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"Um ontologista observa", texto de Georg Schöllhammer sobre a obra de Nesa Paripovic, Springerin
"Hélio Oiticica: la invención del espacio", ensaio de Gonzalo Aguilar Lançamento do segundo volume do documenta 12 magazines, Berlim "Educação Radical: capacidade crítica para fazer escolhas e transformar a realidade", ensaio de Marta Gregorcic para a Chto delat? Coletiva de Imprensa com Roger Buergel e Tim Hupe "A Existência Ferina - A Matéria e a Vida", work-in-progress de Dione Veiga Vieira "Comunicación, Arte y Ciencia: el caso del arte transgénico", de Cecilia Vázquez, para o sítio Arte y Critica "Satélite", de Alejandro Mancera / Observatório Esfera Pública "(In)formação", por Marília Sales / 2 Pontos Arte Contemporânea em Pernambuco "Bússola", de Renato Rezende |
agosto 20, 2006Os três eixos temáticos da documenta 12Partindo de três questões centrais, o projeto documenta 12 magazines lança os eixos sobre os quais se desdobrarão obras, ensaios, debates e demais formas de contribuição das mais de 70 publicações participantes à documenta 12. Incutidos de uma certa perplexidade em relação a nosso próprio tempo, os três tópicos focam os reflexos e apropriações de temas que desacatam fronteiras, reinventando-se em cada um dos contextos locais: É a modernidade nossa antiguidade? [Is Modernity our Antiquity?] Muitos dos projetos utópicos da modernidade sobreviveram apenas como fragmentos e hoje parecem "inacabados". Muitas das estruturas, formas e realizações materiais que associamos aos conceitos de modernidade parecem estar desaparecendo em meio aos processos de transformação do presente. No entanto, ao mesmo tempo, os espaços reais e conceituais da modernidade - suas idéias e estruturas estéticas e políticas - continuam a ser uma preocupação central de inúmeros projetos dentro e além do âmbito artístico, dando lugar também a projeções conflitivas. É a modernidade nossa antiguidade? Roger M. Buergel escreve a propósito do leitmotiv da exposição (dezembro de 2005): É a modernidade nossa antiguidade? - Esta é a primeira pergunta. Parece-me bastante evidente que a modernidade, ou o destino da modernidade, exerce uma influência profunda sobre os artistas contemporâneos. Parte dessa fascinação talvez nasça do fato de que ninguém realmente saiba se a modernidade está ainda viva ou morta. Ela parece em ruínas depois das catástrofes totalitárias do século 20 (as mesmas catástrofes que ela de alguma forma originou). Ela parece profundamente comprometida pela aplicação parcial de suas exigências (liberté, égalité, fraternité) e pelo simples fato de que modernidade e colonialismo caminharam, e provavelmente ainda caminham, de braços dados. Ainda assim, as imaginações das pessoas estão repletas das visões e das formas da modernidade (e não me refiro apenas à Bauhaus, mas também a estruturas mentais arqui-modernistas transformadas em jargões contemporâneos, como "identidade" e "cultura"). Em resumo, parece que estamos tanto dentro quanto fora da modernidade, ao mesmo tempo repelidos por sua violência letal e seduzidos por sua imodesta aspiração ou potencial: que talvez exista, afinal, um horizonte planetário em comum, aplicável aos mortos e aos vivos.
O ponto em questão aqui é "o sujeito": a natureza exposta, a impotência e a vulnerabilidade do sujeito alimenta muitas correntes filosóficas e debates estéticos, acompanhados por considerações políticas e exigências artísticas no sentido de um novo auto-empoderamento do sujeito. As formas de representação de tais considerações e questões relacionadas ao status do sujeito na arte contemporânea provêem a moldura temática para este específico tópico do projeto. Roger M. Buergel (dezembro de 2005): O que é a vida crua? - Esta segunda questão sublinha a vulnerabilidade nua e a completa exposição do ser. A vida crua se refere àquela parte de nossa existência na qual nenhum nível de segurança pode nos proteger. Mas assim como na sexualidade, a exposição absoluta está intimamente relacionada à um prazer infinito. Existe uma dimensão apocalíptica e obviamente política na vida crua (trazidas pela tortura e pelos campos de concentração). Existe nela, no entanto, também uma dimensão lírica e até mesmo extática - uma liberdade para novas e inesperadas possibilidades (em relacionamentos humanos assim como em nossa relação com a natureza ou, de uma forma mais generalizada, com o mundo no qual vivemos). Aqui e acolá, a arte dissolve a separação radical entre sujeição dolorosa e liberação prazerosa. Mas o que isso significa para suas audiências?
A questão de desenvolver formas adequadas de educação e comunicação é hoje uma dos mais calorosos debates da sociedade, não apenas no mundo da arte. Práticas reconhecidas e instituições estabelecidas estão sofrendo uma crescente pressão e presentemente se encontram no meio de uma crise de definição. Instituições recém fundadas, no entanto, freqüentemente seguem o exemplo desses modelos tradicionais. Paralelamente, um vasto leque de novas formas de organização e auto-organização, novas formas de trabalhos artísticos e comunicativos têm surgido - principalmente em níveis locais. Quais entre essas iniciativas locais e espaços de atuação são capazes de assegurar o futuro de práticas funcionais avançadas, abertas e autônomas, e de prover respostas às perguntas educacionais que elas por si só representam? Roger M. Buergel, dezembro de 2005: A última questão diz respeito à educação: O que pode ser feito? - Artistas se educam trabalhando forma e assunto; audiências se educam experimentando coisas esteticamente. Como mediar o conteúdo ou forma específicos dessas coisas sem sacrificar sua particularidade é um dos maiores desafios de uma exposição como a Documenta. Mas ainda há mais do que isso. O complexo global de tradução cultural, que parece de alguma forma enraizado na arte e sua mediação, gera o espaço para um debate público potencialmente inclusivo (Bildung, a palavra alemã para educação também significa "geração" ou "constituição", como quando alguém fala de gerar ou constituir uma esfera pública). Hoje, a educação parece oferecer uma alternativa viável para o diabo (didaticismo, academia) e o oceano azul profundo (fetichismo mercantil).
Posted by Leandro de Paula at 10:14 PM
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