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Cristóbal Farriol discute a Modernidade a partir do sabor da Coca-Cola, Arte y Crítica, Chile

Então tudo começou com a Coca-Cola.

Artigo do artista chileno Cristóbal Farriol, publicado originalmente na revista Arte y Crítica como contribuição ao projeto documenta 12 magazines.

Não quero apresentar uma reflexão sobre a Coca-Cola como um ícone ianque, nem relacioná-la com a globalização, nem com a sociedade de consumo, nem nada disso. O ponto a que quero chegar não excitaria a indignação de ninguém, nem ameaçaria suscetibilidade qualquer. Não penso em falar mal ou bem de qualquer país nesse momento, não é necessário fazê-lo. Quero abordar um aspecto extremamente inocente desta bebida, exclusivo de sua pura percepção: o sabor.

Existe uma qualidade da Coca-Cola que sempre observei com atenção, a sua condição de "bebida de fantasia". Acredito que quase todos os refrigerantes assim se classificam (alguns também indicam que não contêm álcool). Mas, pessoalmente, esse distintivo me confundiu inúmeras vezes durante a infância. Talvez para dar termo às minhas intermináveis perguntas, meu pai dizia que a Fanta se chamava assim por ser uma bebida de Fantasia, tal como indicava a etiqueta. Mas essa explicação não me satisfazia, porque eu pensava que se existia algum produto da fantasia, a Coca-Cola era esse produto por excelência. Todos os outros refrigerantes, do Crush à Sprite, querem imitar alguma coisa. Pode até não ser explícito o sabor que pretendem reproduzir, mas ao menos o tomam como inspiração. Mas se existe uma bebida que não se interessa em absoluto com o referente, essa é a Coca-Cola.

Aparentemente, a essência da estética conservadora do "sabor artificial" não é tanto imitar o natural, mas imitar "outra coisa", seja natural ou não. De todo modo, não se pode dizer que balas sabor Coca-Cola, por exemplo, sigam uma estética naturalista, pois não imitam o natural. Simplesmente processam uma representação por cima de outra. Nesse sentido, os produtos que imitam o sabor de fantasia de outro produto seguiriam uma estética de metarepresentação, assim como a obra de Chuck Close oferece bons exemplos desse princípio: a simulação, em pintura, dos efeitos de desfoque e outras variações óticas visíveis na fotografia.

Leia a íntegra do artigo de Cristóbal Farriol, em espanhol, no sítio Arte y Crítica

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