo Capanema
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 30, em 17 de março de 2003
17/02/2003
Moção de Apoio à construção do Museu Guggenheim de Vereadores entregue ao Ministro da Cultura (com lista dos vereadores)
19/03/2003
A globalidade/globalização e a mobilidade, e qual o papel das instituições? Por Patricia Canetti
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 31, em 19 de março de 2003
21/03/2003
Imagens, artigos e linques sobre a Audiência Guggenheim-Rio publicadas no CMI Brasil
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 32, em 21 de março de 2003
25/03/2003
Debate: Guggenheim-Rio na UCAM-Centro com Alfredo Sirkis e Paulo Casé
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 33, em 24 de março de 2003
31/03/2003
Encontro artesvisuais_políticas no Parque Lage
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 37, em 30 de março de 2003
01/04/2003
Debate: Guggenheim-Rio na UCAM-Centro com Romaric Büel e Maria de Lourdes Parreiras Horta
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 38, em 1 de abril de 2003
05/04/2003
Reunião ministerial no Rés do Chão, Rio de Janeiro
Movimento Casa das Rosas SIM! na Paulista, São Paulo
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 41, em 5 de abril de 2003
09/04/2003
Debate: Guggenheim-Rio na UCAM-Centro com Paulo Sergio Duarte e Ricardo Basbaum
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 42, em 8 de abril de 2003
12/04/2003
Vídeos realizados durante a abertura de Grande Orlândia
13/04/2003
A Polêmica do Guggenheim-Rio no Quase 9
14/04/2003
Ricardo Basbaum fala sobre a experiência do AGORA no Parque Lage
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 44, em 12 de abril de 2003
15/04/2003
Debate: Guggenheim-Rio na UCAM-Centro com Paulo Case e Ricardo Macieira
Pró e Contras compareçam, por Patricia Canetti
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 45, em 14 de abril de 2003
03/05/2003
Adesões ao protesto com 430 assinaturas
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 52bis, em 3 de maio de 2003
04/05/2003
Manifestação contra o Guggenheim-Rio em frente ao Copacabana Palace
O Guggenheim vai transformar o Rio na Capital Cultural da América Latina por Patricia Canetti
Abaixo-assinado contra o Guggenheim-Rio & por Políticas Culturais Participativas com 430 assinaturas
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 53, em 4 de maio de 2003
06/05/2003
Governo retira regras de patrocínio cultural para evitar "dirigismo" por Silvana Arantes e Sabrina Petry, originalmente publicado no jornal Folha de S.Paulo
"O sistema é perdulário", diz Yacoff Sarkovas sobre polêmica cultural por Mônica Bergamo, originalmente publicado no jornal Folha de S.Paulo
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 56, em 7 de maio de 2003
07/05/2003
Carta aberta a Cacá Diegues por Eduardo Escorel, carta originalmente publicada no jornal O Globo, Primeiro Caderno
Sobre a Política Cultural do Cacá Diegues por Tatiana Roque
Manifesto do Fórum das Artes/ Rio
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 57, em 9 de maio de 2003
09/05/2003
Prefeito César Maia suspende o 8º Programa de Bolsas RIOARTE 2002 na última estapa do processo de seleção
Secretaria suspende seleção da nova turma de bolsistas da Rioarte por Adriana Pavlova, originalmente publicado no jornal O Globo
11/05/2003
Os primos pobres do Guggenheim pedem socorro por Paulo Marqueiro, originalmente publicado no jornal O Globo
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 58, em 11 de maio de 2003
12/05/2003
Emeios enviados para a seção de cartas do jornal O Globo, e não publicados, sobre a suspensão do Programa de Bolsas RIOARTE
19/05/2003
Sérgio Sá Leitão no Fórum das Artes no Sérgio Porto
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 61, em 19 de maio de 2003
23/05/2003
Manifestação contra o Guggenheim na Cinelândia - Liminar suspende contrato com o Guggenheim
Novas adesões ao abaixo-assinado com 470 assinaturas
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 63, em 23 de maio de 2003
26/05/2003
Yacoff Sarcovas no Fórum das Artes no Sérgio Porto
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 64, em 26 de maio de 2003
23/05/2003
Quem é que confunde bailarino com atleta? por Helena Katz, originalmente publicado no jornal Estado de S. Paulo
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 65, em 28 de maio de 2003
02/06/2003
Encontro com os representantes do MinC e FUNARTE no Parque Lage
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 66, em 30 de maio de 2003
02/06/2003
Encontro com os representantes do MinC e FUNARTE no Parque Lage
Novas adesões ao abaixo-assinado com 499 assinaturas
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 68, em 2 de junho de 2003
10/06/2003
A ciência da liberdade no Alfabeto Visual, por Rubens Pileggi Sá
Leis estaduais podem estar com dias contados por Fábio Cesnik no Cultura&Mercado
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 72, em 10 de junho de 2003
13/06/2003
O encontro com a Cultura por Patricia Canetti
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 73, em 13 de junho de 2003
12/06/2003
Democratização das Leis de Financiamento da Cultura
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 74, em 16 de junho de 2003
29/03/2003
Trópico na Pinacoteca: A Politização da Arte - 11 de Setembro polariza debate entre José Arthur Giannotti e Laymert Garcia dos Santos, por Fernando Oliva
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 79, em 27 de junho de 2003
30/06/2003
Abaixo-assinado contra o Guggenheim-Rio & por Políticas Culturais Participativas com 484 assinaturas
Arte, política, e resultados improváveis por Patricia Canetti
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 80, em 30 de junho de 2003
09/07/2003
Trópico na Pinacoteca: Dirigismo cultural por Emiliano Urbim
Discussões do Seminário Cultura para Todos
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 84, em 9 de julho de 2003
09/07/2003
Quem paga a conta da cultura por Yacoff Sarkovas, publicado originalmente na Folha de S. Paulo
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 85, em 10 de julho de 2003
14/07/2003
Arte e Estado - e a dificuldade do novo por Patricia Canetti
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 86, em 14 de julho de 2003
16/07/2003
Debates e exposições na FUNARTE
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 87, em 16 de julho de 2003
18/07/2003
Debate Arte e Estado na FUNARTE
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 88, em 18 de julho de 2003
23/07/2003
Debate na UERJ com Alexandre Vogler, Cezar Bartholomeu e Ricardo Basbaum
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 90, em 23 de julho de 2003
24/07/2003
Mantida liminar contra museu - STJ nega recurso contra suspensão de contrato, Jornal do Brasil
Guggenheim-Rio à beira do naufrágio (antes da decisão do STJ), Jornal do Commercio
Novas adesões ao abaixo-assinado com 519 assinaturas
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 91, em 25 de julho de 2003
29/07/2003
Programa A verdade de Luiz Aquila na TV Educativa
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 92, em 28 de julho de 2003
06/11/2003
Lançamento revista Número DOIS na Livraria Boa Vista (Editorial)
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 111, em 5 de setembro de 2003
11/09/2003
Jean Nouvel no Centro de Arquitetura e Urbanismo
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 115, em 11 de setembro de 2003
27/09/2003
Lançamento revista Número DOIS na Gentil Carioca
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 122, em 25 de setembro de 2003
23/10/2003
Lançamento revista Número DOIS no ateliêaberto
Publicado no e-nforme - Ano 3 N. 138, em 22 de outubro de 2003
03/04/2004
Por uma lei menos burocrática por Gilberto de Abreu, publicado originalmente no Jornal do Brasil
04/04/2004
Arte é tudo. É? por Arnaldo Bloch, publicado originalmente no jornal O Globo
Publicado no e-nforme - Ano 4 N. 31, em 5 de abril de 2004
20/07/2004
Emeio enviado por Patricia Canetti, para Juca Ferreira, Secretário-Executivo do MinC e Cláudio Prado, coordenador de políticas digitais do MinC
Enquete Revista Número - Canal Contemporâneo
Publicado no e-nforme - Ano 4 N. 78, em 23 de julho de 2004
02/09/2004
Quem Somos?, entrevista com Patricia Canetti por Juliana Monachesi
Publicado no Quebra de padrão
29/11/2004
Guggenheim-Rio, texto de Henry Chu, publicado originalmente em inglês no jornal Los Angeles Times, na página A3
Publicado no blog Como atiçar a brasa, em 18 de janeiro de 2005
19/01/2005
O Guggenheim não afunda!, de João Domingues e Patricia Canetti
Publicado no e-nforme - Ano 5 N. 2, em 19 de janeiro de 2005
28/01/2005
Prefeitura do Rio reabre negociações para construir Guggenheim, publicado originalmente no Últimas Notícias do Portal Uol
Publicado no Como atiçar a brasa
30/01/2005
O museu público na corda bamba por Cristina Freire, publicada originalmente no jornal Folha de S. Paulo
Comentário de Ricardo Resende sobre a matéria "Prefeitura do Rio reabre negociações para construir Guggenheim
Publicado no e-nforme - Ano 5 N. 12, em 14 de fevereiro de 2005
08/02/2005
Vade retro - Bloco criado pelos artistas cariocas em 2003, tornou-se o primeiro Bloco Bienal do Planeta! Sempre descascamos um abacaxi cultural e o deste ano é: O LIXO NA TV!
Publicado no e-nforme - Ano 5 N. 10, em 8 de fevereiro de 2005
05/06/2005
O Rio é uma cidade que ressurge a cada verão, entrevista com Ricardo Macieira, publicada originalmente no Jornal do Brasil
Publicado no no Como atiçar a brasa em 9 de junho de 2005
17/10/2005
Capítulo final, nota de Ancelmo Gois, publicada originalmente no jornal O Globo
Publicado no e-nforme - Ano 5 N. 117, em 21 de outubro de 2005
24/11/2005
Cesar cede e projeta museu na área portuária sem marca Guggenheim, publicado originalmente no Globo Online
Publicado no e-nforme - Ano 5 N. 135, em 30 de novembro de 2005
outubro 25, 2006
Resposta de Daniela Labra ao texto "O que pode ser feito? (transformação)"
Resposta ao texto "O que pode ser feito? (transformação)
DANIELA LABRA
Como comentário ao texto de Patricia Canetti (clique apertando a tecla shift para abrir o texto em outra janela), gostaria de registrar algumas impressões que venho discutindo enquanto profissional das artes que trabalha de modo autônomo com projetos de arte contemporânea. Me perdoem se os tópicos parecerem superficiais, mas a intensão aqui é adensar o debate já levantado por Patrícia e levantar as mesmas lebres porém sobre outros ângulos.
Acho muito interessante a percepção sobre a mudança da palavra Mecenato e de sua noção, que passa, no Brasil, a significar algo relacionado mais com marketing cultural do que com patronato. O mecenato faz com que a arte seja avaliada por especialistas de marketing, os quais descartam propostas que valorizam pesquisa e processos criativos que não são oportunos para a divulgação massiva da marca de algum patrocinador corporativo.
Nesse sentido, o fortalecimento e valorização da instituição de arte, pública ou privada, é fundamental. Porém a dificuldade em fazer a arte contemporânea circular começa no próprio museu, posto que frequentemente há uma inadequação conceitual ou até mesmo física para com os processos artísticos atuais. A maioria dos museus de arte contemporânea neste país são espaços modernos adaptados o que muitas vezes gera um descompasso entre a proposta artística e o lugar que a recebe.
Diante da debilidade de nossas instituições, percebemos que o mercado de arte continua sendo supervalorizado como via fundamental para a circulação artística, e impondo ao artista a condição de vender bem para que passe a ter valor dentro de um sistema do qual a questão mercadológica é na verdade uma parte e não o todo. O artista, ainda que tenha um trabalho interessante e pague alto para produzir um exposição consistente não necessariamente terá o merecido reconhecimento. Porém, se ele for garimpado por um bom marchand e se vender para algum colecionador de arte importante, terá sua obra circulando em catálogos diversos, nas tais feiras de arte e aí entrará para a história.
O outro ponto a ser alertado, e que faz parte de toda a cadeia precária de nosso sistema de circulação da arte, é a dificuldade para lidar e formar profissionais, incluindo-se curadores, críticos, produtores e até montadores, o que se agrava quando saímos dos grandes centros urbanos que tem certa variedade de atividades que forçam a profissionalização na base da prática. A cultura, em capitais brasileiras menos centrais, ainda é vista como artigo de terceiro escalão, sem que haja uma percepção de que suas atividades e produtos - entre eles a arte contemporânea e seus processos imateriais - estão inseridos num sistema de mercado, que educa e gera emprego e renda.
Por último, encontramos as iniciativas independentes de profissionais das artes que mantém espaços de arte e realizam exposições, publicações, sites e até simpósios nacionais. Estas iniciativas ganharam fôlego nos últimos 10 anos como uma alternativa clara à precariedade institucional e à imposição do mercado. É importante perceber, ainda, que tais iniciativas já deixaram de ser apenas uma atividade underground, off circuito, e atualmente já configuram um terreno forte para a circulação de processos artísticos, documentos e projetos, e pode-se afirmar que frente à precariedade institucional o alternativo vem se institucionalizando a passos largos.
Mas seria a 'Instituição de Arte' então substituível pelas galerias comerciais e pelo circuito independente? Não acredito. Há de se entender que o Museu tem fundamental papel educador e formador de público e de profissionais da arte, e que é principalmente através dele que podemos vislumbrar um projeto de democratização do entendimento e da circulação da arte, moderna ou contemporânea neste país. É ali, na instituição e não nas galerias e nas feiras (veja bem o nome,"feiras"), que se deve dar a maior circulação de produtos artísticos (não objetuais, no caso da produção atual) e processos/ projetos como residências artísticas, seminários, publicações, mostras, entre outros. Porém, um espaço contemporâneo para a arte no Brasil, que não se limite ao suporte tecnológico como categoria artística, lamento perceber que ainda não existe.
Daniela Labra é curadora independente.
"Identificada", de Luciana Camuzzo
Identificada", adesivo vinílico e lápis de cor sobre formulário para carteira de identidade.
Luciana Camuzzo
Artista plástica, trabalha com apropriações e proposições em arte pública, realizadas predominantemente em São Paulo e Piracicaba (SP). Atualmente, participa do Projeto de Residência Artística Atelier Amarelo, da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.
outubro 20, 2006
"É a Modernidade nossa Antigüidade", por Guilherme Bueno / Revista Arte&Ensaios
"É a Modernidade nossa Antigüidade", por Guilherme Bueno / Revista Arte & Ensaios
... e é Atenas que queremos
Clement Greenberg
Sim, ou pelo menos em um certo sentido parece que concedemos àquilo que chamamos de modernidade atuar para nós o papel de ser nossa Antigüidade. Dizer isso significaria, por um lado, atribuir-lhe o estatuto de antecessor de nossa errática condição, o que a condenaria ao historicismo. Entretanto, por outro, é o dúbio valor operativo por ela exercido em relação à História - ao instituir discursivamente o que lhe precedera e a constatar a derrisão do mesmo rumo a um estado de deriva presente - que a inscreve na fronteira de construção positiva de um local para o sujeito e a negatividade intrínseca à relativa perda sofrida principalmente no Pós-Guerra.
A Antigüidade exerceria junto à cultura moderna o valor de exemplaridade necessária a um mundo secularizado. Sua virtude seria a de fornecer modelos de subjetividade e um espelho de economia existencial para um mundo que categoricamente não conseguiria mais demonstrar sua razão final em uma procissão rumo aos céus. Para além - ou junto - do sentimento arqueológico, ela é a base de construção do sujeito histórico, isto é, aquele fundamentado no parâmetro das ações e experiências exclusivamente humanas, segundo o qual é possível e razoável o constituir-se do indivíduo e sua sociabilidade. O anseio nostálgico de restituir uma essência, uma verdade intrínseca localizável tão somente na pesquisa arqueológica / histórica (e não seria descabido aqui relembrar a tensão com que estes dois termos defrontam-se reciprocamente na ótica positivista de descortinar a "realidade dos fatos"), de recuperar em alguma instância elementos de um mundo perdido, mais uma vez redivivo no anseio de (auto-)descoberta, conduziria freqüentemente ao olhar do mundo antigo como, mais do que evocação, a aferição de possibilidades cabíveis e de referenciais singulares e coletivos após a ruptura com o firmamento, exemplarmente sentida na decapitação do representante terreno do Direito Divino. Se as sensações não conduzem mais diretamente a Deus, qual o lugar a partir de então conferido a elas? Que razão de ser urge encontrar para um sistema produtivo (no qual a arte participa) desamparado de sua antiga lógica e pirâmide hierárquica? Ainda que esta crise permaneça irresoluta em suas diversas modalidades, olhar para os "antigos" (grosso modo, uma invenção, uma ficção acerca da Grécia e de Roma) subentendia a crença de localizar um paradigma de experiência constitutiva, a história é uma espécie de "romance de formação". É digno de menção observar que tanto boa parte daquilo que hoje reconhecemos ser os mais significativos empreendimentos modernos, assim como as suas versões corrompidas (o academicismo), recorreram ao expediente do parentesco histórico tomado por baliza de sua verdade irrecusável. Da leitura dos versos homéricos feita por Goethe nas praias da Sicília ao "Juramento dos Horácios" ou a morte de Byron em combate, calcula-se uma contigüidade devotada a tornar a visão do passado em Estética Historicamente Demonstrada do presente.
Feito um salto temporal destas considerações gerais para alguns casos do século 20, seria justamente no âmbito discursivo que a Antigüidade será reivindicada como imagem (literalmente) legitimadora de certas investigações das vanguardas construtivas. Há simultaneamente a recusa de seus repertórios ou sentimentos externos (sob o signo da refuta à cultura oficial) e a enquête por sua essência, vista como um fluxo contínuo que deságua, por exemplo, na Ville Savoye. Esta reinvenção atualizada da Antigüidade estaria nos livros de Le Corbusier, com seus traçados reguladores perscrutando um idioma comum entre ele e o Parthenon; nos escritos de Van Doesburg, nos quais uma polaridade recíproca (e paradoxalmente progressiva) atravessa a arte do Antigo Egito até Mondrian; no pintor holandês, em seu vislumbre de um museu cujas salas se sucederiam até as obras neoplasticistas; e, mesmo - ainda que mudada a modulação - com Gropius e a metáfora da catedral aplicada à Bauhaus, que fermentará entre diversos historiadores de arquitetura entre os anos 10 e 40 como cumplicidade secreta e profunda entre a Antigüidade, o Gótico e os arranha-céus, que, em última instância, pronunciariam demonstrativamente com clareza o que seria arte. Outros exemplos podem ser buscados indefinidamente na historiografia e crítica modernas, seja na suposição de uma "psicologia mediterrânea" em Matisse, na "fase neoclássica" de Picasso, etc., etc., etc... Mais importante assinalar neste caso o elo aparentemente incorruptível demarcado nesta estratégia, a saber, o compromisso triádico entre forma, história e projeto como plataforma das agendas modernas (não menos curioso assinalar que todas usam a forma como instrumento de ultrapassagem em direção ao sublime). O projeto é a construção da história tomada por um sujeito que se entende por ator. A história é demonstrada pela forma: a um só tempo ela testemunha uma universalidade sensorial, dispõe um mecanismo de ação e recupera a seu favor um legado até então monopolizado pelo reacionarismo.
A questão que se colocaria desde o Pós-Guerra, em sua dimensão mais ampla na constatação do novo e multiplicado desastre bélico (no campo da arte, na incompletude ou bloqueio das investigações do Entre-Guerras), radicalizar-se-ia nos anos 60 justamente na emergência de determinados recalques operados pelo império da forma sensível. Em outras palavras, a "redescoberta" de Marcel Duchamp e do dadaísmo permitira recolocarmos até mesmo a pergunta inicial de mote: é a arte nossa Antigüidade? O ready made, dentre muitos outros problemas lançados, incidia na opacidade e na intencionalidade da sensação desinteressada, deixando em suspenso o aparato calculado ao redor da experiência estética da forma, menos construtiva do que construída.
Seria a implosão da forma a implosão da história? Em primeiro lugar, seria um equívoco expurgarmos a forma e a experiência sensorial, sob o risco de incorrermos em novas teleologias e positivismos unívocos. Até mesmo porque se testemunhou mais de uma vez nas poéticas "pós"-modernas que a sensorialidade pode se manifestar independente da forma e vice-versa. O que se abdicou foi a hegemonia estabelecida na aliança entre ambas durante a vigência de um determinado modelo formalista, erigido em um arco de aproximadamente cem anos. Talvez seja preferível dizer que o reino da estética se tornou um principado, isto é, a arte não é mais coercível a um procedimento único de consecução ou de diálogo, fato que, exatamente por sua dificuldade de abordagem, o torna no mesmo passo instigante e vital. É provável que hoje, assim como há pelo menos 150, 170 anos, não saibamos e saibamos muito bem o que é arte, com, suponho, a dificuldade adicional de especularmos por onde ensaiaremos conciliar interesses tão díspares, e, ao mesmo tempo, tão convictos.
É neste ponto que me parece possível retomar o tom da pergunta inicial: a modernidade é (seria) nossa Antigüidade porque, logo de início, pensada a condição de "pós"-modernidade em que vivemos, a modernidade exerce uma função indicial, obviamente diferente, mas análoga em seu papel emblemático àquele atribuído à Antigüidade na alvorada da cultura moderna. Não se deve colocar este ponto com o mesmo teor de "nostalgia" exercido outrora pela Antigüidade, conquanto a sua ausência seja a todo instante denunciada, demarcada perceptivel e enfaticamente. A presença fantasmagórica da modernidade em nossos dias transparece o sentimento de perda a ser enfrentado. Qual seria este? Pode-se cogita-lo sendo a melancolia crítica diante da incompletude de sua premissa projetual. Igualmente, o destronar de uma unidade reconfortante garantida pela tríade estética-forma-história. A meu ver, a estas duas soma-se um terceiro vão, aquele da indagação de uma decorrente condição de "pós-historicidade" da arte. Em outras palavras, não é a retirada da arte da história, outrossim, de, cogitada a insuficiência desta como mecanismo consolidador de sua coisificação no mundo e da comprovação assegurada de sua pertinência produtiva (o "fim da História da Arte" seria uma de suas variantes), quais patamares podem regular um idioma comum pelo qual se consigne a experiência e o campo que ainda hoje delimitamos e insistimos chamar de "arte". Após a irônica (e corrosiva) realização integral da promesse de bonheur na obra de Warhol, a possibilidade de transformação estética, ética e existencial ambicionada pelas vanguardas construtivistas não se tornou outra coisa senão um sentimento arqueológico - classificável e apreensível hoje como apenas mais um simulacro. Com a desvantagem, nesse caso, de ser histórico. Haveria outro signo mais elucidativo deste desamparo incontornável (ainda que em nenhum momento trágico) do que a presença imagética das arquiteturas de Mies van der Rohe nas fotos de Thomas Ruff? Não teria a arquitetura moderna se tornado um emblema de um mundo perdido (interessa-nos retoma-lo?) exatamente no momento de sua reconversão em imagem, do mesmo modo que a geração do arquiteto alemão fizera uso propositado da obra de Calícrates, Ictínos e Fídias ou, avançando no tempo, de Nôtre Dame de Paris? Em outro caso, o que é o esquilo suicida do Bidibidobidiboo de Cattelan senão um novo Werther, a cruel evidência da fetichização, espetacularização e controle técnico e mercantil (em vias de digitalizar-se e "genetizar-se") das sensações, que cinicamente enfrentamos a todo instante, mas que, certo dia, corresponderam aos nossos desejos mais caros de emanicpação? É nesse sentido que o espelho indelevelmente distorcido e indicial da modernidade faz dela nossa nova Antigüidade; não por reivindica-la por modelo a ser atualizado, e sim na medida em que nos inquire como ou por quê queremos e devemos a partir de seu (suposto) encerramento, esboçar modalidades de existência em um mundo pós-histórico.
Revista Arte & Ensaios (PPGAV-EBA-UFRJ)
Guilherme Bueno
Historiador e crítico de arte, Doutor em Artes Visuais, UFRJ
"Exilio", de Jaime Lauriano
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Jaime Lauriano
Estudante de Artes Visuais, desenvolve poemas visuais utilizando as linguagens digitais contemporâneas.
outubro 19, 2006
"Inimigos", de Gil Vicente
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Gil Vicente
Artista bi-dimensional, trabalha com técnicas convencionais de desenho e pintura e aborda principalmente a figura humana. Sítio: www.gilvicente.com.br
outubro 16, 2006
"Um segundo banho para Heráclito", de Mario Grisolli
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Mario Grisolli
Fotógrafo carioca. Faz arte para viver e trabalhos comerciais para sobreviver. É fundador e atua no coletivo cinematográfico Cactos Intactos. Sítio: www.grisolli.net
Daniela Labra, Paulo Climachauska e Regina Vater respondem: "É a Modernidade nossa Antigüidade?"
Para instigar nossa comunidade, subdividimos o Tema 1 do documenta magazines ("É a Modernidade nossa Antigüidade?") em outras perguntas e enviamos para alguns integrantes do Canal Contemporâneo. São encorajadas diversas formas de resposta, desde livres abordagens teórico-reflexivas, entrevistas reais ou fictícias até intervenções práticas sobre as diversas questões que este tópico propõe.
Os artistas Paulo Climachauska e Regina Vater e a pesquisadora Daniela Labra respondem às perguntas, oferecendo diferentes perspectivas sobre o conceito da Modernidade na realidade brasileira.
Paulo Climachauska - "Relações Cordiais" - Nanquim sobre acrílica
Podemos falar de uma Modernidade brasileira enquanto período histórico? Essa Modernidade ainda influencia ou define a produção contemporânea?
Regina Vater: Se o "Movimento Antropofágico", especificamente nas artes plásticas, não representou um grande divisor de águas e um período de grande importância histórica no país, então eu não entendo nada do Brasil.
Daniela Labra: Vivemos uma contemporaneidade moderna em muitos casos, principalmente no quesito "instituições de arte contemporânea" (não me refiro àquelas que se apóiam na tecnologia como base do discurso contemporâneo). Os processos da arte contemporânea no Brasil quase sempre esbarram em formatos modernos, que não comportam certos discursos.
Paulo Climachauska: A História como aparato de organização do mundo é também um instrumento de legitimação do poder da sociedade ocidental capitalista. Acredito que a arte brasileira tenha uma particularidade e singularidade que quando transportadas para os moldes de classificação desta ciência História tende a ficar uma tanto capenga. A Modernidade ainda é um ponto de reflexão para a arte contemporânea brasileira, tanto para o seu lado mais conservador, que insiste em se apegar a sua ortodoxia formal, como para o lado que tenta distender esta herança e fazê-la se chocar com as urgências do Brasil contemporâneo para testar a sua validade.
Paulo Climachauska - "Relações Cordiais" - Nanquim sobre acrílica
Se uma Modernidade brasileira existe, podemos falar de uma Antigüidade brasileira?
Regina Vater: Na arte plumária, por exemplo, podemos encontrar uma certa Antigüidade brasileira: a geometria de sua cestaria alimentou o inconsciente coletivo dos concretos/neoconcretos que, de uma certa maneira, pensavam estar olhando para a Europa.
Paulo Climachauska: É inegável que uma antiguidade brasileira subsista hoje representada sobretudo pela desigualdade social, pelo atraso nas relações trabalhistas e pelos modelos oligárquicos de nossos instrumentos políticos.
Quais foram os avanços específicos da Modernidade no contexto brasileiro? Em que eles se diferem das conquistas da arte moderna ocidental?
Regina Vater: Tenho a impressão de que, no Brasil, começou a se produzir "Arte Povera" até mesmo antes da Itália. Aqui, o paradigma de Mallarmé que diz que "todo poeta é o tradutor de sua tribo", foi realizado com bastante sucesso por vários artistas.
A Antigüidade pode ser entendida como um modelo a ser seguido ou ultrapassado?
Paulo Climachauska: Em arte, podemos tomar qualquer parâmetro para seguir adiante, retroceder ou, simplesmente, nos determos - o que importa é se o resultado de nossas escolhas é ou não pertinente ao momento em que vivemos no mundo e se, de certa forma, contribui para melhor entendermos este momento. Os modelos em arte estão aí para serem apropriados e redefinidos, transformados ou implodidos. Arte é o exercício da liberdade.
Paulo Climachauska - "Através do espelho" - Exposição na Galeria Millan Antonio, 2005
A modernidade teria também se transformado num repertório tirânico de critérios para a produção subseqüente?
Paulo Climachauska: A herança da modernidade, como qualquer outra herança da humanidade, está aí para ser usada, disponível, cabe ao produtor entendê-la como fonte de conhecimento para entender o presente e como geradora de possibilidades para pensarmos o mundo.
Daniela Labra: A própria questão de venda de obra de arte digital com tiragem limitada e preços altos é um híbrido moderno-contemporâneo. O tipo de transação é moderna, mas para um objeto cujo processo de realização e disseminação é contemporâneo.
outubro 15, 2006
"É a Modernidade nossa Antigüidade?", fotografias por Sami Hassan
Sami Hassan
Arquiteto e artista plástico, pesquisa em suas instalações e pinturas a cultura islâmica através da interação entre diferentes eventos no espaço-tempo. Autor do projeto da Mesquita Mohamed (SP).
outubro 11, 2006
O que pode ser feito? (transformação) por Patricia Canetti
O que pode ser feito? (transformação)
Palestra apresentada por Patricia Canetti no Encontro Transregional da documenta 12 magazines no Instituto Goethe, em São Paulo, na segunda-feira passada, 8 de outubro de 2006.
Nada. Ou alguma coisa. Fazer alguma coisa em relação a algo, significa transformá-lo. Transformação exige análise, conhecimento, crítica, desejo, energia...
O terceiro tema principal da documenta 12 tem sido o motor da criação e processo do Canal Contemporâneo. "O que pode ser feito? (educação)" surge no questionamento constante sobre o que somos, o que queremos (discurso) e o que podemos ser (ações), equacionado na vivência cotidiana da comunidade digital do Canal Contemporâneo.
Um foco - a arte contemporânea brasileira - e uma mídia digital traçam o início desta comunidade, que se forma na comunicação e no sentimento de pertencimento estabelecidos nas relações que vivenciamos. A definição deste corpo social / sujeito coletivo formado dinamicamente pelos integrantes da comunidade, por suas características e anseios, se delineia e se torna visível através de suas ações e reações.
Ao analisar este corpo social, percebemos células individuais e coletivas - formadas por agrupamentos múltiplos que respondem a características objetivas (funções no contexto artístico) e subjetivas (conceitos artísticos) -, que trazem desejos diversos, muitas vezes conflitantes, revelando espaços e temporalidades díspares que coabitam na profundidade deste espaço cibernético.
Profissionais diversos (artistas, críticos, curadores, pesquisadores, educadores, professores, dirigentes de instituições, galeristas, marchands, colecionadores, patrocinadores, jornalistas, etc.) e apreciadores agregados no Canal Contemporâneo são atores/agentes da cena de arte contemporânea brasileira, que forma o nosso mercado de trabalho e se reporta aos contextos históricos e internacionais, ordenando um encadeamento de conjuntos e subconjuntos. É sobre este todo complexo e dinâmico que se estrutura o Canal Contemporâneo, refletindo e atuando sobre as suas características sociais, políticas e econômicas com o objetivo de criar um coletivo vivo e saudável capaz de um desenvolvimento crítico e transformador.
Do tripé estrutural do coletivo humano, o lado econômico é o que apresenta a maior defasagem entre a sua importância na vida global contemporânea e o seu desempenho nesta coletividade, e talvez por isso seja o que apresenta maior dificuldade em ser abordado: se criar estratégias, receber respostas, provocar desdobramentos e realizar avanços efetivos.
Herdamos da histórica da arte duas características fortes no âmbito econômico: o mecenato e o valor da obra relacionado não apenas a oferta e procura mas também a sua presciência. Ambas afastaram a nossa economia de mercado da realidade comum aos outros mercados e, conseqüentemente, nos moldaram a padrões antigos que perduram até hoje.
No Brasil atual, mecenato denomina um mecanismo público de incentivo fiscal para a cultura. Ou seja, ao invés do significado anterior relacionado à proteção das artes, passou a vigorar o novo sentido relacionado ao marketing cultural, tanto para o estado como para a iniciativa privada. A proteção que nos chega agora via mecenato é, antes de tudo, negócio. Mudou o significado da palavra, já incluído nos dicionários, e mudaram também as relações econômicas de financiamento à arte. E, passados 20 anos, desde a criação desta nova forma de negócio, que nos demanda novos conhecimentos e novas formas de atuação, nós ainda apresentamos um total despreparo perante esta "nova realidade".
O mecenato de hoje atualiza a arte em relação à economia contemporânea, colocando a prestação de serviços em prioridade de crescimento, no lugar da venda de produtos. O que no nosso mercado de trabalho significa, ao menos teoricamente, uma certa equiparação entre instituições culturais e galerias na sua atuação como agentes econômicos; ambas poderiam atuar como produtoras e editoras, o que certamente viria ao encontro das demandas da produção artística contemporânea, ao invés de se limitarem a seus papeis tradicionais: guardar e mostrar acervos e vender produtos, respectivamente.
Somando-se à manutenção desses papeis tradicionais e à recusa de trabalhar o marketing cultural de nossos agentes econômicos, temos também uma incompatibilidade com a economia contemporânea cujo desenvolvimento se dá no volume de troca. A economia da arte insiste em trabalhar, mesmo que artificialmente, os grandes valores em detrimento do volume de distribuição.
O que pode ser feito?
O movimento inicial do Canal Contemporâneo é muito simples: comunicar e dar visibilidade ao que somos a partir do material que nos é enviado pela comunidade. Na seqüência, analisamos resultados e desdobramentos, propomos ações, novos espaços de visibilidade, e seguimos aprofundando as transformações possíveis.
Vamos relatar aqui alguns casos do Canal para exemplificar as dimensões tratadas na complexidade e simultaneidade do nosso campo de ação, que se esconde atrás de cada comunicação, com o objetivo de investigarmos um pouco mais as nossas questões econômicas e encontrar algumas direções para possíveis transformações.
No terceiro convite eletrônico disparado pelo Canal Contemporâneo, em março de 2001, anunciava-se um novo salão de arte, que conseguiu, com a nova forma de comunicação, atrair mais de 1500 inscrições, quando a média para salões na época girava em torno de 400. Maior número de artistas concorrendo aos prêmios; maior diversidade da produção originada em diferentes partes do país e do exterior e, certamente, mais trabalho para a comissão julgadora... Cinco anos depois, o Canal passa a veicular banners publicitários dos maiores prêmios realizados no país e ao mesmo tempo publica informações para o artista sobre o custo-benefício dos editais no seu informativo eletrônico e no blog Salões&Prêmios. Com o uso de publicidade amplia-se ainda mais a divulgação destes eventos e com a publicação das informações sobre custo-benefício amplia-se também a conscientização do meio a respeito dos altos custos e poucos ganhos que cabem aos artistas nestes concursos (muitas vezes responsáveis pela programação anual de importantes instituições culturais).
Os editais de arte - salões, programação anual de exposições, bolsas e prêmios - são os principais mecanismos destinados a dar visibilidade a produção artística emergente no Brasil, a democratizar o acesso dos artistas ao espaço de exposições em instituições públicas e conseqüentemente exercem um importante papel na circulação de capital entre os responsáveis diretos pela produção de arte no país. Com a visibilidade proporcionada pelo Canal Contemporâneo, aumentamos o acesso aos editais, mas também geramos uma saudável concorrência entre eles, gerando benefícios para artistas, instituições e patrocinadores envolvidos.
Este exemplo dos editais de arte demonstra claramente o quanto as transformações na esfera coletiva entrelaçam as instâncias sociais, políticas e econômicas. E reforça a importância do âmbito econômico que, mesmo sendo o lado mais poderoso deste tripé na vida global contemporânea, revela-se como sendo a parte mais fraca na nossa coletividade.
A falta histórica de mídias especializadas em arte no Brasil nos levou a um embotamento no desenvolvimento de nossa economia de mercado. Não usamos publicidade, por isso não temos publicações periódicas. Ou, não temos publicações e por isso não temos o hábito da propaganda. O ovo ou a galinha, não importa, o resultado é um mercado que não faz uso de uma ferramenta essencial para o seu crescimento.
Outro ponto a ser ressaltado trazido pelos editais de arte é a falta de cachês pagos aos artistas, que compromete gravemente o ponto de partida de nossa cadeia produtiva.
Os artistas investem seus próprios recursos para promover a programação das instituições culturais, que não tem verbas suficientes para o orçamento básico de seu funcionamento. Rubricas como transporte, seguro, equipamentos especiais, passagem, hospedagem e diárias para montagem do trabalho são normalmente atribuídas aos artistas. Algumas vezes, convites e coquetéis de inauguração também. Sem falar na falta de um cachê adequado ao trabalho do artista.
Estes recursos investidos nas instituições faltam aos artistas na hora de bancar a produção de certos trabalhos dispendiosos, como ampliações digitais e vídeos, resultando na necessidade de suas galerias subsidiarem a produção. O dinheiro gasto com a produção de obras deixa de ser aplicado pelos galeristas em marketing e publicidade, em publicações e feiras, o que fragiliza e muitas vezes impossibilita a existência destes mecanismos de comunicação e mercado. A falta de publicações e feiras deprime o mercado de trabalho que poderia, de outro modo, render demandas de textos críticos, curadorias, montagens, serviços fotográficos e tantos outros serviços que fazem parte de nossa cadeia produtiva.
Concluindo: Os recursos não pagos aos artistas no início desta cadeia vão acarretar perdas para todos os profissionais e para o sistema de arte em si, que, aliás, por sua natureza própria de sistema, não poderia deixar de sofrer as conseqüências.
De volta ao mecenato. O Canal Contemporâneo lançou o projeto de sua participação no documenta 12 magazines e, com ele, uma campanha para arrecadar recursos, junto a pessoas físicas, através da Lei de Incentivo a Cultura. A mesma lei que deu um novo significado ao mecenato, ainda mantém um viés da proteção da arte na doação de recursos por indivíduos e vai além; ao agregar um caráter plebiscitário a esta manifestação. Mas, estranhamente, esta via nunca vingou... É muito comum ouvir de pessoas ligadas à área, de todos os níveis, de profissionais a apreciadores, que deveria haver um maior investimento na cultura. Mas estas mesmas pessoas são incapazes de fazer uso de um direito que esta lei lhes reserva; deixam de exercer o mecenato e perdem a oportunidade de apontar ao governo as suas áreas prioritárias.
Dentro deste novo contexto de financiamento da arte, que se configura como uma onda de privatização global, com a retirada do estado e a entrada de empresas, ditando uma nova configuração de negócio com o marketing cultural e com a interferência nos conselhos de instituições culturais, temos efetivada uma mudança de "patrões" da arte. Não mais a Igreja, o Rei ou o Estado, mas o conglomerado que rege o Capital. E enquanto não assumimos esta mudança, não somos capazes de reagir, de influenciar as regras do jogo, nem individualmente, nem coletivamente.
Quando o Canal Contemporâneo mobilizou a sua comunidade contra o uso de recursos públicos na construção e manutenção (durante 10 anos) do museu Guggenheim no Rio de Janeiro, através de um abaixo-assinado e da publicação incessante de encontros, ações e textos, conseguimos levar a nossa insatisfação para o resto da sociedade. Da imprensa, que se mantinha omissa, ao poder legislativo, obtivemos o êxito de promover a ação do judiciário, que impediu o primeiro pagamento, mesmo depois da furtiva assinatura do contrato pelo prefeito da cidade.
Algumas mobilizações políticas realizadas no Canal alcançaram resultados favoráveis para a comunidade. Mesmo com dificuldade de atuar politicamente, seja devido a ainda recente comunicação estabelecida nesta coletividade ou pela herança da ditadura militar vivida em nosso país, ainda conseguimos mais resultados no âmbito político do que no econômico. (Talvez por ser a ditadura econômica ainda mais perversa.)
Transformação.
Como enfrentar este desafio, como nos reeducar economicamente face à ditadura econômica vigente?
A realidade da sobrevivência do Canal Contemporâneo levou-nos a pensar a sua autosustentabilidade e, depois de um ano e meio de vida, a recorrer aos integrantes da comunidade por contribuições em forma de assinaturas semestrais. Indivíduos e organismos passaram a contribuir com valores diferenciados, os primeiros pagando bem menos que os segundos, para a manutenção ainda deficitária do Canal. Outros três anos se passaram até a entrada do primeiro patrocinador nesta comunidade, a Petrobras - maior incentivadora da cultura brasileira, que agora passa para o segundo ano de patrocínio.
O Canal Contemporâneo é a única iniciativa cultural patrocinada que mantém uma política de autosustentabilidade a partir de seus próprios integrantes. Além da questão básica da sobrevivência econômica, estendemos o trabalho cooperativo responsável pela comunicação na comunidade para a área econômica, com o objetivo de refletir sobre ela coletivamente e como forma de manter a nossa independência política junto às outras fontes de recursos (anunciantes e patrocinadores).
Lidamos com a interdependência dos vários integrantes e ações de nossa coletividade e acreditamos que a melhor maneira de manter a nossa liberdade de pensamento crítico está em desenvolver o crescimento econômico junto à própria comunidade, a partir do sistema do qual fazemos parte. Mantendo sempre a prática de dar visibilidade ao sistema para gerar reflexão sobre o seu reflexo em todos os âmbitos.
Dentro deste contexto de uma comunidade participativa economicamente, tratamos o patrocinador como mais um integrante, criando um relacionamento de contágio próprio de relações de sistema. Como conseqüência desta postura, já evidenciamos algumas transformações no relacionamento com a Petrobras. Desenvolvemos contatos com várias áreas da empresa, não apenas com a de patrocínio cultural, que resultou no primeiro encontro de alguns sítios patrocinados pela empresa com representantes de vários departamentos para trocar idéias sobre os projetos e o uso da internet. Esperamos com esta troca aprender mais sobre marketing cultural, educar o patrocinador a respeito de comunidades digitais e sobre as características específicas da internet, e, ainda, interagir com outras áreas culturais também patrocinadas pela empresa.
Mais do que a sobrevivência financeira e a liberdade de ação, buscamos gerar, com a participação da comunidade na sustentabilidade do Canal, um debate sobre os caminhos econômicos existentes e a criação de novos direcionamentos, que promovam o desenvolvimento econômico da coletividade para potencializar transformações sociais e políticas.
Trabalhar o Canal Contemporâneo significa trabalhar a arte contemporânea brasileira e a comunidade formada a partir deste foco através das novas possibilidades de ação e formulação do coletivo engendradas na internet. A partir do biobot de Eduardo Kac obtemos a imagem de nosso funcionamento: um ser tecnológico movimentado pela multiplicação e movimentação de organismos vivos - indivíduos conectados à rede da internet e também às infinitas conexões das coletividades que os formam, culturalmente e geneticamente.
Trabalhamos o todo e cada elemento, as várias camadas que nos formam e, principalmente, as nossas diferenças que compõem as dinâmicas dos padrões das coletividades na construção das individualidades e a dos padrões das individualidades na construção das coletividades. Estas duas dinâmicas em movimento constante, este estar um dentro do outro, constituem uma relação de tempo e espaço que promovem a profundidade no espaço cibernético e desenham este veículo-lugar vivo e dinâmico.
Transformação exige análise, conhecimento, crítica, desejo, energia... estar vivo, sempre.
Como agir sobre as condições atuais? Como participar nesse organismo pode representar mudanças ou apontamentos quanto ao sistema de arte brasileiro e a formulação e aplicação das políticas públicas de cultura? Associar-se ao Canal significa apenas esperar pelo seu conteúdo? Como interferir sendo um agente nessa dinâmica que pretende pensar, criar alternativas e modificar o contexto da produção da cultura no Brasil? Na fase atual do capitalismo contemporâneo e da pauta política brasileira - que ignora ou desconhece as políticas culturais como representantes do universo simbólico do país - como posso atuar politicamente?
Responda e comente o texto publicando um comentário ou envie sua colaboração para ser publicada neste blog para doc12@canalcontemporaneo.art.br.
FORMAS DE PARTICIPAÇÃO NO NOSSO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
- Acesse a seção A Comunidade e conheça os Associados Individuais e Organismos Associados.
- Acesse a seção Faça parte do Canal para conhecer as formas de participação.
- Leia sobre Como incentivar o Canal Contemporâneo na documenta 12 magazines, projeto aprovado na Lei Rouanet e já parcialmente patrocinado pela Petrobras.
outubro 5, 2006
Fórum online é fechado pelo governo tailandês
O fórum online Midnight University (www.midnightuniv.org) - participante do projeto documenta 12 magazines - foi fechado pelo Ministério das Comunicações da Tailândia no dia 29 de setembro, exatamente um dia após cinco estudantes da Universidade Chiang Mai terem rasgado uma réplica da constituição interina do país em protesto ao Conselho para a Reforma Democrática (CRD), que tem arbitrado decisões sem qualquer participação popular.
Leia a seguir o manifesto do Midnight University:
O endereço do Midnight University (www.midnightuniv.org), o mais importante sítio tailandês sobre crítica institucional, que disponibiliza gratuitamente um acervo de mais de 1500 artigos científicos e se apresenta como uma plataforma para o livre-pensamento, foi tirado do ar por uma decisão do Ministro das Comunicações da Tailândia ontem à noite (29/09/06), sob ordem do Conselho para a Reforma Democrática. Esta não é apenas uma perda considerável para a liberdade intelectual e acadêmica da sociedade tailandesa, mas o encerramento de um espaço independente, pautado pela busca de alternativas para os conflitos da realidade da Tailândia.
Estamos recolhendo assinaturas no esforço de pressionar as autoridades tailandesas, pleiteando a revisão desta injustificável violação dos direitos de informação e livre expressão no país. Dessa forma, contamos com sua colaboração para garantir um espaço de liberdade e conhecimento para a população da Tailândia.
Cordialmente,
Somkiat Tangnamo
30 de setembro de 2006
Apóie o abaixo-assinado pelo retorno do sítio enviando nome e contato para midnightuniv@gmail.com.
outubro 4, 2006
Mesa-redonda com Georg Schöllhammer no Goethe-Institut, São Paulo
Mesa-redonda com Georg Schöllhammer no Goethe-Institut, São Paulo
8 de outubro, domingo, 18h
Goethe-Institut
Rua Lisboa 974, Pinheiros, São Paulo - SP
Em inglês
Entrada franca
Depois de Hong-Kong e Nova Délhi, o Goethe-Institut de São Paulo recebe o terceiro encontro do projeto documenta 12 magazines neste domingo. Editores, escritores, teóricos e artistas do Brasil, Cingapura, Sérvia, Argentina, Colômbia, Egito, Polônia, Irã e Holanda aproveitam a oportunidade para debaterem juntos os leitmotives da mostra do próximo ano. O evento conta com a presença de Georg Schöllhammer, diretor geral do projeto, que analisará o impacto que as contribuições das mais de 80 publicações trazem ao discurso estético contemporâneo traduzido na próxima documenta.
Ativista holandês Geert Lovink entrevista Cecile Landman para a Sarai, India
Publicação participante do projeto documenta 12 magazines, a revista Sarai, baseada em Nova Délhi - Índia, apresenta uma entrevista feita pelo editor Geert Lovink com Cecile Landman, a jornalista alemã co-fundadora do Streamtime, um esforço internacional para o desenvolvimento de novas mídias no Iraque. Desde o lançamento do projeto, em 2004, o trabalho de Cecile vem sendo reconhecido pelo seu inevitável aspecto político, especialmente após a consolidação de um quadro social conturbado desde a invasão norte-americana em 2003. A situação política se revelou tão arriscada que diversas ONGs, agências de cooperação internacional e fundações anônimas tiveram que deixar o país, afetando, imediatamente, a livre circulação de idéias no Iraque. Os blogs (de iraquianos dentro e fora de seu país) tornaram-se, desde então, as mídias privilegiadas para a a interação entre os indivíduos, a troca de informações e a construção de novos discursos. Neste sentido, o Streamtime tem dado visibilidade e apoio técnico a estas iniciativas, incentivando que mais e mais pessoas se comuniquem na e sobre a região. Nesta entrevista, Cecile aborda desde os seus hábitos como visitante e fomentadora destes blogs até sua relação com a mídia independente da Itália.
Geert Lovink: Como a blogosfera e o jornalismo investigativo se relacionam? À primeira vista, eles parecem ser práticas opostas, mas suplementares. Considerando que o jornalismo investigativo leva meses, talvez anos, para descobrir uma história, os blogs se assemelham a exércitos de insetos a nutrirem aquilo que se chama "opinião pública". Como você vê essa relação?
Cecile Landman: Jornalistas, e especialmente os jornalistas investigativos, precisam ganhar a vida. Eles não podem simplesmente colocar qualquer coisa on-line. Os blogs, por sua vez, não têm tanto este compromisso, e é por isso que, muitas vezes, gera-se um conflito entre as duas atividades. Entretanto, eu trabalho com os dois universos. E tenho usado os blogs como meios de comentar o que nem sempre pode ser institucionalizado. Ler e escrever blogs se tornaram tarefas populares por conta de sua carga eminentemente pessoal. Eu diria que é um desenvolvimento mais que positivo que as pessoas possam ler umas às outras, avaliando comentários de seus semelhantes sobre as notícias e os acontecimentos locais. Em virtude do fator pessoal na blogosfera, a objetividade deixa de ser um esforço e uma obrigação. Blogs são subjetivos por natureza. A interação entre os indivíduos se dá através de comentários e colaborações mútuas e, assim, o conceito tradicional de mídia em que a comunicação se dava em apenas um sentido tem se tornado multilateral, através de discussões, disputas ideológicas, e de um saudável espaço para o nonsense.
Leia a íntegra da entrevista, em inglês, no sítio Sarai.
Cristóbal Farriol discute a Modernidade a partir do sabor da Coca-Cola
Cristóbal Farriol discute a Modernidade a partir do sabor da Coca-Cola
ENTÃO TUDO COMEÇOU COM A COCA-COLA
Artigo do artista chileno Cristóbal Farriol, publicado originalmente na revista Arte y Crítica como contribuição ao projeto documenta 12 magazines.
Não quero apresentar uma reflexão sobre a Coca-Cola como um ícone ianque, nem relacioná-la com a globalização, nem com a sociedade de consumo, nem nada disso. O ponto a que quero chegar não excitaria a indignação de ninguém, nem ameaçaria suscetibilidade qualquer. Não penso em falar mal ou bem de qualquer país nesse momento, não é necessário fazê-lo. Quero abordar um aspecto extremamente inocente desta bebida, exclusivo de sua pura percepção: o sabor.
Existe uma qualidade da Coca-Cola que sempre observei com atenção, a sua condição de "bebida de fantasia". Acredito que quase todos os refrigerantes assim se classificam (alguns também indicam que não contêm álcool). Mas, pessoalmente, esse distintivo me confundiu inúmeras vezes durante a infância. Talvez para dar termo às minhas intermináveis perguntas, meu pai dizia que a Fanta se chamava assim por ser uma bebida de Fantasia, tal como indicava a etiqueta. Mas essa explicação não me satisfazia, porque eu pensava que se existia algum produto da fantasia, a Coca-Cola era esse produto por excelência. Todos os outros refrigerantes, do Crush à Sprite, querem imitar alguma coisa. Pode até não ser explícito o sabor que pretendem reproduzir, mas ao menos o tomam como inspiração. Mas se existe uma bebida que não se interessa em absoluto com o referente, essa é a Coca-Cola.
Aparentemente, a essência da estética conservadora do "sabor artificial" não é tanto imitar o natural, mas imitar "outra coisa", seja natural ou não. De todo modo, não se pode dizer que balas sabor Coca-Cola, por exemplo, sigam uma estética naturalista, pois não imitam o natural. Simplesmente processam uma representação por cima de outra. Nesse sentido, os produtos que imitam o sabor de fantasia de outro produto seguiriam uma estética de metarepresentação, assim como a obra de Chuck Close oferece bons exemplos desse princípio: a simulação, em pintura, dos efeitos de desfoque e outras variações óticas visíveis na fotografia.
Leia a íntegra do artigo de Cristóbal Farriol, em espanhol, no sítio Arte y Crítica.
"Não seria tempo da arte descansar?", projeto de Shi Yong, China
Sob curadoria de Biljana Ciric e Hu Yuanxing, "The Joy of My Reality" é um projeto a ser desenvolvido durante um ano como participação da publicação Art World, de Shangai, ao documenta 12 magazines. Iniciado em junho de 2006, o projeto tem sido apresentado em jornais e revistas e objetiva integrar arte e cotidiano. O projeto se processa em três partes: primeiro, ensaios escritos por curadores locais e estrangeiros discutem o futuro das exibições de larga escala focadas na arte contemporânea. Em segundo, o projeto oferece uma plataforma para jovens intelectuais chineses (músicos, arquitetos, escritores e filósofos) explorarem práticas de colaboração interdisciplinar que interfiram na vida prática das pessoas comuns. Em terceiro, projetos artísticos em desenvolvimento ganham espaço na publicação Art World e, brevemente, no prestigioso Oriental Morning Post. Artistas de todas as regiões da China têm participado do projeto, aproveitando a oportunidade para a difusão de seus trabalhos e idéias através destes suportes de mídia.
O artista Shi Yong lançou através de "The Joy of My Reality" sua discussão sobre a relevância das grandes exposições de arte ao perguntar ironicamente "Não seria tempo da arte descansar? A documenta de Kassel não poderia se antecipar e ser a primeira a 'dar um tempo'?". Através de um questionário on-line, o artista tem coletado impressões de todas as partes do mundo. Sua proposta sugere, ainda, que durante a exibição do próximo ano, o ambiente urbano de Kassel seja coberto por painéis que informem "Desculpe, não haverá documenta em 2007", bem como todas as notícias sobre a mostra disponíveis na mídia sejam escondidas ou mesmo apagadas.
Conheça o projeto e registre sua opinião.
Revista eletrônica "Trópico" lança dossiê sobre o primeiro tópico do projeto 12 magazines
Publicação também participante do projeto documenta 12 magazines, a revista eletrônica brasileira Trópico, produzida pelo UOL e comandada pelo jornalista Alcino Leite Neto, a antropóloga Esther Hamburger e a crítica de arte Lisette Lagnado, lança um dossiê a respeito do primeiro tópico proposto pela mostra: "É a Modernidade nossa Antigüidade?". Apresentando entrevistas com o artista argentino Rirkrit Tiravanija - que participa da próxima Bienal de São Paulo - e o sociólogo alemão Robert Kurz, o dossiê traz ainda um artigo assinado pelo professor de teoria literária da Unicamp Márcio Seligmann-Silva, que enfoca os novos desafios da arte frente a um período que se caracteriza pelo excesso de consciência histórica:
"A questão proposta pela documenta 12, "É a Modernidade nossa Antigüidade?", pode ser interpretada de diferentes maneiras. Também se pode tentar especular quais seriam as afirmações indiretas contidas nela. A primeira delas é que a modernidade é algo passado, já saímos dela e estamos em um espaço que, por falta de outro nome, alguns denominam de pós-modernidade. Mas podemos pensar também que estamos vivendo uma hipermodernidade, ou seja, que nossa época realiza de modo radical e paroxístico os principais ingredientes da modernidade (com sua tentativa de construir uma sociedade marcada pela liberdade, igualdade e fraternidade). Eu particularmente tendo a acreditar que desde a Primeira Guerra Mundial e sobretudo após a Segunda Guerra Mundial a modernidade entrou em uma espiral de auto-desintegração, batizada por Adorno e Horkheimer de "Dialética do Esclarecimento", de tal modo que já não podemos mais afirmar que o nosso "projeto" (ou nossos projetos) é o mesmo que dominou na modernidade. Mas com isto, evidentemente, apenas se coloca uma outra questão: como definir esta nova era, quais são nossos projetos? Temos projetos?"
Leia o ensaio de Márcio Selligmann-Silva e o dossiê completo no sítio Trópico.
Grupo do Canal Contemporâneo no Youtube em matéria de "O Globo"
Fragmento de "Os melhores do Youtube", matéria publicada originalmente na Revista do Globo, do jornal O Globo, em 3 de setembro de 2006.
Patrícia Canetti, criadora do Canal Contemporâneo (um dos maiores portais brasileiros sobre as artes visuais), está empolgada com um grupo do Youtube que faz diferentes leituras do leitmotif "O que é a vida crua? (What´s bare life?)", proposto pela 12ª. documenta de Kassel, a maior mostra de vanguarda contemporânea. Inspirado em Nelson Rodrigues, o Canal Contemporâneo integra este grupo e abre espaço para a interpretação do que significa "A vida como ela é": "Mais do que sugerir às pessoas o que ver no Youtube, gostaria de reforçar o mais importante que a rede nos traz: seja você mesmo na mídia e saia inventando formas de comunicação e socialização".
Conheça o grupo "A vida como ela é" no sítio Youtube.
"Con el alma en un hilo", trabalho de Karin Lambrecht
"Con el alma en un hilo", de Karin Lambrecht, responde: "É a Modernidade nossa Antigüidade?".
"Con el alma en un hilo" - 2003
Figura feminina com vestimenta e sangue derradeiro de carneiro sobre papel. Na vestimenta, sangue do abate para consumo doméstico de carne ovina.
Santana do Livramento, Rio Grande do Sul, fronteira do Brasil com Uruguai.
Coleção particular, São Paulo.
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